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Devido à escassez de máscaras pelo surto do novo coronavírus, a população de Hong Kong começou a fabricá-las por conta própria, ou mesmo a abrir oficinas especializadas.

Toda vez que as farmácias da cidade recebem uma nova carga de máscaras, longas filas de clientes se formam, ansiosos para conseguir uma. Isso levou algumas pessoas a fabricá-las, embora algumas sejam de qualidade duvidosa.

Judy, de 73 anos, usa uma máscara caseira. "Encontrei o material – meu lenço e alguns retalhos –, combinei tudo e usei um pouco de arame para a parte de cima e um pouco de borracha", explicou ela à AFP, que pediu para não ser identificada.

Em uma rua no distrito de Sham Shui Po, onde há muitas lojas de alfaiataria e de tecidos, o comércio também reagiu rápido. Muitas das vitrines exibem máscaras de pano coloridas, enquanto os vendedores trabalham duro em suas máquinas de costura.

A costureira Elase Wong decidiu compartilhar o modelo de sua máscara, feita à mão, porque "algumas pessoas não podiam comprá-las... então agora podem fazer sozinhas", disse ela à AFP.

O preço das máscaras disparou, devido à escassez e à recusa do governo a regular os preços, ou a racionar os estoques, algo que também aconteceu em Macau e em Taiwan.

Um lote de 50 máscaras cirúrgicas pode ser vendido por até 300 dólares de Hong Kong (40 dólares americanos), enquanto uma caixa do modelo N95, a de melhor qualidade, custa 1.800 dólares de Hong Kong (231 dólares americanos).

Um diretor de cinema, conhecido como Tong, terminou esta semana de dar os retoques finais em uma oficina de máscaras que abrirá em breve em um edifício industrial.

"Fiz algumas perguntas e percebi que as máscaras não são tão difíceis de fabricar. Por que os preços são tão altos? Porque em Hong Kong não existe nenhuma linha de produção", alegou Tong, em conversa com a AFP.

Com a ajuda de um investidor, importou uma máquina da Índia e planeja importar mais. Tong espera que a máquina fabrique entre 60 e 80 máscaras cirúrgicas por minuto a partir de sábado, em uma sala livre de poeira.

Segundo ele, as máscaras serão vendidas por 1 ou 2 dólares de Hong Kong, on-line, e a venda será limitada a uma caixa por pessoa.

Já o governo local liderado por Carrie Lam, muito criticado pela escassez de máscaras e por sua falta de previsão, diz que está fazendo todo o possível para garantir os estoques do produto.

Garantir o acesso à água de qualidade a todos os brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do país. Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.

Em várias regiões do país, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.

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O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica. Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta também o problema da poluição hídrica.

Em nível global, o desafio é conter o aumento da temperatura do clima, fator que gera ondas de calor e extremos de seca que afetam a disponibilidade de água. O relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, das Nações Unidas, divulgado recentemente, mostra que, se a temperatura global subir acima de 1,5°C, em todo o mundo mais de 350 milhões de pessoas ficarão expostas até 2050 a períodos severos de seca.

Brasil: o mito da abundância 

“As gerações mais antigas foram criadas com o mito do país riquíssimo em água, que água seria um problema crônico, histórico, só no Nordeste, no semiárido. Obviamente, desde 2013, na primeira crise que a gente teve, o apagão, que na verdade foi um “secão”, porque não foi resultado só de uma questão elétrica, ficou claro que o Sudeste e o Centro-Oeste têm problemas concretos, intensificados nos últimos dois anos, de disponibilidade de água”, destacou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil.

O pesquisador explica que a crise resulta também da falta de adequada gestão do uso da água, sobretudo em períodos de estiagem -  tendência que deve se manter tendo em vista o baixo índice de precipitação registrado no início desta primavera.

“Temos indicativos de que há um risco de, no próximo verão, ou talvez no outro ano, termos novamente um quadro muito complicado em São Paulo, talvez em todo o Sudeste. Os reservatórios estão com níveis abaixo do que estavam há dois anos,  antes da crise de 2014 e 15”, afirmou.

Depois da grave crise hídrica de 2015 que afetou a população de São Paulo, os moradores do Distrito Federal (DF) também passaram pelo primeiro racionamento nos últimos 30 anos devido à falta de água nas principais bacias que abastecem a região. Por mais de um ano, os moradores da capital do país tiveram que se adaptar a um rodízio de dias sem água devido ao esgotamento dos reservatórios das principais bacias que abastecem a cidade.

Na área rural, o governo do DF decretou estado de emergência agrícola. Na época, foi estimado um prejuízo de R$ 116 milhões com a redução de 70% na produção de milho, segundo estudo da Secretaria do Meio Ambiente do DF.

Berço de águas escassas

Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentradas as nascentes de rios importantes do país, devido a sua localização no Planalto Central. Conhecida como berço das águas, a região tem vegetação de Cerrado, bioma que ocupa mais de 20% do território e atualmente é um dos principais pontos de expansão da agropecuária, atividade que usa cerca de 70% da água consumida no país.

Como consequência do avanço da fronteira agrícola, o Cerrado já tem praticamente metade de sua área totalmente devastada. Os efeitos da ausência da vegetação nativa para proteger o solo já são percebidos principalmente na diminuição da vazão dos rios e na escassez de água para abastecimento urbano.

Segundo a coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Isabel Figueiredo, que integra a Rede Cerrado, o desmatamento acelerado está impactando tanto a frequência de chuvas, que vem diminuindo nos últimos cinco anos na região, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água no subsolo e devolvê-la para os rios.

“A mudança do uso da terra tem alterado demais o ciclo da água e faz com que a gente tenha menos água nos rios, os rios muito assoreados e menor disponibilidade de chuva. Então, o ciclo da água está num pequeno colapso”, afirmou Isabel.

Projeções do Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC) apontam que nas próximas três décadas o bioma do Cerrado poderá ter aumento de 1°C na temperatura superficial com diminuição percentual entre 10% a 20% da chuva.

“A contribuição do Cerrado para as bacias hidrográficas importantes do Brasil, como São Francisco, Tocantins, por exemplo, vai diminuir muito, se esse processo de desmatamento continuar nesse nível”, completou.

A especialista lembra ainda que o desmatamento do Cerrado não afeta somente as comunidades locais, que já relatam dificuldades para plantar, mas também outras regiões. “Os biomas e ecossistemas brasileiros estão todos interligados. O desmatamento do Cerrado afeta a chuva que cai em São Paulo, o desmatamento na Amazônia afeta a chuva que cai aqui no Cerrado”, explica.

Outros desafios

O desafio de garantir o funcionamento do ciclo hidrológico natural também tem impacto na manutenção dos aquíferos subterrâneos. Os pesquisadores lamentam que o assunto não tenha destaque no debate público e na agenda eleitoral e alertam que, para evitar a próxima crise, é necessário criar um modelo de gestão das águas subterrâneas.

Outro problema que leva à escassez de água é a estrutura precária de saneamento. Considerando as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, uma das principais preocupações com relação à água é garantir a universalização do saneamento.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada no Brasil e o sistema de abastecimento de água potável gera 37% de perdas, em média. A falta de tratamento do esgoto compromete mais de 110 mil quilômetros dos rios brasileiros que recebem os dejetos.

