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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, nesta terça-feira (19), que a representação desigual e distorcida na direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial é inaceitável. O chefe do Executivo do Brasil disse que, quando instituições reproduzem desigualdades, elas fazem parte do problema e não da solução.

"No ano passado, o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas US$ 34 bilhões para países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável. Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo. As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas", disse Lula durante a 78ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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No cenário mundial, Lula avaliou que o protecionismo dos países ganhou força, enquanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) permanece paralisada, em especial o seu "sistema de solução de controvérsias".

O presidente afirmou ainda que o Brics - grupo de países emergentes - surgiu justamente na esteira desse "imobilismo" e se transformou em uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre as nações.

"Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo", avaliou Lula.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirigiu duras críticas à Rússia, durante seu discurso na manhã desta terça-feira (19) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Além disso, tratou brevemente da China, ao dizer que seu governo não busca um "desacoplamento" em relação à economia chinesa, mas deseja "reduzir riscos" em relação à potência asiática, sem buscar conflito.

Em outro momento do discurso, reafirmou a defesa de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

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Biden disse que a Rússia tem conduta "irresponsável" na questão do controle de armas, ao abandonar iniciativa bilateral com os EUA para conter algumas classes de armamentos. Enfatizou que considera a Rússia "a única responsável" pela guerra "ilegal" na Ucrânia, e reafirmou o apoio ao povo ucraniano.

Como adiantado antes pela Casa Branca, Biden enfatizou a importância de se defender a Ucrânia e impedir sua divisão, inclusive como garantia de segurança para todos os países.

O presidente norte-americano também defendeu a importância de medidas coletivas para lidar com outras questões importantes, como as mudanças climáticas e seus riscos para toda a humanidade. Biden ainda mencionou alguns países que enfrentam problemas, como a Líbia, que sofreu enchentes recentes, e defendeu o envio de missão da ONU para ajudar o Haiti.

Sobre o Irã, disse "reafirmar" que o país não pode nunca possuir armas nucleares.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, usou o seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (19), para reivindicar a reforma do Conselho de Segurança da ONU que, segundo ele, vem perdendo "progressivamente sua credibilidade".

"Essa fragilidade do conselho decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime", disse o presidente do Brasil, no primeiro discurso dos chefes de Estado da assembleia.

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Lula apontou a paralisia do conselho como a "prova mais eloquente" da necessidade e urgência de reformá-lo, de modo a conferir ao colegiado maior representatividade e eficácia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a crescente desigualdade no mundo, cobrou financiamento dos países ricos para a luta contra a crise climática e repudiou o uso de imigrantes como "bodes expiatórios" por "aventureiros de extrema direita", em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (19).
Em um pronunciamento de pouco mais de 20 minutos, o líder brasileiro repetiu os temas que já haviam marcado seus discursos em outros fóruns multilaterais, como o Brics, o G20 e o G77, e foi aplaudido sete vezes pelo plenário da ONU.
"A fome, tema central da minha fala neste parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual, e os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe", disse Lula.
Segundo o presidente, é preciso "vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural". "Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo", ressaltou.
Lula ainda alertou que a Agenda 2030, "mais ampla e ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento", pode se transformar "em seu maior fracasso", com o mundo "ainda distante das metas definidas".
"A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado", frisou.
O presidente também prometeu "não medir esforços" para colocar esse tema no centro da agenda internacional durante a presidência brasileira no G20, com o lema "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável".
"Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor", afirmou.
Brasil de volta

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Durante o discurso, Lula também destacou que sua eleição no ano passado se deu "graças à vitória da democracia" no Brasil, superando "o ódio, a desinformação e a opressão".
"O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo. Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais", declarou.
Além disso, o presidente ressaltou que os "escombros do neoliberalismo" deram origem a "aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas", impulsionando um "nacionalismo primitivo, conservador e autoritário".
"Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que corrói o Estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos trabalhadores. Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU", disse.
Clima

Lula ainda aproveitou a ocasião para cobrar mais uma vez os países ricos pelo descumprimento da promessa de criar um fundo global de US$ 100 bilhões por ano para ajudar o mundo emergente na luta contra a crise climática.
"A promessa de destinar US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma longa promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares", disse.
Segundo Lula, os países emergentes não querem repetir o modelo de desenvolvimento das nações ricas, baseado em "altas taxas de emissões de gases danosos ao clima".
"No Brasil, já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível. Estamos na vanguarda da transição energética, e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo", afirmou o presidente, lembrando que o desmatamento na Amazônia caiu 48% nos primeiros oito meses de 2023.
Ucrânia e crise do multilateralismo

No discurso na ONU, Lula alertou que o multilateralismo "vem sendo corroído" e que a "representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável".
De acordo com o presidente, a ampliação do Brics buscará "acomodar a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21, em prol de um comércio global mais justo".
Além disso, Lula destacou que o Conselho de Segurança da ONU "vem perdendo progressivamente sua credibilidade", situação que "decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".
A declaração pode ser entendida também como uma referência implícita à Rússia, a qual Lula não mencionou durante o discurso.
"A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações", afirmou.
Por outro lado, Lula criticou a imposição de "sanções unilaterais, que causam grandes prejuízos à população dos países afetados e dificultam os processos de mediação de conflitos". O presidente ainda disse que é preciso renovar as "instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz" e que a "paralisia" do Conselho de Segurança é "a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia".

