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A Advocacia-Geral da União (AGU) tem 72 horas para explicar à Justiça Federal de São Paulo sobre o dinheiro público pago a influenciadores para que fizessem propaganda do 'atendimento precoce' contra a Covid-19. A Ação Civil Pública contra o Governo Federal pede a devolução de R$ 23 mil repassados aos famosos em janeiro, retratação pública e proibição de novas campanhas do gênero.

A verba destinada à campanha publicitária "Cuidados Precoces Covid-19", da Secretaria de Comunicação (Secom), gira em torno de R$ 19,9 milhões, apontou Agência Pública. Desse total, R$ 85,9 mil foram destinados ao cachê de 19 famosos, contratados para defender o "atendimento precoce" nas redes sociais.

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Só quatro influenciadores, a ex-BBB Flávia Viana, João Zoli, Jéssika Taynara e Pam Puertas dividiram R$ 23 mil. Flávia recebeu R$ 11,5 mil e, após a negociação com a Secom ser exposta, fez um vídeo de desculpas e afirmou que não acreditava no "tratamento precoce" o qual havia defendido.

Na segunda-feira (5), a juíza Ana Lucia Petri Betto, da 6ª Vara Cível Federal de São Paulo, favoreceu a ação protocolada pela educadora Luna Brandão e estipulou o prazo de três dias para uma posição da AGU, que indicou que ainda não foi citada, segundo o Uol.

A juíza aguarda a resposta do Governo e deve julgar primeiro o pedido liminar para proibir novas campanhas, seguida pela retratação dos influenciadores. Já a devolução dos R$ 23 mil será decidida após as defesas da União e dos influenciadores. Mesmo condenado, ainda caberá recurso ao Governo.

A orientação da campanha era de que seis stories fossem publicados nos perfis do Instagram para destacar a importância de procurar um médico e solicitar "atendimento precoce" em caso de sintomas da Covid-19. O próprio termo gerou polêmica pelo alinhamento com o uso de substâncias ineficazes contra o vírus, no entanto, nenhuma medicação foi sugerida pelos influenciadores.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou a recomendação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e voltou a defender o chamado "tratamento precoce" contra a covid-19 em sua live semanal nesta quinta-feira, 1º. Na avaliação dele, o procedimento, que não tem respaldo científico, "passou a ser crime no Brasil". "Muita gente no Brasil faz o tratamento precoce e o preventivo também", disse o chefe do Planalto.

Na semana passada, o ministro da Saúde afirmou não existir tratamento para bloquear o vírus, mas ressaltou que a decisão de indicar medicamentos "compete ao médico, dentro de uma ambiência onde não existe uma evidência científica forte, com a sua autonomia milenar para prescrever medicamentos".

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Desde o início da pandemia, o presidente vem defendendo a adoção do que chama de "tratamento precoce", que consiste na utilização de substâncias como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina. Essas medicações não são recomendadas para pessoas com covid-19. Na semana passada, três pacientes morreram após receber nebulização com cloroquina na cidade de Camaquã, região sul do Rio Grande do Sul.

O presidente também comentou sobre um novo medicamento. "Já chegou à Anvisa a proxalutamida. É um medicamento que é desenvolvido conjuntamente com os Estados Unidos. Não é só nosso não, tá? Em conjunto com os pesquisadores americanos, de modo então que tenhamos então um remédio, mais cedo ou mais tarde, um remédio eficaz para combater aí a covid", disse.

Nesta quarta-feira (31), a atriz Flávia Viana foi até os stories do Instagram para pedir desculpas. Chorando, a ex-participante de A Fazenda se retratou após ter feito um post a favor do atendimento precoce para Covid-19. Segundo informações da Agência Pública, ela e diversos influenciadores digitais foram pagos pelo governo federal para falar do tratamento. Flávia teria recebido quase R$ 12 mil com a propaganda.

"Não me meto com político, acho que o que os governantes fazem com a gente é fazer todo mundo de palhaço, eu tenho nojo de falar de quem governa nosso país. Não me interpretem mal, minha intenção foi de alertar e de cuidar", explicou.

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"Minha intenção ao fazer o trabalho foi única e exclusivamente ajudar. Intenção de cuidado com as pessoas que me assistem. Não acredito em tratamento precoce dessa doença tão louca que está espalhada por aí", completou. João Zoli, Jéssika Taynara e Pam Puertas também participaram da campanha osquestrada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Assim que o assunto veio à tona, usuários do Twitter repercutiram a polêmica. O nome de Flávia Viana foi parar nos trending topics do microblog. "Morrendo de rir da Flávia Viana começando o story dizendo que é muuuuito transparente", brincou um dos internautas.

Confira:

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Mais de R$1,3 milhão dos cofres do governo federal foram utilizados para pagar ações de marketing com influenciadores sobre a Covid-19. O valor foi investido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Comunicação (Secom) e inclui R$ 85,9 mil destinados ao cachê de 19 “famosos” contratados para divulgar estas campanhas em suas redes sociais. 