A agência estima que, para regularizar a situação, seriam necessários pelo menos R$ 150 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos até 2035.

“Um objetivo absolutamente fundamental, mas que vai exigir um nível de investimento, comprometimento de agentes públicos e desenvolvimento de tecnologias - e não estamos vendo energia sendo colocada pra atingir isso. E não adianta você investir em saneamento e ter de buscar água cada vez mais longe, por causa do desmatamento”, criticou Novaes.

Um problema de percepção

Doutor em ecologia e autor de vários livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire destaca que todos estes problemas só serão resolvidos quando os governos e sociedade mudarem sua percepção sobre a importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana.

“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo”, constata.

Segundo o professor, não há lugar seguro no planeta e, além da falta de percepção, há uma absoluta falta de governança na gestão da água. O escritor também critica a indiferença e incapacidade da classe política em lidar com o tema da educação ambiental.

“A história dos problemas ambientais passa por essa falha de percepção por várias razões: conveniência, ignorância ou apatia. Todo o processo de educação ambiental hoje tem de estar obrigatoriamente centrado na ampliação da percepção, senão não vai mudar coisa alguma”, avalia Freire.

O professor ressalta que vários colapsos já estão ocorrendo devido à grande pressão da população mundial de sete bilhões de pessoas sobre os sistemas naturais, que estão assumindo “configurações diferentes das que nós estamos acostumados para neutralizar nossas ações”.

Para evitar o agravamento da situação, é necessária uma evolução do ponto de visto ético e moral e não somente científico e tecnológico. “A mudança do clima é a maior falha de mercado da espécie humana, porque é algo em que a inteligência estratégica de sobrevivência do ser humano não funcionou e continua errando de forma insistente. E qual a consequência disso? E você ter o crescimento de conflitos que já estão estabelecidos, como disputa por água, energia e espaço, aumento de refugiados”, comenta.

Um caráter forte e resistente. Assim se definem muitas chefs quando são indagadas sobre como conseguiram espaço no universo da gastronomia, monopolizado pelos homens e, segundo militantes, ainda muito impregnado pelo machismo.

Nas premiações e nos concursos de alta gastronomia é preciso procurar arduamente para encontrar o rosto de uma mulher. Apenas duas figuram na lista britânica das "50 melhores" e ainda é mais raro ver um nome feminino no Guia Michelin, já que representam menos de 5% dos chefs recompensados com estrelas.

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Entre os 57 novos estabelecimentos premiados nesta segunda-feira (5) em sua última edição francesa, aparecem somente duas mulheres, que trabalham junto com seus parceiros.

"Não é algo que levamos em conta. Os examinadores verificam a qualidade da cozinha. Não nos fixamos no sexo, na origem e nem na idade", declarou à AFP Michael Ellis, diretor internacional dos guias Michelin, considerando que é "uma questão de tempo" que cada vez mais haja chefs mulheres.

Segundo observadores, este fenômeno é explicado por vários fatores: a idiossincrasia de um restaurante, baseado no modelo do exército; um ambiente muitas vezes machista; e o fato de que, dos meios de comunicação até investidores, muitos as ignorem.

"Em uma cozinha, há o comando e as ordens. Usam termos como 'chef', 'brigada', 'coup de feu' (disparo, para momentos de mais agitação). Se os seus valores são a empatia e a colaboração - valores sobretudo femininos, como demonstram os estudos -, a cozinha não vai ser um lugar confortável para você", explica a jornalista e especialista gastronômica María Canabal.

- 'Muitas nem tentam' -

"Seja você homem ou mulher, agir como alguém que não é se torna muito cansativo. Muitas desistem, ou nem tentam", afirma Canabal, presidente do Parabere Forum, uma rede que agrupa 5.000 chefs mulheres no mundo.

"É horrível dizer isso, mas me esforcei muito para que esquecessem que sou mulher, para que os homens me aceitassem enquanto chef no setor", admite à AFP Anne-Sophie Pic, única mulher com três estrelas na França.

A jornalista e diretora do documentário francês "À la recherche des femmes chefs", Vérane Frédiani, defende que a única forma de ir em frente é com um caráter forte. "Ao menos durante os primeiros 10 anos de carreira, até que consiga se impor".

Antes de abrir em 2012 seu restaurante parisiense "Tempero", a chef brasileira Alessandra Montagne comprovou essa realidade trabalhando em vários estabelecimentos. Se aguentou, foi por causa de sua força.

"A cozinha é um universo totalmente fechado. Muitos chefs são donos de suas empresas e acreditam ser onipotentes. Há um machismo puro e duro. Mas não se deve levar as coisas ao pé da letra. Se me dizem que não sirvo, me levanto e vou em frente", afirma esta chef nascida no Rio de Janeiro e que abriu dois restaurantes junto com seu ex-marido.

"Todo chef tem que ser autoritário, se não sua cozinha não serve: tem que oferecer o serviço e os clientes esperam algo bom. Não vai estar no plano 'cool'", explica a mexicana Beatriz González, à frente de três restaurantes em Paris: Neva, Coretta e outro na Grande Épicerie de Paris.

- 'Não vai aguentar' -

Jessica Prealpato, confeiteira do Plaza Athenée (3 estrelas Michelin), concorda que "precisa de caráter".

"Não tem que mostrar o lado sentimental, tem que mostrar que você é firme".

Canabal constata que "os estereótipos estão muito arraigados" na cozinha. "Inclusive nas escolas os professores dizem às meninas: 'você vai conseguir o diploma, mas não vai aguentar'".

O assédio pode ser outro problema. "Todos os ambientes que são 'male dominated' [dominados por homens] são de risco para as mulheres", continua.

Frédiani, que entrevistou dezenas de mulheres para seu documentário, vai mais longe: "em geral, as chefs mulheres são mais respeitadas quando são homossexuais, ou trabalham em casal".

- Exemplo a seguir -

Anne-Sophie Pic, que participou da produção e defende uma "maior solidariedade" entre as chefs mulheres, aponta para um fator mais social: "quando a mulher se torna mãe de família, se não estiver bem amparada, deverá escolher. Isso é algo que não se pode esquecer".

González, que trabalha com seu marido, defende o caminho aberto pelos homens na gastronomia: "graças a eles temos um exemplo a seguir, queremos trabalhar como eles, ser como eles".

Uma escassez de manteiga disparou o alarme entre os franceses, que a compram onde quer que a encontrem e fazem buscas ansiosas no Google, revelando como estão ligados a este produto, que também ganhou espaço em outras mesas do mundo.

As causas dessa escassez são várias, e muitos profissionais argumentam que ela é fictícia, resultado de uma falta de compreensão entre distribuidores e grandes redes varejistas.

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Mas em um país cuja gastronomia é patrimônio imaterial da humanidade, a imagem das prateleiras vazias onde normalmente se viam ofertas de marcas de manteiga tornou-se um inédito costume desde setembro.

