Tópicos | Rosa Weber

Na contramão de pautas que Bolsonaro hostiliza, segundo seus opositores, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, pregou nesta quinta-feira, 15, que a democracia é 'muito mais' do que a escolha de governantes, abarcando 'diálogo, tolerância e respeito às minorias, em especial as mais vulneráveis'.

A ministra frisou que a defesa de tal população 'está consolidada na jurisdição constitucional das liberdades, uma das funções mais relevantes e inegociáveis' do Supremo. "Que saibamos todos defender a democracia enquanto valor inegociável e aperfeiçoá-la continuamente fortalecendo nossas instituições e o estado democrático de direito", indicou.

##RECOMENDA##

Em sua primeira sessão plenária no comando da Corte máxima, a magistrada fez um breve pronunciamento em razão do Dia da Democracia, celebrado no dia 15 de setembro. "Refletir sobre a democracia não constitui mero exercício teórico, mas necessidade inadiável que a todos se impõe", afirmou.

A ministra ainda reforçou a indicação feita em seu discurso de posse, no sentido de que sua gestão será marcada pela 'proteção da jurisdição constitucional e da integridade do regime democrático'. "Reafirmo a nossa fé no regime democrático consagrado na nossa Constituição, de que o Supremo tem a guarda por expresso comando do texto constitucional", ponderou.

Na cerimônia em que se tornou presidente do Supremo já havia ressaltado que a Corte 'em matéria de interpretação constitucional, detém o monopólio da última palavra.

A ministra Rosa Weber assume, nesta segunda-feira (12), a Presidência do Supremo Tribunal Federal, em meio a um período turbulento - o rescaldo dos atos bolsonaristas no 7 de Setembro, alguns deles com faixas com ataques à corte, máxima, e a 19 dias das eleições 2022. Dona de um estilo discreto, avessa a exposições - pistas de como será sua gestão - Rosa Weber tem sua cerimônia de posse marcada para as 17h. A solenidade será transmitida ao vivo.

O Supremo espera receber 1.300 convidados, entre chefes de Poderes, presidentes dos tribunais superiores e candidatos à Presidência da República. À posse do ministro Alexandre de Moraes na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral compareceram o presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a senadora Simone Tebet e o ex-ministro Ciro Gomes, principais colocados nas pesquisas eleitorais do pleito de 2022.

##RECOMENDA##

Com 73 anos, Rosa foi indicada ao Supremo ela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2011. Nos últimos dois anos, exerceu a vice-presidência da Corte máxima como braço-direito de Luiz Fux, que participou de sua última sessão plenária enquanto chefe do STF na quinta-feira, 8. Com a posse, a ministra recebe os processos que estão no gabinete da Presidência, 4.071.

O vice da magistrada será o ministro Luís Roberto Barroso, que já foi um dos alvos preferenciais de ataques de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, especialmente quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral. Rosa Weber já ocupou tal função, entre agosto de 2018 e maio de 2020, ou seja durante as eleições que alçaram o atual chefe do Executivo ao Planalto.

A gestão de Rosa Weber à frente do STF vai durar pouco mais de um ano - em outubro de 2023, a magistrada completa 75 anos, ocasião na qual vai se aposentar compulsoriamente. Até lá, também vai presidir o Conselho Nacional de Justiça.

Com a posse da ministra nesta segunda-feira (12), as duas principais cortes superiores do País serão comandadas por mulheres. No último dia 25, a ministra Maria Thereza de Assis Moura assumiu a presidência do Superior Tribunal de Justiça.

Rosa é a terceira mulher a ocupar uma cadeira no STF e também a chefiar a corte - sua colega, Cármen Lúcia foi indicada ao STF em 2016 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chefiou a Corte entre 2016 e 2018; Ellen Gracie, indicada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi ministra do STF entre 2000 e 2011, Exercendo a presidência do tribunal entre 2006 e 2008.

O encontro pouco amistoso entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na posse do ministro Alexandre de Moraes, no início de agosto, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode se repetir na próxima semana. Desta vez, a saia-justa será no Supremo Tribunal Federal (STF), onde a ministra Rosa Weber toma posse como presidente na próxima segunda-feira (12).

A equipe que cuida do cerimonial do STF ainda não confirmou qual será o protocolo de acomodação dos convidados. Existe, portanto, a possibilidade de se repetir a situação gerada na posse de Moraes no TSE, quando Bolsonaro e Lula ficaram posicionados frente a frente durante todo o evento. Além dos dois principais candidatos na disputa pela vaga no Palácio do Planalto, Weber convidou todos os ex-presidentes.

##RECOMENDA##

A presença de todas as autoridades que governaram o País desde a redemocratização gerou problemas ao TSE durante a posse de Moraes. A Corte Eleitoral teve de mudar de última hora a disposição dos ex-presidentes para evitar que Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) se sentassem lado a lado, como determina o cerimonial de acordo com a ordem de sucessão no cargo.

Segundo o STF, Weber fez questão de convidar todos os candidatos à Presidência. Na posse de Moraes no TSE, apenas os quatros primeiros colocados na corrida eleitoral foram convidados. Além de Lula e Bolsonaro, que lideram a disputa, também estiveram presentes Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). A lista de convidados de honra ainda conta com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e de Tribunais Superiores, além de congressistas. Ao todo, 1.300 pessoas foram convidadas. No entanto, somente 350 terão a oportunidade de acompanhar a cerimônia no plenário.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, foi sorteada para ser a relatora de uma das ações contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL), que concede o perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). O processo foi movido pela Rede Sustentabilidade. 

Três ações foram protocoladas no STF. No Congresso, os parlamentares elaboram projetos de decretos legislativos para impedir o indulto. 

