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Por 10 votos a 1, o Conselho Nacional de Justiça anulou a aplicação de pena de censura à juíza Kenarik Boujikian, imposta pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Kenarik foi alvo de representação na Corregedoria-Geral do TJ paulista por supostamente ter violado o "princípio da colegialidade" e por "não ter se atentado aos deveres de seu cargo".

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Monocraticamente, ela decidira pela liberação de presos que estavam em regime provisório a mais tempo do que o fixado em sentença de primeiro grau, enquanto aguardavam recurso de apelação ao TJ.

Em sete dos casos apontados pelo representante, desembargador Amaro Thomé Filho, havia apenas recurso por parte da defesa, isto é, que não poderiam aumentar as penas impostas, alegou a defesa de Kenarik, por meio do criminalista Igor Sant’Anna Tamasauskas.

"Bastaria, por exemplo, que os advogados constituídos desistissem de recorrer para que os presos provisórios fossem postos em liberdade", anotou Tamasauskas.

O advogado argumentou que em outros três casos, os recursos eram da acusação e da defesa. Mesmo nesses casos, diz a defesa da magistrada, as prisões se estendiam para mais tempo do que a condenação estabelecida em sentença, ou seja, a prisão se mantinha por uma "expectativa de aumento de pena", situação que o CNJ já apontara como indevida no mutirão de desencarceramento de 2011.

Na sessão da instauração do processo disciplinar pelo TJ, o então corregedor disse expressamente que tinha recomendado à Kenarik que se aposentasse, pois esse processo redundaria em "mancha" na sua carreira.

Na ocasião, o Tribunal de Justiça, por maioria - vencidos, entre outros, o presidente da Corte, desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, e os desembargadores Antonio Carlos Malheiros e Sérgio Ruy -, acabou aplicando uma pena maior do que aquela recomendada pelo próprio Ministério Público, a censura, que impediria a magistrada em 2.º grau de concorrer ao cargo de desembargadora.

No começo deste ano, a defesa de Kenarik, representada por Igor Sant’Anna Tamasauskas, apresentou uma revisão disciplinar ao CNJ, argumentando frontal violação à independência jurisdicional, bem como a punição indevida por não ter sido identificado dolo ou culpa da magistrada. Foi pleiteada liminar para obstar a realização de concurso de promoção enquanto não finalizada a tramitação do expediente perante o Conselho Nacional. Essa liminar foi deferida.

Nesta terça-feira, 29, o CNJ julgou o mérito da revisão, após sustentação oral da advogada Débora Rodrigues, do Bottini e Tamasauskas Advogados, e revogou a pena de censura.

Para os advogados que defenderam Kenarik, a decisão "recolocou ordem à atividade da magistrada".

"O Conselho Nacional de Justiça reparou uma enorme injustiça que estava ocorrendo contra uma pessoa séria, preparada, preocupada com sua jurisdição. Justiça à Kenarik", declarou Igor Sant’Anna Tamasauskas.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) pagou, no mês de julho, valores líquidos acima do teto constitucional para quase 98% dos magistrados. O teto, de R$ 33.763,00, é equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que 1.610 magistrados mineiros (ou 97,5% do total) receberam pagamentos acima do teto no mês passado, sendo que quatro deles - e 12 servidores - receberam mais de R$ 100 mil líquidos. O contracheque mais alto foi o de um juiz de entrância especial, no valor de R$ 461.153,91 líquidos em julho. Outros dois juízes o seguiram no ranking, com R$ 408.690,36 e R$ 362.228,19.

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No Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), mais da metade dos magistrados (56%) recebeu em julho vencimentos líquidos acima do teto. O limite é ultrapassado porque, além dos salários, os servidores costumam receber outras vantagens em dinheiro, e estas não são consideradas no cálculo do teto.

Em Minas Gerais, por exemplo, enquanto os gastos com os salários propriamente ditos dos mais de 17 mil magistrados e servidores foram de R$ 60,3 milhões, os valores pagos em referência a vantagens eventuais e a indenizações chegaram, somados, a R$ 170 milhões. Ou seja, quase o triplo dos gastos salariais.

Foram R$ 145,2 milhões somente em vantagens eventuais. Nesta categoria de benefícios estão indenização de férias, abono constitucional de 1/3 de férias, antecipação de férias, gratificação natalina, antecipação de gratificação natalina, serviço extraordinário, substituição e pagamentos retroativos, entre outros.

As indenizações - como os auxílios a alimentação, moradia, transporte, pré-escola, saúde, natalidade, além de ajuda de custo e outros tipos de auxílio - custaram R$ 24,8 milhões.

Em julho, as vantagens concedidas aos juízes de Minas fizeram com que seus vencimentos ficassem bem acima dos do TJ de São Paulo. Em média, cada desembargador mineiro recebeu pouco mais de R$ 60 mil. Entre os paulistas, a média ficou em cerca de R$ 49,4 mil.

Isso se deve ao fato de, em São Paulo, ser menor o peso das indenizações, vantagens eventuais e gratificações. Os salários dos desembargadores consumiram R$ 72 milhões, enquanto outros benefícios, somados, atingiram R$ 49 milhões.

'Benefícios'

Para Juliana Sakai, diretora de operações da ONG Transparência Brasil, Tribunais de Justiça tentam "burlar o teto constitucional" ao usar "penduricalhos com benefícios". "Há um motivo de essas regras terem sido feitas, há um motivo para haver um teto constitucional, para não se aumentar os salários indefinidamente", afirmou. "Dessa forma eles conseguem receber os aumentos que não receberiam."

Há duas semanas, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, determinou que os tribunais devem informar os dados salariais ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para a manutenção de um banco online que facilite a análise de possíveis inconsistências e pagamentos acima do padrão. A decisão foi tomada após a Coluna do Estadão mostrar supersalários em Mato Grosso. O prazo para entrega dos dados pelos tribunais se encerra nesta quinta-feira (31).

Um grupo de trabalho da Corregedoria do CNJ deve apresentar nos próximos dias uma proposta para padronização de dados de folhas de pagamento de tribunais, para ajudar a mapear potenciais irregularidades.

TJ-SP nega 'penduricalhos'

O Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou nesta segunda-feira que não há ilegalidade nos vencimentos dos magistrados e servidores da corte. O TJ-SP também negou, em nota, a existência de "penduricalhos" nos contracheques pagos.

"A remuneração paradigma de todos os magistrados paulistas observa estritamente o teto constitucional; outras verbas porventura agregadas, em regra, de forma episódica, a este valor são pagas nos exatos termos da lei e de resoluções editadas pelo Conselho Nacional de Justiça; não se tratando, como muitas vezes se afirma, de 'penduricalhos' despropositados", afirma o comunicado.

Segundo o tribunal, entre as vantagens eventuais está a "venda" de férias por juízes e funcionários e o pagamento retroativo de "diferenças salariais" de setembro de 1994 a dezembro de 1997, "reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal".

O Tribunal de Justiça paulista afirma que o auxílio-alimentação e o auxílio-moradia, indenizações recebidas pelos magistrados, são legais. O primeiro, "por se tratar de verba com eminente caráter indenizatório, não se submete ao teto remuneratório". O segundo, de acordo com o tribunal, foi reconhecido pelo Supremo e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

TJ-MG diz que não extrapola teto

A corte mineira foi questionada pela reportagem nesta segunda-feira, mas respondeu apenas na manhã desta terça-feira, 29. "O vencimento básico (subsídio mensal) no Tribunal de Justiça de Minas Gerais não extrapola o teto legal. A aplicação do limite constitucional (teto) no âmbito do Poder Judiciário é regulamentada pelas Resoluções 13 e 14 do Conselho Nacional de Justiça. Os valores pagos pelo TJMG atendem às disposições legais e a esse limite", diz a nota enviada pelo tribunal.