Entre 30 de outubro e 5 de novembro, as grandes redes não têm conseguido enfrentar mais de 47% da demanda, um aumento preocupante para cidadãos que consomem 8 quilos ao ano cada um, um recorde mundial.

- Manteiga caseira -

Linda Benhassan, que trabalha em um supermercado no centro de Paris, explicou que alguns levam dezenas de pacotes. "As pessoas têm medo de ficar sem, especialmente agora, com a proximidade do Natal".

A busca sobre "como fazer manteiga" disparou 928% entre setembro e outubro de 2017 no Google e o canal culinário francês Hervé Cuisine postou um vídeo no Youtube sobre como fabricá-la que teve mais de 82.000 visualizações em uma semana.

"Eu havia publicado a receita de um pastel, mas algumas pessoas me disseram que não encontravam manteiga" para o preparo", contou à AFP o responsável pelo canal, Hervé Palmieri. Com seu tutorial teve um sucesso de visualizações que "há tempo não registrava".

- Uma volta à infância -

"Os franceses mantêm uma relação muito afetuosa com a manteiga", explica Remy Lucas, sociólogo de alimentação.

"Por um lado é uma volta à infância, à doçura das comidas mais íntimas, isto é, ao café da manhã e ao lanche", em que a manteiga é passada no pão. "Por outro lado, ela está associada à cozinha tradicional", onde essa gordura animal é utilizada para fazer molhos e cozinhar os alimentos.

Com essa penúria, "notamos até que ponto a manteiga faz parte de nosso dia a dia. Embora possamos prescindir dela do ponto de vista nutricional e culinário (...) a ideia de que possa faltar é insuportável para nós", afirma.

Para alguns, a angústia é tanta que compram produtos profissionais.

No site Tompress, especialista em material culinário, a metade das vendas anuais de máquinas de fazer manteiga (50) e desnatadoras elétricas foram feitas em três semanas, disse à AFP o responsável de compras, Micaël Diancoff.

- Croissants na China -

Um dos fatores-chave para a escassez do produto é o aumento da demanda em muitos países devido a uma "reabilitação" da manteiga - desaconselhada durante décadas pelos nutricionistas-, assim como o sucesso crescente da confeitaria francesa, especialmente na China. A isso se soma uma produção de leite em baixa no mundo.

Consequentemente, os preços dispararam, de 2.500 euros a tonelada em abril de 2016 para 7.000 euros em meados deste ano. Os agricultores acusam as grandes redes varejistas de se negarem a pagar o preço justo, provocando a escassez nas prateleiras, que se acentua com as compras em massa dos consumidores angustiados.

- Manteiga congelada -

Um indício de que a penúria não seria real é que padarias e pastelarias continuam recebendo a manteiga que encomendam nos atacadistas, embora haja uma escalada dos preços.

A manteiga que há 15 meses custava 4,80 euros o quilo para Dominique Eury, proprietário de uma loja no oeste de Paris, agora sai por 8,50.

"Embora tenhamos subido um pouco os preços de nossos croissants, não podemos repassar totalmente (o aumento de custos para o consumudor)", diz o pandeiro.

Eury explica que com a proximidade do Natal, se armazenará um pouco mais que o habitual, como também faz seu colega Arnaud Delmontel, dono de quatro padarias em Paris.

Delmontel estima que "há quem esteja fazendo muito dinheiro" con essa situação e afirma que seu provedor recebe manteiga que perde água. "Isso quer dizer que ela foi congelada, que há gente que a retém para que os preços aumentem".

O ciclone Enawo, que atingiu Madagascar em março deste ano, além de ter devastado o país africano, também criou uma grande crise no mercado de exportação de baunilha.

Madagascar é o maior fornecedor de baunilha do mundo e praticamente toda sua renda é derivada da venda do produto. Contudo, segundo relatou o jornal "Financial Times", o tufão destruiu toda a produção de baunilha de Madagascar, que precisou aumentar os preços da especiaria para US$ 600 o quilo, fazendo muitas empresas desistirem de comprar o produto.

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Um dono de uma sorveteria em Boston disse ao jornal "Boston Globe" que os sacos de baunilha costumavam custar US$ 72. Pouco depois do ciclone, o preço aumentou 344%, para US$ 320. Já em Londres, a gigante do mercado sorveteiro Oddono's teve que retirar os gelatos de sabor baunilha do menu devido ao aumento do preço da matéria-prima.

Os comerciantes globais da especiaria acreditavam que em 2017 a colheita de baunilha seria 30% superior a de 2016, mas o tufão cortou pela metade a produção. Com isso, os casos de roubos do produto dispararam em Madagascar e, com medo, os agricultores foram pressionados a colherem o que havia sobrado, mesmo que ainda as plantas que originam a baunilha não estivessem maduras.

Atualmente, mesmo que a Indonésia e Papua Nova Guiné também sejam produtores da especiaria, nenhum país consegue substituir a baunilha "malgaxe".

Vítimas da escassez de alimentos e energia elétrica, centenas de milhares de habitantes de Mossul vivem agora sem água, uma situação "catastrófica", de acordo com as Nações Unidas, na segunda maior cidade do Iraque, onde as forças do governo enfrentam os extremistas.

"Cerca de meio milhão de civis, que já lutam para se alimentar a cada dia, agora estão privados de água potável", advertiu nesta quarta-feira a coordenadora das operações humanitárias da ONU no Iraque, Lise Grande.

Esta escassez "terá consequências catastróficas para crianças, mulheres e famílias" que permaneceram na cidade, advertiu em um comunicado enviado à AFP.

O sistema de distribuição de água da cidade foi danificado nos combates conduzidos há seis semanas pelo exército, apoiados por uma coalizão internacional, para derrubar o grupo Estado Islâmico (EI) de seu último grande reduto iraquiano.

Nos bairros da zona leste de Mossul, onde as unidades de elite iraquianas recuperam gradualmente o controle, os moradores afirmam não ter mais água corrente há dias, forçados a recorrer a poços artesanais.

"Não temos mais água ou eletricidade, bebemos água de poço, mas isso não é suficiente", relata Mohamed Khalil, de 25 anos, um morador do distrito de al-Khadraa recentemente libertado.

"A água é a coisa mais importante. Não tomamos mais banho, pegamos piolhos e nossas casas estão sujas", acrescentou Iman Baker, de 34 anos, mãe de três filhos instalada em um bairro cujo controle foi retomado no dia anterior pelas forças armadas.

Desde o início da ofensiva em Mossul, em 17 de outubro, mais de 70.000 pessoas fugiram do conflito, mas mais de um milhão de pessoas ainda vivem na grande metrópole do norte do Iraque, incluindo 600.000 nos bairros do leste.

'Desastre sanitário'

"Corremos o risco de um desastre humanitário e sanitário", adverte Abdelkarim al-Obaidi, membro de uma ONG local. "As pessoas são forçadas a beber água de poços que não é segura para consumo".

O hospital de Gogjali, na saída leste de Mossul, começa a ver chegar "casos de diarreia e cólicas intestinais, especialmente em crianças, devido à água contaminada" consumida na cidade, informou uma fonte médica.