##RECOMENDA##

Com clima de cautela dentro do STF, os ministros consultados pelo UOL defendem que o momento é de observar os próximos movimentos e que o tribunal deverá se manifestar na hora certa e de maneira unificada. 

Não foi comentado pelo STF oficialmente sobre o anúncio feito ontem por Bolsonaro sobre Daniel Silveira, condenado por 10 dos 11 integrantes do tribunal. 

Uma ala da Corte avalia que o decreto de Bolsonaro não impede a inelegibilidade ou a perda do mandato de Daniel Silveira, já que o perdão vale apenas para a pena de prisão. 

Na ação da relatoria de Weber, a Rede Sustentabilidade afirma que o decreto viola os preceitos da impessoalidade e moralidade, uma vez que Silveira e Bolsonaro têm uma relação próxima. 

"O ato que concedeu a graça no dia seguinte ao resultado do julgamento não foi praticado visando ao interesse público, em respeito aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, mas sim visando ao interesse pessoal do Sr. Jair Messias Bolsonaro, o qual se encontra nas vésperas de disputar uma reeleição ao Palácio do Planalto", diz o documento.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, entrou nessa segunda-feira (4) com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão individual da ministra Rosa Weber que manteve a investigação sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso Covaxin.

Aras apresenta duas alternativas: que a ministra recue da própria decisão ou leve a questão diretamente ao plenário do tribunal.

##RECOMENDA##

Relatora do inquérito, Rosa Weber contrariou pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF) e se negou a arquivar a apuração. A conduta não é usual no STF. Normalmente, quando a PGR pede o encerramento de uma investigação, é de praxe que os ministros apenas promovam o arquivamento, sem entrar no mérito das provas.

Em sua decisão, no entanto, a ministra disse que seria 'inviável' acolher os argumentos de Aras e mandou a investigação de volta ao procurador-geral 'para as providências que reputar cabíveis'.

Ao entrar com agravo nesta segunda, Aras afirma que Rosa Weber não poderia ter feito 'juízo de valor' sobre o caso. Diz ainda que o pedido de arquivamento da PGR é 'irrecusável'.

"Não se trata de acionamento do Poder Judiciário para que emita o juízo final, mas, tão somente, para que exerça um controle, ontologicamente, administrativo e de publicização. (…) Sem o indiciamento pela autoridade policial e sem a formulação da denúncia, instrumento da imprescindível provocação do Poder Judiciário para a emissão do juízo de valor quanto a eventuais fatos penalmente relevantes, descabe decisão meritória em relação ao apurado no âmbito de um inquérito", diz um trecho do recurso.

O inquérito teve origem em uma notícia-crime oferecida em julho do ano passado pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a partir das suspeitas tornadas públicas na CPI da Covid. O caso foi levado ao STF depois que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão do parlamentar, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, disseram em depoimento à comissão parlamentar que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição da vacina fabricada pelo laboratório Bharat Biotech. O objetivo da investigação foi analisar se o presidente cometeu crime de prevaricação por não ter alertado os órgãos de investigação.

Assim como o parecer da PGR, o relatório final do inquérito, apresentado pela Polícia Federal, também isentou o presidente. O delegado federal William Tito Schuman Marinho, responsável pela investigação, afirmou que Bolsonaro não tinha o 'dever funcional' de comunicar eventuais irregularidades 'das quais não faça parte como coautor ou partícipe'.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, negou o arquivamento da investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a suspeita de prevaricação na compra da vacina Covaxin. O pedido foi feito pela Procuradoria Geral da República (PGR), responsável pelos inquéritos relacionados ao chefe do Planalto.

A investigação foi aberta após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) revelar à CPI da Covid que alertou ao presidente sobre o suposto superfaturamento na compra de doses da vacina indiana.

##RECOMENDA##

O crime de Prevaricação é configurado quando o servidor deixa de praticar ato de ofício ou retarda o ato por interesse ou sentimento pessoal.

Ainda de acordo com o depoimento do parlamentar e do seu irmão, o funcionário do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, os gestores da pasta cobraram agilidade nas negociações. Bolsonaro negou ter sido informado sobre a denúncia, mas após a proporção do caso, integrantes do governo disseram que ele repassou as informações para o ex-ministro Eduardo Pazuello.



Obrigação de evitar crimes contra os cofres públicos

A ministra Rosa Weber destacou em sua decisão que o presidente não tem direito de letargia ao ser informado sobre um possível crime e que ele tem a obrigação de acionar os órgãos de controle.

No entanto, a PGR entende que Bolsonaro não cometeu crime quando não atuou contra a compra. Para Augusto Aras, o presidente não tinha o dever de atuar, já que essa atribuição não faz parte das competências expressas na Constituição, e sua conduta é isenta já que a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) analisaram os contratos.

A Polícia Federal endossou o discurso de Aras e considerou que, no máximo, Bolsonaro tenha descumprido o dever cívico. O delegado William Marinho afirmou que o conteúdo do contrato não foi investigado nem as suspeitas de irregularidades na negociação.

"É legítimo, por certo, do ponto de vista da opinião pública, esperar que a principal autoridade pública da República manifeste, de algum modo, um agir. Mas, mesmo assim, na hipótese de omissão, tal conduta se aproximaria mais de uma ausência do cumprimento de um dever cívico, mas não de um desvio de um dever funcional", escreveu.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, decidiu, na última sexta-feira (25), pela suspensão do sigilo de três petições estabelecidas com base no relatório da CPI da Covid-19. Entre os pedidos derrubados por Weber está a apuração que envolve o presidente Jair Bolsonaro (PL), com possível crime de charlatanismo quando recomendou remédios sem eficácia comprovada para o tratamento do novo coronavírus.

