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O assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que morava no Brasil desde 2014 e trabalhava em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, que foi morto no quiosque onde trabalhava depois de ter sido agredido por cinco homens após cobrar uma dívida de trabalho teve repercussão mundial. Apesar de o caso ter acontecido no dia 24 janeiro de 2022, a família só soube no dia seguinte. 

O quiosque onde Moïse trabalhava funcionou normalmente enquanto ele estava desmaiado à espera do socorro, após ter sido espancado. Segundo relatos do primo dele, Yannick Kamanda, Kabagambe foi amarrado e levou golpes com um taco de beisebol e um pedaço de madeira. À época, a família informou que não tinha mais vontade de ficar no Brasil. 

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Para pedir justiça ao caso, manifestantes de diferentes capitais brasileiras reuniram-se em ato, Recife foi uma das cidades que pediu justiça. Dias após o ocorrido, a Prefeitura do Rio de Janeiro quis dar a concessão do Quiosque Tropicália onde o congolês foi assassinado, para a família dele com o objetivo de criar um memorial em homenagem a Moïse e oferecer uma oportunidade de trabalho ao grupo. A família recusou a oferta. 

A repercussão mundial fez com que o Ministério Público do Rio de Janeiro desse atenção ao caso. O órgão recebeu a família de Kabagambe e assegurou que todos os detalhes do crime seriam apurados. Três responsáveis pelo assassinato, Brendon Alexander Luz da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Fábio Pirineus da Silva respondem a processo criminal pelo homicídio. Eles tiveram prisão preventiva decretada em 22 de fevereiro e são acusados de derrubar, amarrar e espancar Moïse. 

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Mortes em Minas Gerais

Divulgação/CBMMG

Ainda em janeiro, um acidente em Minas Gerais deixou 10 mortos e 27 feridos. Um bloco gigante de quartzo se desprendeu em um trecho na região do cânion do Capitólio e atingiu três embarcações de turismo. O momento do deslizamento foi registrado e repercutiu nas redes sociais. 

A área foi interditada para a atuação de peritos e, em março, grupos técnicos da Polícia Civil do estado concluíram que o incidente foi causado por uma erosão natural das rochas. Não houve indiciamentos. A lancha 'Jesus' foi a mais atingida e nela estava a metade das vítimas fatais, a maioria da mesma família. 

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Homem morre em abordagem da PRF

Uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba, no Sul de Sergipe, no dia 25 de maios, terminou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em maio. Ele foi asfixiado após ficar preso por mais de 11 minutos no porta-malas de uma viatura improvisada como "câmara de gás".  

Os agentes mantiveram Genivaldo preso no carro até que fosse sufocado por uma bomba de gás lacrimogênio. Eles não se intimidaram enquanto era filmados por populares, que repreendiam a conduta. A vítima ficou desacordada e chegou a ser socorrida, mas teve a morte confirmada no Hospital José Nailson Moura.  

Genivaldo era esquizofrênico e foi abordado por pilotar uma moto sem capacete e sandálias, e sem portar CNH. A PRF abriu procedimento disciplinar contra os policiais. Um inquérito também foi aberto pela Polícia Federal no dia no fim do mesmo mês.  

Os agentes envolvidos alegaram que a truculência uma resposta à resistência de Genivaldo. A princípio, a PRF não apresentou a identidades dos policiais, mas a informação veio a público com o registro do boletim de ocorrência assinado por: Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William De Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas.  

Todos foram afastados. Em setembro, William, Kleber e Paulo foram indiciados por abuso de autoridade e homicídio qualificado. No mês seguinte, eles passaram por audiência de custódia e tiveram a prisão preventiva decretada. 

Cerca de três meses após o caso, a família de Genivaldo recebeu quatro multas de trânsito, que somadas cobram R$ 1.800. A PRF informou que um processo foi instaurado para suspender as multas. 