*Da Ansa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, nesta terça-feira (19), o discurso de abertura da Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU). Durante sua fala, Lula destacou a questão do combate à fome e a desigualdade social, deu ênfase à democracia, voltou a cobrar o investimento de países ricos em ações diante das mudanças climáticas, criticou a extrema-direita e falou sobre os conflitos armados. 

Leia o discurso na íntegra:

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Meus cumprimentos ao Presidente da Assembleia Geral, Embaixador Dennis Francis, de Trinidad e Tobago.

É uma satisfação ser antecedido pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

Saúdo cada um dos Chefes de Estado e de Governo e delegadas e delegados presentes.

Presto minha homenagem ao nosso compatriota Sérgio Vieira de Mello e 21 outros funcionários desta Organização, vítimas do brutal atentado em Bagdá, há 20 anos.

Desejo igualmente expressar minhas condolências às vítimas do terremoto no Marrocos e das tempestades que atingiram a Líbia.

A exemplo do que ocorreu recentemente no estado do Rio Grande do Sul no meu país, essas tragédias ceifam vidas e causam perdas irreparáveis.

Nossos pensamentos e orações estão com todas as vítimas e seus familiares.

Senhoras e Senhores

Há vinte anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez.

E disse, naquele 23 de setembro de 2003:

"Que minhas primeiras palavras diante deste Parlamento Mundial sejam de confiança na capacidade humana de vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência”

Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade.

Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática.

Hoje, ela bate às nossas portas, destroi nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres.

A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã.

O mundo está cada vez mais desigual.

Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe.

A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida.

Se irá fazer todas as refeições ou se terá negado o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar diariamente.

Se terá acesso à saúde, ou se irá sucumbir a doenças que já poderiam ter sido erradicadas.

Se completará os estudos e conseguirá um emprego de qualidade, ou se fará parte da legião de desempregados, subempregados e desalentados que não para de crescer.

É preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural.

Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo.

Senhores e senhoras

Se hoje retorno na honrosa condição de presidente do Brasil, é graças à vitória da democracia em meu país.

A democracia garantiu que superássemos o ódio, a desinformação e a opressão.

A esperança, mais uma vez, venceu o medo.

Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre.

O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo.

Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta.

Nosso país está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais.

Resgatamos o universalismo da nossa política externa, marcada por diálogo respeitoso com todos.

A comunidade internacional está mergulhada em um turbilhão de crises múltiplas e simultâneas: a pandemia da Covid-19; a crise climática; e a insegurança alimentar e energética ampliadas por crescentes tensões geopolíticas.

O racismo, a intolerância e a xenofobia se alastraram, incentivadas por novas tecnologias criadas supostamente para nos aproximar.

Se tivéssemos que resumir em uma única palavra esses desafios, ela seria desigualdade.

A desigualdade está na raiz desses fenômenos ou atua para agravá-los.

A mais ampla e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento – a Agenda 2030 – pode se transformar no seu maior fracasso.

Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas.

A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento.

O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado.

Nesses sete anos que nos restam, a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda 2030.

Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio.

No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e indivisível.

Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um décimo oitavo objetivo que adotaremos voluntariamente.

Lançamos o plano Brasil sem Fome, que vai reunir uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar.

Entre elas, está o Bolsa Família, que se tornou referência mundial em programas de transferência de renda para famílias que mantêm suas crianças vacinadas e na escola.

Inspirados na brasileira Bertha Lutz, pioneira na defesa da igualdade de gênero na Carta da ONU, aprovamos a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função.

Combateremos o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres.

Seremos rigorosos na defesa dos direitos de grupos LGBTQI+ e pessoas com deficiência.

Resgatamos a participação social como ferramenta estratégica para a execução de políticas públicas.

Senhor presidente

Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas.

Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima.

A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado.

Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima.

Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera.

Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo.

No Brasil, já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível.

Estamos na vanguarda da transição energética, e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo.

87% da nossa energia elétrica provem de fontes limpas e renováveis.

A geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel cresce a cada ano.

É enorme o potencial de produção de hidrogênio verde.

Com o Plano de Transformação Ecológica, apostaremos na industrialização e infraestrutura sustentáveis.

Retomamos uma robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais.

Ao longo dos últimos oito meses, o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48%.

O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si.

Sediamos, há um mês, a Cúpula de Belém, no coração da Amazônia, e lançamos nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma.

Somos 50 milhões de sul-americanos amazônidas, cujo futuro depende da ação decisiva e coordenada dos países que detêm soberania sobre os territórios da região.

Também aprofundamos o diálogo com outros países detentores de florestas tropicais da África e da Ásia.

Queremos chegar à COP 28 em Dubai com uma visão conjunta que reflita, sem qualquer tutela, as prioridades de preservação das bacias Amazônica, do Congo e do Bornéu-Mekong a partir das nossas necessidades.

Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade.

A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa.

Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares.

Senhor presidente

O princípio sobre o qual se assenta o multilateralismo – o da igualdade soberana entre as nações – vem sendo corroído.

Nas principais instâncias da governança global, negociações em que todos os países têm voz e voto perderam fôlego.

Quando as instituições reproduzem as desigualdades, elas fazem parte do problema, e não da solução.

No ano passado, o FMI disponibilizou 160 bilhões de dólares em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas 34 bilhões para países africanos.

A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável.

Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo.

As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas.

O BRICS surgiu na esteira desse imobilismo, e constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países emergentes.

A ampliação recente do grupo na Cúpula de Joanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21.

Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo.

O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada, em especial o seu sistema de solução de controvérsias.