A decisão da ministra do STF atende ao pedido de Augusto Aras, procurador-geral da República, que entende o interesse da sociedade em acompanhar o desenrolar da CPI. Além disso, Rosa Weber determina que Bolsonaro seja notificado para realização de manifestação, caso seja de interesse do Chefe de Estado.

##RECOMENDA##

Na última quinta-feira (24), o também ministro do STF, Nunes Marques, tornou público o procedimento que envolve Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados. Barros é acusado de incitação ao crime, formação de organização criminosa e improbidade administrativa durante negociação do imunizante Covaxin, proveniente da Índia.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório da Polícia Federal que descartou prevaricação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso Covaxin. Caberá ao PGR, Augusto Aras, avaliar se há elementos para prosseguir com a investigação ou determinar seu arquivamento.

O inquérito contra o chefe do Executivo teve origem em uma notícia-crime protocolada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a partir de suspeitas tornadas públicas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Em julho do ano passado, Rosa acatou o requerimento e autorizou a abertura das investigações.

##RECOMENDA##

Na última segunda-feira (31), os investigadores responsáveis pelo caso enviaram à Corte o relatório final da investigação e concluíram não ter havido crime de prevaricação por parte do presidente. No mesmo dia, Randolfe afirmou que pretende convocar o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, para prestarem esclarecimentos no Senado sobre o relatório. Líder da oposição no Senado, o parlamentar sugeriu que o documento pode ser fruto de interferência do mandatário na PF. Rosa fez o despacho para a PGR na terça-feira (1º).

A negociação em torno da compra da vacina da Covaxin motivou uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid. O caso foi levantado depois que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, disseram em depoimento à comissão que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição do imunizante.

O governo chegou a empenhar os recursos para aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana, mas cancelou o contrato após a CPI começar a apurar possíveis irregularidades. A própria Controladoria-Geral da União recomendou que o negócio fosse desfeito.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nessa segunda-feira (6) liberar o pagamento dos recursos das chamadas “emendas do relator” relativas ao Orçamento da União deste ano.

A decisão foi tomada após o Congresso aprovar, na semana passada, uma resolução para cumprir parte da decisão de dar publicidade ao processo de destinação dos recursos. A liberação está valendo, mas ainda será votada em sessão extraordinária do plenário virtual do Supremo. 

##RECOMENDA##

No mês passado, o plenário virtual do STF manteve a liminar proferida pela ministra que congelou os repasses, a partir de uma ação procolada por partidos de oposição. Com a decisão, o pagamento das emendas de relator a órgãos públicos ficou suspenso até a decisão de ontem. 

Ao suspender esse tipo de emenda, a ministra entendeu que não havia critérios objetivos e transparentes para a destinação dos recursos. Rosa Weber considerou que havia ausência de instrumentos de prestação de contas sobre as emendas do relator-geral (RP9). 

Antes da aprovação das novas regras, as emendas estavam baseadas na Resolução 01/2006 do Congresso. As emendas do relator-geral ao Orçamento Federal poderiam ser apresentadas pelo parlamentar que ocupa a função para corrigir omissões de ordem técnica e legal, com o objetivo de organizar a peça orçamentária. 

Na prática, esse tipo de emenda é repassada, por meio do relator, a deputados e senadores que apoiam o governo. Dessa forma, a indicação para a aplicação dos recursos em hospitais e escolas, por exemplo, ocorre sem a divulgação do nome do parlamentar autor da emenda ao orçamento.

No caso de emendas individuais e de bancada, os autores podem ser identificados.

Segundo a Consultoria Legislativa da Câmara, no orçamento deste ano os ministérios da Saúde (R$ 4,6 bilhões), do Desenvolvimento Regional (R$ 2,7 bilhões) e da Agricultura (R$ 790 milhôes) são os maiores beneficiados com empenhos oriundos de emendas do relator.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), criticou, na noite desta terça-feira (9), a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), referendada pelo Plenário da Corte, que barra os repasses do orçamento secreto. "É uma medida dura", afirmou o deputado.

Lira afirmou, em entrevista à GloboNews, que a decisão invade a competência do Congresso Nacional sobre o Orçamento. O presidente da Câmara também pediu respeito ao papel de relator-geral das peças orçamentárias e disse que as emendas parlamentares - individuais, de bancada, ou de relator - "não devem e não serão criminalizadas".

##RECOMENDA##

Lira disse ainda que a Câmara e o Senado avançaram na transparência das emendas e que discutirá o que mais pode ser feito nesse sentido com os ministros do Supremo e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), assim que este retornar ao País. Pacheco está na Escócia para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26).

Neste dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga a suspensão do orçamento secreto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem "10%" dele na corte com o ministro Kassio Nunes Marques, indicado pelo chefe do Executivo em 2020.

"Não é que eu mande no voto do Kassio, mas o que eu podia apresentar naquele momento para o Senado - que vota pro Supremo, não sou eu, quem vota é o Senado - era o Kassio", disse o presidente em entrevista ao canal bolsonarista Jornal da Cidade Online.

##RECOMENDA##

Hoje, o STF tem apenas 10 ministros, e não 11, já que a vaga deixada pelo ex-magistrado Marco Aurélio Mello ainda não foi preenchida. O indicado pelo governo para o posto, André Mendonça, aguarda sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado há quatro meses.

Ao Jornal da Cidade Online, Bolsonaro voltou a defender Mendonça. "Queria que as pessoas que são contra o André falassem que são contra o André. Olha, eu sou contra por causa disso. Mas não tem. São contra pela independência dele, por conta da religiosidade", afirmou.