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A Justiça do Rio negou pedido de habeas corpus a Brendon Alexander Luz da Silva, um dos três acusados de matar o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, em janeiro deste ano. Com a decisão da 1ª Câmara Criminal do Rio, foi mantida a prisão preventiva do réu.

O pedido de habeas corpus foi feito pela defesa de Brendon, que alegou que ele estaria sofrendo constrangimento ilegal pelo juízo da 1ª Câmara. Os desembargadores consideraram, no entanto, que a manutenção da prisão não representa constrangimento e que é necessária para garantia da ordem pública.

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Brendon e outros dois homens, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Fábio Pirineus da Silva, respondem a processo criminal pelo homicídio do congolês e tiveram prisão preventiva decretada em 22 de fevereiro. Eles são acusados de derrubar, amarrar e espancar Moïse, que morreu em decorrência das agressões.

As agressões foram gravadas por uma câmera de segurança no dia do crime do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde Moïse já tinha trabalhado como freelancer.

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do estado contra três acusados pelo assassinato de Moïse Kabagambe, jovem congolês brutalmente espancado em quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital, no dia 24 de janeiro.

A denúncia relata a barbaridade do crime, com morte decorrente de traumatismo no tórax e contusão pulmonar, provocada por ação contundente. Os denunciados relataram que as agressões foram feitas com um pedaço de pau, enquanto a vítima estava imobilizada.

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“Além disso, tanto o laudo de necropsia quanto o laudo pericial de local mostram que a vítima foi atingida por inúmeros golpes na parte posterior do tronco. Consta também zona equimótica na órbita ocular, o que é indicativo de lesões na face ou base do crânio”, diz a denúncia.

A juíza Tula Correa de Mello, da 1ª Vara Criminal da capital, decretou a prisão preventiva de Fabio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva, que irão responder por homicídio triplamente qualificado.

“Presentes, portanto, indícios de que o crime foi praticado por motivo fútil, decorrente de mera discussão e praticado com emprego de meio cruel, haja vista as agressões bárbaras. O crime foi praticado com recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que foi derrubada e imobilizada, não tendo como reagir”, diz a decisão.

Segundo a juíza, o homicídio de Moïse é o terceiro caso de espancamento na orla da Barra da Tijuca em menos de um mês, “revelando, portanto, especial audácia criminosa”.

A bancada do PSOL na Câmara e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. Nesta sexta-feira, 10, ele declarou nas redes sociais que Moïse Kabagambe, congolês assassinado no Rio de Janeiro de forma brutal, era "vagabundo".

"Moise andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava", disse Camargo em publicação no Twitter.

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Em documento enviado ao MPF, Freixo afirmou que Moïse "não era vagabundo, indigno ou selvagem, muito menos andava ou negociava com pessoas que não prestam". "Sérgio Camargo praticou uma verdadeira imputação de fatos desonrosos, além de aviltar a dignidade da pessoa morta", sustentou o deputado.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) disse que não se pode permitir que Camargo "destile seu ódio contra a memória de um jovem brutalmente assassinado". "Nossa bancada acionou o Ministério Público para que ele seja investigado e afastado imediatamente da Fundação Palmares. Moïse e sua família merecem respeito!", anunciou a parlamentar no Twitter.

Moïse foi morto a pauladas após cobrar pagamentos em atraso ao gerente do quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além da prisão dos três agressores, a Delegacia de Homicídios da Capital tenta identificar outras pessoas que passaram pela cena no crime.

A prefeitura do Rio chegou a oferecer à família do congolês a administração do quiosque onde ele trabalhava e foi morto, mas a oferta foi recusada por questões de segurança.

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, usou as redes sociais, na última sexta (11), para falar sobre o ssassinato do congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Camargo afirmou que a morte do jovem teria sido consequência de seu “modo indigno de vida” e o chamou de "vagabundo". A família da vítima quer processá-lo.

