Os brasileiros ficaram mais propensos às compras em outubro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 2,1% em relação a setembro, o nono crescimento consecutivo, na série com ajuste sazonal.
Como resultado, o ICF alcançou 87,0 pontos, permanecendo assim na zona de insatisfação, abaixo dos 100 pontos. Na comparação com outubro de 2021, a intenção de consumo cresceu 18,9% em outubro de 2022.
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Segundo a CNC, a melhora ao longo de 2022 é consequência da trégua da inflação, do crescimento do emprego formal, das medidas de transferências de renda do governo e maior facilidade de acesso ao crédito.
Na passagem de setembro para outubro, todos os sete componentes do ICF registraram avanços: emprego atual (alta de 1,5%, para 114,3 pontos), renda atual (2,1%, para 102,0 pontos), nível de consumo atual (4,1%, para 70,9 pontos), perspectiva profissional (1,2%, para 105,4 pontos), perspectiva de consumo (2,5%, para 84,5 pontos), acesso ao crédito (1,9%, para 87,7 pontos) e momento para bens duráveis (2,1%, para 44,2 pontos).
A intenção de consumo cresceu 2,2% em outubro ante setembro entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, mas permanece na zona de insatisfação, aos 83,5 pontos, 12,6 pontos abaixo do nível anterior à pandemia. No grupo de famílias que ganham mais de 10 salários mínimos mensais, o ICF subiu 1,7%, para 104,0 pontos.
Entre as famílias de rendas média e baixa, a satisfação com a renda atual avançou 2,4% em outubro ante setembro, enquanto entre as famílias mais ricas houve alta de 1,2%. Segundo a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, a melhora na avaliação da renda é resultado do recuo recente na inflação, que pesa mais sobre as famílias mais pobres.
A inflação desagregada por faixa de renda, calculada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou em setembro o terceiro mês seguido de redução de preços (-0,29%) para os consumidores nos grupos de rendas média e baixa, com maiores quedas em alimentos e bebidas (-0,11%) e transportes (-0,41%).
"Apesar dessas reduções, a maior contribuição para a alta do IPCA no ano foi do grupo de alimentos e bebidas, um dos itens mais representativos nos orçamentos das famílias de renda baixa", ponderou Izis Ferreira, em nota.
Ferreira alerta que os consumidores de mais baixa renda se mantêm cautelosos, "com idas mais frequentes aos supermercados e ampliação da busca por ofertas".
A perspectiva de consumo nos próximos meses subiu 3,5% entre as famílias mais ricas. O aumento foi de 2,2% para o grupo de menor renda. A CNC ressalta que, embora o componente tenha crescido para os dois grupos, ambos permanecem na zona de insatisfação.
"A inflação, mesmo em queda, ainda dificulta o consumo, e o maior nível de endividamento das famílias também reduz a capacidade futura de compras, especialmente das famílias de rendas média e baixa", justificou Ferreira.