Um dia após dizer que a ministra Rosa Weber apresentou argumentos injustos ao suspender em caráter liminar o orçamento secreto, esquema revelado em maio pelo Estadão/Broadcast Político, o presidente ainda defendeu o direito de se criticar magistrados, mas não a Corte. "O pessoal critica muito o Supremo Tribunal Federal. Acho que você tem que criticar os ministros. Ministro do Supremo, TCU, parlamentares. A instituição como um todo, não", declarou.

Até o momento, outros três ministros do Supremo já acompanharam a decisão de Rosa Weber em favor da suspensão do orçamento secreto, mecanismo de distribuição de emendas parlamentares sem transparência: Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Kassio Nunes Marques ainda não se manifestou. Os demais seis integrantes do STF têm até amanhã para depositarem seus votos sobre o caso no sistema remoto.

Os ministros Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram favoráveis à suspensão dos repasses parlamentares feitos por meio de emendas de relator, esquema revelado em maio, pelo Estadão, de envio de recursos parlamentares para bases eleitorais. Os votos foram feitos na madrugada e no início da manhã desta terça-feira (9), por meio do plenário virtual da Suprema Corte.

Ao todo, já são quatro votos favoráveis e nenhum contrário ao veto dos repasses, o que inclui voto e decisão liminar da relatora, ministra Rosa Weber. De acordo com o parecer da ministra, o regramento pertinente às emendas de relator distancia-se de ideais republicanos de transparência e impessoalidade, bem como é incompatível com o regime democrático. O prazo para votação foi aberto às 0h desta terça-feira (9) e segue aberto até as 23h59 de quarta-feira (10).

##RECOMENDA##

Na última semana, Rosa Weber suspendeu os pagamentos do governo de Jair Bolsonaro feitos por meio do orçamento secreto. Em liminar divulgada na noite de sexta-feira (5), a ministra determinou que nenhum recurso indicado por parlamentares via emendas de relator seja liberado até que o plenário da Corte se manifeste sobre o tema. A decisão foi dada no mesmo dia em que o Estadão revelou a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

A ministra também determinou que seja dada ampla publicidade às indicações feitas pelos parlamentares com esse tipo de emenda, diante da ausência de informações sobre os deputados e senadores que solicitam repasses, como o jornal vem mostrando desde maio.

A ação é de autoria do PSOL. Os partidos Novo, Cidadania e PSB também solicitaram a suspensão das emendas de relator-geral. As ações passarão a tramitar em conjunto.

"Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos destinados à concretização das políticas públicas a que deveriam servir as despesas, bastando, para isso, a indicação direta dos beneficiários pelos próprios parlamentares, sem qualquer justificação fundada em critérios técnicos ou jurídicos, realizada por vias informais e obscuras, sem que os dados dessas operações sequer sejam registrados para efeito de controle por parte das autoridades competentes ou da população lesada", escreveu a ministra Rosa Weber na decisão, de 49 páginas.

Os ministros Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram favoráveis à suspensão dos repasses parlamentares feitos por meio de emendas de relator, esquema revelado pelo Estadão/Broadcast de envio de recursos parlamentares para bases eleitorais. Os votos foram feitos na madrugada desta terça-feira (9), por meio do plenário virtual da Suprema Corte.

Ao todo, já são três votos favoráveis e nenhum contrário ao veto dos repasses, o que inclui voto e decisão liminar da relatora, ministra Rosa Weber. Segundo parecer da ministra, o regramento pertinente às emendas de relator distancia-se de ideais republicanos de transparência e impessoalidade, bem como é incompatível com o regime democrático.

##RECOMENDA##

O prazo para votação foi aberto às 0h desta terça-feira (9) e segue aberto até as 23h59 de quarta-feira (10).

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pediu nesta segunda-feira, 8, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que revogue a ordem da ministra Rosa Weber para suspender os pagamentos do governo de Jair Bolsonaro feitos por meio do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio.

Lira sugere duas alternativas: que a ministra reveja a própria decisão individual ou que o colegiado derrube a liminar. O tema está pautado para julgamento no plenário virtual do tribunal a partir desta terça-feira, 9. O deputado também vai se reunir com o presidente do STF, Luiz Fux, para tentar convencê-lo de que o assunto é interno da Câmara e uma intervenção da Corte representaria avanço sobre as prerrogativas do Legislativo.

##RECOMENDA##

"A intervenção judicial no caso dos autos seria uma afronta ao principio da separação de poderes", escreve Lira. "Não cabe ao Poder Judiciário alterar as escolhas legitimamente feitas pelo legislador, tais como as referentes às programações incluídas na lei orçamentária por meio de emendas de relator. Essas escolhas decorrem de decisão típica e soberana do Parlamento", segue na manifestação enviada nesta tarde ao Supremo.

Ao tribunal, Lira defende que as chamadas emendas de relator-geral, identificadas pelo código RP-9, estão dentro da lei e, pelo caráter discricionário, admitem 'margem de escolha de responsabilidade exclusiva do gestor público' e 'faculdade do relator geral de indicar beneficiários durante a execução orçamentária'.

"Essa margem, que pode variar de acordo com cada órgão concedente, é a que possibilita que sejam consideradas especificidades durante a execução do orçamento, as quais decorrem da diversidade de situações dentro do universo de 5.570 Municípios e de todos os Estados e o Distrito Federal", defende.

Na última sexta-feira, 5, Rosa Weber determinou a suspensão imediata de todos os pagamentos feitos via orçamento secreto, impondo um duro revés ao presidente Jair Bolsonaro, que tem distribuído bilhões de reais a parlamentares em troca da aprovação de projetos de seu interesse no Congresso. A ministra se disse 'perplexa' com o esquema de distribuição de recursos públicos e travou os repasses até que o plenário do STF bata o martelo sobre o tema. Um dos pontos considerados por ela foi justamente a falta de transparência em torno dos pedidos de deputados e senadores para órgãos do governo indicando a utilização desses recursos.