Em janeiro deste ano, a Secom contratou quatro influenciadores, que receberam um montante de R$23 mil para falar sobre “atendimento precoce”. A verba saiu de um investimento total de R$19,9 milhões da campanha publicitária denominada ‘Cuidados Precoce COVID-19’. 

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A ex-BBB Flávia Viana recebeu, sozinha, R$11,5 mil, segundo os documentos obtidos.

No roteiro da ação, obtido pela Agência Pública através de um pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI), a Secom orientava a ex-BBB Viana e os influenciadores João Zoli (747 mil seguidores), Jéssika Taynara (309 mil seguidores) e Pam Puertas (151 mil seguidores) a fazer um post no feed e seis stories – todos no Instagram – dizendo para os seguidores que, caso sentissem sintomas da Covid, era “importante que você procure imediatamente um médico e solicite um atendimento precoce”.

Viana, que fez o seu post em 14 de janeiro, enquanto Manaus vivia o auge do colapso na rede hospitalar, recebeu quase 33 mil likes. Pam Puertas e Jessika Taynara fizeram seus posts nos dias 12 e 13 de janeiro, respectivamente, e a reportagem não encontrou no feed de João Zoli a postagem publicitária. A Agência Pública entrou em contato com os quatro influenciadores, porém não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem.

Publicação da ex-BBB Flávia Viana

No texto-guia, ou briefing, desta ação, os quatro influenciadores foram orientados a posar de maneiras diferentes, alguns com a máscara no rosto e álcool gel na mão, outros lavando a mão. O texto pelo qual os influenciadores deveriam se guiar para fazer seus posts dizia: “Hoje quero falar de um assunto importante, quero reforçar algumas formas de se prevenir do coronavírus. Vamos nos informar e buscar orientações em fontes confiáveis. Não vamos dar espaços para fake news. Com saúde não se brinca. Fiquem atentos! E se identificar algum sintoma como dor de cabeça, febre, tosse, cansaço, perda de olfato ou paladar, #NãoEspere, procure um médico e solicite um atendimento precoce”. O texto trazia ainda a recomendação do uso da máscara e higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel. 

Em ofício que acompanha a resposta da LAI, a Secom esclareceu que, do valor total, R$987,2 mil foram destinados à produção das peças – filmes para TV, spot para rádio, vídeos e banners para internet e peças para mídia exterior – enquanto o valor restante (R$ 18,9 milhões) foi destinado à veiculação e divulgação do material produzido. Não há detalhamento dos gastos com ações de marketing de influência.

Uma das peças de TV veiculadas em outubro focava na hashtag “NãoEspere”, presente no texto-guia entregue aos influenciadores. As ações foram pensadas no bojo da campanha anunciada pela pasta no fim de setembro de 2020 para estimular o cuidado precoce. 

“Tratamento precoce” X “atendimento precoce”  

Nem o briefing da ação, nem as postagens dos influenciadores contratados traziam menção ao “tratamento precoce” para Covid-19 com uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina. Porém, na própria campanha oficial sobre “atendimento precoce” veiculada nos sites do governo, os termos “atendimento” e “tratamento” se confundem.

“O tratamento precoce comprovadamente aumenta as chances de recuperação e diminui a ocorrência de casos mais graves e, consequentemente, o número de internações”, diz o release – que depois recomenda ações como as divulgadas pelos influenciadores: lavar as mãos, usar máscaras, entre outras.

No dia 16 de janeiro, uma postagem do Ministério da Saúde no Twitter foi marcada como “publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19” por mandar os cidadãos que tivessem sintomas buscar uma UBS e solicitar o “tratamento precoce”.

A confusão entre os termos esteve presente, também, no discurso do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No dia 18 de janeiro deste ano, ele negou ter recomendado “tratamento precoce” à população, afirmando que o que era recomendado pelo Ministério era o “atendimento precoce” – o que não é verdade. 

Um ofício enviado pelo Ministério da Saúde à Secretaria de Saúde de Manaus em 7 de janeiro – na semana em que os influenciadores faziam suas postagens no Instagram –  previa uma visita de técnicos do Ministério para difundir e aprovar “o tratamento precoce como forma de diminuir os internamentos e óbitos decorrentes da doença” e ressaltava “a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde”.

Ainda enquanto ministro interino, Pazuello assinou um protocolo do Ministério da Saúde que permite o uso da cloroquina para a Covid-19. O protocolo é usado por diversos governos municipais para distribuir o medicamento a seus cidadãos, conforme denunciou a Agência Pública no ano passado. 

Em outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia publicado um estudo que demonstrava a ineficácia de diversos medicamentos, incluindo muitos do “tratamento precoce” brasileiro, contra a Covid-19. Durante a reunião que aprovou o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford, em janeiro deste ano, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçaram a inexistência de tratamento precoce para o coronavírus.