Ninguém mais se recorda da Rodada do Desenvolvimento de Doha.

Nesse ínterim, o desemprego e a precarização do trabalho minaram a confiança das pessoas em tempos melhores, em especial os jovens.

Os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a “voz dos mercados” e a “voz das ruas”.

O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias.

Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos.

Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas.

Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário.

Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que corrói o Estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos trabalhadores.

Precisamos resgatar as melhores tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU.

Políticas ativas de inclusão nos planos cultural, educacional e digital são essenciais para a promoção dos valores democráticos e da defesa do Estado de Direito.

É fundamental preservar a liberdade de imprensa.

Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima.

Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos.

Aplicativos e plataformas não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos.

Ao assumir a presidência do G20 em dezembro próximo, não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades em todas as suas dimensões.

Sob o lema "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável", a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome; desenvolvimento sustentável e reforma das instituições de governança global.

Senhor presidente,

Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz.

Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana.

Conhecemos os horrores e os sofrimentos produzidos por todas as guerras.

A promoção de uma cultura de paz é um dever de todos nós. Construí-la requer persistência e vigilância.

É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças.

Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino.

A este caso se somam a persistência da crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão.

Na Guatemala, há o risco de um golpe, que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas.

A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU.

Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz.

Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.

Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações.

Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento.

No ano passado os gastos militares somaram mais de 2 trilhões de dólares.

As despesas com armas nucleares chegaram a 83 bilhões de dólares, valor vinte vezes superior ao orçamento regular da ONU.

Estabilidade e segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade.

A ONU nasceu para ser a casa do entendimento e do diálogo.

A comunidade internacional precisa escolher:

De um lado, está a ampliação dos conflitos, o aprofundamento das desigualdades e a erosão do Estado de Direito.

De outro, a renovação das instituições multilaterais dedicadas à promoção da paz.

As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados.

Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos.

O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo.

Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria.

O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade.

Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime.

Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia.

Senhoras e senhores

A desigualdade precisa inspirar indignação.

Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano.

Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor.

A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la.

Muito obrigado.

 

O Brasil tem a responsabilidade, a cada ano, de ser o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Mas por que o Brasil fala antes dos outros países, incluindo do anfitrião do encontro?

Como se trata mais de uma tradição do que de uma regra escrita, não há registros formais das razões. A primeira sugere que o Brasil se voluntariou nos primeiros encontros para falar. Durante os primeiros anos da ONU, criada em 1945, nenhum país queria ser o primeiro a falar na assembleia. O Brasil, então, se voluntariava, sendo o primeiro orador em 1949, 1950 e 1951.

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A organização decidiu oficializar o país como aquele que abriria o debate geral a partir de 1955. "Ao longo do tempo, certos costumes emergiram durante o debate geral, incluindo a ordem dos primeiros a falar", diz a ONU em sua página oficial.

Desde 1955, a ordem de abertura tem sido: o secretário-geral da ONU, seguindo pelo presidente da Assembleia-Geral, sucedido pelos representantes do Brasil e Estados Unidos -- o país sede. Os demais países falam de acordo com a ordem estabelecida por um algoritmo que leva em consideração o nível de representação do orador, pedido de fala, entre outros.

As únicas vezes em que o Brasil não abriu as oratórias foram nas sessões de 1983 e 1984, quando o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan falou primeiro.

Outra explicação para o privilégio dado ao Brasil é o reconhecimento ao brasileiro Osvaldo Aranha pela sua atuação em 1947, na segunda assembleia. Aranha presidiu a Primeira Sessão Especial da Assembleia, reunião histórica na qual foi aprovada a criação do Estado de Israel. O papel do brasileiro ao apoiar a solução de dois Estados e garantir que a votação não fosse adiada rendeu elogios de diversos países e entidades sionistas, que chegaram a cogitá-lo como candidato ao Nobel da Paz.

A terceira teoria diz que foi um premio de consolação. O professor Oliver Stuenkel, coordenador de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, diz que a "tradição informal" pode ser considerada um prêmio de consolação pelo fato de o Brasil ter ficado de fora do Conselho de Segurança da Organização, composto por Estados Unidos, Rússia, França, China e Reino Unido desde a fundação da ONU, em 1945.

Até hoje, o País pleiteia mudanças na composição do Conselho, que tem ainda dez membros rotativos eleitos a cada dois anos. No entanto, só os cinco iniciais têm poder de veto nas decisões.

"O mais provável é que essa tradição iniciou-se porque o Brasil acabou sendo vetado por Winston Churchill (líder do Reino Unido) e por Josef Stalin (líder da URSS) de fazer parte do Conselho de Segurança de maneira permanente. Então, isso acabou sendo uma espécie de prêmio de consolação porque tinha de haver uma maneira de reconhecer a importância do Brasil à época", disse.

O Brasil integrou o primeiro grupo de 51 países fundadores da ONU. Hoje, são 193 nações, mas a "regra" continua, apesar de não haver documentos ou normas da ONU com essa previsão. Outra teoria difundida é a de que o País tem essa atribuição pela sua participação na solução pacífica da criação do Estado de Israel, ainda nos primórdios da ONU.

"É um reconhecimento tácito de sua participação na fundação da organização e dos esforços do então chanceler brasileiro, Oswaldo Aranha, nas discussões da época, em especial a criação do Estado de Israel", afirmou o professor Lucas Leite, da Fundação Armando Álvares Penteado, doutor em relações internacionais.

