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"Vou confessar que eu não queria, estava com muito medo, porque não sei qual é reação que possa dar nela, mas também me surgiu uma esperança de vida", diz Inabela Tavares, de 37 anos, mãe de Graziela Vitória, de seis anos. Nesta segunda-feira (17), a mulher levou a filha, que tem microcefalia, ao Centro UFPE, um dos locais de vacinação de crianças contra a Covid-19 no Recife. Apesar do receio, a mãe tomou a decisão porque perdeu pessoas da família para a doença.
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O Centro UFPE, um dos pontos de vacinação pediátrica contra a Covid-19 no Recife, teve um dia agitado nesta segunda-feira (17), que marca a segunda semana de imunização das crianças com idades entre cinco e 11 anos na capital pernambucana. Pais e responsáveis, ainda que com dúvidas e ansiosos sobre o avanço da vacinação infantil, compartilhavam de um sentimento mútuo de alívio e esperança por dias livres da pandemia que afeta a rotina e saúde de famílias em todo o mundo há quase dois anos.
O Recife começou a vacinar o novo público oficialmente no último sábado (15). Respeitando a prioridade estabelecida às faixas etárias anteriores, os pequenos que estão sendo imunizados devem, neste primeiro momento, ser parte do grupo de comorbidades acobertado (ver lista no fim da publicação). Por se tratar de um grupo de risco, é comum que o cuidado e as incertezas sejam redobrados, diante das "polêmicas" e desinformação associados aos imunizantes anticoronavírus.
Apesar de admitir ter medo de vacinar a filha, Inabela Tavares diz que foi aconselhada por amigos e médicos a realizar a imunização. Ao mesmo tempo, vê na vacina esperança de dias melhores.
"Chega de morte, de pessoas com covid; eu já perdi pessoas na família por covid. Isso que me deu vontade de agendar e trazê-la. Em casa está todo mundo vacinado, menos ela, aí fica complicado, porque a gente anda muito de coletivo. Agendei, mas o friozinho na barriga ainda está aqui. Essas crianças têm problemas neurológicos, meu medo é que afete alguma coisa, dê reação. Eu tive reação das outras que tomei, tive febre, fiquei com medo dela ter alguma coisa", disse a mãe.
Tavares também declarou que não se sente "100% segura com a vacina" e que já viu casos de pessoas que tomaram a segunda dose e a terceira, mas pegaram covid.
A dúvida de Inabela é muito comum à população e pode gerar confusão e desconfiança diante dos imunizantes. De acordo com as autoridades sanitárias do Brasil e do mundo, e também segundo os laboratórios das fabricantes, uma pessoa com o esquema vacinal completo, ou seja, que tomou as duas doses ainda pode pegar Covid-19 e transmiti-la a outras pessoas; o mesmo para os que possuem a dose de reforço. O objetivo primordial da vacinação é diminuir as internações clínicas, nas quais predominam casos graves de síndrome respiratória, também responsáveis pelas mortes por covid.
No país, não vacinados representam cerca de 90% das internações pela doença, segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia. Em algumas regiões, o número pode ser maior. A eficácia das vacinas foi a principal razão para o crescimento do índice de confiança entre os brasileiros, presente em mais da metade da população.
Enxergam-se nesse número o casal Kelly Cristina Queiroz e Luciano Henrique Matos, ambos de 41 anos, pais de Davi, que tem seis anos e foi tomar a primeira dose da Pfizer nesta segunda-feira (17), no Centro UFPE.
“[O momento é de] ansiedade. A gente esperava muito por esse momento, pois nós já tomamos e só faltava ele, essa era a nossa preocupação. Graças a Deus, chegou esse dia, Davi está aqui vacinado com a primeira dose. Isso emociona, né? Estou feliz. É um alívio. Primeiro, pelo fato de serem crianças, já requer mais cuidado. Davi, apesar de funcionar bem, tem suas demandas, que precisam de cuidados especiais”, disse a mãe do menino.
Luciano estava mais preocupado com a volta às aulas em fevereiro, pois queria ver o filho seguro e vacinado. O homem disse ter se preocupado com a discussão geral envolvendo a desconfiança sobre a vacinação pediátrica.
“É lamentável a gente passar por tudo isso que estamos vivendo. Estamos hoje dentro de uma universidade, sendo vacinados. Acredito que tudo parte daqui, do conhecimento, da ciência. Então quando a gente começa a pôr em risco e em dúvida todo esse trabalho que é feito por trás da produção de vacinas, de medicamentos, e tudo o que venha a agregar e salvar vidas, a gente fica triste. Triste por ter um governo que representa a gente dessa forma, que não cuida do seu povo. É obrigação do governo. A gente vê que a vacinação tem resultado”, completou o pai.
Vacinação pediátrica no Recife
A imunização infantil é segura e foi autorizada pelo Ministério da Saúde em dezembro, mas iniciada apenas neste mês. O primeiro grupo de crianças contemplado nesta nova fase é o com idades entre cinco e 11 anos, considerando comorbidade ou deficiência permanente. A vacinação terá ordem decrescente (das crianças mais velhas para as mais novas), ou seja, as próximas fases devem incluir os pequenos até quatro anos. Crianças com 12 anos ou mais já podem se vacinar contra a covid desde dezembro. Na capital pernambucana, as doses administradas serão da Pfizer.
Os pontos de vacinação para este público no Recife são exclusivos. Sendo eles: Centro UFPE (Cidade Universitária), Centro Sest/Senat (Avenida Beberibe), Centro Universo (Avenida Mascarenhas de Morais) e Centro Católica (Rua do Príncipe). O agendamento deve ser feito pelo aplicativo do Conecta Recife ou acessando conectarecife.recife.pe.gov.br.
É necessário levar documento oficial da criança, comprovante de residência em nome de um dos pais ou responsável legal, documento oficial que comprove filiação/responsabilidade e declaração no modelo da Prefeitura do Recife ou laudo médico. Apenas as crianças com Síndrome de Down estão isentas da declaração ou laudo, tendo em vista que a informação poderá ser autorreferida. Informações complementares estão disponíveis no site indicado.
- - > LeiaJá também: Saiba como agendar e onde vacinar crianças na RMR
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