Mais recentemente, em fevereiro, uma pesquisa no Amazonas comprovou o efeito contrário: pacientes que tomaram remédios do “tratamento precoce” para evitar ou tratar sintomas iniciais da Covid-19 tiveram maiores taxas de infecção que aqueles que não tomaram nada.

Paralelamente à ação com influenciadores liderada pela Secom, o Ministério da Saúde lançou a plataforma “TrateCov”, que recomendava cloroquina até para bebês. O Conselho Federal de Medicina pediu, em nota, que o aplicativo fosse removido “imediatamente” pelo Ministério. O aplicativo saiu do ar em 20 de janeiro, menos de uma semana depois de seu lançamento. 

“Tratamento precoce não existe. A gente não tem ainda nenhum medicamento comprovado que possa diminuir esses sintomas [de covid-19]”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel. Ela explicou que atendimento precoce e tratamento precoce são coisas diferentes. “O atendimento precoce seria a pessoa procurar o sistema de saúde nos primeiros sinais de sintomas”. Mas criticou a campanha realizada pelo Ministério, considerando a superlotação das unidades de saúde e a falta de coordenação. 

“Não adianta você fazer um chamamento para as unidades que já estão lotadas se não tiver um plano de ampliação desses locais”, disse.

Secom diz que não mantém ata de reunião sobre influenciadores

No dia 15 de janeiro de 2021, a Secom realizou uma reunião cujo tópico era ‘Influenciadores’, segundo agenda do Coordenador-geral de Mídia, Luiz Antônio Oliveira Alves. A Agência Pública solicitou, por meio da LAI, a ata da reunião. Na resposta, a Secom afirmou que não é de praxe manter ata ou gravação de reuniões, por se tratar de assuntos internos e rotineiros, mas esclareceu que nesta reunião discutiu-se “questões envolvidas no emprego de influenciadores digitais como complemento aos esforços de mídia das ações de divulgação desta Secretaria.” 

Já o Ministério da Saúde tem pagado influenciadores digitais para campanhas relacionadas à pandemia de coronavírus desde março de 2020. A primeira campanha com essa temática custou R$400 mil, para o pagamento de cinco influenciadores digitais, segundo documento obtido via LAI pela organização Fiquem Sabendo. As personalidades de Instagram Vovó de Seis (68 mil seguidores) e Vovó Janete (13 mil seguidores), que publicam conteúdos sobre família e bem-estar, receberam cachês de R$3 mil e R$1 mil, respectivamente, assim como os youtubers NerdShow e Professor Paulo Jubilut, que juntos somam mais de 1,8 milhão de inscritos em seus canais.

No briefing, os influenciadores foram orientados a falar sobre cuidados básicos como lavar as mãos, uso de álcool gel e tossir nos cotovelos. Isolamento e distanciamento social não foram mencionados como estratégias de prevenção da doença.

Janete Stapf, a Vovó Janete, contou à Pública ter sido procurada pela agência TubeLab, a qual mediou seu contato com o MS. Foi instruída a publicar três vídeos curtos em seus stories, além de um post no seu feed do Instagram, que lhe renderam R$1 mil. “Tudo que publico é visualizado muito rapidamente. E eu sempre respondo, nem que seja só com um coração”, ela explica. 

Janete conta que as instruções da campanha foram enviadas por WhatsApp pela representante da agência que a contatou. “Na época, me pediram para focar no ato de lavar as mãos. Não falaram de máscaras, por exemplo”, lembra. Foi Janete quem enviou os resultados dos seus posts e o engajamento gerado para a agência. 

Em maio de 2020, uma campanha propagandeava o TeleSUS, plataforma de medicina remota do Ministério da Saúde. A campanha custou R$500 mil e pagou cinco influenciadores digitais, entre eles a ex-BBB Flávia Viana e a dupla sertaneja Henrique e Diego. Viana recebeu R$10 mil, Henrique e Diego receberam R$3 mil, o youtuber Igão recebeu R$6 mil e Nanda Caroll e Camila Loures receberam R$5 mil e R$7,5 mil, respectivamente.

O descritivo da campanha sobre o TeleSUS diz que a estratégia consistia em informar sobre o coronavírus e difundir métodos de prevenção.

Outra campanha, veiculada em julho e que também custou R$400 mil, foi dedicada ao desenvolvimento infantil e envolveu a contratação de outras cinco influenciadoras – todas elas mães. No descritivo da campanha, a agência R2 Produções e Eventos detalhou que o objetivo era apresentar “estratégias e meios de estimular o desenvolvimento de nossas crianças durante a pandemia (COVID-19)”.