A assessoria afirmou que "os valores questionados são individuais e foram pagos eventualmente no mês de julho e significam o pagamento de férias vencidas e não gozadas referentes a períodos anteriores e obedecem ao princípio da eficiência e continuidade do serviço público". "Além disso, houve aposentadoria de outros que, por isso, receberam férias prêmio acumuladas ao longo de sua carreira, na forma da lei", alegou o tribunal.

Segundo a assessoria do TJ-MG, a "disponibilização da tabela de vencimentos mensais encaminhada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) é regularmente publicada no Portal TJMG, no link transparência". "Não é, pois, questão nova e é tratada com tranquilidade funcional por este Tribunal", finalizou a assessoria de Comunicação Institucional do TJ-MG. Colaborou Cecília do Lago. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio a uma polêmica em torno de altos salários pagos a juízes de Mato Grosso, a presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, publicou uma portaria em que o CNJ obriga os tribunais pelo Brasil a informar dados sobre estrutura e pagamentos remuneratórios de juízes, alegando ser necessário para que o órgão apure eventuais descumprimentos do teto salarial. Os dados ficarão disponíveis no site do CNJ e poderão ser utilizados em procedimentos de investigação internos no CNJ.

A informação de que Cármen Lúcia publicaria uma portaria visando ao controle de gastos dos tribunais foi antecipada pela Coluna do Estadão, que revelou, também, gordos contracheques no Tribunal de Justiça do Mato Grosso, cuja folha salarial de julho incluiu R$ 114,6 mil ao presidente, Rui Ramos Ribeiro.

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A presidente do CNJ decidiu também pedir detalhamento específico dos pagamentos feitos aos magistrados. Atualmente, já há alguma divulgação de tribunais sobre remunerações, mas sem especificar quanto se refere a salários, quanto a benefícios. Uma das determinações é para que os tribunais enviem, em um prazo de dez dias úteis, a lista com os pagamentos feitos neste ano, de janeiro a agosto.

A portaria estabelece que, a partir de setembro, os tribunais terão até cinco dias após o pagamento aos magistrados, para encaminhar cópia da folha salarial, "para divulgação ampla aos cidadãos e controle dos órgãos competentes e para controle da regularidade do orçamento e finanças de cada qual dos Tribunais pelo CNJ".

Cármen Lúcia afirma que "a Presidência do Conselho Nacional de Justiça providenciará a adoção de medidas específicas pela Corregedoria Nacional de Justiça para explicitação ou adoção de providências, quando for o caso, de descumprimento das normas constitucionais e legais sobre pagamentos realizados sem o fundamento jurídico devido".

A ministra justifica que isso é necessário para o CNJ "cumprir as suas atribuições constitucionais de controle da legalidade e da moralidade pública" e destaca, ainda, "a necessidade de se garantirem as apurações em curso neste órgão sobre descumprimento do teto constitucionalmente assentado".

"O Conselho Nacional de Justiça manterá, em seu sítio, espaço específico de transparência dos dados relativos aos pagamentos realizados a todos os magistrados pelos órgãos de jurisdição brasileira submetidos a seu controle", observa Cármen Lúcia na portaria.

Segue a lista das resoluções do CNJ:

Art. 1º Determinar a todos os Tribunais do Poder Judiciário do Brasil, submetidos ao controle administrativo deste Conselho Nacional de Justiça, o envio de cópia das folhas de pagamento dos magistrados da competência de cada qual de janeiro de 2017 até o mês de agosto de 2017, especificando os valores relativos a subsídio e eventuais verbas especiais de qualquer natureza e o título sob o qual foi realizado o pagamento.

Art.2º Os Tribunais terão dez dias úteis para enviar à Presidência deste Conselho Nacional de Justiça as cópias, contando-se este prazo da publicação da presente Portaria.

Art. 3º A partir do mês de setembro de 2017 todos os Tribunais do País submetidos ao controle administrativo do Conselho Nacional de Justiça encaminharão, até cinco dias após o pagamento aos magistrados, cópia da folha de pagamentos realizados para divulgação ampla aos cidadãos e controle dos órgãos competentes e para controle da regularidade do orçamento e finanças de cada qual dos Tribunais pelo Conselho Nacional de Justiça.

Art. 4º A Presidência do Conselho Nacional de Justiça providenciará a adoção de medidas específicas pela Corregedoria Nacional de Justiça para explicitação ou adoção de providências, quando for o caso, de descumprimento das normas constitucionais e legais sobre pagamentos realizados sem o fundamento jurídico devido.

Art. 5º O Conselho Nacional de Justiça manterá, em seu sítio, espaço específico de transparência dos dados relativos aos pagamentos realizados a todos os magistrados pelos órgãos de jurisdição brasileira submetidos a seu controle.

Art. 6º O descumprimento do prazo previsto no art. 1º desta Resolução resultará na abertura de correição especial no Tribunal que der causa à desobediência da regra.

Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

O juiz Mirko Vincenzo Giannotte, titular da 6ª Vara de Sinop (MT), cidade a 477 quilômetros de Cuiabá, recebeu em julho mais de meio milhão de reais, precisamente R$ 503.928,79. A revelação foi feita pela "Coluna do Estadão". O magistrado disse que "não está nem aí" com a polêmica em torno de seu contracheque e que o pagamento "é justo, dentro da lei".

Em valores líquidos, o contracheque do magistrado ficou em R$ 415.693,02. O dinheiro caiu na conta de Mirko no dia 20 de julho, data de seu aniversário de 47 anos. "Foi um belo presente, uma coincidência", declarou o magistrado ao jornal "O Globo".

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Os dados constam no Portal da Transparência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A "Coluna do Estadão" destaca que o rendimento inclui remuneração de R$ 300.200,27; indenização de R$ 137.522,61, mais R$ 40.342,96 a título de "vantagens eventuais" e R$ 25.779 em gratificações.

Segundo a Coordenadoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) as cifras não são "um erro" A Coordenadoria informou que o pagamento foi autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No mês de junho, Mirko Vincenzo Giannotte recebeu R$ 53.432,92 líquido. O valor bruto foi de R$ 65.872,83. Ao jornal "O Globo", o magistrado declarou que o valor representa "justa reparação" pelos anos em que deu expediente em Comarcas superiores, recebendo subsídios como juiz de primeira instância.

"Eu não tô nem aí. Eu estou dentro da lei e estava recebendo a menos. Eu cumpro a lei e quero que cumpram comigo", declarou Mirko.

Em suas contas, ainda tem a receber outros passivos acumulados que batem em R$ 750 mil. Ele disse. "O valor será uma vez e meio o que eu recebi em julho. E quando isso acontecer eu mesmo vou colocar no Facebook." Mirko disse, ainda, que é "famoso" por trabalhar até de madrugada.

Manifestações

A Coordenadoria de Comunicação do TJ-MT se manifestou sobre o assunto. "Em atenção a solicitação deste veículo de comunicação informamos que considerando a decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça no Pedido de Providencias n. 0005855-96.2014.2.00.0000, no mês de julho/2017, no Pedido de Providências 18/2009 (Prot.Atenas 213.568), em que é requerente a Associação dos Magistrados de Mato Grosso (Amam), foi determinado pela Presidência deste Tribunal o pagamento do passivo da diferença de entrância aos magistrados que jurisdicionaram, mediante designação, em entrância ou instância superior no período correspondente a 29/5/2004 a 31/12/2009."