Em seu perfil no Twitter, Sérgio Camargo teceu comentários a respeito de Moïse, afirmando que ele levava uma vida “indigna” e que sua morte não teria ligação com racismo. “Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”.

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Ele também postou que "não existe a menor possibilidade" de a Fundação Palmares prestar homenagens ao congolês e que sua morte deveria apenas constar como mais um número na estatística da violência urbana. “Moïse foi morto por selvagens pretos e pardos - crime brutal. Mas isso não faz dele um mártir da ‘luta antirracista’, nem um herói dos negros. O crime nada teve a ver com ódio racial. Moïse merece entrar nas estatísticas de violência urbana, jamais na história”.

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A família do jovem congolês já tomou conhecimento das afirmações de Camargo e pensa em entrar com medidas judiciais contra ele. O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)-RJ, que vem auxiliando os familiares de Moïse, falou sobre o assunto, também pelas redes sociais. “Esse VAGABUNDO vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis”, postou.

A família do congolês Moïse Kabagambe, espancado até à morte na Barra da Tijuca, na zona oeste, no dia 24 de janeiro, disse que já sofreu ameaças e não se sente segura para assumir o gerenciamento dos quiosques Biruta e Tropicália oferecidos à família pela Prefeitura. A ideia era criar ali um memorial em homenagem ao jovem morto e, ao mesmo tempo, oferecer uma oportunidade de trabalho à família.

"Se ele (o prefeito Eduardo Paes) quiser fazer ali um memorial para Moïse, ele pode fazer, mas nós não vamos ficar com esses quiosques", afirmou Gabie Nzazi, primo de Moïse. "Nós não somos bem vindos ali."

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O advogado Álvaro Quintão, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que está acompanhando a família, confirmou a decisão.

"A família se reuniu ontem e, analisando a proposta com calma, percebeu que não teria nenhuma segurança", afirmou. "Ainda existe uma discussão muito grande sobre quem seriam os donos dos quiosques. A polícia ainda não conseguiu identificar todas as pessoas que aparecem nas imagens (do linchamento), que atuam e trabalham nos quiosques. Ou seja, por motivo de total insegurança e medo a família decidiu não aceitar a proposta."

O gerenciamento dos quiosques até 2030 foi oferecido à família do congolês na última segunda-feira, pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). A concessão do Tropicália, onde o jovem congolês foi morto no último dia 24, poderia ser feita imediatamente, segundo o prefeito. Mas a do quiosque contíguo, o Biruta, teria que aguardar a resolução de pendências judiciais.

Pela documentação da Rio Orla, o atual administrador do Biruta é Celso Carnaval, que já afirmou que não pretende abrir mão do quiosque. A concessionária cancelou o contrato no ano passado e move uma ação de reintegração de posse contra Carnaval. Acusa-o de sublocar o quiosque, entre outras irregularidades. Ele diz ser concessionário há muitos anos e nega ter feito alguma coisa errada.

Durante os depoimentos à polícia, dois dos homens que agrediram Moïse identificaram como dono do Biruta o policial Alauir Mattos de Farias. O policial, porém, disse que sua irmã, Viviane de Mattos Faria, gerenciava o estabelecimento. Disse que aparecia por lá informalmente, apenas para ajudá-la.

No caso do Tropicália, o contrato está suspenso por conta das investigações do crime. Segundo a Prefeitura, se ficar comprovado que não há envolvimento do dono com a morte de Moïse, ele será devidamente indenizado. Carlos Fábio da Silva Muzi seria o proprietário de fato do quiosque. Entretanto, pela documentação da Rio Orla, o estabelecimento está no nome do sogro de Muzi, Arnaldo Monteiro de Almeida.

De acordo com os advogados da família de Moïse, deve haver novo encontro com o prefeito Eduardo Paes (PSD), provavelmente na próxima semana.

"Queremos conversar de novo com ele (o prefeito) para ver se ele pode ajudar de outras formas", afirmou o primo do jovem assassinado.