O processo de contratação de influenciadores envolve agências licitadas pelo Executivo, como Artplan, Calia e NBS, que fazem a intermediação. As três seguem ganhando licitações anuais do governo desde, pelo menos, 2017. Em agosto de 2020, a Secom renovou novamente a licitação das empresas por mais 12 meses. A Artplan, cliente da empresa de marketing do antigo chefe da Secom, Fabio Wajngarten, recebeu o maior número de verbas publicitárias em 2019. 

Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, foram investidos mais de R$10 milhões em marketing de influência apenas pelo Ministério da Saúde, incluindo campanhas de combate à tuberculose, de doação de sangue, de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de vacinação contra o sarampo. 

Em 2020, apenas 27% do total gasto no ano – R$4,8 milhões – foi para ações relacionadas à pandemia de coronavírus. 

*Reportagem dos jornalistas Giovana Fleck e Laís Martins da Agência Pública

O 'Kit Covid', também chamado de tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contribui para aumentar o número de mortes de pacientes graves, afirmam diretores de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de referência ouvidos pela BBC News Brasil. Mesmo sem estudos científicos comprovando eficácia, medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina continuam sendo indicados pelo presidente no combate à Covid-19.

Segundo o médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público do Estado, em São Paulo, os pacientes que precisarem de internação, cerca de 15% a 20% do total, podem ter o tratamento prejudicado no hospital caso recebam esses medicamentos.

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"É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida', disse Rezende, que também é ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, à BBC. 

Médicos intensivistas também afirmam que o "Kit Covid" mata de forma indireta quando retarda a procura de atendimento, absorve dinheiro público que poderia ser usado na compra de medicamentos para intubação e domina a mensagem de combate à pandemia. 

"Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o 'kit covid'. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes", comentou o diretor da Divisão de Pneumologia do instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Carlos Carvalho.

"A falta de organização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% [das mortes], mas contribuiu", completou o diretor.

A preocupação dos médicos intensivistas é com o efeito colateral em pacientes que ficam em estado grave e que estão com o funcionamento dos órgãos comprometidos. 

"Esses remédios não ajudam, não impedem o quadro de intubação, e trazem efeitos colaterais, como hepatite, problema renal, mais infecções bacterianas, diarreia, gastrite. E a interação entre esses medicamentos pode ser perigosa", contou à BBC a pneumologista Carmen Valente Barbas, do Hospital das Clínicas e do Hospital Albert Einstein.

Segundo Ederlon Rezende, a hidroxicloroquina pode causar arritmia cardíaca, o que pode ser um efeito crítico, porque a Covid-19 promove inflamação do músculo cardíaco e trombose nos vasos e tecidos. Ele relatou também casos de pacientes que precisam ser sedados e acordam com confusão mental acentuada devido ao uso abusivo de ivermectina antes de chegar ao hospital. "A ivermectina é uma droga que também penetra no cérebro quando ele está inflamado, e ela deprime mais ainda o cérebro e piora a qualidade do despertar de um paciente intubado. Essa tem sido uma intercorrência frequente nos pacientes que usaram esse remédio antes chegar à UTI", contou. A ivermectina também pode causar lesão renal, dificultando a cura da Covid-19, pois a doença em alguns casos provoca complicações nos rins com necessidade de hemodiálise.

Com a adição de corticoides no Kit Covid, que ajudam a reduzir a mortalidade entre pacientes graves, surgiu outro problema. É que no restante da população o uso pode provocar sérios problemas, como baixar a imunidade e propiciar outras doenças. “Se você dá corticoide a paciente de covid sem necessidade, ele vai ter um desempenho pior. Ele morrerá mais do que se tivesse sido adequadamente tratado”, destacou o supervisor da UTI do Hospital Emilio Ribas, Jaques Sztajnbok.

“Este não pode ser um debate politizado. Não pode ser um debate ideologizado. É um debate científico”, afirmou a vereadora Liana Cirne (PT) ao se posicionar contrária ao uso de medicamentos para tratamento precoce da Covid-19. Ela fez o pronunciamento durante a reunião Ordinária da Câmara do Recife, nesta terça-feira (16), em que o assunto foi abordado por vários parlamentares.

“Não se trata mais de dizer que a cloroquina e outros medicamentos não possuam eficácia comprovada, nós já ultrapassamos esta fase. Os institutos de pesquisas cientificas já comprovaram isso. Já comprovaram a ineficácia desse tipo de tratamento precoce”, ressaltou a vereadora.

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Liana Cirne disse, ainda, que “a  invermectina é bom acabar com vermes, mas não serve como tratamento precoce para a covid-19”.  Conforme destacou, tratamento precoce é o uso de  máscaras, o distanciamento social, a higiene das mãos e a vacinação em massa da população brasileira. “Não se trata de ideologias, mas de estudos científicos.”, afirmou.