A União Europeia (UE) abriu uma ação legal contra a Polônia por causa da decisão do governo de fazer uma revisão do Judiciário. Na sexta-feira, uma nova lei sobre a organização do Judiciário foi formalmente adotada pelo país, o que pode acarretar em multas e processos na principal corte do bloco econômico europeu.

A lei em questão faz parte de um pacote de medidas proposto pelo partido nacionalista do governo polonês, que permitiria a mudança do quadro de funcionários do Judiciário, desde a Suprema Corte até pequenas cortes.

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Na quarta-feira, Bruxelas alertou que a ordem democrática está sob risco na Polônia, mesmo após o presidente Andrzej Duda ter vetado uma legislação que teria imposto aposentadoria compulsória a todos os juízes de instâncias superiores.

A Polônia e a União Europeia estão em uma disputa sobre a possibilidade de o país colocar todo o sistema judiciário sob controle do Ministério da Justiça e mesmo assim continuar membro do bloco econômico com plenos direitos. A Comissão Europeia, braço executivo da UE, disse neste sábado que a lei em questão violaria regras do bloco, já que prevê idades diferentes para a aposentadoria de juízes homens e mulheres. Mais do que isso, a UE alega que, "com mais poder nas mãos do governo para definir quais juízes poderão atuar além da idade de aposentadoria, o sistema judiciário polonês será enfraquecido".

A Polônia tem um mês para responder às recomendações feitas pela UE. Estourado este prazo, a Comissão poderá avançar para a segunda etapa de um processo que levaria a Polônia à corte. Fonte: Dow Jones Newswires.

O porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, disse que os comissários europeus discutirão, em sua reunião de quarta-feira (26) sua reação em relação à crise na Polônia, que é vista como um ataque à independência judicial no país.

Nesta segunda-feira (24), Schinas afirmou que não teve nenhuma reação imediata ao anúncio do presidente polonês, Andrzej Duda, de que ele vetará um projeto apresentado pelo Parlamento, que provocou protestos generalizados no país, ao reduzir a independência do Supremo Tribunal polonês.

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Segundo Schinas, "todos os eventos que estão se desenrolando serão discutidos de forma ampla nesta quarta-feira, também no espírito e no contexto da declaração que emitimos na semana passada".

Na semana passada, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, advertiu que a Polônia poderia enfrentar um processo no âmbito do artigo 7º do tratado da UE, que possibilita sanções em caso de violação "séria e persistente" dos valores básicos do bloco europeu. Em teoria, a Polônia poderia ser privada de voto no Conselho de governadores da UE, mas tal movimento teria que ser aprovado por unanimidade pelos demais Estados-membros. Fonte: Associated Press.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu a atuação do Judiciário, em vídeo publicado nesta terça-feira (4) em seu Facebook. Sem citar nenhuma decisão judicial específica, disse que a "opinião pública pode, e deve, participar", mas que o juiz não pode atuar "contra fatos, nem contra o texto da lei".

"Ou nós aceitamos que há regras e que há o Judiciário ou então quem é que vai por ordem na casa?", questionou o ex-presidente. O tucano disse, ainda, que "nem sempre o resultado de uma decisão do Judiciário o agrada, nem a quem está ouvindo", mas que a Justiça tem regras, prazos e se presta a interpretações.

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Segundo o tucano, "quando o juiz é consciencioso, ele ao interpretar o texto da lei vai tomar como consideração os sentimentos que estão em predominância na sociedade, mas não pode nem ir contra fatos, nem contra o texto da lei." O ex-presidente afirmou, ainda, que não se pode pensar que "a Justiça vai funcionar como cada um de nós quer."

Ainda segundo o sociólogo, as decisões da Justiça às vezes "nos colocam em certa perplexidade". "(Se pensa) 'Ah, a Justiça errou'. Pode ser que tenha errado, mas nós temos que obedecer. O norte é a Constituição."

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As declarações de FHC foram dadas dias após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de soltar o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o "homem da mala", e permitir que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) volte ao exercício parlamentar.

Outra decisão judicial, nesta segunda-feira, 3, agitou o universo político e preocupou o Palácio do Planalto. O ex-ministro e aliado de Michel Temer (PMDB) Geddel Vieira Lima foi preso preventivamente, após decisão do juiz Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal de Brasília.

Na semana passada, FHC também se manifestou sobre a situação política no País, em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em que fez um "apelo" ao presidente Michel Temer (PMDB) para "que medite sobre a oportunidade de um gesto dessa grandeza" ao encabeçar uma proposta de antecipar as eleições presidenciais. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, chegou a criticar o posicionamento do tucano, e disse que FHC não deveria "colocar lenha na fogueira".

O presidente Michel Temer gravou, ontem, um vídeo a ser distribuído nas redes sociais para defender o equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e pregar a importância da aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. O vídeo foi gravado no Palácio da Alvorada. Será o primeiro pronunciamento de Temer após o julgamento da última sexta-feira (9) no qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de cassação da chapa formada por ele e pela ex-presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014.

A mensagem de Temer sobre o equilíbrio dos poderes é motivada pela divulgação no fim de semana, pela revista “Veja”, de uma suposta investigação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a vida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo e que autorizou a abertura de inquérito para investigar o presidente com base nas delações dos donos e executivos da empresa JBS.

Por meio de nota divulgada na sexta, Temer negou que a Abin tenha feito qualquer investigação sobre a vida do relator da Lava Jato. Mas a avaliação do Planalto é que isso não foi suficiente para apaziguar os ânimos com o Judiciário. A reportagem provocou reações da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, e do presidente do TSE, Gilmar Mendes. Ontem, Cármen Lúcia informou que "não há o que questionar" em relação à palavra do presidente, que afirmou não existir investigação da Abin.

No vídeo, Temer aproveita para retomar a defesa das reformas nas leis trabalhistas e previdenciária. Pelo calendário do governo, ambas já deveriam ter avançado mais no Congresso, mas sofreram atraso devido à crise política. Com o desfecho favorável no TSE, Temer tenta retomar o calendário das reformas antes do possível oferecimento de denúncia contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

ANULAÇÃO – O partido Rede Sustentabilidade pediu, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF), que anule o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A legenda pediu, ainda, que um novo julgamento seja feito, dessa vez levando em conta as informações de ex-executivos da Odebrecht. O principal argumento da Rede é que, em 2004, o STF decidiu por unanimidade pela validade de um artigo da Lei das Inelegibilidades que permite ao juiz considerar fatos públicos e notórios, mesmo que não tenham sido alegados pelas partes na ação inicial. A Rede entendeu, então, que a maioria dos ministros do TSE contrariou a decisão do STF ao retirar provas da Odebrecht do caso.

Pulando fora – Conforme antecipamos neste espaço, o deputado Daniel Coelho está se transferindo do PSDB para o PSL. Mesmo assim, continua a falar como um dos líderes dos “cabeças pretas”, como são chamadas as novas lideranças tucanas. Esse grupo defende o desembarque imediato do governo de Michel Temer. A troca foi feita, é claro, de olho em 2018. O PSL, segundo o Radar online, acenou com uma vaga para a disputa do Senado ou o cargo de vice-governador de Pernambuco na chapa com Fernando Coelho. Daniel muda não só

de partido, como também de posição política. Até aqui, ele se colocava contra as reformas da previdência e trabalhista. O PSL, no entanto, exigiu que aderisse ao bloco reformista.