A família de Moïse Kabagambe foi recebida nessa quinta-feira (10) no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O jovem congolês de 24 anos foi assassinado em um quiosque na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro.

Os familiares foram recebidos pela equipe multidisciplinar do Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV), vinculada à Coordenadoria de Promoção dos Direitos das Vítimas (CDV), e depois se reuniram com o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos.

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Ele assegurou que todos os detalhes do crime serão apurados. “Estamos empenhados, com diversos promotores e procuradores de Justiça e todo o aparato do Ministério Público, para que tenhamos o efetivo esclarecimento do crime e a responsabilização de todos os culpados”, afirmou.

De acordo com Mattos, os instrumentos que o MPRJ dispõe atualmente incluem o olhar para a vítima e o acolhimento da família.

“O MP tinha apenas uma atuação tradicional de promover a responsabilização, a prisão e a conclusão punitiva do caso, mas não havia um olhar para a vítima e seus familiares. Agora, há toda uma estrutura de promoção dos direitos das vítimas que trabalha para acolhimento dos familiares e auxilia na prestação de informações sobre a investigação”.

O promotor de Justiça responsável pelo caso, Alexandre Murilo Graça, apresentou à família um panorama das investigações e disse que a apuração do crime não terminou com a prisão dos três homens que foram flagrados por câmeras agredindo Moïse a pauladas. De acordo com ele, eventuais crimes correlatos também serão esclarecidos.

“Não podemos antecipar o que será feito para não prejudicar a investigação. Mas todos os fatos relacionados ou correlatos ao homicídio serão investigados e esclarecidos. Estamos diante de um crime bárbaro, daremos uma resposta. O Ministério Público está trabalhando com toda a sua estrutura para levar essas pessoas a julgamento e para prestar auxílio às vítimas”.

Também participaram da reunião a secretária de Estado de Assistência à Vítima, Tatiana Queiroz, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Rio de Janeiro (OAB/RJ), Rodrigo Mondego, e os advogados Ana Paula dos Santos e Dianduala Rafael.

Parentes de Moïse Kabagambe, assassinado brutalmente a pauladas na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em 24 de janeiro, receberam na tarde desta segunda-feira, 7, do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), a concessão do quiosque Tropicália, onde o jovem congolês foi morto. O quiosque contíguo, o Biruta, também será cedido à família, mas somente depois de resolvidas pendências judiciais.

"Esse crime, de tamanha violência, não pode ser tratado como algo normal, corriqueiro em nossa cidade. Não vamos permitir que a barbárie seja normalizada", afirmou Paes, ladeado pela mãe de Moïse, Ivone Lay, e de três irmãos do rapaz: Samy, Kevin e Djodjo. "A nossa cidade repudia esse crime brutal; lamentamos muito a perda de vocês. Sabemos que a morte não pode ser reparada, mas vamos honrar a memória de Moïse, para que ele não seja esquecido."

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A ideia é que os quiosques funcionem também como uma espécie de memorial, em homenagem a Moïse e à cultura africana. Samy Kabagambe falou em nome da família e agradeceu ao povo brasileiro pela solidariedade demonstrada após a morte do irmão.

"A gente sabe que isso que aconteceu com o meu irmão não é o coração de todo o povo brasileiro", disse. "Recebemos muitas mensagens de apoio de muitas instituições. Gostaríamos apenas de agradecer a todos."

A Prefeitura informou que irá apoiar a família do congolês na gestão do quiosque, com apoio legal e burocrático, suporte jurídico, reforma do espaço, compra de maquinário e mobiliário, orientação de gerenciamento, além de treinamento para os que forem trabalhar no local. A concessão é válida até 22 de fevereiro de 2030 e, segundo o prefeito, os trabalhos devem começar imediatamente.