No gabinete de Rosa desde junho, a decisão foi dada no mesmo dia em que o Estadão revelou a continuidade da prática pelo Planalto, com a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados na véspera da votação da PEC dos precatórios. Ao jornal, o deputado Celso Maldaner (MDB-SC) admitiu que a oferta levada a parlamentares foi de R$ 15 milhões por voto.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), pediu, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, aceitou recebê-lo nesta segunda-feira (8). A reunião acontece na véspera de o Supremo começar a julgar uma ação que pode acabar com o pagamento de emendas de relator (RP9), modalidade que serviu de base para o 'orçamento secreto', usado pelo governo de Jair Bolsonaro para transferir recursos a congressistas aliados em troca de apoio no Legislativo. O esquema foi revelado em maio pelo Estadão e chamado também de "tratoraço", por envolver a compra superfaturada de equipamentos agrícolas.

A relatora do caso na Corte, ministra Rosa Weber, determinou na última sexta-feira (5) que as transferências relativas às emendas de relator sejam suspensas enquanto o plenário do Supremo não decidir sobre o assunto. O julgamento está pautado no plenário virtual e os ministros podem votar da 0h de terça-feira (9) até as 23h59 da quarta (10).

##RECOMENDA##

Também está marcada para amanhã a sessão da Câmara que vota, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios. O texto permite ao governo postergar dívidas, muda o teto de gastos e abre caminho para o pagamento do Auxílio Brasil, reformulação do Bolsa Família. A proposta foi aprovada em primeiro turno na semana passada com uma margem apertada, com quatro votos além do mínimo necessário. Na véspera da votação, como revelou o Estadão, o governo liberou R$ 1,2 bilhão do orçamento secreto para deputados.

O Supremo ainda não tem uma maioria definida para barrar ou manter a decisão da ministra. Se as emendas de relator forem permanentemente suspensas, Lira perde boa parte do poder de influência na Câmara e a votação da PEC dos precatórios poderia ficar ameaçada.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), minimizou a situação e disse que o segundo turno da PEC dos precatórios vai ocorrer amanhã independentemente se o Supremo já tiver decidido ou não sobre a liminar de Rosa Weber. "Vamos votar", disse.

Como mostrou o Estadão, as emendas de relator são usadas para atender interesses políticos do governo e ajudaram na eleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado. O modelo de liberação desses recursos é questionado por especialistas e órgãos de controle.

A emenda é incluída pelo relator-geral na Lei Orçamentária Anual (LOA), mas a distribuição das verbas é negociada internamente com deputados e senadores. A informação de qual congressista indicou qual recurso não é pública. Na decisão que suspendeu temporariamente as emendas de relator, Rosa Weber também determinou que as informações sobre o padrinho de cada indicação feita em 2020 e 2021 sejam divulgadas.

A eventual manutenção do entendimento da ministra afeta em cheio o poder de Lira na capital federal. Ele e o governo usam as emendas de relator para reunir maiorias na Câmara. Por isso, o deputado alagoano estaria decidido a reverter o quadro para garantir a influência sobre o plenário não apenas no segundo turno da PEC dos precatórios, mas na apreciação de futuras matérias.

Na decisão que suspendeu as emendas de relator, Rosa Weber disse que o caso causa perplexidade. "Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais", afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro criticou, nesta segunda-feira (8), a decisão liminar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a execução do Orçamento Secreto, esquema revelado pelo Estadão/Broadcast Político. De acordo com Bolsonaro, o presidente da Corte, Luiz Fux, levará o tema para apreciação do plenário na semana que vem.

Na última sexta-feira (5), a magistrada suspendeu temporariamente a liberação de recursos via emenda de relator, mecanismo de sustentação do Orçamento Secreto, um pilar da articulação do Executivo com o Congresso. Pela decisão de Rosa, não haverá liberação de verba até que o plenário se manifeste sobre o tema. A decisão saiu no mesmo dia em que a reportagem revelou a distribuição de R$ 1,2 bilhão a deputados federais na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios.

##RECOMENDA##

"Os argumentos usados pela relatora do Supremo não são justos. Dizer que nós estamos barganhando. Como eu posso barganhar se quem é o dono da caneta é o relator, o parlamentar?", disse Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan Curitiba. "O parlamentar é quem sabe onde precisa de recursos. Não vou discutir a legalidade porque é legal", acrescentou, sobre a distribuição de verbas por meio de um esquema sem transparência e já questionado em cortes de auditoria, como o Tribunal de Contas da União (TCU). "Pelo que estou sabendo, o ministro Fux deve levar na semana que vem ao plenário e decidir essa questão".

Após quase dois meses de "trégua" com o STF, selada com a publicação da carta à nação para diminuir o tom de ameaças feitas nos atos de 7 de setembro, mas sob desconfiança do mundo político, Bolsonaro ainda afirmou na entrevista que existe um "excesso de interferência" do Judiciário no Executivo. "O Supremo age demais nessas questões. A gente lamenta isso aí, não é, no meu entender, papel do Supremo. Os poderes têm que ser respeitados", declarou o presidente. "Quem quer ser presidente da República, quem quer decidir, que se candidate".

A decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender o pagamento de emendas de relator — conhecidas como “orçamento secreto” — na última sexta-feira (5), pegou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a base governista de surpresa, em especial o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apontado como negociador de pagamentos a parlamentares em troca de apoio à PEC dos Precatórios. O grupo agora pretende reverter a decisão no plenário virtual do Supremo, que deve acontecer entre terça-feira (9) e quarta-feira (10).