Para além das motivações da tradição, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, que discursou em nome do Brasil nas Assembleias-Gerais de 1992 e de 2002, quando foi chanceler, diz que é um momento especial para a voz do País ser ouvida no plano internacional. "É uma tentativa de o Brasil contribuir para a formulação da agenda global e, portanto, para os objetivos de nossa política externa e de nossa inserção no mundo".

Ao discursar na Assembleia Nacional de Angola, em Luanda, nesta sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma homenagem à líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos. Mãe Bernadete, como era conhecida, foi assassinada a tiros no último dia 17 no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho (BA). 

“Aproveito esta sessão solene, na Assembleia Nacional de Angola, para prestar minha homenagem à grande Bernadete Pacífico, líder quilombola que atuou corajosamente pela defesa de sua comunidade na Bahia. Bernadete foi vítima da intolerância dos que querem calar os mais vulneráveis”, disse Lula.

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Em sua fala, o presidente classificou o combate à escravidão como um dos marcos mais importantes na luta pela liberdade e pelos direitos humanos no Brasil. "Essa chaga em nossa história vitimou milhões de africanos e deixou ao país um nefasto legado de desigualdade social e de preconceito. Combater esse legado é objetivo primordial do meu governo”.

Relação bilateral

Homenageado na Assembleia Nacional de Angola, Lula citou potencialidades na relação bilateral entre os dois países.  “Muito já foi dito sobre o que une Brasil e Angola. Na música, na dança, na capoeira, na gastronomia e no futebol.

Podemos ir além desse extraordinário vínculo cultural. Buscamos o verdadeiro desenvolvimento, que exige combate à pobreza e promoção da inclusão social, educação de qualidade e atenção à saúde de nossas populações. O permanente fortalecimento da democracia e dos direitos humanos, dentro de nossos países e na governança global”, disse.

Mais cedo, Lula se reuniu com o presidente de Angola, João Manuel Lourenço. Os dois países assinaram sete atos de cooperação em diversas áreas, entre eles para o desenvolvimento agrícola do país africano. 

“Queremos inaugurar uma nova agenda de cooperação com Angola. No passado, contribuí com o financiamento de projetos de rodovias, saneamento, abastecimento de água e geração e distribuição de energia elétrica. O Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola. Um desenvolvimento fundado no fortalecimento da agricultura e da indústria, no progresso científico e tecnológico, em transição energética e na proteção do meio ambiente e da biodiversidade”, disse Lula.

“O fluxo comercial entre Brasil e Angola voltou a crescer após sete anos de estagnação. Só no primeiro semestre de 2023, foi quase 65% maior em relação ao mesmo período de 2022. Podemos diversificar nosso comércio, ainda muito concentrado em petróleo e bens primários, e a Câmara de Comércio Brasil-Angola, criada em junho, vai contribuir para isso”, acrescentou o presidente.

Angola é o único país do continente, além da África do Sul, com o qual o Brasil tem uma parceria estratégica. O acordo foi assinado em 2010, durante o segundo mandato de Lula.

Agenda

Após o compromisso no Parlamento, Lula participa do encerramento de um seminário com empresários dos dois países. O evento prevê a presença de uma delegação de cerca de 60 representantes de empresas brasileiras dos ramos de alimentos, produtos farmacêuticos, aviação e máquinas agrícolas, entre outros.

O presidente chegou ao continente africano na última segunda-feira (21). A primeira parada foi na África do Sul para a 15ª Cúpula de chefes de Estado do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Hoje e amanhã (26), ele cumpre agenda em Angola e, no domingo (27), estará em São Tomé e Príncipe para participar da conferência de chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Em seu discurso no segundo dia de reunião do Brics, nesta quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o empoderamento feminino é uma característica fundamental para o “pleno desenvolvimento” econômico e social dos países. O líder brasileiro exaltou a atuação conciliadora das mulheres em espaços de decisão e condenou o sexismo em sociedade por, em suas palavras, “silenciar metade da população”. 

"Em muitos lugares, enquanto os homens fazem a guerra, são as mulheres que lutam pela conciliação. A valorização e o fortalecimento do papel das mulheres na resolução dos conflitos será cada vez mais central para o mundo em paz. Mais do que isso, o empoderamento das mulheres é pré-condição para o pleno desenvolvimento econômico e social", afirmou. 

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Ao discursar, reconheceu a presença de algumas das mulheres na reunião, como a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e a representante da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics, Lebogang Zulu. O petista também parafraseou no discurso o ex-presidente de Burkina Faso Thomas Sankara. "Não podemos almejar uma sociedade onde a metade da população é silenciada pelo machismo e pela discriminação na participação política e no mundo do trabalho". 

Esta edição da reunião da cúpula do Brics acontece em Joanesburgo, na África do Sul. O grupo econômico é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os líderes estão reunidos para debater diversas pautas, dentre elas, a adição de novos países ao Brics, questões ambientais e o confronto entre Rússia e Ucrânia. 

Esforço pelo “cessar-fogo” 

Desde que assumiu o Planalto, Lula é vocal sobre o conflito no Leste europeu. Nesta terça-feira (23), o mandatário voltou a defender uma solução de paz para Rússia e Ucrânia, apesar de reconhecer que “alcançar a paz” não é uma tarefa simples. O presidente ressaltou a importância da atuação dos demais países na busca dessa articulação e indicou potenciais caminhos para uma nova abordagem nas relações multilaterais.  