Abu Ali, um morador da zona leste de Mossul, espera o retorno da água corrente "antes da eclosão de epidemias". Segundo ele, "algumas pessoas vão se abastecer no rio Tigre", que corta a cidade em duas.

Certos habitantes culpam a falta de água aos ataques aéreos da coalizão liderada por Washington, que teriam danificado o aqueduto da margem ocidental do Tigre.

Basma Bassim, do conselho municipal de Mossul, sugere que o EI cortou intencionalmente o fornecimento de água dos distritos do leste, onde as forças iraquianas estão avançando.

"Estão em curso esforços para fornecer tanques de água para áreas que foram tomadas" dos extremistas, assegura.

A falta de água potável soma-se a uma escassez de alimentos. Para se abastecer de alimentos, a maioria das famílias da zona leste de Mossul conta com a distribuição organizada pelas autoridades iraquianas.

"Algumas pessoas estocaram rações secas, mas os estoques começam a faltar, e não há água, nem eletricidade, nem óleo para os aquecedores", explica Natik, de 54 anos, que vei buscar uma cesta básica durante a distribuição de alimentos no bairro de Khadhraa.

Até agora, as forças iraquianas enviaram mensagens para a população de Mossul, instando-a a ficar em casa e não procurar cruzar a linha de frente.

Mas a presença de centenas de milhares de civis no coração da cidade reduz a capacidade das forças do governo de recorrer a armas pesadas contra os 3.000-5.000 extremistas que lutam em Mossul.

Quase 50% das empresas do Brasil afirmam que possuem vagas disponíveis, mas não encontram profissionais qualificados para preenchê-las. O dado é resultado de uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) com 200 empresas brasileiras, sendo a maioria localizada na região Sudeste.

De acordo com o levantamento, 53% das empresas ouvidas acreditam que o país possui média oferta de mão de obra e 21,2% revelam ter problemas para encontrar profissionais qualificados em sua área de localização. Já 47% das corporações pesquisadas revelaram ter dificuldades para contratação.

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Segundo as empresas, as duas causas mais graves para a não contratação foram a falta de capacitação adequada e a expectativa de salário desalinhada.  As corporações também reclamaram da dificuldade de conseguir profissionais para assumir seus postos de trabalho. Aqueles que atuam no gerenciamento são os mais difíceis de ser contratados: 40,4% das empresas apontaram escassez. 

Na segunda colocação estão os profissionais da área de supervisão e coordenação, com 38% das citações. Já 15% das respostas estão para as áreas de trainee, estágio e assistência.

Ainda de acordo com o estudo, quase 78% das corporações afirmaram que oferecem capacitações aos funcionários. Além disso, 35% das empresas pesquisadas estão diminuindo as exigências, especialmente para os níveis técnico e administrativo.

Sobre os segmentos das empresas questionadas, o estudo dividiu percentuais por áreas de atuação: serviço (25%), indústria de construção (10%) bens de consumo (9%) e autoindústria (9%).

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Várias dezenas de pessoas que protestavam por causa da escassez de alimentos tomaram nesta quinta-feira algumas das principais vias do centro da capital. A situação fez com que dezenas de policiais e guardas nacionais interviessem, com o uso de bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

Aos gritos de "queremos comida", dezenas de manifestantes, em sua maioria de origem humilde, bloquearam duas das principais avenidas do centro da capital, em protesto por causa da crescente escassez de alimentos. O protesto começou perto do meio-dia, quando as autoridades levaram um carregamento de produtos que seriam vendidos em um comércio da área. A retirada dos produtos desatou a ira de dezenas de pessoas que aguardavam desde a madrugada no local para comprar alimentos e outros itens.

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Os frustrados compradores de imediato fecharam a avenida Fuerzas Armadas, no centro do país, aos gritos de "Vai cair, e vai cair, este governo vai cair". Em edifícios próximos, algumas pessoas bateram panelas, em sinal de apoio aos manifestantes. Em poucos minutos, dezenas de membros da Guarda Nacional e policiais tomaram a área para reabrir a via.

Alguns manifestantes começaram a se dirigir para a Avenida Urdaneta, também no centro de Caracas, para tentar fechá-la. As forças de segurança formaram então um grande cordão no meio da via, para evitar que avançassem os grupos de manifestantes que ameaçavam subir até o palácio do governo, que está a mais de um quilômetro da área onde ocorreu o protesto. A polícia lançou gás lacrimogêneo para dispersar os grupos.

"Queremos comida. Estão matando a gente de fome. Nossas crianças a esta hora não almoçaram", disse Wilfredo Martínez, um doceiro de 40 anos, enquanto se manifestava. "Queremos que venha alguém do governo e nos dê explicações porque não há comida."

Em meio aos protestos, se apresentaram algumas pessoas que se identificaram como partidárias do governo, que entre gritos e alguns golpes enfrentaram os manifestantes.

A Venezuela enfrenta uma complexa crise econômica, com uma inflação que, segundo estimativas, pode atingir 720% neste ano, severos problemas de escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, além de uma recessão que, segundo estimativas, poderia se agravar pela piora dos preços do petróleo, que é responsável por 96% da receita recebida pelo país com suas exportações. Fonte: Associated Press.

Diante de um mal-estar social cada vez maior, o governo francês tentava nesta terça-feira conter o risco de uma escassez de combustível, que ameaça paralisar o país, a menos de três semanas do início da Eurocopa.

As forças de segurança desbloquearam ao amanhecer uma refinaria e um depósito de combustível no sudeste do país, cujo acesso havia sido fechado e ocupado desde o dia anterior por membros do sindicato CGT que se opõem a uma reforma das leis trabalhistas, considerada muito liberal.

Dois meses e meio após a imposição pelo governo desta reforma, a tensão tem aumentado nos últimos dias, com o bloqueio de depósitos de combustíveis e refinarias orquestrado pelo CGT. O conflito ganha ares de uma disputa de queda de braço entre o governo socialista e o sindicato, historicamente próximo do Partido Comunista e que continua a ser o maior da França.

O presidente François Hollande denunciou nesta terça-feira o "bloqueio" dos locais petrolíferos como "uma estratégia apoiada por uma minoria".

"Não há dúvida de que os franceses se encontram numa situação de escassez, de bloqueio, que a nossa economia está bloqueada", ressaltou por sua vez o primeiro-ministro Manuel Valls, em Israel.

Para o chefe de Governo, o sindicato "CGT está em um impasse", "faz o país refém", mas "vai encontrar uma resposta extremamente firme".

Para o secretário-geral do CGT, Philippe Martinez, no entanto, é o primeiro-ministro que "joga um jogo perigoso", tentando "colocar os cidadãos contra o CGT". "A opinião pública" continua favorável à "contestação" do projeto de reforma trabalhista, declarou, pedindo para que a greve se generalize.

Mas "o CGT pode paralisar o país?", questionou nesta terça o jornal de esquerda Libération, observando que o sindicato, que acaba de sair de um difícil crise de sucessão, "não tem necessariamente os meios de suas ambições". De qualquer forma, "não cabe a uma central sindical fazer a lei", criticou o chefe do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis.