Bolsonaro

Também teceu críticas ao presidente da República Jair Bolsonaro. “A gente não gosta do presidente Jair Bolsonaro porque ele é incompetente nas políticas públicas sanitárias. A gente chama Bolsonaro de ‘ des-presidente’ porque ele não é presidente”.  Em seguida enumerou que ele “ desrespeita os mortos, não dá autonomia ao ministro da Saúde para agir conforme as políticas sanitárias, incentiva aglomerações, fala palavrões e ridiculariza a vacina”.

Sobre a questão do debate  do tratamento precoce à covid-19, a vereadora Dani Portela (PSOL) disse que é preciso politizar o assunto. “Porque esse ambiente é um ambiente político. É uma Casa legislativa municipal e as questões políticas impactam sobre vidas de milhares e milhares de pessoas”.  Ela afirmou que recebeu um estudo recente que mostra que para  cada duas pessoas brancas vacinadas, uma pessoa negra é vacinada. “Mesmo sendo maioria da população,  os negros são menos vacinados”, lamentou.  “Tratamento precoce é tratar a saúde como uma questão fundamental”.

Professora Erika Suruagy 

A vereadora Liana Cirne aproveitou a ocasião para prestar solidariedade à professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Erika Suruagy, vice-presidente da à Associação dos Docentes da Universidade (ADUFERPE).

Segundo a parlamentar, a professora foi intimada num inquérito criminal, requerido pelo ministro da Justiça, por causa de uma campanha crítica contra o governo Federal.  “Não é admissível o que está sendo feito. Essa agressão viola o direito de expressão, de liberdade sindical”, destacou Liana Cirne.  Com este ato, disse, “todos nós, professoras e professores, somos agredidos também”.

*Da Câmara Municipal do Recife

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a reforçar nesta manhã, 1º, o endosso a tratamentos contra a covid-19 sem comprovação científica. "Esses medicamentos - hidroxicloroquina, ivermectina e Annita - não têm efeito colateral. Por que não tomar? ", disse, contrariando recomendação dos médicos e autoridades sanitárias quanto aos riscos desses remédios para a saúde. "Parece que quanto mais morrer, melhor para alguns setores da sociedade brasileira. Somos a oitava economia do mundo, nosso IDH não é tão bom perto do primeiro mundo. O que leva nosso País a ser o 26º em morte por milhão de habitantes? Alguma coisa está acontecendo por aqui. Só pode ser o tratamento precoce, não tem outra explicação. Por que a grande mídia teima em criminalizar quem fala isso?", emendou.

Durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que "alguns países têm confirmado tratamento precoce que tem dado certo". "O que mandei confirmar agora é a Coreia do Sul, com a cloroquina. Já que aqui dentro não pode falar off label que virou crime", disse, sem entrar em mais detalhes. O presidente afirmou também que na quarta-feira, 3, enviará comitiva a Israel a fim de negociar a adesão a estudos de um spray nasal, que mostrou resultados promissores nas fases de testes iniciais. Outros inaladores também são testados por pesquisadores de universidades brasileiras como da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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"Vai uma comitiva nossa, deve ser quarta-feira, para Israel. Porque tinha que acertar a papelada, a gente está fazendo acordo para usar aqui na terceira fase (o spray). A gente vai entrar com a papelada junto à Anvisa, a empresa (vai entrar)", afirmou.

Bolsonaro também afirmou que ainda este mês terão, no mínimo, 22 milhões de vacinas disponíveis. "A gente só podia comprar depois que a Anvisa autorizar. Não é comprar qualquer negócio que aparecer", afirmou Bolsonaro. Segundo ele, como a agência já está emitindo os certificados de aprovação, "estamos comprando".

Sobre as previsões que fez ao longo da pandemia, o presidente afirmou não ter errado "nenhuma" e disse não precisar "ser inteligente para entender isso". Entretanto, conforme mostrou o Broadcast Político na série especial de um ano da pandemia, o presidente minimizou os efeitos da crise sanitária, disse que o número de mortos não chegaria a 800 e reforçou que "a questão do coronavírus não é isso tudo que a grande mídia propaga".

Em resposta aos Estados que decretaram toque de recolher - Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Amazonas e Rio Grande do Norte - e ao Distrito Federal que decretou lockdown na semana passada, Bolsonaro disse que tais medidas já foram feitas "e não deram certo ano passado". Segundo ele, o Estado que tem mais óbito por milhão de habitantes é São Paulo, governado por seu rival político João Doria (PSDB). "Foi o (Estado) que mais fez lockdown. E é o Estado que mais se diz estar ao lado da ciência", ironizando a campanha política de Doria a favor do Instituto Butantan.

O presidente também reforçou ter feito repasses à área da Saúde de alguns Estados e disse que no Amazonas, "não faltou dinheiro". No início do ano, o Amazonas sofreu colapso do sistema de saúde com a falta de oxigênio em hospitais para tratar pacientes com a covid-19. "Não faltou dinheiro. Na ponta da linha, eles têm que resolver os problemas, leito, etc", disse sobre a situação naquele Estado.