Sinalizando para 2018 – No corpo a corpo do governo para desmobilizar o desembarque tucano, interlocutores de Michel Temer sinalizam ao PSDB com duas cartas, principalmente: apoio para candidatura tucana na eleição de 2018 e no conselho de Ética do Senado para salvar o mandato de Aécio Neves, em um eventual processo. Ontem, o PSDB se reuniu para discutir o rompimento com o governo, mas adiou a decisão. O PSDB tem, hoje, dois principais pré-candidatos à Presidência: o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, João Doria. Temer procurou Alckmin há duas semanas para pedir ao governador que desmobilizasse a debandada do PSDB de São Paulo. Alckmin tem trabalhado neste sentido.

Uso da máquina – Do deputado Sílvio Costa ao comentar as declarações do presidente Temer de que só sairá da Presidência morto. “Em verdadeira afronta aos mais de 207 milhões de brasileiros, Temer tem usado a máquina pública de forma descarada tentando permanecer no cargo, com o claro objetivo de continuar com o foro privilegiado. É lamentável ler na imprensa que deputados pernambucanos, pelos quais tenho apreço, ainda estejam protegendo este ilegítimo presidente da República. Não cabe a Temer, como a ninguém, usar o cargo para atender a interesses não republicanos, nem buscar numa maioria fisiológica a legitimidade para aprovar projetos que afetam o futuro do País”.

Reação natural – De passagem, ontem, pelo Recife, na condição de candidato a Procurador-Geral da República, em eleição marcada para este mês, o Sub-Procurador-Geral da República, Carlos Frederico Santos, considerou extremamente natural o posicionamento do presidente Michel Temer (PMDB) de que não nomeará o mais votado dos procuradores na lista tríplice que a ele será entregue para escolher o sucessor de Rodrigo Janot. “Se ele escolhesse o primeiro não teria importância a sua participação no processo de escolha do procurador-geral”, disse, para acrescentar: “É por isso que é ao presidente da República é oferecida uma lista com três nomes”.

CURTAS

TACAIMBÓ – A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal referendou decisão proferida pelo Ministro Luiz Fux, negando provimento ao agravo em recurso extraordinário apresentado pela União, garantindo ao Município de Tacaimbó, no Agreste, o direito à regularidade previdenciária, afastando as exigências previstas na Lei 9.717/98. De acordo com o advogado Pedro Melchior de Melo Barros, a Suprema Corte agiu acertadamente ao manter as decisões preferidas pela justiça federal pernambucana.

PETROLINA – O ministro (em exercício) da Agricultura, Eumar Novacki, será recebido pelo prefeito Miguel Coelho em Petrolina, hoje, para anunciar um pacote de ações para o fortalecimento da produção rural no município. Serão assinados convênios para a reforma do matadouro, fornecimento de duas mil toneladas de milho aos agricultores da cidade, além da compra de máquinas para limpeza de barragens e manutenção de estradas.

Perguntar não ofende: Depois da negativa de Temer, morreu a polêmica em relação à espionagem da Abin sobre a vida de Fachin?

Integrantes do Judiciário e do Ministério Público representam 79,2% das autoridades com foro especial por prerrogativa de função no País, segundo estudo realizado pela Consultoria Legislativa do Senado. O documento aponta que cerca de 55 mil autoridades têm o chamado foro privilegiado - dos quais 38,5 mil na esfera federal e 16,5 mil na estadual.

O tema tem sido motivo de embate entre o Judiciário e o Congresso, que analisa proposta para acabar com a medida. Pela regra atual, autoridades devem ser julgadas por instância superiores.

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O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou nesta terça-feira, 16, que a proposta que mantém o foro apenas para chefes dos Três Poderes será votada nesta quarta, 17. A PEC foi aprovada em primeiro turno por unanimidade no dia 27 de abril.

Para o relator da proposta na Casa, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é "indiferente" saber quais autoridades são mais beneficiadas com a prerrogativa. "A questão não é quem tem mais o foro, se são os políticos ou o Judiciário, a questão é o fim do foro", disse.

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Jayme de Oliveira, defende o fim da prerrogativa para parlamentares, que são julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas têm ressalvas sobre a extinção do foro para membros do Judiciário, julgados por autoridades superiores. "Dentro da estrutura do Judiciário, o juiz ser julgado por um superior já é algo bastante rigoroso", disse.

Jayme afirmou que a AMB ainda não decidiu se vai apoiar ou não a proposta que acaba com o foro por completo e que a instituição só deve se posicionar quando a matéria seguir para a Câmara dos Deputados. "Nós sempre defendemos o fim do foro privilegiado, que julga parlamentares, porque entendemos que o Supremo deve ficar com as grandes questões."

Já o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, disse que a entidade defende o fim do foro privilegiado para todos. "O grande problema hoje é no STF, porque o Supremo está sobrecarregado com as ações penais por prerrogativa de foro, basta ver as últimas delações. Mas nós, da Ajufe, votamos no sentido de que termine para todos, porque se vai acabar o privilégio para uns, por que manter para outros?", questionou.

A opinião é a mesma do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti. "Não faz sentido nem o nosso, nem o de ninguém. O foro tem que acabar por uma questão principiológica de que todos são iguais perante a lei", disse Robalinho.

'Suruba selecionada'

No ano passado, o atual líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o fim do foro deveria ser para "todo mundo", e não uma "suruba selecionada". A afirmação de Jucá - investigado na Operação Lava Jato - foi uma reação à discussão, no Supremo Tribunal Federal (STF), de restringir o foro privilegiado a apenas crimes cometidos no atual mandato de políticos. A Corte deve voltar ao tema no dia 31.

O relator do caso no STF, ministro Luís Roberto Barroso, entende que, no caso de fatos que ocorreram antes do mandato, a competência para julgamento seria da primeira instância da Justiça. Segundo o ministro, existem na Corte aproximadamente 500 processos contra parlamentares, sendo 357 inquéritos e 103 ações penais.

Estados

O estudo do Senado concluiu que "há uma grande assimetria de tratamento" e "algumas perplexidades" em situações identificadas principalmente na Constituição Estadual. Enquanto o Distrito Federal, por exemplo, atribui foro especial a apenas 22 autoridades, na Bahia, no Rio de Janeiro e Piauí esse número chega, respectivamente, a 4.880, 3.194 e 2.773.

"Apenas três Estados já promovem uma distorção enorme na distribuição numérica, já que possuem, juntos 10.847, quase o dobro da quantidade de agentes com prerrogativa de foro do que todas as demais 24 unidades da Federação somadas (5.712)", afirma trecho do documento.

Os consultores legislativos destacam que o número de pessoas com a prerrogativa no Brasil cresceu com a possibilidade de as constituições estaduais atribuírem foro a autoridades que não possuem essa prerrogativa, como no caso de vereadores e bombeiros.

Para os responsáveis pela pesquisa, João Trindade Filho e Frederico Retes Lima, o número de pessoas com a prerrogativa atualmente é "exorbitante", principalmente por causa da "atribuição generalizada de foro especial a categorias inteiras", citando o caso dos magistrados e membros do MP, que representam mais da metade do total.

Os consultores ponderam que o fato de mais autoridades possuírem foro não significa que haja mais processos contra elas. Apesar de evitarem fazer juízo de valor sobre o tema, eles dizem que, levando em conta números absolutos apresentados, "dificilmente será encontrado ordenamento jurídico tão pródigo na distribuição dessa prerrogativa a autoridades". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A operação Lava-Jato desnudou um sistema extremamente danoso ao país envolvendo integrantes do legislativo, executivo e do empresariado. Porém, um pilar da nossa democracia tem ficado de fora das investigações, e até mesmo blindado pela imprensa e opinião pública, que é o poder judiciário. Assim como o legislativo e o executivo, o judiciário custa por ano a bagatela de R$ 80 bilhões.

