A Sanofi vai produzir na França as vacinas contra a Covid-19 de suas concorrentes Johnson & Johnson e Pfizer-BioNTech, dada a atual impossibilidade de comercializar a sua, que entra, nesta segunda-feira (22), em fase de ensaio clínico com voluntários.
O laboratório indicou em comunicado que, "a partir do terceiro trimestre", será responsável "por várias etapas da fabricação da vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson".
O grupo farmacêutico cuidará da formulação e do envase dos frascos na sua unidade francesa em Marcy-l'Etoile, perto de Lyon, "em 2021, a um ritmo de cerca de 12 milhões de doses por mês".
"Nossa ambição é fazer o máximo possível, se pudermos fazer mais por que não", disse à AFP Thomas Triomphe, vice-presidente executivo da Sanofi Pasteur, o braço de vacinas da Sanofi.
Esta é a segunda vez que a Sanofi coloca suas ferramentas de produção a serviço da concorrência: fabricará a partir do verão (hemisfério norte) em sua fábrica alemã em Frankfurt mais de 125 milhões de doses da vacina de RNA mensageiro desenvolvida pela Pfizer-BioNTech.
A urgência da pandemia deu origem a alianças inesperadas entre empresas do setor, às vezes rivais. A suíça Novartis, que não se lançou na corrida das vacinas, se prepara para fazer o mesmo pela BioNTech.
Para o CEO da Sanofi, Paul Hudson, este acordo com a Johnson & Johnson "atesta a determinação da Sanofi em contribuir com o esforço coletivo para acabar com esta crise sanitária o mais rápido possível".
Os anúncios foram feitos depois que o governo francês pediu à Sanofi para disponibilizar suas linhas de produção para acelerar a fabricação das tão esperadas doses para tentar conter uma pandemia que já matou cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo.
"Nossa prioridade absoluta continua sendo a fabricação da nossa própria vacina. E se faremos essa operação com a BioNTech e Johnson & Johnson é porque nos certificamos de que também temos capacidade para produzir a nossa própria vacina", insistiu Thomas Triomphe.
Apesar dos contratempos, o laboratório francês está determinado, e anunciou nesta segunda o início de um novo estudo de fase 2 de sua principal vacina candidata, desenvolvida com a britânica GSK e que usa tecnologia de proteína recombinante, na esperança de disponibilizá-la no quarto trimestre.
"Este novo estudo de fase 2 avaliará o potencial de uma formulação refinada de antígenos para atingir uma resposta imunológica ideal, particularmente em adultos mais velhos", explicou.
O estudo de fase 1/2 anterior foi concluído em dezembro com uma resposta imunológica insuficiente em adultos idosos, "provavelmente devido a uma concentração insuficiente de antígenos".
O novo teste será conduzido com 720 voluntários maiores de 18 anos nos Estados Unidos, Honduras e Panamá.
Se os dados forem positivos, um estudo de fase 3 deve começar "em maio-junho" em um "grande número de países em vários continentes", de acordo com Triomphe, e a vacina estará disponível no quarto trimestre.
A Sanofi também informou pesquisas sobre novas variantes e "para poder preparar diferentes formulações para avançar o mais rápido possível quando necessário", segundo Thomas Triomphe.
O laboratório também está desenvolvendo uma segunda vacina candidata com a americana Translate Bio, com base na tecnologia de RNA mensageiro (a utilizada pelas vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna, já autorizadas).
"Dados pré-clínicos mostram que duas injeções da vacina de RNAm induzem uma produção de alta concentração de anticorpos neutralizantes", segundo a Sanofi, que pretende iniciar os testes da vacina em voluntários humanos, na fase 1/2, em março.