“Não podemos nos furtar a tratar o principal conflito da atualidade, que ocorre na Ucrânia e tem efeitos globais. O Brasil tem uma posição histórica de defesa da soberania, da integridade territorial e de todos os propósitos e princípios das Nações Unidas. Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles os países do BRICS, também esteja engajado em contatos diretos com Moscou e Kiev”, afirmou. 

Líder brasileiro também citou que o conflito atinge outros países, em especial os sob desenvolvimento: “Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia. Estamos prontos a nos juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura. Todos sofrem as consequências da guerra. As populações mais vulneráveis nos países em desenvolvimento são atingidas desproporcionalmente”. 

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu principal discurso na 15ª Cúpula do Brics para defender que os demais países do bloco discutam abertamente a guerra na Ucrânia. Lula disse que o Brics deve atuar para favorecer o entendimento e reiterou a disposição do Brasil de ajudar a mediar a paz.

"Não podemos nos furtar a tratar do principal conflito da atualidade, que ocorre na Ucrânia e tem efeitos globais. Não subestimamos as dificuldades para encontrar a paz, tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia", afirmou Lula, durante discurso aberto em Johannesburgo.

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"Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles do Brics, também estejam engajados em contato direto com Moscou e Kiev. A busca pela paz é um dever coletivo e imperativo para desenvolvimento justo e sustentável. Os Brics devem atuar como força pelo entendimento e cooperação. Nossa disposição está expressa na contribuição da China, da África do Sul e do meu próprio País para a solução do conflito na Ucrânia."

Lula e os demais líderes já haviam tido conversas reservadas duas vezes durante a cúpula. O Brasil pressionou para que uma declaração sobre a guerra conste ainda no documento final da cúpula. Embora não estivesse presencialmente, o presidente russo Vladimir Putin assistia ao discurso do brasileiro por meio de uma conexão em vídeo.

O assunto é um incômodo para os países do bloco, e não há consenso de posições. Além do envolvimento direto da Rússia, país responsável por invadir militarmente um país vizinho em 2022, de todos os demais somente o Brasil condenou a ação, em votações nas Nações Unidas. Os demais se abstiveram.

"O Brasil tem posição histórica de defesa da soberania e da integridade territorial e de todos os princípios das Nações Unidas", recordou Lula.

Em aceno aos dois lados, o petista afirmou que não vai reconhecer as exigências unilaterais de cada lado, seja a proposta de paz de Kiev ou de Moscou, e reconheceu que o entendimento ainda passa por "dificuldades". O presidente tem defendido um cessar-fogo imediato, para que então os dois países envolvidos iniciem rodadas de discussão para encerrar a guerra, e se colocou à disposição para contribuir no processo.

"O Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz. Estamos prontos para nos juntar a um esforço que possa nos efetivamente contribuir pra um pronto cessar-fogo e para uma paz justa e duradoura", disse o petista.

Em campanha no Brics para obter um assento no Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, Lula afirmou que a guerra na Ucrânia evidencia as "limitações" do conselho e que "muitos outros conflitos e crises estão por vir".

"Enfrentamos um cenário mais complexo do que quando nos reunimos pela primeira vez. Em poucos anos retrocedemos de uma conjuntura de multipolaridade benigna, para uma que retoma a mentalidade obsoleta de Guerra Fria e da competição geopolítica. Essa é uma insensatez que gera grandes incertezas e corrói o multilateralismo, sabemos bem onde esse caminho pode nos levar. O mundo precisa compreender que os riscos envolvidos são inaceitáveis para a humanidade", alertou Lula.

Clima

Em outro gesto duro, Lula culpou novamente os países desenvolvidos - em recado aos europeus - pela crise climática global. O presidente exigiu que eles deixem de "terceirizar" a culpa ao Sul Global - grupo de nações entre os quais o Brasil se inclui - e cumpram compromissos de contribuir com recursos para os países menos desenvolvidos poderem investir em proteção ambiental.

"Os grandes responsáveis pelas emissões de carbono que causam a crise climática foram aqueles fizeram revolução industrial e alimentaram o extrativismo colonial predatório. Eles têm divida histórica com o planeta Terra e a humanidade. Precisamos valorizar o Acordo de Paris e a Convenção do Clima, em vez de terceirizar a responsabilidade climática para o Sul Global", reagiu o petista.

"É muito difícil combater a mudança do clima enquanto países em desenvolvimento lutam contra fome, pobreza e outros tipos de violência. O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, mantém sua atualidade", disse Lula.

O presidente brasileiro pediu ainda mudanças no financiamento climático e de biodiversidade, com oferta de dinheiro "verdadeiramente novo e adicional em relação ao financiamento ao desenvolvimento".

Segundo Lula, o endividamento externo de países pobres restringe o desenvolvimento sustentável. "Precisamos de um sistema financeiro que ajude países de média e baixa renda a fazer mudanças estruturais. É inadmissível que países pobres sejam penalizados com juros oito vezes mais altos do que os cobrados dos países ricos", reclamou.

Moeda

Lula disse que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido por Dilma Rousseff, pode se tornar uma opção e defendeu a "criação de uma moeda para transações comerciais e de investimento entre membros do Brics". Segundo Lula, ela aumenta opções de pagamento e reduz as vulnerabilidades. O assunto foi discutido entre os líderes, mas não houve decisão de adotar uma moeda comum neste momento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, na última sexta-feira (18), que sabe do “risco que corro em solo brasileiro”. Ele discursou na Assembleia Legislativa de Goiás ao receber o título honorário de cidadão no estado. “Mas não podemos ceder, porque há luta por democracia, há luta por liberdade”, afirmou. 