É provável que o Governo argumente interferência do Judiciário nos poderes Executivo e Legislativo e que conte com essa tese para reverter a posição em plenário. Na sessão, o magistrado poderá apoiar e derrubar a decisão de Weber. Também pode ser solicitada um destaque do tema, que é a opção mais longa e também pode ser desinteressante ao governo — uma sessão em plenário físico precisaria ser definida.

##RECOMENDA##

De acordo com reportagem do Estadão, interlocutores de ministros da Corte afirmaram que a decisão de Weber tende a ser mantida, porém, com um resultado apertado, disputado voto a voto, diante das pressões exercidas por parlamentares que se beneficiam do pagamento das emendas. No entendimento de parte dos ministros do STF, manter a suspensão do pagamento das emendas representa, de fato, uma interferência no Planalto.

Uma solução alternativa seria o STF apoiar a retomada do pagamento das emendas, mas impondo regras de transparência, da origem ao destino, para as emendas do chamado "RP9".

O resultado do plenário virtual do Supremo deve, na visão da base do governo, refletir nas articulações da PEC dos Precatórios. A votação está marcada para às 9h desta terça-feira (9), de forma que pode ocorrer ao mesmo tempo que o plenário do STF.

A liberação de cerca de R$ 1 bilhão em emendas de relator dias antes da votação do primeiro turno da PEC dos Precatórios influenciou no placar favorável ao texto, na avaliação de parlamentares. A PEC dos Precatórios, votada na última quinta-feira (4), foi questionada em três mandados de segurança enviados ao STF.

Rosa Weber também é relatora dessas ações e, durante o fim de semana, abriu prazo de 24 horas para que a Câmara encaminhe explicações sobre o rito de votação. Os parlamentares argumentam, nos mandados, que Lira desrespeitou a Constituição e o regimento interno da Câmara.

A decisão da ministra Rosa Weber de suspender temporariamente os repasses feitos pelo governo Jair Bolsonaro a parlamentares da base aliada por meio do orçamento secreto tende a gerar um racha entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Um julgamento no plenário virtual vai revisar a ordem liminar na próxima terça-feira, 9.

Ao Estadão, interlocutores dos ministros afirmaram que a decisão de Weber tende a ser mantida, porém, com um resultado apertado, disputado voto a voto, diante das pressões exercidas por parlamentares que se beneficiam da distribuição sigilosa de emendas do relator-geral do orçamento (RP-9).

##RECOMENDA##

O esquema do orçamento secreto foi revelado pelo Estadão em uma série de matérias iniciada em maio. A chance de pedidos de vista (suspensão) ou destaque (encaminhamento ao plenário físico) surgirem durante o julgamento é considerada remota, sobretudo, por se tratar de uma decisão provisória em um contexto com implicações diretas na dinâmica entre o Executivo e o Legislativo.

A possibilidade de o julgamento terminar empatado é aventada por pessoas próximas aos ministros por causa da falta de consenso sobre o orçamento secreto. Neste cenário, caberia a um novo ministro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a cadeira vaga depois da saída de Marco Aurélio Mello, decidir os rumos do esquema que sustenta a governabilidade do Planalto. Para o cargo, foi indicado André Mendonça, mas seu nome ainda depende de sabatina no Senado e enfrenta resistências na Casa.

LIRA

Segundo o Estadão apurou, interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) têm tentado convencer os ministros do STF de que a decisão de Weber pode ser correta do ponto de vista da publicidade dos gastos, mas avança sobre prerrogativas do Legislativo e do Executivo.

A eventual manutenção do entendimento da ministra afeta o poder de Lira em Brasília. Ele e o governo usam as emendas de relator para reunir maiorias na Câmara. Por isso, o deputado alagoano estaria decidido a reverter o quadro para garantir a influência sobre o plenário não apenas no segundo turno da PEC dos Precatórios, mas na apreciação de futuras matérias.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), disse estar confiante na aprovação da PEC dos Precatórios em segundo turno, apesar da suspensão das emendas de relator. "Não é baseado nisso que construímos a nossa base. Temos uma relação ampla com a base do governo e essa relação não se restringe a emendas" afirmou.

Para o deputado Alan Rick (DEM-AC) a suspensão das emendas mexe na relação do plenário com o governo, mas ainda não é possível saber o nível da mudança. "Muita gente apoia o governo por convicção, mas outros querem ajudar seus Estados."

RELATÓRIO

Foi distribuído entre os ministros do STF um relatório preparado por consultores da Câmara, a pedido do deputado licenciado Rodrigo Maia (sem partido-RJ). A intenção é municiar com informações as autoridades sobre o funcionamento do orçamento secreto.

Segundo a reportagem apurou, o documento da consultoria da Câmara distribuído entre os ministros do STF cita, por exemplo, a aprovação da Emenda Constitucional nº 2019, que impediu a conversão da execução orçamentária em uma ferramenta de gestão de coalizão.

"A utilização das emendas de relator como uma forma travestida de ressuscitar o caráter discricionário e politicamente orientado das emendas individuais viola de maneira frontal essa regra constitucional aprovada de maneira quase unânime na Câmara, diga-se de passagem", consta no documento. "É necessário, ainda, ter presente as nefastas consequências sistêmicas desse expediente".

"Num quadro de elevada rigidez orçamentária (...) fica patente o potencial danoso do abuso de RP-9. Ele tende a desorganizar os programas estruturais de políticas públicas, escoando os parcos recursos disponíveis ao Poder Executivo para ações que não pensam de forma sistêmica a realidade regional e nacional, limitando-se a atender interesses", diz outro trecho.