O valor gasto com o poder judiciário brasileiro é quatro vezes maior o que a Alemanha gasta com seu sistema. O Brasil tem a maior proporção de funcionários por cem mil habitantes do mundo em seu poder judiciário, e mesmo assim possui uma das mais lentas justiças do planeta. Como se não bastasse a morosidade, onde existem processos tramitando há decadas, há uma lógica extremamente perversa com os que recorrem à justiça para resolver sua causa, que é a cobrança de propina por parte de servidores públicos para agilizar procedimentos e até mesmo a venda de sentença, praticada pelos bandidos de toga. Um fator determinante é acabar com a aposentadoria integral para os juízes que cometerem atos ilícitos no exercício do seu cargo.

Em Pernambuco não há diferença do que é visto em todo o Brasil. Apesar de o Fórum Rodolfo Aureliano em Joana Bezerra, no Recife, ser imponente na sua arquitetura, nele há inúmeros processos paralisados há vinte, trinta anos. As varas são abarrotadas de processos e tem juiz que sequer lê os autos de um processo, quando questionado, inventa uma série de desculpas para não fazer seu trabalho, que por sinal é muito bem pago pela população.

Além disso, eles tiram férias e licenças que ninguém entende muito bem o motivo, mas com certeza são bem acima da quantidade ao que tem direito a grande maioria da população. Se o Brasil quer mesmo passar tudo a limpo, não pode se dar ao luxo de isentar o judiciário, investigando as atitudes de servidores e magistrados e cobrando para que seus servidores façam efetivamente o seu trabalho em prol de uma justiça menos lenta e mais eficaz, que preserva o direito daqueles que a procuram para resolver seus problemas.

Desastre - Tem sido uma unanimidade na classe política a situação da gestão de Demóstenes Meira (PTB) em Camaragibe. Todos reconhecem que a gestão tem sido um verdadeiro desastre para a cidade, pois o prefeito não tem a menor noção de gestão pública e principalmente de política, sem a menor capacidade de articulação. De acordo com um deputado aliado do governador Paulo Câmara, Meira é de longe um dos piores prefeitos de Pernambuco.

Correios - Os funcionários dos Correios decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. O órgão, que é de fundamental importância para o Brasil, não tem mais a menor condição de continuar público, seu caminho é a privatização, pois tem sido deficitário e refém de péssimas gestões públicas sendo uma mera moeda de troca política para todos os governos.

Municipalização - Após tentativas frustradas em cobrar melhorias dos serviços da Compesa, o prefeito do Cabo de Santo Agostinho Lula Cabral (PSB) enviou à Câmara dos Vereadores o Projeto de Lei nº 73/2017 que pede autorização para a criação da Companhia Municipal de Abastecimento de Água e Esgoto. A proposta foi apresentada em sessão plenária ontem. Na próxima semana o Projeto de Lei será levado à discussão e posterior votação.

Senador - O deputado federal Danilo Cabral tem trabalhado no sentido de ser candidato a senador na chapa de reeleição do governador Paulo Câmara. A movimentação de Danilo acaba por acirrar ainda mais os ânimos dentro da Frente Popular, pois tem muitos candidatos para apenas duas vagas que estarão em jogo.

RÁPIDAS

Cargo - A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), assumiu a vice-presidência de Crianças e Adolescentes da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). O ato aconteceu em Brasília (DF), no IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, onde também houve a posse da nova diretoria da FNP, que será comandada pelo prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette.

Aprovada - Por 296 votos a 177, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da Reforma Trabalhista. Dentre as propostas está o fim da obrigatoriedade do imposto sindical. Com isso, os sindicatos perderão o direito de fazer farra com o dinheiro do trabalhador.

Inocente quer saber - Após passar no teste de fogo da reforma trabalhista, Michel Temer conseguirá os 308 votos necessários para aprovar a reforma da previdência?

Durante o seu discurso, durante a disputa da vaga de presidente da Câmara dos Deputados, na qual saiu vitorioso o atual presidente Rodrigo Maia (DEM), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) disse que a Casa não cria leis, que não fiscaliza e que não representa os anseios do povo. “O Poder Legislativo se apresenta subserviente ao Executivo e submisso ao Judiciário”. Ele obteve apenas 4 votos.

Bolsonaro disse que o Maia “baixa a cabeça” em forma de subserviência ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Turmas do Supremo também decidem que desacato não é mais crime, é liberdade de expressão. Onde esta Casa vai parar? Não vi nenhuma atuação do atual presidente da Câmara contrário a isso. Simplesmente, baixa a cabeça. Uma forma de subserviência. Nós temos que ser independentes”, provocou.

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Ele citou uma matéria do O Globo no qual, supostamente, um ministro do supremo propõe legalizar a maconha. “O que causa preocupação para nós e passaria, logicamente, pela apreciação do presidente desta Casa. Olha, meus senhores, a Câmara não legisla mais. O argumento é essa manchete. Se é verdadeira ou não cabe ao jornal o Globo decidir e ao ministro confirmar ou não, mas o supremo vem legislando constantemente. Não que só legislar nessa questão como também legislou a questão do aborto. Temos que ter um presidente que procure o chefe do poder máximo do Judiciário e busque alternativas para isso. Ninguém pode admitir, em sã consciência, que o supremo venha, por ventura, legalizar maconha e cocaína”, discursou.

“Se espera que o presidente desta casa a entregue ao povo brasileiro e não a grupos que apenas visam, em parte, resolver os seus problemas. Não temos que ter um presidente para apenas ficar chancelando e buscando aprovar o que o Executivo quer. Temos que ter um presidente que tenha autoridade e posição, que tenha altivez”, declarou.

O deputado ainda disse que o presidente da Câmara não pode ficar de joelhos para outros poderes por interesses pessoais. “A independência vem daí. Sei das minhas chances, que são remotas, mas, patrioticamente, eu me exponho porque eu acredito no Brasil. É um apelo final que eu faço a todos vocês. É preciso que se entre na disputa não pelo prestígio do cargo, mas, para atender as necessidades e os anseios do nosso sofrido povo brasileiro”, finalizou.

 

 

 

 

 

 

 

 

O presidente Michel Temer havia manifestado a interlocutores o desejo de participar da abertura dos trabalhos do ano do judiciário, que acontece na tarde desta quarta-feira (1º). Mas segundo auxiliares, como não houve "convite" por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e a cerimônia será restrita a membros da Corte, Temer não participará. "Ninguém vai à casa dos outros sem ser convidado", afirmou um auxiliar.

Ao dizer a interlocutores que pretendia ir à abertura dos trabalhos no Judiciário, o presidente pretendia demonstrar "a harmonia entre os Poderes", que prega publicamente repetidas vezes. Apesar disso, a presidente do STF, Cármen Lucia, decidiu realizar apenas uma solenidade restrita que contará com homenagens ao ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo no último dia 19.

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Hoje deve ser definido, por sorteio, quem deve ser o novo relator dos processos da Lava Jato, no lugar de Teori. Após a definição é que o presidente Temer fará a indicação do novo ministro.

Congresso

Nesta quinta-feira, entretanto, o presidente deve comparecer ao Congresso para a sessão de abertura dos trabalhos no Legislativo. A intenção de Temer "ao prestigiar" os parlamentares é garantir a aprovação de medidas importantes para o governo, como a Reforma da Previdência, que o Executivo pretende implementar ainda no primeiro semestre do ano.

O Estado de Pernambuco se comprometeu a apresentar em 20 dias um programa de reestruturação de setores do Complexo do Curado, localizado na Zona Oeste do Recife. O acordo foi feito ao Ministério Público Federal (MPF) durante reunião do Fórum de Acompanhamento das Medidas Impostas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), na terça-feira (24).

As medidas incluem facilitação da inspeção dos presos e a circulação de agentes penitenciários e visitantes no presídio, bem como ampliar os muros e reforçar a segurança para evitar que sejam jogados armamentos no interior da unidade prisional. O plano chega em um momento em que eclode uma crise do sistema penitenciário no país.

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De acordo com o MPF, o governo se comprometeu ainda a elaborar um protocolo para regulamentar o acesso de membros do Conselho de Direitos Humanos e outras entidades civis ao Complexo. Todas as medidas serão monitoradas pelo ministério. Caso haja descumprimento, há possibilidade de sanção por parte da Corta e mediddas judiciais do MPF.

Uma nova reunião do fórum foi marcada para fevereiro e terá particição de representantes do sistema judiciário estadual para tratar dos pesos em cumprimento de medidas cautelares e medidas alternativas à prisão. 

Corte - A denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH) foi feita em 2011 devido à situação de risco à vida e à integridade dos detentos. 

Naquele mesmo ano, a comissão determinou que o Estado brasileiro adotasse medidas para proteger a integridade e saúde dos presos além de aumentar o número de agentes de segurança no presídio e eliminar a figura do "chaveiro". As ações adotadas pelo governo não foram consideradas satisfatórias. Em 2014, a corte voltou a decretar que o governo tomasse medidas provisórias. 

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Com o objetivo de evitar fatos semelhantes aos ocorridos nos presídios do Amazonas e Roraima, o Poder Judiciário de Pernambuco decidiu tomar uma série de medidas em reunião realizada nesta terça-feira (10). Entre as medidas está a criação de uma Comissão de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário. 

O grupo será formado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador Leopoldo Raposo; um desembargador; dois juízes corregedores; dois juízes de execução penal; e um juíz assessor da Presidência.

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Além dessa medida, também foi decidido que haverá ampliação das atividades da Central de Agilização Processual para julgamento de ações penais de réus presos; a criação da Central de Medidas Cautelares; e a criação de uma Vara de Execução Penal do Regime Aberto. 

Segundo o desembargador Leopoldo Raposo, a ampliação das atividades da Central de Agilização Processual e a criação da Central de Medidas Cautelares já serão efetivadas em uma semana. "Muitas vezes, há necessidade de requerer medidas cautelares, a exemplo de quebra de sigilo, prisão privisória, entre outros. A Central de Medidas Cautelares tem a competência de analisar de imediato, com celeridade, esses pedidos formulados pela autoridade", ele explicou.

A Vara de Execução Penal do Regime Aberto deverá levar mais tempo para ser criada por depender de processo legislativo. Uma nova reunião está agendada para a quinta-feira (12) para definir o detalhamento da comissão. O encontro acontecerá no Palácio da Justiça, às 14h30.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, mandou um recado ao Congresso ao defender a tomada de decisões dentro da Corte mesmo sobre temas em que há uma "divisão social". "O Judiciário decide porque há omissão do parlamento", afirmou o ministro, acrescentando que o STF tem "a obrigação constitucional de dar uma palavra sobre aquilo que o Judiciário for provocado".

Na terça-feira passada (29), a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal abriu um novo precedente ao julgar que não havia crime na prática de aborto realizada durante o primeiro trimestre de gestação - independentemente do motivo que leve a mulher a interromper a gravidez.

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Na próxima quarta-feira (7), está previsto o julgamento de uma ação que pode descriminalizar o aborto para mulheres infectadas pelo vírus da zika. Na visão do ministro, não há ativismo judicial.

"Há várias questões em relação às quais o Judiciário não tem capacidade institucional para solucionar. É uma questão completamente fora do âmbito jurídico. Mas, mesmo assim, temos que decidir. E por que temos que decidir? Porque a população exige uma solução", disse o ministro, durante o 10º Encontro Nacional do Poder Judiciário, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça, nesta segunda-feira (5).

"Essas questões todas deveriam, realmente, ser resolvidas pelo Parlamento. Mas acontece uma questão muito singular. O Parlamento não quer pagar o preço social de decidir sobre o aborto, sobre a união homoafetiva e sobre outras questões que nos faltam capacidade institucional", acrescentou Fux.

O ministro disse que "como eles (parlamentares) não querem pagar o preço social e como nós não somos eleitos, nós temos talvez um grau de independência maior porque não devemos satisfação depois da investidura a absolutamente mais ninguém".

Ao comentar que no Brasil "há uma crise muito grave, uma crise institucional, em que as pessoas não creem nas instituições", Fux disse que "o Judiciário não tem de fazer pesquisa de opinião pública para decidir casos subjetivos". Ele no entanto, ponderou que "nos processos objetivos, onde se discutem razões públicas e razões morais, o Judiciário deve contas e deve ouvir a sociedade, porque só assim a sociedade vai crer na Justiça."

Semana passada, após a 1ª Turma do Supremo permitir a interrupção de uma gravidez até o terceiro mês de gestação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a criação de uma comissão especial para analisar a legislação que regulamenta o aborto no País. Muitos deputados se revezaram no microfone do plenário da Casa para dizer que a decisão é na prática "descriminalização" do aborto no País.

Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou não ver problemas em o STF estabelecer um "entendimento sobre o tema".

A emenda ao pacote de medidas contra a corrupção prevendo punição aos juízes e membros do Ministério Público por abuso de autoridade, aprovada pela Câmara dos Deputados, gerou uma crise de poderes entre o Legislativo e o Judiciário.  A mudança foi feita logo após a aprovação do texto-base do projeto e acabou aprovada por 313 votos favoráveis e 132 contrários. 

A proposta da discórdia foi apresentada pela bancada do PDT e lista as situações em que juízes e promotores poderão ser processados por abuso de autoridade, com pena de seis meses a dois anos de reclusão. A legislação atual já prevê o crime de abuso de autoridade, mas é mais genérica.

Entre as condutas que passariam a ser crime estaria a apresentação pelo MP de ação de improbidade administrativa contra agente público "de maneira temerária". Nesse caso, além de prisão, os promotores também estariam sujeitos a indenizar o denunciado por danos materiais e morais ou à imagem que tiver provocado.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, não gostou. Divulgou uma nota em que lamenta a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores. "A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Cármen Lúcia, reafirma seu integral respeito ao princípio da separação dos poderes”, diz a nota.

E acrescenta: ”Mas não pode deixar de lamentar que, em oportunidade de avanço legislativo para a defesa da ética pública, inclua-se, em proposta legislativa de iniciativa popular, texto que pode contrariar a independência do Poder Judiciário". Cármen Lúcia destacou que o estatuto constitucional da magistratura já prevê a responsabilização de juízes por seus atos e que a democracia depende de poderes fortes e independentes. 

Ela afirmou que o Judiciário "vem cumprindo seu papel" constitucional como guardião da Constituição e da democracia. "Já se cassaram magistrados em tempos mais tristes. Pode-se tentar calar o juiz, mas nunca se conseguiu, nem se conseguirá calar a Justiça", destacou a ministra.

ATERRORIZAR– A emenda teve o apoio da maior parte das legendas. Apenas PPS, PSOL, Rede e PV orientaram as suas bancadas para que barrassem a medida. O PSDB, DEM, PROS e PHS liberaram seus deputados para que votassem como quisessem. A força-tarefa da Lava Jato chegou a divulgar uma nota condenando. A punição à categoria foi classificada como uma "tentativa de aterrorizar procuradores, promotores e juízes em seu legítimo exercício da atividade de investigação, processamento e julgamento de crimes, especialmente daqueles praticados nas mais altas esferas de poder".

Dando explicações– Incluído entre os senadores que contrariaram o Ministério Público, votando favorável a uma proposta encampada por Renan Calheiros, Fernando Bezerra teve que se explicar. “O projeto do Senado é, na minha avaliação, mais técnico e razoável. Vivemos tempos em que a população clama pelos fins dos privilégios. Em um Estado de Direito onde não se pode conceber a existência de castas que não respondem pelos seus próprios atos e não estão sujeitas a qualquer controle. Por tudo isso, é preciso deixar claro que não se quer punir o exercício da autoridade ou do poder; e, sim, os abusos praticados por autoridades públicas, sejam elas de qualquer um dos Poderes da República”, afirmou. 

Aumento imoral – Com o vergonhoso aumento aprovado, ontem, pela Câmara de Surubim, o salário da prefeita eleita Ana Célia (PSB) passará dos atuais R$ 15 mil, pagos ao prefeito, Túlio Vieira (PT), para R$ 24 mil a partir do próximo ano. O do vice-prefeito sai de R$ 7,5 mil para R$ 12 mil. Já os secretários municipais, que recebiam R$ 4.000,00 (quatro mil reais), passam a embolsar R$ 6 mil. Em tempos de crise braba, um acinte! 

Unanimidade tucana – Em nota nas redes sociais, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, reafirmou, ontem, que o partido votou, unanimemente, contra a urgência na votação das medidas contra a corrupção no Senado. “Tem uma grande mentira circulando hoje na internet e que precisa ser rebatida com toda veemência, dando conta de que o PSDB articulou a votação da urgência daquelas medidas anticorrupção, aprovada na Câmara dos Deputados, e que eu próprio havia me manifestado a favor dessa urgência”, disse o tucano.

Condenação em Santa Cruz- O ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, José Augusto Maia (PTN), foi condenado à prisão pelo juiz criminal Danilo Félix por envolvimento no escândalo da merenda, ocorrido em sua gestão. Também estão implicados o ex-vice-prefeito e atual vereador Zé Elias, seu filho José Alexsandro e os ex-servidores públicos Gislaine Ramos de Araújo e Severino Manoel de França, segundo antecipou o blog de Ney Lima. A decisão ainda não foi publicada pela Justiça e os réus devem recorrer ao Tribunal de Justiça de Pernambuco em liberdade. Os produtos usados na merenda foram adquiridos através de licitações viciadas. 

CURTAS 

HOMENAGEM- A medalha Olavo Bilac foi entregue, ontem, a prefeita de Arcoverde, Madalena Britto (PSB), durante a cerimônia de desativação da 10ª Delegacia do Serviço Militar do Exército. Instalada desde 1966, a delegacia foi extinta por causa do sistema de alistamento online e da criação dos Postos de Recrutamento e Mobilização (PRM) nas cidades do Recife, Garanhuns e Petrolina, que começam a funcionar no próximo ano.

FRAUDE– Levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), divulgado, ontem, aponta que 7.961 servidores públicos eram beneficiários do programa Bolsa Família de forma irregular. Em alguns casos, os funcionários declaravam uma renda inferior a que tinham para se adequarem ao cadastro do programa.

Perguntar não ofende: Quem vai ganhar a contenda entre o Legislativo e o Judiciário?

O presidente Michel Temer editou decreto para abrir crédito suplementar de R$ 1,8 bilhão em favor de diversos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, da Defensoria Pública da União, do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério Público.

De acordo com o decreto, "os recursos necessários à abertura do crédito decorrem de anulação parcial de dotações orçamentárias" das respectivas áreas. O detalhamento da aplicação dos valores está disponível na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, dia 25.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), buscou respaldo político do Palácio do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União (TCU) para as ações que tem levado adiante no Congresso Nacional contra o Poder Judiciário e o Ministério Público. As recentes movimentações de Renan foram o principal assunto de um encontro com o presidente Michel Temer, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chefe da Câmara, e Aroldo Cedraz, presidente do órgão de fiscalização de contas.

Em almoço realizado no sábado (12) na residência oficial do Senado, no qual foram servidos feijoada e caipirinha, participaram também o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE); o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco; o ex-presidente José Sarney; e outros dois ministros do TCU, Bruno Dantas e Vital do Rêgo Filho. Procuradas, as assessorias de Temer, Renan, Maia e dos demais convidados não retornaram.

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O Estadão apurou que Renan, que deixa a presidência do Senado em fevereiro, tratou do pente-fino que pretende fazer em "supersalários" de servidores do Judiciário e do MP e afirmou que deve anunciar nesta semana um novo relator para o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, que, na prática, limita a atuação de investigadores. A proposta tem sido alvo de críticas da Lava Jato, que apura envolvimento de políticos do PT, PMDB e PP, entre outros partidos, no esquema de corrupção na Petrobrás.

Renan afirmou aos presentes que a comissão criada na quinta-feira para investigar os contracheques de quem ganha acima do teto do funcionalismo vai "incomodar muito". Ele citou como exemplo a ser investigado o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), onde haveria significativo número de funcionários com altos rendimentos.

O presidente do Senado também apontou como contrassenso o fato de, atualmente, os magistrados receberem como pena máxima diante de infrações a aposentadoria compulsória. Ele lembrou da decisão de terça-feira tomada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a juíza Olga Regina de Souza Santiago, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Ela é acusada de envolvimento com narcotraficantes e recebeu a aposentadoria. Em sua defesa, Olga tentou justificar o recebimento dos pagamentos alegando que um traficante teria se interessado pela sua casa de veraneio.

Presente nas conversas, Temer ouviu os interlocutores, mas não fez nenhum comentário a respeito.

Apesar do silêncio do presidente, nas avaliações colocadas no encontro e em conversas entre integrantes da cúpula do Congresso, o entendimento é de que o avanço das investigações por parte da comissão servirá para mostrar as "mazelas" do Judiciário, em um momento em que vários setores da sociedade e os parlamentares discutem como implementar o teto dos gastos públicos.

Alguns dos presentes chegaram até a desafiar quem vai à comissão defender o pagamento de "supersalários", estimados em até R$ 200 mil.

Em meio às argumentações de Renan, o presidente do TCU se colocou à disposição para ajudar no levantamento e cruzamento de dados dos supersalários. O filho de Aroldo, o advogado Tiago Cedraz, é citado em depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Lava Jato. Tiago alega que nunca patrocinou nenhum caso do grupo UTC perante o TCU.

Convite.

Renan comunicou aos presentes sobre o convite que fará ao juiz Sérgio Moro, um dos principais responsáveis por conduzir a Lava Jato, para discutir o projeto que altera a Lei de Abuso de Autoridade. A proposta passou a ser defendida mais intensamente por Renan após ser deflagrada a Operação Métis, em que policiais federais fizeram busca e apreensão nas dependências do Senado, com autorização de um juiz federal. Integrantes da cúpula do Congresso consideram que Moro não vai se posicionar a favor de abusos cometidos por autoridades nem fazer da comissão um "palanque".

Segundo presentes à reunião, apesar das críticas, Renan estava descontraído e chegou até a brincar com a escolha da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para a relatoria da comissão. Segundo ele, não escolheu o futuro líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), em razão de "a cota de coragem" do senador já ter se esgotado. Os dois peemedebistas constam hoje do rol de congressistas que são investigados na Operação Lava Jato e negam qualquer irregularidade em suas condutas.