Diante de uma plateia de apoiadores, acompanhado por aplausos a cada fala, o ex-presidente da República fez declarações contrárias ao Projeto de Lei (PL) 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, afirmando ser a favor da liberdade de expressão. “Não podemos admitir a censura em nosso Brasil. A liberdade não tem preço, ela vale mais que a nossa própria vida”, declarou. 

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Ele também comentou sobre a reforma tributária, repetindo uma sugestão que fez em uma reunião do Partido Liberal (PL) há uns meses. “Se tem dúvida, olha pro painel, se o PT tá indicando ‘sim’, vote ‘não’. (...) E essa reforma é péssima sob vários aspectos”, disse. 

Durante sua fala, o investigado pela Polícia Federal não mencionou os escândalos recentes envolvendo as joias não-declaradas na época em que ele ainda era presidente da República. No entanto, Jair listou algumas ações realizadas durante o seu governo, que beneficiaram o estado de Goiás e o agronegócio. 

O presidente honorário do PL não indicou nenhum nome que poderá ser levantado como candidato na corrida presidencial de 2026. “Quem será esse candidato? O tempo dirá”, afirmou. 

 

O ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria, enviou, em 2022, uma proposta de discurso ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diante da derrota do conservador no segundo turno das Eleições 2022. O texto foi enviado ao então chanceler Carlos França, com cópia para o ajudante de ordens de Bolsonaro, Daniel Lopes de Lucca. O texto não chegou a ser usado pelo ex-presidente. 

A informação foi divulgada por parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e revelada pelo jornal O Globo, que teve acesso aos e-mails com o discurso. As mensagens são do dia 31 de outubro, 24h após a votação em segundo turno. 

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Caso tivesse utilizado a proposta, Bolsonaro teria repetido seu jargão "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos" para ressaltar a soberania do país e, assim, o respeito à escolha dos eleitores. O ex-presidente, porém, optou pelo silêncio. Exceto pelo pronunciamento da terça-feira, 1º de novembro, dois dias após a derrota, Bolsonaro passou semanas sem se pronunciar publicamente e também não teve agenda.  

"Todos são testemunha do quão desigual foi o processo eleitoral. Começaram por tornar elegível alguém condenado em várias instâncias do Poder Judiciário. Mascararam a exitosa retomada econômica do Brasil em relação ao mundo pós pandemia. Ao contrário, focaram na desconstrução das minhas falas e em falsas narrativas", diz trecho do e-mail. 

O discurso no email também se queixava de "manipulação dos institutos de pesquisa e da grande mídia" e do bloqueio dos "grandes perfis de direita" nas redes sociais. 

Apesar disso, o texto trazia um reconhecimento da derrota.

"Mesmo assim, a diferença no resultado da votação em favor de meu adversário foi de apenas 1,8%. Estou certo de que, se houvesse imparcialidade e igualdade de tratamento, o resultado seria muito diferente." 

"Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições", diz trecho do discurso que não foi lido por Bolsonaro.

Em discurso na abertura da Cúpula da Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta terça-feira (8), que os líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) devem discutir uma "nova visão" de desenvolvimento sustentável em um contexto de "severo agravamento da crise climática".

"Nunca foi tão urgente retomar e ampliar essa cooperação. Os desafios da nossa era e as oportunidades que surgem demanda ação conjunta", disse Lula, acompanhado do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

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O petista defendeu ainda que a comunidade internacional deve tomar medidas que conciliem a proteção ambiental com o desenvolvimento social. "Vamos discutir e promover uma nova visão de desenvolvimento sustentável e inclusivo na região, combinando a proteção ambiental com a geração de empregos dignos e a defesa dos que vivem na Amazônia", ressaltou.

Lula acrescentou que o grupo pretende fortalecer a OTCA, que, segundo ele, é o único bloco do mundo que nasceu com foco socioambiental. O presidente brasileiro lembrou ainda que os países vão debater a "Declaração de Belém", que propõe em um conjunto de ações para a Amazônia.

Fim de jogo. Nesta quarta-feira, dia 2, a Seleção Brasileira se despediu da Copa do Mundo Feminina após empate de 0x0 com a Jamaica. O jogo aconteceu na Austrália e Marta fez um discurso para lá de emocionado após a eliminação.

A jogadora veterana confirmou que a disputa foi o último Mundial que participou com a camiseta do Brasil.

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- A Marta acaba por aqui, não tem mais Copa para mim. Estou muito grata pela oportunidade que tive de jogar mais uma Copa e muito contente de ver tudo isso acontecendo, porque para elas [as outras jogadores] é apenas o começo, mas para mim é o fim da linha.

E completou:

- O futebol feminino vem crescendo. O futebol feminino dá lucro e prazer de assistir. Continuem apoiando o futebol feminino.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que voltou a ser mandatário do Brasil para, em primeiro lugar, reconstruir o País e gerar empregos. Lula fez um breve relato de seus mandatos anteriores, lembrou que tirou 36 milhões pessoas da linha abaixo da pobreza, colocou 40 milhões na classe média e gerou milhões de empregos num período em que a Europa desempregou milhões em discurso durante a posse da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos neste domingo (23).

"Voltei a ser presidente porque precisamos reconstruir o Brasil e a gerar empregos", reforçou o petista.

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A segunda razão pela qual voltou a ser presidente da República, segundo Lula, foi para recuperar a massa salarial dos trabalhadores. De acordo com o presidente, o povo quer trabalhar direito, tirar férias e viajar de avião. Lula não fez menção direta ao programa "Voa Brasil", mas sua fala não deixou de ser um afago ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), que o acompanhou neste domingo a São Bernardo do Campo, onde participaram da cerimônia de posse da nova diretoria dos Metalúrgicos do ABC.