Além de ordenar que nenhum recurso indicado por parlamentares via emendas de relator seja liberado até que o plenário do STF se manifeste sobre o tema, a ministra determinou que o valor dos repasses e os nomes dos responsáveis pelas indicações passem a ser amplamente divulgados em "plataforma centralizada de acesso público". Desde o início da série de reportagens do orçamento secreto, o Estadão aponta para a falta de transparência na alocação dos recursos via RP-9.

"Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos destinados à concretização das políticas públicas a que deveriam servir as despesas, bastando, para isso, a indicação direta dos beneficiários pelos próprios parlamentares, sem qualquer justificação fundada em critérios técnicos ou jurídicos, realizada por vias informais e obscuras, sem que os dados dessas operações sequer sejam registrados para efeito de controle por parte das autoridades competentes ou da população lesada", escreveu a ministra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Juristas e políticos apoiaram na noite dessa sexta-feira a decisão liminar (provisória) da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu os empenhos e pagamentos das emendas de relator-geral. Identificadas pelo código RP-9, as emendas estão na base do orçamento secreto. Além de suspender os pagamentos, Weber também determinou que o Executivo dê transparência à execução das verbas e torne públicos os ofícios por meio dos quais deputados e senadores fazem as indicações do dinheiro, geralmente para pequenas obras ou equipamentos, como tratores, em suas bases eleitorais.

A decisão de Rosa Weber foi tomada em uma ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) formulada pelo PSOL e apresentada em junho deste ano. Posteriormente, os partidos Novo, Cidadania e PSB também solicitaram a suspensão da execução das emendas de relator-geral, os pedidos passaram a tramitar em conjunto no Supremo.

##RECOMENDA##

Pouco depois da decisão da ministra, o presidente do STF, Luiz Fux, marcou para a próxima 3ª feira, dia 9, o início do julgamento do caso no plenário virtual da Corte.

"A liminar concedida pela ministra Rosa Weber vem para confirmar o que sempre dissemos: as emendas de relator promovem sigilo sobre o orçamento, dificultando seu acompanhamento e fiscalização. Além disso, esta decisão é extremamente importante para a proteção da democracia e do funcionamento do Congresso Nacional. O orçamento público não pode ser usado para influenciar no resultado de votações no Parlamento, e nem ser manipulado secretamente. Um escândalo, que precisava acabar", disse o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ).

"A decisão da ministra Rosa Weber foi uma vitória importante da nossa luta contra o orçamento secreto e a política do toma-lá-da-cá. Uma prática escandalosa que dá sustentação à base do governo Bolsonaro no Congresso. A fonte de recurso para Arthur Lira e o Centrão poderem comprar apoio aos seus projetos está secando. Agora esperamos que o STF tome uma decisão definitiva sobre o tema, no sentido de acabar de vez com esse absurdo que é a execução de emendas do relator", disse a líder do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ).

"A decisão da ministra Rosa Weber recoloca o Orçamento nos devidos padrões constitucionais. A transparência é o melhor remédio para evitar desperdício e corrupção. Será possível saber, por exemplo, quem foram os beneficiários dos mais de 1 bilhão pagos nas vésperas da votação da PEC do calote", disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sobre a decisão de Weber.

"Rosa Weber deu basta às emendas de relator, 18 bi, usadas pra comprar votos favoráveis a projetos obscuros, privados no interesse, nocivos para o coletivo. Além de cheques em branco, sem controle e fiscalização, elas dão origem a tratoraços superfaturados. Não mais", disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

"É uma decisão importantíssima que merece ser comemorada, já que acaba com o ‘orçamento secreto’. Ainda esta semana, no plenário, durante votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 23), também conhecida como PEC do Calote, a bancada defendeu o fim dessa prática obscura, que tem servido para barganha política a fim de beneficiar o governo Bolsonaro e sua base aliada no Congresso", disse, em nota, o líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS).

"O orçamento da União foi sequestrado por um esquema que compra votos com emendas de relator. Rosa Weber decidiu parar esse trator", disse a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), vice-líder da Oposição na Câmara. "É o fim do governo Bolsonaro. Quem vende voto ficará exposto, e muito do que já foi votado ainda não foi pago, ou seja, os vendedores de voto ainda levarão calote. A melhor decisão do STF em tempos", disse o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL).

O advogado Felipe Santa Cruz, presidente nacional da OAB, escreveu em uma rede social: "Decisão histórica para nossa Democracia. A execução orçamentária das emendas exige transparência e não pode servir às barganhas do momento. Somos um País pobre e as poucas verbas para investimento devem ser acompanhadas por todos. Necessária a decisão da Ministra Rosa Weber".

"A decisão é correta, pois impugna um ato obscurecido, opaco. Os representantes do Legislativo têm suas prerrogativas, mas estas não conferem ao Legislativo a possibilidade de ocultar a motivação dos seus atos. Considero uma decisão prudente e compatível com a missão do Poder Judiciário", disse o jurista Mauro Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência da República.

"A decisão da ministra deve ser comemorada por todos que lutam contra a corrupção!", celebrou Lucas Furtado, subprocurador-geral da República junto ao Tribunal de Contas da União e autor de algumas das representações que levaram o tribunal a investigar o caso. "Excelente decisão da Ministra Rosa Weber. As bilionárias emendas de relator RP9 são inconstitucionais e nocivas para a democracia", disse o também procurador junto ao TCU, Júlio Marcelo de Oliveira.

"A ministra Rosa Weber impediu a continuidade do ‘Jabá orçamentário bilionário’. O STF confirmou o que todos sabiam. As emendas de relator são inconstitucionais. O pior e mais promíscuo instrumento de barganha entre o Executivo e o Legislativo das últimas décadas foi, enfim, interrompido pelo STF", disse o economista Gil Castelo Branco, fundador da ONG Contas Abertas.