O PSOL pediu nesta terça-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF) que proíba em caráter liminar a distribuição por parte do governo federal e seus órgãos de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, utilizados como "tratamento precoce". O partido lista entre o remédios sem comprovação científica contra o novo coronavírus a cloroquina, nitazoxanida, hidroxicloroquina e ivermectina.

O partido justifica que o Ministério da Saúde pressionou prefeitura de Manaus (AM) a distribuir remédios sem eficácia comprovada para tratar seus pacientes no momento em que o município vivenciava a sobrecarga da rede de saúde. "O resultado trágico foi a falta até de oxigênio para o tratamento dos casos mais graves da doença na cidade", relata a sigla.

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A solicitação foi acrescentada a uma ação que pede a aquisição obrigatória de vacinas por parte do governo e que está sob responsabilidade do ministro Ricardo Lewandowski.

A sigla também pede que seja determinada a proibição do governo federal divulgar qualquer informação que propague, induza ou incentive o uso de medicamentos sem comprovação científica como forma de tratamento precoce contra a covid-19. O partido solicitou ainda em outra ação que o governo passe a divulgar campanhas sobre os benefícios da vacinação contra a covid-19.

Conforme o levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sofreu 33 derrotas no STF ao longo de dois anos de governo e a maioria delas na análise de casos movidos por partidos de oposição, que assumiram um protagonismo que antes era da Procuradoria-Geral da República.

Na segunda-feira, 18, após meses de propaganda e entrega em massa pelo governo federal de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, como a hidroxicloroquina, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que nunca estimulou o uso desses tratamentos. Em coletiva de imprensa, Pazuello disse defender apenas o "atendimento precoce" e negou que isso significasse a definição do uso de certos remédios no combate à doença.

O governo e a pasta, contudo, têm pressionado autoridades locais pelo uso de remédios sem comprovação de eficácia. Em ofício enviado à Secretaria de Saúde de Manaus (AM), o ministério chegou afirmar que é "inadmissível" não prescrever o tratamento precoce contra a covid-19.

Desde maio, com a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e a partir da gestão de Pazuello, o Ministério da Saúde recomenda o tratamento com medicamento já no primeiro dia de sintomas da covid-19. A orientação da pasta é uma cobrança de Bolsonaro, que defende o uso de medicamentos contra o novo coronavírus de forma precoce, mesmo que sem comprovação científica.

Nesta segunda-feira, no mesmo dia que Pazuello mudou seu discurso sobre esses remédios, o presidente alertou apoiadores para não desistirem do tratamento precoce.

O pedido vai contra as próprias orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na reunião que resultou na aprovação do uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19, integrantes da agência refutaram a existência de alternativas terapêuticas contra o vírus.

Alinhada com a política do Governo Federal de defender 'tratamento precoce' contra a Covid-19, o Ministério da Saúde teve a publicação em que defende o uso de medicamentos sem comprovação científica marcada como enganosa pelo Twitter, neste sábado (16). 

Essa narrativa, desde o início, é defendida por Jair Bolsonaro e também pelo Ministério da Saúde com o ministro Pazuello. Na publicação, o órgão pede que, assim que surgir sintomas, as pessoas deveriam procurar um centro de saúde e solicitar o tratamento precoce. 

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A publicação, por conta da falta de comprovação desse tipo de tratamento, foi marcada pelo twitter como enganosa e com “informações potencialmente prejudiciais relacionadas a Covid-19”.

O governo do Amazonas e a prefeitura de Porto Alegre passaram a recomendar o uso de medicamentos que não possuem eficácia comprovada no tratamento de pacientes com covid-19. A distribuição pública da hidroxicloroquina, da azitromicina e da ivermectina é incentivada pela gestão do presidente Jair Bolsonaro. Especialistas dizem que a recomendação ignora evidências científicas e cria falsa sensação de que existe um tratamento eficaz contra a doença.

Enquanto vê o número de casos, internações e mortes voltar a subir, a prefeitura de Manaus e o governo do Estado do Amazonas recomendaram publicamente, pela primeira vez, o uso dos medicamentos, conjunto que é chamado pelo governo Bolsonaro de "tratamento precoce", mesmo sem indicativos de que seja de fato um tratamento.

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Em publicação no site da prefeitura, a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, disse que reforça "a importância do tratamento precoce para evitar que o quadro clínico se agrave". "Se, clinicamente, o paciente apresentar sintomas que sugiram covid-19, já recebe tratamento e seu quadro de saúde será monitorado por pessoal capacitado para isso", disse.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Saúde pressionou Manaus, em ofício, a adotar a cloroquina, em um suposto tratamento precoce contra a covid. Em maio, Bolsonaro chegou a dizer que "quem é de direita toma cloroquina e quem é de esquerda toma tubaína". O tratamento precoce também foi defendido pelo governador do Estado, Wilson Lima (PSC), em "live" para anunciar apoio da pasta, no último dia 4 de janeiro.