Economia 'feita refém'

Seis refinarias, de um total de oito na França, foram afetadas desde segunda-feira à noite contra quatro na véspera. Estes bloqueios têm provocado há vários dias grandes filas nos postos de abastecimento.

De acordo com o Secretário de Estado para os Transportes, Alain Vidal, "cerca de 20% dos postos de combustível estão fechados ou passando por grandes dificuldades" de um total de 12.000 estabelecimentos no país.

As autoridades pediram para que os motoristas não "façam estoques" de combustível, dizendo que "nada justifica" essa ação. A companhia petrolífera Total, que opera cinco refinarias bloqueadas, vai rever os seus investimentos no setor na França, alertou.

O desenrolar do conflito também depende em grande medida da resposta do governo, apontaram nesta terça-feira vários jornais franceses.

Porque a "convergência das lutas", desejada por muitos opositores radicais da reforma trabalhista, parece ter diminuído: a mobilização nas universidades está "perdendo força" e o movimento cidadão Nuit Debout, reunido na emblemática Place de la République em Paris, "parece, por agora, estar se apagando tranquilamente", segundo Libération.

O movimento dos rodoviários, iniciado há uma semana, também parece perder força, depois das garantias dadas pelo governo sobre o pagamento de horas extras. Quanto aos ferroviários, a greve na segunda-feira não foi aderida por uma maioria em Paris e seus subúrbios.

Mas outros setores poderiam se agitar nas próximas horas. O CGT apelou os condutores do metrô a uma greve por tempo indeterminado a partir de 02 de junho.

A central sindical também pediu aos ferroviários uma greve renovável às quartas-feiras e quintas-feiras. Um cenário de pesadelo para o governo, que espera cerca de 7 milhões de visitantes na França a partir de 10 de junho para a Eurocopa 2016.

A ministra do Trabalho, Myriam El-Khomri, alertou que "não há dúvida" de que a economia "foi feita refém" a três semanas da importante competição.

As dificuldades de fornecimento de combustível continuavam nesta segunda-feira (23)  na França, onde refinarias e depósitos de gasolina estavam bloqueados pelas greves contra o projeto de reforma da lei trabalhista do Executivo socialista. "Cinco das oito refinarias francesas estão em greve, paralisadas ou em processo de paralisação", indicou à AFP Emmanuel Lépine, dirigente do braço petróleo do sindicato CGT.

Dos 189 depósitos de combustível bloqueados pelos trabalhadores do setor há vários dias, muitos foram desbloqueados pela força pública, confirmou à AFP Eric Sellini, coordenador CGT do grupo Total, que não indicou o número preciso de depósitos bloqueados no país.

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Classificando os bloqueios de "ilegítimos", o ministro das Finanças, Michel Sapin, ressaltou na segunda-feira a vontade do governo de utilizar "todos os instrumentos" de que dispõe pra pôr fim aos mesmos.

"Vamos seguir evacuando um certo número de locais, em particular os depósitos", afirmou no domingo o primeiro-ministro Manuel Valls a partir de Tel Aviv, onde realiza uma visita.

O bloqueio das estruturas petrolíferas criou problemas de abastecimento nos postos de combustível, principalmente no noroeste do país. O fenômeno foi agravado pelos motoristas que, temendo a falta de combustível, se dirigiram aos postos para encher seus tanques, levando as autoridades a implementarem medidas de racionamento.

Um total de 1.500 postos de combustível, dos 12.000 existentes na França, sofriam com falta total ou parcial de combustível, segundo o secretário de Estado de Transportes, Alain Vidalies.

O resultado da escassez e encarecimento do crédito será a queda contínua dos investimentos do Brasil. A previsão é que o País termine 2015 com a pior taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) desde 2006. Projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB.

Sem perspectivas de melhora no curto prazo, seja no campo econômico ou político, as empresas estão em compasso de espera, adiando investimentos e engavetando projetos.

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"A economia cresce com base na confiança de investidores e consumidores. Uma notícia ruim como o rebaixamento traz um dano para a confiança. O empresário fica mais receoso e começa a repensar os investimentos", afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper. "E o consumidor fica com medo de perder o emprego. Ele restringe ainda mais o consumo. Ficamos num círculo vicioso."

A grande crítica é que uma expansão nos investimentos, em especial no setor de infraestrutura, poderia ser o fôlego para a retomada do crescimento econômico. "Mas o que estamos vendo é o contrário: uma perda de fôlego do governo para investir em infraestrutura", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

"Com a perda do grau de investimento, o esforço para reformar a economia terá de ser ainda maior. Talvez essa decisão (da S&P) possa pressionar o Congresso para ficar mais disposto e aprovar medidas importantes e o governo cortar gastos necessários."

É o que o mercado espera para melhorar a situação fiscal do País e reverter o quadro de recessão. Na coletiva, após a perda do grau de investimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não apresentou medidas concretas para as contas públicas, mas indicou novo corte de gastos e aumento de impostos.

"O que o mercado gostaria de ver nesse momento são medidas que tragam sustentabilidade para a dívida", afirma Marcelo Kayath, diretor de renda fixa e variável do Credit Suisse na América Latina. "O que vai fazer o mercado de capitais se movimentar ou não depende das medidas que a equipe econômica vai tomar."

O governo também se movimenta para evitar que as outras duas agências de rating, Fitch e Moody’s, não rebaixem o País. Mas, na avaliação de Kayath, "o mais provável" é que todas retirem o grau de investimento. "O timing de cada agência é diferente, mas eu não vejo como manter o grau de investimento com os números que estão no mercado."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Despoluição do Rio Pinheiros e da Billings, uso de reatores para transformar esgoto em água de reúso, instalação de cortina para barrar detritos em represa e até de uma cobertura para evitar a evaporação. Após recorrer ao mercado no auge da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) recebeu cem propostas para combater a escassez de água, mas nenhuma capaz de resolver o problema ainda neste ano.

Ninguém chegou e disse assim: 'Eu resolvo seu problema em 2015', resume Edison Airoldi, superintendente de Planejamento Integrado da Sabesp, responsável por avaliar as cem propostas recebidas durante a chamada pública aberta há três meses. O objetivo imediato não foi atendido, mas provou que a gente estava no caminho certo, que nossas ações se mostraram as melhores no curto prazo que tínhamos, completa.

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Das cem propostas, a Sabesp classificou 26 como promissoras, ou seja, podem ser adotadas no futuro, para aumentar a oferta de água na Grande São Paulo a partir de 2016. Nove delas envolvem a Represa Billings, considerada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a grande caixa d'água da região metropolitana e a aposta da Sabesp para evitar o rodízio no abastecimento neste ano.

Uma das ações destacadas é o tratamento e reversão de 15 mil litros por segundo do Rio Pinheiros para a Billings, por meio da flotação, técnica que consiste em aglutinar a sujeira do rio em grandes grãos para removê-los. O método chegou a ser testado entre 2007 e 2009, mas foi criticado por alguns ambientalistas e pelo Ministério Público e abandonado pelo governo. Em fevereiro, quando o Cantareira chegou a 5% da capacidade, considerando as duas cotas do volume morto, e a Sabesp buscou ajuda do mercado, Alckmin defendeu a prática.