"A decisão da ministra Rosa Weber é uma vitória da cidadania. Reconhece o dever de transparência como princípio do Estado de Direito e confirma que a prática do orçamento secreto agride os valores democráticos e republicanos que são os pilares da Constituição", disse Heleno Taveira Torres, professor titular de direito financeiro da Universidade de São Paulo (USP).

A reportagem procurou o Planalto e os líderes do governo no Parlamento, bem como os presidentes da Câmara e do Senado. O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) disse que "um bom diálogo e respeito as autonomias constitucionais dos poderes certamente construirá uma solução equilibrada para essa questão". Segundo ele, "Tudo o que precisamos é harmonia entre os poderes da república".

Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (sem partido-RJ), avalia que a suspensão pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender os pagamentos do governo Jair Bolsonaro feitos por meio do orçamento secreto retira a expectativa de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios tenha um "objetivo relevante".

Para Maia, a votação da PEC foi completamente ilegal ao quebrar o rito do regimento para a aprovação de mudanças no texto da Constituição. Ao Estadão, Maia antecipa que vai apresentar no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado de segurança para derrubar a votação.

##RECOMENDA##

Além de permitir que deputados votassem do exterior, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), aceitou que fosse votada uma emenda aglutinativa alterando o texto do relatório aprovado pela comissão especial para permitir um acordo para o pagamento de precatórios devidos aos Estados relativos ao Fundef, fundo ligado à educação.

A decisão da ministra Rosa Weber altera os rumos da PEC?

Reorganiza a institucionalidade da Câmara e do Senado, que estavam numa posição distorcida. De desconexão das bancadas com as suas direções partidárias, com as linhas ideológicas dos partidos. A decisão reorganiza isso, sem dúvida alguma. Tira certamente de alguns a expectativa de que a PEC tenha um objetivo agora relevante para aqueles que tinham interesse nas RP-9, as emendas de relator. O motivo relevante para eles não era resolver precatório, resolver o auxílio, era exatamente resolver a RP9. Essa coisa "relevante" (para eles) deixou de existir. Para resolver os precatórios (dívidas que o governo é obrigado a pagar depois de decisões judiciais), já foi enviado pelo governo o projeto de lei orçamentária. Para resolver o auxílio, se querem algo estruturante tem o projeto do Tasso Jereissati. Se não, tem a alternativa que o governo está avaliando que uma Medida Provisória, que eu espero que se acontecer seja limitada aos R$ 47 bilhões do auxílio.

Na votação da PEC, a mesa diretora disse que havia precedente para as manobras regimentais.

Não é verdade. Nunca teve. É gravíssimo. A mudança de rito e a autorização para deputados que estavam no exterior pudessem votar é um desrespeito à Câmara. Não tem voto? Encontra-se alternativa. Do ponto de vista institucional, a votação da PEC dos precatórios é um desastre sem precedentes. Nunca vi isso.

Qual foi a ilegalidade na mudança de rito?

É possível depois de 40 sessões levar o relatório da PEC ao plenário. Mas depois do relatório aprovado na comissão, o relator não tem mais poder nenhum. Tem que se votar o texto do relatório aprovado na comissão. Do contrário, não precisaria ter mais comissão especial. Faz como eles fizeram. Inventa-se uma emenda fantasma e aglutina-se ela no texto principal. Isso é completamente ilegal. Um rito de uma emenda constitucional não é uma coisa qualquer. Não se pode tratar o rito de uma emenda constitucional como uma coisa banal. Arthur Lira e o presidente Bolsonaro trabalham contra as instituições. Trabalham pelo poder individual de cada um.

Quais são as consequências?

Aqueles votaram e deram presença, e ficaram de forma remota votando, não tiveram a compreensão do que foi feito. Não entenderam o que está se tirando de poder do próprio parlamentar. Desfizeram o rito de uma comissão especial e aceitaram emenda fantasma ao texto para aglutinar coisas que não existem.

Na votação em segundo turno, marcada para terça-feira, a PEC tem chances de ser derrotada?

Eu acho que dá para reverter, tanto a posição do ex-governador Ciro Gomes, do presidente do PDT, Carlos Lupi, como do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, anunciando que a bancada do partido no Senado vai votar contra, são informações importantes para mostrar que a repercussão da votação da PEC não apenas do mérito, mas da forma como foi construída a maioria, é um precedente horrível para o nosso País tanto do ponto de vista fiscal e institucional.

Se aprovada pelo Congresso, a PEC pode cair no STF?

Sim, pelo rito e pelo mérito. A tramitação de emenda constitucional é diretamente relacionada com a atribuição do STF, que é o guardião da Constituição. Se o rito da Constituição (emenda constitucional), que era uma coisa consolidada no Parlamento brasileiro, está sendo destruído por decisões da mesa diretora, sendo desrespeitado por uma decisão individual do presidente da Câmara, é óbvio que isso gera uma insegurança jurídica. O Supremo tem que analisar isso com extremo cuidado. É inconstitucional inclusive da forma como foi redigida, além do rito que também precisa ser questionado.

Além do PDT, quais outros partidos podem dar mais votos contrários à PEC ou reforçar ou votos a favor?

Cada partido agora vai analisar dos dois lados. Quem é favor ou quem é contra.

Estão chamando a PEC de Auxílio Centrão.

Na verdade, está se abrindo espaço para colocar emendas de relator. Não se está cortando despesa para se colocar outra. Por isso, o deboche é grande. A desmoralização da Câmara é grande. Todos os partidos devem questionar o rito.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando