O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, promoveu nesta quinta-feira seu plano de investimento em infraestrutura, durante uma visita à Pensilvânia em apoio ao candidato ao Senado John Fetterman, cuja carreira poderia ser chave para que os democratas não percam o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato ("midterms"), em 8 de novembro.
Biden desembarcou em Pittsburgh, onde visitou uma ponte em reforma que deseja converter em símbolo do sucesso de seu programa de investimento em infraestruturas, antes de seguir para uma arrecadação de fundos na Filadélfia ao lado de Fetterman, um democrata que pretende ingressar no Senado após as eleições de 8 de novembro.
O plano que os democratas conseguiram aprovar em um Congresso dividido é "o maior investimento" na história do país, disse o presidente perto da ponte Fern Hollow. "Não há lugar melhor para falar sobre a reconstrução da coluna vertebral dos Estados Unidos, a classe média", acrescentou.
"Quero sintam o que eu sinto: orgulho do que podemos fazer quando trabalhamos juntos", continuou Biden, em um discurso destinado a reunir os democratas três semanas antes das eleições de meio de mandato.
Analistas consideram a Pensilvânia um dos poucos estados cruciais que os democratas devem ganhar para manterem o controle do Senado. Na Câmara dos Representantes, a luta promete ser ainda mais difícil.
- Disputa acirrada -
John Fetterman, cuja corpulência, tatuagens e preferência por moletons e bermudas cargo o fazem uma das figuras mais incomuns da campanha eleitoral, recebeu o presidente com um terno mais clássico.
O vice-governador da Pensilvânia desde 2019 e ex-prefeito de Braddock, cidade atormentada pela desindustrialização, enfrenta a acirrada concorrência do republicano Mehmet Oz, um médico que virou estrela de televisão.
Nem mesmo um derrame em maio o tirou da disputa. Um relatório médico divulgado esta semana declarou que Fetterman, de 53 anos, está em condições de concorrer a um cargo público e trabalhar. Um debate ao vivo em 25 de outubro testará o candidato, cujo desempenho será observado de perto em busca de sinais de fraqueza física ou cognitiva.
A disputa ficou, no entanto, mais apertada, pondo em xeque as esperanças democratas de manter o já frágil domínio do partido no Congresso. A última média das pesquisas mostra que a vantagem de quase 11 pontos de Fetterman em meados de setembro diminuiu para cerca de cinco pontos.
Até agora, as tentativas de Biden de ajudar seu partido tiveram um efeito limitado. Seus pífios índices de aprovação, abaixo de 40%, não ajudam em nada.
Em discursos recentes, Biden prometeu proteger o direito ao aborto e mostrou sua disposição de enfrentar o alto preço da gasolina. A três semanas da eleição, porém, os americanos parecem estar se inclinando para a mensagem republicana de que os democratas estão falhando na gestão da economia.
- Ventos contrários -
Uma pesquisa divulgada nesta semana pelo jornal "The New York Times" com o Instituto Siena mostrou que, entre os prováveis eleitores, 26% citaram a economia como sua principal preocupação, e 18%, a inflação, a maior taxa em quatro décadas no país. Este é um problema que Biden não conseguirá resolver rapidamente. E, mesmo nos assuntos em que ele se sente seguro, as coisas também não são tão simples.
Em um discurso apaixonado, na terça-feira (18), Biden aproveitou a indignação com a decisão da Suprema Corte, em junho, de derrubar Roe vs. Wade, a qual consagrou o direito ao aborto em todo país há meio século, visando a conquistar votos da esquerda e do centro.
Prevendo uma revolta das mulheres nas urnas, o democrata declarou que os republicanos "ainda não viram nada". Na pesquisa do NYT/Siena, porém, apenas 5% dos entrevistados disseram que o aborto era sua preocupação número um.
As eleições de meio de mandato são tradicionalmente difíceis para o partido da situação, motivo pelo qual uma grande derrota democrata não seria uma surpresa.
Segundo especialistas do boletim eleitoral Larry Sabato's Crystal Ball, da Universidade da Virgínia, o partido do presidente parecia estar voltando à realidade, após grandes esperanças de sucesso.
"Os habituais ventos contrários de meio de mandato continuam para os democratas. É difícil para um partido prosperar com um presidente impopular e com o público preocupado com questões como economia e inflação", disseram na quarta-feira (19).