França, que está à frente do "Voa Brasil", programa que se propõe a vender passagens aéreas ao custo de R$ 200 para a população com renda até R$ 6,8 mil e que não tenha viajado nos últimos 12 meses a partir da venda, tem visto sua pasta ser desejada partidos do Centrão e que têm pressionado o governo para trocar o ministro.

O presidente Lula, ainda no contexto de que o governo pretende conferir maior poder de compra aos mais pobres, disse que as pessoas já estão percebendo os preços da comida caindo nos supermercados.

"O preço da comida já está caindo e o povo vai poder comprar mais", disse Lula.

Ele lembrou ainda da anulação do decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que liberava a compra e o porte de armas de fogo. Disse que "esse negocio de liberar armas é favorecer os traficantes". Ao encerrar sua fala no evento, Lula fez uma espécie de alerta à militância e simpatizantes para não se acomodarem, já que "nós vencemos o Bolsonaro, mas ainda não vencemos o bolsonarismo."

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda fala em "nossa gestão" e usa verbos no presente para mostrar ações do governo dele, apresentadas com muitos números e misturadas a vídeos em que aparece cumprindo tarefas da "vida comum", nas redes sociais. O gesto, segundo especialistas, é uma estratégia para reter um apoio que está cada dia menor e reforçar, simbolicamente, a narrativa de "injustiçado".

Fora do governo há mais de seis meses, Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral. Paralelo a isso, a aprovação da reforma tributária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva conta como derrota para o ex-governante. Apesar de ele insistir para que o seu partido fosse contra a proposta, o texto contou com o apoio de 20 dos 99 deputados de seu artido, o PL.

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No início da semana, Bolsonaro relembrou um decreto antigo, de sua autoria, que estabelece a obrigatoriedade do pregão eletrônico em cidades pequenas. "Essa iniciativa do Governo Bolsonaro amplia a concorrência nas licitações públicas e permite que empresas de todo o Brasil participem destes processos realizados pelos Municípios", escreveu o ex-presidente. O decreto é de setembro de 2019, primeiro ano do governo dele.

O ex-presidente frequentemente apresenta números que demonstram ações da gestão dele e compara suas práticas com as do governo Lula.

POLARIZAÇÃO

A estratégia vem sendo utilizada com mais força em momentos mais sensíveis para o ex-presidente, como a posse de Lula e a decisão do TSE que o tornou inelegível. Nos últimos dias, a aprovação da reforma tributária na Câmara foi o ponto-chave.

"Bolsonaro age com a intenção de atrair parte da opinião pública a favor da sua causa, de que foi supostamente injustiçado e que as forças do Judiciário tentam boicotá-lo. É também uma forma de criar uma situação quase que utópica", avaliou o cientista político Paulo Ramirez, doutor pela PUC-SP e professor da ESPM.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Bolsonaro ainda tem influência no seu segmento político, mas vem em crescente desprestígio entre os pares. A aprovação da reforma expôs essa tendência: enquanto o ex-presidente rivalizou com a proposta, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, buscou apaziguar os ânimos da base e defendeu a negociação de emendas com o governo.

ROTINA

Outra linha frequente nas redes de Bolsonaro são publicações que mostram o ex-presidente cumprindo tarefas do dia a dia. Embora ele já fizesse isso durante a gestão, hoje o ex-presidente aparece mais acessível, com menos assessores e sem "cercadinhos". O gesto reforça a narrativa de que ele é um outsider do mundo político, embora tenha sido deputado por mais de 30 anos antes de assumir a Presidência.

Uma situação que simboliza esse movimento foi a noite de sexta-feira. Bolsonaro esteve em Goiânia, um dos seus redutos eleitorais, para "ir ao dentista e tomar caldo de cana", de acordo com o que divulgou o deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO). Cercado por uma grande quantidade de apoiadores, o ex-presidente agradeceu o carinho do público, que entoava "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

Na última segunda, ele publicou um vídeo cortando o cabelo em uma barbearia simples, no Distrito Federal. No vídeo, o ex-presidente se deixa fotografar pelas pessoas, tira foto com crianças e está acompanhado por apenas um assessor, que permanece distante.

No dia 8 de julho, Bolsonaro renovou sua carteira de habilitação. Nas imagens divulgadas nas redes sociais, ele vai a uma clínica para fazer os exames médicos em Taguatinga (DF), aparentando estar desacompanhado. A pessoa que o filma grava o ex-presidente fazendo os testes de visão, pressão e, depois, na saída, tirando fotos com crianças.

INELEGÍVEL

A inelegibilidade de Bolsonaro, declarada pelo TSE, levanta um alerta sobre possíveis ilícitos que o ex-presidente poderia cometer ao usar dessa estratégia nas redes. Na visão de especialistas, como Bolsonaro está fora do cenário político institucional, a hipótese é remota.

A advogada Izabelle Paes, sócia do escritório Callado, Petrin, Paes e Cezar, atua na área de Direito Eleitoral e avalia que Bolsonaro tem agido dentro dos limites da liberdade de expressão: "Mesmo diante dessa limitação ao direito de ser votado, existe a liberdade de prosseguir divulgando as realizações do seu mandato".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Sesi-PE abre, a partir desta segunda-feira, as inscrições para cursos online e gratuitos nas áreas de atendimento ao cliente e discurso em público. Ao todo, a instituição oferece 300 vagas, sendo 150 para cada formação. Os interessados devem se inscrever através do site do Sesi-PE na aba “Educação a Distância”, até o dia 16 de julho.