Pela manhã, antes do evento na Prefeitura, a família de Moïse foi recebida no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Vinícius Farah, ofereceu à família uma linha de crédito para que eles possam gerir o quiosque. O secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Matheus Quintal, ofereceu proteção à família por meio do programa Provita, que protege vítimas ou testemunhas de crimes.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, por sua vez, anunciou que vai prestar assistência jurídica à família de Moïse. O órgão vai cuidar da reparação civil aos parentes da vítima. O advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, segue representando a família na ação criminal contra os agressores.

Manifestantes se reúnem neste sábado, 5, em diferentes capitais brasileiras em atos que pedem justiça para o caso do assassinato do refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que foi espancado até a morte na orla da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na semana passada. Os protestos ocorrem no Rio, em São Paulo e em Brasília.

No Rio, acompanham o ato integrantes de movimentos sociais e parentes de Moïse. O protesto ocupou o entorno do quiosque Tropicália, na altura do Posto 8 do calçadão da Barra e do Receio dos Bandeirantes, onde o refugiado foi espancado. Pouco antes das 11 horas, os manifestantes partiram em caminhada pelo calçadão da orla. Alguns participantes do ato ameaçaram depredar partes do quiosque, mas foram contidos pelos próprios manifestantes.

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Um dos manifestantes exibia cartaz onde se lia "Queremos justiça", em português e em francês, um dos idiomas oficiais República Democrática do Congo (RDC), de onde a família de Moïse fugiu, há cerca de dez anos, por causa da violência de conflitos étnicos.

O crime ocorreu no último dia 24. Segundo a família de Moïse, ele teria ido ao quiosque cobrar o pagamento de diárias atrasadas por seu trabalho - o congolês trabalhava informalmente como atendente.

A indignação da família e a divulgação de imagens do espancamento, que foi flagrado por câmeras de segurança do quiosque, causaram comoção. Cientistas sociais e ativistas viram o crime como manifestação do racismo estrutural que perdura no País.

O vídeo das câmeras de segurança mostra o crime em sua totalidade, contribuindo para a identificação dos autores, o que também colocou pressão sobre as investigações, a cargo da Polícia Civil do Rio. Nesta semana, foram presos três homens acusados pelo espancamento: Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como Dezenove, de 28 anos; Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, de 21; e Fabio Pirineus da Silva, o Belo, de 41.

Na cidade de São Paulo, simultaneamente, está ocorrendo ato no vão do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A manifestação foi encabeçada pelas comunidades congolesa e de imigrantes e pelos movimentos negros. Com cartazes que diziam "Vidas Negras Importam", os manifestantes pediram por justiça.

Alguns dos candidatos às eleições presidenciais no Brasil se manifestaram, nas redes sociais, sobre o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, que trabalhava em um quiosque na orla da Barra da Tijuca e foi espancado até a morte ao ir cobrar o pagamento de duas diárias atrasadas. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não se manifestou sobre o caso. 

O ex-presidente Lula (PT), lamentou o assassinato e afirmou que “devemos justiça, amparo, nossos sentimentos e desculpas para a família”.

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"Moïse Kabagambe chegou criança ao Brasil, em 2012, e teve sua família acolhida aqui como refugiado. Nove anos depois, ao reclamar seu direito de trabalhador, foi covardemente assassinado. Devemos justiça, amparo, nossos sentimentos e desculpas para a família de Moïse", disse.

Por sua vez, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) pontuou o assassinato sob “a ótica do regime de ódio implantado pelo bolsonarismo”. Ele ressaltou, ainda, que o Brasil precisa garantir condições aos refugiados no País. 

“Já lamentei o assassinato do congolês Moise Kabagambe e o analisei sob a ótica do regime de ódio implantado pelo bolsonarismo. Mas é preciso também denunciar a situação pavorosa que vivem outros refugiados no país – haitianos, angolanos, venezuelanos, bolivianos, entre outros”, disse. 

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) compartilhou um vídeo no Twitter de uma manifestação feita pelos familiares e amigos de Moise pedindo justiça e também pontuou a necessidade de mudança. 