Esse processo já foi referendado pela Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), pela Sabesp e pela Escola Politécnica da USP. Com 15 mil litros por segundo, você consegue encher a Billings inteira em dois anos e meio, sem falar do ganho ambiental de limpar a água do Pinheiros, afirma João Carlos Gomes Oliveira, presidente da DT Engenharia, responsável por essa e outras 10 propostas. Todas poderiam ser adotadas ainda neste ano, mas ia depender da capacidade de investimento da Sabesp, que, como sabemos, está com dificuldade financeira.

Em cima

Sete das 26 propostas estão ligadas a obras ou soluções já apresentadas pela Sabesp, como a ampliação da capacidade de produção do Sistema Guarapiranga, aumento da transferência de água para o Sistema Alto Tietê e a construção de estações produtoras de água de reúso, que Alckmin anunciou para este ano, mas já foram postergadas.

Eles (Sabesp) até nos chamaram para discutir a proposta de tratar até 15 mil litros por segundo do Rio Pinheiros com reatores biológicos dentro da Billings. Também sugerimos tratar água dos Rios Tietê e Pinheiros em contêineres instalados nas Marginais para uso não potável pela indústria, afirma Mauro Coutinho, diretor técnico da Centroprojekt.

Para o inventor Pedro Ricardo Paulino, que propôs a instalação de miniusinas que fabricam água usando a umidade dos rios nas Marginais, o chamado da Sabesp ficou em cima da hora. Já tinha sugerido isso em setembro, mas deixaram para a última hora. Agora, fica mais difícil e caro, diz. A proposta de Paulino, a exemplo de outras envolvendo dessalinização da água do mar e coleta de água em cisternas caseiras, foi descartada pela Sabesp.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Não é novidade que a comercialização de peixes aumenta na Semana Santa. Com a procura maior, o aumento no preço vem junto, mas nem sempre o retorno para os comerciantes é tão vantajoso. 

O presidente da colônia de pescadores em Brasília Teimosa, Zona Sul do Recife, Augusto de Lima (foto à direita), conta que o peixe está tão caro devido sua escassez. A produtividade, segundo ele, tem sido cada vez mais fraca. Os pescadores chegam a passar 12 dias seguidos pescando em busca de um retorno, que ainda assim não vem como o esperado.

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Ele explica que o crescimento desenfreado tem ajudado para isso, pois implica na alteração climática. Como o homem precisa fazer uso de recursos naturais, isso acaba prejudicando o meio ambiente, que consequentemente afeta o ciclo de reprodução dos peixes. “As geadas, a escassez de água, a corrente e o vento mudando, tudo isso afeta o oceano, e é um problema irreversível. Cada vez mais o clima vai se degradando. A tendência é ter que fazer peixe de laboratório”, prevê o presidente da colônia. 

Rosiélio Pereira, conhecido como Carpinteiro, é dono de uma peixaria, e confirma que as vendas não têm sido boas, apesar da proximidade da Páscoa. “Esse ano a expectativa é de poucas vendas na Semana Santa, justamente por causa do preço alto”.

Desde julho, uma situação inusitada ameaça os 21 produtores de frutas do Projeto Pirapora, em Minas Gerais, referência por ter sido em 1975 a primeira experiência de irrigação com as águas do São Francisco em Minas Gerais. O rio começou a baixar rapidamente. E baixou tanto que o local da captação de água foi invadido pela areia.

Desesperado, Nadson Martins, gerente do projeto, fez uma gambiarra. Arrumou uma escavadeira, rasgou o leito do rio, abriu um canal e pediu emprestadas bombas flutuantes para jogar água no encanamento do sistema de irrigação. "Sem a água do São Francisco, o projeto não existe: se não chover logo, podemos passar a chave no portão e ir embora."

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Entre os rios 100% brasileiros - que nascem e deságuam dentro das fronteiras do País -, o maior é o São Francisco. A sua bacia hidrográfica ocupa 7,5% do País. Está presente em 521 municípios, quase 10% do total nacional. No entanto, apesar do porte e da tradição de resistência às intempéries climáticas, nem ele suporta a estiagem.

A reportagem percorreu 1,7 mil km de estradas - metade delas de terra beirando o São Francisco - para ver de perto a situação do rio. O trecho escolhido foi o chamado Alto São Francisco, em Minas. Pelo caminho, encontrou plantações de café e eucalipto amarelando, gado magérrimo em busca de abrigo sob árvores sem folhas, fazendas com pivôs de irrigação desligados e a terra nua à espera da chuva para o plantio.

Junto ao rio, o que mais se avista é o seu fundo, que emergiu criando ilhas, ora de pedras, ora de areia. Em outros pontos, abriram-se poças. Lá os peixes são presas fáceis para a pesca, a essa altura já considerada predatória, dada a facilidade com que cardumes inteiros são capturados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de três anos após a remoção das famílias que ocupavam seu território, a Represa Taiaçupeba, em Suzano, na Grande São Paulo, ainda opera com 35% a menos da capacidade de armazenamento. A área onde cabem 46,9 bilhões de litros adicionais para a produção de água do Sistema Alto Tietê está tomada de mato e cortada por uma estrada. Se o reservatório tivesse sido inundado desde 2011, o segundo maior manancial que abastece a Região Metropolitana poderia estar hoje com um volume disponível 9% maior.

"Se esses braços da Taiaçupeba tivessem sido inundados lá atrás, certamente nós estaríamos hoje em uma situação melhor. Talvez não precisássemos usar o volume morto do manancial", afirma o engenheiro José Roberto Kachel, ex-funcionário da Sabesp e integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Segundo ele, o volume útil do sistema, que também enfrenta crise de estiagem, pode zerar em cerca de cem dias, caso não volte a chover.

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Capacidade

Na sexta-feira, o Alto Tietê estava com 17,3% da capacidade, a mais baixa da história. Isso significa que restam hoje, nas cinco represas do manancial, cerca de 90 bilhões de litros. Se a Taiaçupeba, segundo maior reservatório do sistema, estivesse operando com capacidade máxima, o volume poderia ser de 137 bilhões de litros, ou 26,3% da capacidade total do Alto Tietê, que só fica atrás do Sistema Cantareira em volume armazenável.

O imbróglio envolvendo o enchimento total da Represa Taiaçupeba já dura mais de 30 anos. A inundação deveria ter ocorrido no fim dos anos 1970, pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), mas o processo ficou suspenso porque a empresa de papelão Manikraft entrou na Justiça contra a desapropriação de sua fábrica no local. Em 1992, a Taiaçupeba começou a operar parcialmente, com a capacidade que tem hoje, de 85,2 bilhões de litros.

O litígio só foi resolvido em junho de 2008 e a Manikraft deixou o local. A partir daí, o impasse passou a ser a remoção de 741 famílias que moravam na área. O processo começou em 2009, organizado pelo DAEE, pela Sabesp, pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), todos do governo paulista, e pela prefeitura de Suzano. Em um informativo da época, o governo afirma que, sem o enchimento total da Taiaçupeba, "cerca de 3 milhões de pessoas poderão sofrer com racionamento".