Câmara.

As conversas também trataram da sucessão na Câmara dos Deputados, prevista para fevereiro. Na frente de Maia, Renan ressaltou que vê legitimidade na tentativa do deputado em pleitear a reeleição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em confronto com o Judiciário e alvo da Operação Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tenta emplacar dois nomes no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável por fiscalizar a atuação de juízes de todo o País.

O Congresso tem direito a indicar dois integrantes do conselho, um representando a Câmara e outro o Senado. Renan tem influência em nomes que disputam as duas vagas.

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Na Câmara, o nome preferido do peemedebista é a advogada Ana Luísa Marcondes, que trabalhou como sua assessora na presidência do Senado e na liderança do PMDB. Atualmente ela atua na Corregedoria Nacional do Ministério Público (CNMP), órgão comandado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nesta semana, Renan chegou a atuar para adiar a votação no plenário ao saber que nomes indicados pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava Jato, ganharam força. Além de Ana Luísa, concorrem à vaga Felipe Cascaes, que já advogou para Cunha em alguns casos e hoje é subchefe adjunto para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência, e o assessor técnico da Câmara Lucas de Castro Rivas, que auxiliou a atuação da tropa de choque que defendeu Cunha durante o processo de cassação.

Cascaes é hoje o favorito, por contar com o apoio do Planalto. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, está conversando com deputados para tentar emplacar o nome do aliado.

No Senado, os nomes indicados podem ser levados à votação no plenário a qualquer momento. O preferido de Renan na disputa é Henrique de Almeida Ávila, que tem o apoio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Ávila é sócio de um escritório de advocacia onde atua a mulher do ministro, Guiomar.

O outro candidato à vaga do CNJ pelo Senado é Octavio Augusto da Silva Orzari, que é advogado concursado pela Casa e trabalhou com o ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski no Tribunal Superior Eleitoral.

Auxiliares de Renan negam que ele tenha preferência ou esteja fazendo lobby para emplacar nomes de sua confiança no CNJ. Até maio, a vaga do Senado no conselho pertencia a um apadrinhado do peemedebista, o ex-ministro da Transparência Fabiano Silveira. Ele teve de deixar o cargo após ser flagrado em uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, na qual aparecia conversando com Renan e fazendo críticas à condução da Lava Jato.

Ao Estado, Ana Luísa negou que Renan esteja fazendo campanha pelo seu nome, mas admitiu que tem o "apoio pontual" do presidente do Senado. A reportagem não conseguiu contato com os demais candidatos às vagas do CNJ.

Indicações

Vaga da Câmara

Ana Luísa Marcondes: Indicação de Renan Calheiros, é assessora jurídica na Corregedoria Nacional do Ministério Público e trabalhou com o presidente do Senado entre 2012 e 2015.

Felipe Cascaes: Subchefe adjunto para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência, atuou para o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em alguns casos.

Lucas de Castro Rivas: Assessor técnico da Câmara, auxiliou aliados que atuaram contra a cassação de Cunha na Casa

Vaga do Senado

Henrique de Almeida Ávila: Também tem apoio de Renan. Advogado, sócio de um escritório onde trabalha a mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Guiomar.

Octavio Augusto da Silva Orzari: É advogado concursado pelo Senado desde dezembro de 2009. Trabalhou ainda com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Entre as dez categorias profissionais mais bem remuneradas do País, seis fazem parte da chamada elite do funcionalismo público - como promotores, procuradores e juízes - e uma tem concessão pública, o dono de cartório. Em outras palavras, sete das atividades profissionais mais rentáveis do Brasil estão associadas à estrutura estatal.

O ranking foi elaborado pelo pesquisador José Roberto Afonso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). A sua base de dados é oficial: o relatório "Grandes Números", divulgado recentemente pela própria Receita Federal a partir de declarações de imposto de renda pessoa física de 2015, com valores de 2014.

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A categoria recordista em ganhos é o titular de cartório, atividade híbrida entre o público e o privado. Na média, o rendimento anual apresentado na declaração do imposto de renda do dono de cartório fica em R$ 1,1 milhão. Um detalhe que impressiona é o nível de concentração de riqueza nessa camada. Os ganhos dos 9.409 donos de cartórios somam quase R$ 11 bilhões. A cifra é equivalente ao resultado de grandes conglomerados empresariais, como a cervejaria Ambev, que tem lucro anual R$ 12 bilhões.

Na sequência, em segundo, terceiro e quarto lugares, bem como sexto, sétimo e oitavo, entre os recordistas de ganhos estão carreiras típicas do Estado.

Promotores e procuradores do Ministério Público ganham anualmente, em média, quase R$ 530 mil. Juízes e integrantes dos tribunais de contas, mais de R$ 512 mil. Diplomatas, R$ 332 mil, na média, por ano.

Aqui cabe uma ressalva. Como lembra o economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), as declarações de imposto de renda reúnem informações sobre a camada mais privilegiada da população que não se encontram em outras fontes. "A declaração dá uma radiografia das pessoas de renda mais elevada e vários trabalhos recentes só foram possíveis após a divulgação e o cruzamento de dados da Receita Federal", diz Appy.

O relatório atual traz informações de 27 milhões de pessoas, distribuídas em 133 categorias profissionais. O rendimento do conjunto, no agregado, soma R$ 1,4 trilhão por ano. Ao fazer uma divisão simples do bolo, o pesquisador Afonso chegou à conclusão de que a fatia da população brasileira que declara imposto de renda ganha, na média, por ano, R$ 87 mil. Detalhe: 58 categorias recebem acima desse valor e 77, abaixo disso.

Nessa ótica, promotores, procuradores, juízes e integrantes de tribunais de contas recebem cerca de seis vezes mais que a média dos declarantes de imposto de renda no País.

Afonso atribui a disparidade, entre outras razões, à dinâmica do orçamento e dos gastos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário: "A crise fiscal atual revela que o debate das dificuldades está concentrado no poder Executivo, enquanto os demais poderes seguem gerindo as suas folhas salariais e os seus orçamentos como se nenhuma crise estivesse ocorrendo no País", afirma. "Reajustes fortes têm sido dados para essa elite do setor público, enquanto a imensa maioria dos servidores públicos não é tão beneficiada."

Empresários e altos executivos têm rendimento isento

Três categorias do setor privado estão entre as dez com maior rendimento, segundo dados de declarações do imposto de renda: médico, com R$ 305 mil por ano, em média (5º lugar),piloto de avião, com R$ 253 mil (9º) e atleta, com R$ 219 mil (10º). Segundo o pesquisador José Roberto Afonso, autor do levantamento, há uma razão para explicar a ausência de uma categoria que, todos intuem, está entre as campeãs de ganhos, donos e altos executivos de empresas.

Parte dos ganhos dessa categoria enquadra-se como rendimento não tributável, como lucros e dividendos. Cerca de 707 mil dirigentes e executivos ganham R$ 214 bilhões que são isentos. Outra parcela recebe como pessoa jurídica.

Por causa disso, na lista de ganhos sujeitos a tributação na pessoa física, o dirigente de empresa aparece em 30º lugar, com ganho médio anual de R$ 138 mil. Afonso reforça que essa categoria é ampla e diversa. Inclui o presidente de uma multinacional, o dono de uma loja de ferragens e o profissional "contratado" como empresa, porque cresce a chamada "pejotização". Segundo Afonso, altos executivos devem, sim, estar entre os dez mais bem pagos do País, mas mesmo que fosse possível definir em que posição, não alteraria a predominância das funções públicas na lista das mais rentáveis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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