"A morte do jovem congolês Moise Kabamgabe não pode ser mais um número para referendar a fama de um país violento “que não tem jeito”. O Brasil não pode ser um país sem lei e Justiça. Precisamos mudar a maré, fazer a lei valer para todos", tuitou.

Já o deputado federal André Janones (Avante), ressaltou a importância da necessidade de mudança no Brasil. 

"O assassinato do congolês Moise Kabagambe é de uma violência, covardia, agressividade e crueldade que não permitem o meu silêncio. Quão desumanos nós vamos nos tornar até admitir que estamos errando e precisamos mudar? Que Deus possa confortar a família e justiça seja feita", disse.

O Presidente Nacional do Unidade Popular pelo Socialismo, Leo Péricles (UP), falou sobre a “estrutura sustentada pelas classes dominantes ricas, racistas, autoritárias”, e que se deve lutar pela punição dos responsáveis e pela derrota da estrutura.

"Não posso me dizer contra o Genocidio da juventude e do povo negro após cada assassinato: Aghata, Marielle, Edson, Café, Moise... Mas quando chega a eleição, me uno à parcela da "esquerda" que se deixou hipnotizar pela desgraçada "governabilidade" burguesa", cutucou.

O quiosque onde o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, trabalhava, funcionou normalmente enquanto o africano, depois de brutalmente espancado, esperava desmaiado pela chegada do socorro. O garçom morreu na semana passada, após ser agredido por cerca de 15 minutos na Barra da Tijuca,na zona oeste carioca. Segundo Yannick Kamanda, primo do refugiado, relatou à Rede Globo, Moïse foi amarrado e levou golpes com um taco de beisebol e um pedaço de madeira. A família do congolês afirmou que não tem mais vontade de continuar no Brasil.

"Vi meu primo sendo espancado até a morte", disse Yannick durante o programa 'Encontro', da TV Globo. Yannick não estava no local no momento das agressões, mas teve acesso às imagens das câmeras do quiosque. "Tudo partiu do responsável pelo quiosque à noite."

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De acordo com Yannick, Moïse fora ao estabelecimento cobrar o pagamento de uma diária - o valor seria em torno de R$ 200. O garçom trabalhava lá, sem vínculo empregatício, e era pago por dia. Houve uma discussão, e o responsável pelo quiosque pegou um pedaço de madeira. Revoltado com a situação, o congolês então pegou uma cadeira de madeira para se defender. Mas, segundo Yannick, não chegou a agredir ninguém com ela. Foi nesse momento que o responsável pelo estabelecimento pediu a "ajuda" de outros homens.

"Eram cinco pessoas", relatou Yannick. "Assim que vieram os reforços, já arremessaram ele (Moïse) no chão. Um agarrou ele com um mata-leão, um agarrou as pernas e outro já chegou dando madeirada nele", contou. "Apareceu taco de beisebol, madeira."

As agressões só cessaram quando o congolês já estava desacordado.

"Passaram uma corda nas pernas e no pescoço. Começaram a revezar batendo nele. Quando perceberam que ele não tinha mais reação, começaram a dar uns tapas no rosto. Como viram que ele não estava reagindo, se afastaram. O que deu o golpe nele, pegou a faca, cortou as cordas - dá para ver no vídeo -, tentou reanimar, e nada. Nisso aí, tinha outras pessoas observando. E o quiosque funcionando, como se nada estivesse acontecido", narrou Yannick, que afirmou ainda que o SAMU chegou cerca de 40 minutos depois.

Os nomes dos investigados não foram revelados pela Polícia Civil, que afirma que o inquérito é sigiloso. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital, que já ouviu oito testemunhas. O dono do quiosque onde ocorreu o crime deverá ser ouvido nesta terça-feira, 1.

Mãe de Moïse diz que família quer Justiça

Ivana Lay, mãe de Moïse, disse no "Encontro" que espera que os responsáveis sejam condenados pelo crime.