Transbordo

Segundo moradores, as famílias foram retiradas em 2010. Em abril daquele ano, as represas transbordaram, e o sistema superou 100%. A Sabesp afirma que o processo terminou em abril de 2011. À época, o Alto Tietê estava com 81,8% da capacidade. Agora, com nível baixo, a companhia planeja retirar cerca de 25 bilhões de litros do volume morto das Represas Jundiaí e Biritiba. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Alvo de uma disputa acirrada por água, a Bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece cerca de 15 milhões de pessoas em São Paulo, Rio e Minas Gerais, vive em 2014 uma das piores secas de sua história. O déficit diário no volume de armazenamento dos quatro reservatórios do sistema, que chega a superar os 10 bilhões de litros, já consumiu 1,37 trilhão de litros desde janeiro. É como se, a cada mês, uma Represa do Guarapiranga cheia (171 bilhões de litros) desaparecesse do Paraíba do Sul.

Como a estiagem deve perdurar ao menos até meados do próximo mês, a Bacia do Paraíba do Sul deve continuar liberando mais água do que recebendo para as cidades do Vale do Paraíba, em São Paulo, e para a Região Metropolitana do Rio. Isso deixará os mananciais em setembro com um déficit equivalente a um Sistema Cantareira e meio (1,47 trilhão de litros) e o nível de armazenamento abaixo dos 20% da capacidade. Em janeiro, o índice era de 51%. Apenas em outubro começa o período chuvoso.

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A situação mais crítica é a da Represa Paraibuna, que fica na região de São José dos Campos, nordeste paulista. Maior de todos os reservatórios do sistema, com capacidade para 2,64 trilhões de litros, ela opera hoje abaixo de 12% da capacidade. Na sequência aparece a vizinha Santa Branca, cujo nível de armazenamento atingiu a marca de 28%, índice semelhante ao do reservatório Funil, na região de Itatiaia, interior do Rio.

"A situação é dantesca e piora a cada dia. Em Redenção (da Serra) e Natividade da Serra, que são cidades lindeiras e dependem da Represa Paraibuna tanto para abastecimento como economicamente, temos registro de problemas sanitários, com surto de diarreia", afirma a vereadora Renata Paiva (DEM), de São José dos Campos, uma das líderes do Movimento pela Defesa do Paraíba do Sul.

Disputa

Das quatro represas da bacia, a Jaguari, que fica entre as cidades de Igaratá, Santa Isabel e Jacareí, é a que está com maior nível de armazenamento, cerca de 37%. Ela é a protagonista dos dois capítulos sobre a "guerra" da água entre os governos paulista e fluminense: a redução na vazão do Rio Jaguari para o Rio Paraíba do Sul feita pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp); e o projeto de transposição de água para o Sistema Cantareira.

No primeiro caso, a crise estourou em março, quando o governo de São Paulo anunciou a construção de um canal de 15 quilômetros para transferir 5 mil litros por segundo da Represa Jaguari, em Igaratá, para a Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o projeto beneficia as duas regiões porque a água pode ser remanejada nos dois sentidos, dando "maior segurança hídrica" às duas regiões.

A ideia é de que a obra, orçada em R$ 500 milhões, esteja concluída até o início de 2016 para ajudar na recuperação do Sistema Cantareira, que atravessa a pior crise de estiagem em 84 anos e, desde julho, opera exclusivamente com água do chamado volume morto, reserva profunda dos reservatórios. O plano foi duramente criticado pelo governo do Rio e por prefeituras do Vale do Paraíba, que temem impacto da medida no volume de água disponível no Rio Paraíba do Sul para abastecimento dos municípios.

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio moveu uma ação na Justiça contra a transposição e recebeu apoio do governo Luiz Fernando Pezão (PMDB). "Somos muito sensíveis ao problema de São Paulo, desde que não afete o abastecimento do Rio, de Minas e do próprio Vale do Paraíba", resumiu Danilo Vieira Júnior, presidente do Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul e secretário do Meio Ambiente de Minas.

O projeto de transposição está relacionado ao segundo episódio da guerra da água. No início do mês, a Cesp passou a liberar na sua usina no Rio Jaguari para o Rio Paraíba do Sul apenas um terço do volume de água determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para preservar a represa que pode socorrer o Cantareira. Nova troca de farpas entre São Paulo, Rio e órgãos federais se sucedeu. O governo paulista argumentou que era preciso dar prioridade ao abastecimento humano e reduzir a água destinada para geração de energia e diluição de esgoto no Rio.

O outro lado disse que a medida provocaria um colapso no abastecimento de água de 71 cidades. No início desta semana, chegou-se a um acordo no qual a Represa Jaguari vai liberar mais água e a Paraibuna menos, além de uma redução no volume destinado ao Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Coreia do Norte sofre sua pior seca em trinta anos, que ameaça milhares de hectares de cultivos de subsistência, anunciaram nesta sexta-feira os meios de comunicação oficiais. A seca afeta todo o país com precipitações médias de 23,5 mm entre meados de fevereiro e o fim de abril, período crucial para os cultivos. Significa 35% do normal, algo que não era visto desde 1982, segundo a agência KCNA.

"Milhares de hectares de cultivo de primavera, como a cevada, o trigo e as batatas, estão afetados", disse a KCNA. "Espera-se que as colheitas de cereais sejam muito escassas", acrescentou.

A Coreia do Norte sofre escassez de alimentos frequentes devido ao isolamento econômico do Estado comunista, à seca e às inundações. A fome deixou centenas de milhares de mortos nos anos 1990.

O medo de faltar profissionais para suprir demandas de serviços assusta as mais variadas áreas de trabalho. O caso dos médicos, mais recente no Brasil, é um exemplo. Outra categoria importante para a economia brasileira vive essa incógnita:a de engenheiros.

Apesar do receio, os setores que necessitam desses profissionais podem “respirar”mais aliviados. Um debate realizado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em trabalho conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), chegou a conclusão que não há risco de um “apagão” generalizado de mão de obra. A discussão, subsidiada por uma pesquisa da USP, aponta que em termos quantitativos, estas pressões tendem a ser resolvidas com a ampliação da oferta de novos engenheiros, uma vez que os cursos da área voltaram a atrair os alunos.

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Na realidade do Estado de Pernambuco, não vão faltar engenheiros. A informação é do presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco (Senge), Fernando Freitas. Entretanto, o representante da categoria afirma que já existem vagas que não são ocupadas pela ausência de profissionais qualificados. “Engenheiro tem, mas falta profissional especializado”, comenta Freitas.

“O problema não é de escassez. O problema é a falta de qualificação. A empresas agora buscam não mais o profissional generalista. Elas querem engenheiros com conhecimentos específicos. A verdade é que o mercado está muito mais exigente”, complementa o presidente do Senge. De acordo com Freitas, as instituições de ensino locais falham quando preparam o profissional generalista. “É certo que não falta vaga para engenheiros. Mas, esses profissionais poderiam ocupar cargos bem melhores se forem especialistas”, finaliza.