Entre os agentes defensores do tratamento precoce estão o sindicato dos médicos e o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM). O presidente sindicalista Mário Vianna afirmou que "o Ministério da Saúde tem mais de 150 trabalhos científicos com resultados positivíssimos com tratamento precoce". Quando perguntado sobre a procedência desses estudos, Vianna disse que "não tem em mãos, mas os documentos estão nas redes sociais", sem dar detalhes. A prefeitura também foi questionada sobre quais evidências científicas subsidiam o uso desses remédios, mas também não respondeu.

Nova gestão de Porto Alegre adotou medicamentos sem eficácia

Desde a campanha, o novo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), anunciava ser contrário a medidas de restrição para conter a transmissão da covid-19. Tão logo assumiu o governo, Melo cumpriu a promessa, e editou um decreto flexibilizando as restrições impostas pelo antecessor, Nelson Marchezan Jr (PSDB).

Além da mudança em relação ao funcionamento do comércio, e mesmo para realização de eventos, Melo também decidiu adotar o chamado "tratamento precoce". Os medicamentos que o governo municipal pretende distribuir na rede pública foram entregues pelo ministério sem custos aos cofres públicos municipais.

Médico infectologista, mestre em Ciências Médicas e membro do Comitê Covid da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI), Ronaldo Hallal diz que a decisão de adotar o "tratamento precoce" não trará resultados práticos sobre o cenário da doença. "Já há estudos clínicos publicados mostrando que esses medicamentos não possuem eficácia mesmo utilizados no 1º, 5º, ou 7º dia. A decisão da gestão Melo de adotar o "tratamento precoce" ignora evidências científicas. Os grupos de decisão revelam que a prefeitura de Porto Alegre não utiliza evidências científicas na elaboração de suas políticas", critica.

Para Hallal, a indicação do uso do kit cria uma falsa sensação de existir um tratamento para a doença, o que prejudica as medidas de isolamento, o que na avaliação dele é justamente o objetivo do governo. "Sinaliza com a mensagem errada que essa doença tem tratamento, o que pode comprometer as medidas de isolamento."

O governo municipal defende a distribuição do medicamento como uma decisão entre médico e paciente. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o governo tem seguido a orientação e as bases científicas do Ministério da Saúde para adotar o tratamento precoce.

Questionada sobre o parecer de comitês científicos, a SMS se limitou a se basear na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado (CREMERS). Nenhuma das duas fala sobre a eficácia do tratamento, apenas dizem que médicos que receitem o "kit Covid" não cometem infrações e casos de efeitos colaterais serão investigados.

O único "estudo" apresentado pelo governo municipal foi um link do Ministério da Saúde, citado como exemplo. Nele, o governo federal apresenta um artigo publicado na revista The American Journal of Medicine que defende o uso da cloroquina no tratamento precoce. A intenção do governo municipal é distribuir os medicamentos nas farmácias distritais e nas unidades de saúde que funcionam até 22h.

Hallal afirma que os estudos usados pelo ministério não são clínicos. "São comparativos da intervenção com placebo, são basicamente estudos retrospectivos, que tentam associar desfechos clínicos com algo que tenha ocorrido diferente." Ele cita como exemplo pesquisas feitas nos Estados Unidos, Espanha, e o Coalizão, do qual o Brasil fez parte, que comprovaram a ineficácia da cloroquina no tratamento da covid-19.

O governo municipal vai enfrentar resistência nos próximos dias, já que a bancada do PT na Câmara de Vereadores anunciou que ainda nesta semana entrará com um pedido de providência do Legislativo, além de uma representação na Promotoria de Saúde do Ministério Público, pedindo que os remédios sejam devolvidos ao governo federal.

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (14), ter recebido informações, as quais tenta confirmar, de que o PSOL teria entrado com uma ação para impedir o tratamento precoce contra a Covid-19. Ao longo da pandemia do novo coronavírus, o presidente reiteradamente defendeu o uso ao início dos primeiros sintomas de medicamentos sem comprovação científica, como, por exemplo, a cloroquina.

"Agora tivemos a informação - vou confirmar se é verdadeira ainda - que o PSOL teria entrado com uma ação na Justiça para que os prefeitos não deem o tratamento precoce ao pessoal que procurar. Se for verdade, pelo amor de Deus, acho que está na hora de parar de politizar esse negócio aí", afirmou Bolsonaro a apoiadores.

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Segundo nota do partido no último dia 12, o PSOL, por meio do deputado Marcelo Freixo (RJ), planeja acionar o Ministério Público contra o ministro da Saúde Eduardo Pazuello, após o chefe da pasta pressionar a Prefeitura de Manaus para que receite os medicamentos sem comprovação para o combate à doença.