"Queremos justiça para pegar essas pessoas. Porque se não pegarem, vão fazer o mesmo com outras. Hoje foi o Moïse, e depois?", indagou.

Ivana, que chegou ao Brasil como refugiada do Congo em 2014, três anos após a chegada dos filhos ao País, demonstrou desalento.

"É triste. A gente escolheu o Brasil porque o Rio também tinha negros, e pensamos que iríamos viver aqui com calma, numa boa. Mas, olha hoje: o país que tínhamos na nossa cabeça matou ele", lamentou.

Para um dos irmãos de Moïse, o crime pode ter relação com preconceito.

"A gente acha que tem um pouco disso, porque às vezes eles chamavam nós de angolanos (de forma pejorativa), por causa da cor", disse Djodjo Kabagambe. "Nosso maior sonho era vir pro Brasil, conhecer o país, ficar calmo, poder levar comida pra casa. O maior sonho dele era vir para o Brasil. Olha o que o Brasil fez com nosso irmão."

Sobre o futuro, a família agora cogita em deixar o País. "A gente quer que a Justiça seja feita, embora nenhum de nós queira mais ficar no Brasil", afirmou Yannick.

A Polícia Civil do Rio investiga a morte por espancamento do congolês Moise Kabamgabe, de 24 anos. Ele morava no Brasil desde 2014, trabalhava em um quiosque na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). Segundo parentes, o africano morreu depois de ser agredido por cinco homens após cobrar uma dívida de trabalho, na última segunda-feira, 24. A família só ficou sabendo do caso na manhã de terça-feira, 25, mais de doze horas após a morte dele.

Kabamgabe chegou ao Brasil em 2014, com a família, fugindo da guerra no Congo. Familiares relataram que trabalhava como garçom, sem contrato, ganhando diárias em um quiosque da orla da Barra da Tijuca. Na segunda-feira foi ao local para cobrar duas diárias ainda não pagas. Então, foi amarrado e espancado, inclusive com um taco de basebol, segundo familiares. Parentes disseram ainda que os órgãos de Kabamgabe teriam sido retirados do seu cadáver.

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Parentes e amigos do congolês fizeram um protesto no sábado, 29, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. Denunciaram o caso e exigiram que os culpados pelo assassinato sejam punidos.

Polícia diz que investiga o caso

A Polícia Civil informou em nota que "as investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC)", que foi realizada perícia no local e imagens de câmeras de segurança já foram analisadas. "Diligências estão em curso para identificar os autores", afirma a nota.

Segundo a polícia, a informação de que os órgãos foram retirados do corpo da vítima não procede. "O laudo mostra que o corpo chegou ao IML sem nenhuma lesão no tórax além daquelas que causaram a morte. As imagens do exame de necropsia mostram o tórax aberto com os órgãos dentro", afirma a nota.

Um congolês de 38 anos foi detido pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto Internacional do Recife/Gilberto Freyre, na Zona Sul do Recife, ao tentar embarcar com o passaporte de um francês. Segundo a PF, o homem se apresentou como Naongala Mandala e tentava embarcar para Lisboa, em Portugal. Ele disse que é eletricista e mora no Brasil há 1 mês, mas não tem residência fixa.

Os policiais federais descobriram a fraude ao perceberem que a foto do passaporte, expedido no nome de Samuel Dimitri Nerault, não estava tão parecida com a fisionomia do congolês. Os agentes solicitaram, então, que ele fizesse sua assinatura num caderno de anotações e, ao compararem, detectaram que eram completamente diferentes. A ação aconteceu no domingo (9) e foi divulgada na manhã desta quarta-feira (12).

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O homem foi detido e em seguida foi levado para a Sede da Polícia Federal, onde foi autuado por falsa identidade. A pena prevista para esse crime é de 4 meses a dois anos de detenção. O suspeito assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e vai poder responder em liberdade. O congolês foi levado para realizar exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) e liberado em seguida.

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