Para participar dos cursos é necessário ter, no mínimo, 16 anos, e-mail, acesso e noções básicas de internet. A formação de “Satisfação do Cliente” abordará  conhecimentos no foco no liente, considerando que todo serviço e produto ofertados passam pelo crivo da clientela da empresa ou prestadora de serviço. 

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Já a qualificação de “Habilidades para Falar em Público”, com carga horária de 8h, pretende desenvolver nos alunos habilidades para, entre outras coisas, apresentação de projetos no ambiente de trabalho, além do medo de falar em público. No final dos cursos, o aluno será avaliado por meio de uma plataforma educacional. Ao atingir 70 pontos ou mais no exame, receberá um certificado de conclusão.

 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que Brasil caminha rumo a uma "ditadura" após ser declarado inelegível por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Estamos a caminho de uma ditadura, isso não é democracia" afirmou Bolsonaro, assegurando que sempre trabalhou "dentro das quatro linhas" da democracia.

Ele afirmou ter recebido uma "facada pelas costas" e comparou o Brasil com os regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

"Vão brindar com o Ortega, da Nicarágua, que prendeu todos os opositores, que prendeu padres, expulsou freiras e persegue de forma brutal seu povo. Essas pessoas vão brindar com Díaz-Canel, afinal Cuba é uma democracia segundo eles, e também com Maduro", afirmou.

*Da Ansa

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Desde o início do seu terceiro mandato como presidente do Brasil, Lula (PT) já visitou seis estados no Nordeste. Os eventos são os mais diversos, como a feira de agronegócio na Bahia, na terça (6), a inauguração do Programa Farmácia Popular, na última quarta (7), em Pernambuco, e o lançamento de escolas em tempo integral no Ceará

Nessas, e em outras ocasiões, não apenas no Nordeste, alguns de seus discursos foram marcados por pausas, uma voz embargada e um gole de água para segurar as lágrimas e retomar a fala, muitas vezes quando se tratava de temas relacionados à situação de pobreza e escassez de recursos do povo brasileiro.

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Como no seu discurso de posse, em que chorou ao falar do desalento e da extrema pobreza da população, Lula também se emocionou ao abraçar uma mulher quilombola que subiu no seu palanque em uma visita que fez a Salvador, no dia 11 de maio. Ao pegar no microfone, ele soluçou ao falar que “essa mulher representa um pouco daquilo que passa o povo brasileiro”.

Diante de sua própria história de vida, é perceptível observar a emoção de Lula eu ver os efeitos das suas ações nos primeiros seis meses de mandato.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, fez nesta quarta-feira (31) um discurso escrito, em parte, pelo software de Inteligência Artificial ChatGPT para ressaltar o aspecto revolucionário, mas também perigoso, da tecnologia.

“O que acabo de ler não foi escrito por mim, ou por nenhum ser humano”, disse Frederiksen ao Parlamento, depois de ler a primeira parte de um discurso escrito pelo chatbot desenvolvido pela OpenAI.

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"Embora nem sempre tenha acertado em cheio nos detalhes do programa de trabalho do governo, ou na pontuação (...) as capacidades (do ChatGPT) são ao mesmo tempo fascinantes e assustadoras", afirmou a primeira-ministra.

O ChatGPT é um dos exemplos mais recentes das impressionantes capacidades da Inteligência Artificial, que também está levantando sérias preocupações quanto ao seu potencial abuso, especialmente em termos de desinformação, ou de substituição em massa de funcionários humanos.

O assunto está na ordem do dia de uma reunião de alto nível sobre comércio entre Estados Unidos e União Europeia na quarta-feira, na Suécia.

Um grupo de empresários e especialistas, entre eles Sam Altman, criador do ChatGPT, advertiu na terça-feira sobre a ameaça de "extinção" da humanidade representada pelo surgimento dessa tecnologia.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira, 12, que o ex-presidente Jair Bolsonaro terá que encarar as consequências das mentiras que foram contadas enquanto esteve à frente do Executivo. Ao citar os depoimentos que Bolsonaro tem prestado à Polícia Federal, o chefe do Executivo comentou sobre a acusação de falsificação do cartão de vacina de covid-19 e disse que Bolsonaro está com "rabinho preso".

"Agora, ele (Bolsonaro) está dentro de casa com rabinho preso. Está prestando depoimento (à PF). Ele vai saber o quanto foi ruim para ele mentir durante o processo do governo. Até o cartão de vacina ele falsificou", comentou Lula, em evento de lançamento de programa de escolas de tempo integral, em Fortaleza, capital do Ceará, nesta sexta-feira. "Imagina que qualidade de presidente da República, com pandemia matando 700 mil pessoas e ele falsificou seu cartão de vacina; não é possível."

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O chefe do Executivo disse que, se "Deus quiser", o País não terá como representante alguém "tão antidemocrático". "Um cara que tem nas costas a responsabilidade pela morte de 300 mil pessoas nesse país que poderiam ter sido salvas se ele tivesse trabalho corretamente", disse em referência à pandemia da covid-19.

Eletrobras

Pela terceira vez em um dia, Lula voltou a criticar a privatização da Eletrobras no governo anterior. Mais uma vez, ele disse que irá provar a corrupção no processo de venda, classificando a privatização como um "crime de lesa-pátria".

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