A favor dos generalistas

Em contraponto à opinião de Fernando Freitas, o coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Ribeiro, acredita que o mercado local absorve sim os engenheiros civis. “Eu não vejo nenhum problema em formar um generalista. O importante é ter capacidade de resolver qualquer tipo de problema. A princípio, um engenheiro pode até não saber como resolver uma determinada situação, mas, sabe analisar e conversar com outros profissionais em busca de uma solução”, explica Ribeiro.

De acordo com o coordenador, entre as áreas que mais procuram engenheiros, se destacam o próprio segmento civil e o de estruturas. Ele também aponta como promissores as áreas de geotecnia, recursos hídricos, transportes e saneamento.

Falha - Mesmo Pernambuco estando entre os estados que cresce economicamente no Brasil, com destaque para a construção civil, o Estado é falho no monitoramento dos engenheiros. Segundo a Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE), não existe um levantamento de quantas vagas abertas existem para engenheiros ou previsão de abertura de oportunidades. A assessoria de imprensa do órgão informou a nossa reportagem que a secretária Ana Cláudia Dias Rocha não tinha informações concretas para abordar o assunto, ao mesmo tempo, em que diversas instituições brasileiras discutem a escassez de engenheiros.

Segundo o Senge, Pernambuco tem em torno de 14 mil engenheiros. De acordo com o Ipea, até o ano de 2020, a expectativa é que o número de profissionais requeridos pelo mercado de trabalho formal seja entre 600 mil a 1,15 milhão de engenheiros.

O município do Rio de Janeiro abre 102 vagas anuais para residência em Medicina de Família e Comunidade. É o maior programa do País, segundo a prefeitura. Sessenta vagas são oferecidas pela própria Secretaria Municipal de Saúde e as demais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz. A relação candidato-vaga é de três para uma, o que se justifica pela bolsa de R$ 8 mil líquidos, acima da média do Rio.

"Parece muita vaga, mas ainda é insuficiente", diz o coordenador do programa municipal, José Carlos Prado Junior. "É um foco da nossa gestão. Se a gente não se preocupa com formação, não há como ter profissionais qualificados."

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A formação dura dois anos. São até 60 horas de dedicação semanal, sendo 70% nas unidades de atenção básica e 30% nos ambulatórios de urgência e emergência, nas áreas de Pediatria e Clínica Médica, e nas aulas teóricas. Especialistas trabalham como preceptores dos residentes - dão aulas e supervisionam os atendimentos. A média é de 350 pacientes por mês por residente.

Residente no centro municipal de saúde do Catete, zona sul do Rio, a médica Luciana Figueiredo, de 27 anos, chega a atender até 30 pessoas em um dia cheio - e está feliz. "É gratificante ver a melhora do paciente. Hoje vejo que é essa medicina que idealizei quando entrei na faculdade." Recentemente, Luciana largou os plantões semanais, que rendiam R$ 3,5 mil por mês trabalhando 12 horas todo sábado."Ficava muito cansada. Meu projeto de vida agora é a medicina de família. Não vou dedicar meu tempo nessa especialização para trocar depois."

Estrutura

Onze unidades de atenção primária, entre clínicas da família e ambulatórios, servem ao treinamento na rede. São as mais bem aparelhadas e ficam em áreas de grande adensamento, como as favelas da Rocinha e do Alemão.

Os residentes são majoritariamente do Estado, mas há estudantes de São Paulo, Minas Gerais e do Espírito Santo, o que se deve à forte divulgação feita pela secretaria. Além disso, 60% são egressos de faculdade particular.

O município é pioneiro no Brasil nesse segmento de residência. A formação começou em 1976, quando a especialidade era chamada de Medicina Geral e Comunitária. Em 2012, surgiu a primeira turma própria da Secretaria Municipal de Saúde, com 60 vagas.

Neste momento estão cursando 59 residentes do primeiro ano e 45 do segundo. Se depois de formados eles optarem por carreira na rede municipal na mesma área, os ganhos podem chegar a R$ 20 mil - a média salarial é de R$ 14 mil.

Hoje, são atendidos na atenção básica 2,7 milhões de cariocas, e a meta é dobrar o número em três anos. A Secretaria Municipal de Saúde dispõe de 813 equipes de saúde de família e quer chegar a 1.440 em 2016.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No Brasil, as leis de mercado ajudam a explicar a falta de profissionais capacitados para atuar como médicos da família. A baixa procura pela residência na área gera pouca oferta nas universidades e, consequentemente, déficit de mão de obra nas unidades públicas de saúde. E, como se não bastasse, as matrículas não preenchem as vagas. A taxa de ociosidade chega a 71%. Na prática, só uma em cada quatro vagas é ocupada.

O índice reflete a realidade de algumas faculdades de São Paulo. O programa de residência da Santa Casa de Misericórdia, por exemplo, tem oito bolsas autorizadas para Medicina de Família e Comunidade, mas só duas estão preenchidas. "Não abrimos todas porque não há procura", diz o presidente da comissão de residência, Rogério Pecchini.

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Em outras escolas, como o Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, a especialidade nem é oferecida como residência médica, apesar de o hospital comandar parte das equipes de saúde da família da Prefeitura de São Paulo. A demanda por profissionais especializados na área deve forçar a instituição a criar vagas de ensino, mas a expectativa de procura é baixa.

"A atenção básica não oferece status. Os recém-formados buscam isso em especialidades, como cancerologia ou radiologia, em que temos 55 candidatos por vaga. Espero que o Mais Médicos ajude a mudar esse quadro", diz o diretor Roberto de Queiroz Padilha. O programa federal usa a falta de interesse dos brasileiros para justificar a importação de profissionais formados no exterior.

A valorização de especialidades como neurologia e cirurgia plástica provoca uma discrepância na oferta de bolsas para saúde comunitária até onde a demanda por esse profissional é alta. O mapa da distribuição das vagas de residência em Medicina de Família e Comunidade mostra que todos os anos são abertas 702 vagas - só 6% das 11.383 bolsas oferecidas aos formandos de Medicina.

Em quantidade absoluta, Minas Gerais tem o maior número de matrículas nesse tipo de residência: 126. Já no levantamento per capita, Roraima é o primeiro do ranking, com 1,8 vagas por 100 mil habitantes. Na contramão, a chance de achar um médico de família no Piauí, Rondônia e Amapá é zero - não existe ensino específico nos três Estados. Hoje, há 3.253 médicos de família no Brasil - o que representa 0,9% do total de profissionais com registro.

Futuro

Uma das explicações é a falta de perspectiva da carreira. Apesar de alguns locais pagarem salários altos, que chegam a R$ 30 mil mensais para segurar um médico da família, as poucas chances de progresso do serviço público afastam candidatos. Há ainda incertezas sobre a possibilidade de transferência para cidades maiores.

"O Programa Saúde da Família é pouco atrativo. E não se trata de salário. O médico que aceita trabalhar em locais de difícil acesso se sente sozinho. Não há respaldo e apoio que garanta a ele que o trabalho será bem sucedido", diz Gilmar Fernandes do Prado, que coordena a comissão de residência médica da Universidade Federal de São Paulo. Assim, quem aceita trabalhar com saúde da família não é especializado e fica pouco tempo no emprego, geralmente só até conseguir vaga em outra área.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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