Neste mês, o Amazonas registrou novos recordes de internações pela Covid-19, com aumento expressivo do número de casos e óbitos. Esta semana a Justiça Federal suspendeu a aplicação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Estado e o Pará fechou as divisas com o Estado vizinho a fim de conter a proliferação de casos. Segundo dados da Fundação Vigilância em Saúde (FVS), o Estado tem 91,4% dos leitos de UTI e 93,5% dos leitos de enfermaria ocupados.

"Em vez de providenciar agulha, seringa e calendário de vacinação, Pazuello está pressionando a Prefeitura de Manaus a distribuir cloroquina e ivermectina na rede pública. Até ronda nos postos de saúde o ministro quer fazer. Vamos acionar o Ministério Público Federal", escreveu Freixo no Twitter.

Segundo avaliação de Bolsonaro nesta manhã, a capital amazonense apresenta "um problema sério" no controle da pandemia.

A Unimed de Brusque-SC está distribuindo um "kit Covid-19" com hidroxicloroquina e ivermectina aos médicos cooperados. Fotos que mostram uma pequena caixa com laço verde e uma carta informando como administrar os medicamentos foram publicadas no Twitter e causaram bastante repercussão.

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A carta traz no título: "hidroxicloroquina 400mg + vitamida D 50.000UI + ivermectina 06mg + zinco quelado 30 mg". Em seguida, há informações sobre a forma de administrar, a quantidade e como fazer o armazenamento. "Hidroxicloroquina deve ser tomada durante uma refeição ou com um copo de leite", diz o texto.

Em nota, a Unimed do Brasil se manifestou sobre o caso. A operadora de planos de saúde disse que "orienta suas cooperativas a seguirem as diretrizes previstas pelas associações e sociedades de especialidades médicas brasileiras, além dos protocolos aprovados pela OMS."

A Unimed destacou ainda que cooperativas têm autonomia para desenvolver e executar as ações que julgarem pertinentes às suas necessidades. "Médicos que as compõem têm autonomia para indicar tratamentos e procedimentos de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina", acrescentou.

A Unimed de Brusque também comentou o Kit Covid-19. Ressaltou que "oportunizou a profilaxia aos profissionais que atuam na linha de frente e também aos médicos cooperados" por estar preocupada com a crescente perda de trabalho profissional no combate à Covid-19. A unidade disse que se baseou no protocolo utilizado há algumas semanas e amplamente divulgado da Prefeitura de Porto Feliz-SP. 

"A Unimed Brusque informa que a utilização não era compulsória e após compra conjunta dos insumos tão escassos no mercado na atualidade, foi optado pela distribuição aos que desejaram realizar a profilaxia sugerida", afirma. Segundo a unidade em Brusque, foi assinado um termo de consentimento e realizados exames para excluir doenças que possam ser agravadas pelo uso da profilaxia.

Em texto publicado no site oficial, a Unimed destaca que a adoção do chamado tratamento precoce, feito pela Unimed Brusque, tem gerado resultados satisfatórios. "Já na primeira semana de Ambulatório, tivemos dois pacientes positivos, que começaram a ficar graves e em decisão conjunta com eles, optamos em utilizar a medicação, já que não havia nada disponível e era a única alternativa que estava sendo falada, lá no mês de março. Os dois iniciaram o tratamento e em 48 horas de medicação começaram a responder, ficaram bem, estão bem até hoje. Dali para frente intensificamos os estudos, e desde então, o protocolo do Ambulatório Especial da Unimed Brusque foi usar a hidroxicloroquina e a azitromicina por cinco dias em todos os pacientes que apresentaram quadro de pneumonia viral", diz a Dra. Daniela Salvador Alves, pneumologista e coordenadora médica de Serviços em Saúde da Unimed Brusque. 

 Salvador Alves afirma haver um movimento médico no Brasil em prol do tratamento precoce com uso de hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e zinco quelado. "Os pioneiros nesse tratamento são dos estados do Norte e Nordeste do país, em especial devido ao colapso que esses locais enfrentaram no Sistema de Saúde. Desta forma, eles passaram a tratar os pacientes precocemente e urgente. E em 40 dias, o colapso foi revertido, sendo um dos exemplos a Unimed de Belém do Pará, que controlou a situação. Baseado nesse e em demais exemplos, infectologistas começaram a avaliar a eficácia do tratamento precoce."

No Twitter, grande parte dos internautas criticou o Kit Covid-19 da Unimed. "Se alguém tiver problemas sérios de saúde por conta desse kit a culpa é de vocês", escreveu @JaumGodoy. "A OMS não recomenda uso, suspendeu pesquisas porque não foi comprovada eficácia e a Unimed está enviando cloroquina de souvenir? (...) não é possível tamanha irresponsabilidade", assinalou a usuária @mariaapasseio. "O princípio cooperativista de 'independência e autonomia' não tem nada a ver com essa irresponsabilidade de ignorar protocolos internacionais comprovados cientificamente", criticou também o internauta @julianorabujah.

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