O que parecia ser um milagre do futebol pode ter sido uma das maiores marmeladas dos últimos anos no esporte nacional. Até os 24 minutos da partida válida pela última rodada da primeira fase da série C, entre Fortaleza x CRB-AL, o time cearense vencia por 2x0, com gols de Vavá. O resultado que garantia a permanência do time na divisão, já que o outro jogo da rodada, Campinense x Guarany-CE, estava 0x0 livrandoa equipe paraibana da degola.
A polêmica aconteceu já na volta para o segundo tempo. Os dois jogos começaram às 16h do sábado (17). No entanto, o Campinense alega que o Fortaleza teria agido propositalmente para retardaro início do segundo tempo, quando voltou para o campo com um padrão semelhante ao do clube alagoano. Depois de um atraso de aproximadamente sete minutos no confronto, os cearenses ficaram em vantagem no quesito tempo, já que era possível ter informações mais atualizadas sobre a partida em João Pessoa, além de maior possibilidade para reverter qualquer situação, caso fosse necessário.
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O imbróglio complicou ainda mais próximo ao término do jogo. Caso o Campinense vencesse o Guarany-CE, permaneceria na divisão, tiraria a possibilidade de classificação do Guarany e o Fortaleza iria disputar a 4ª divisão no ano que vem. Os paraibanos abriram o placar aos 46 minutos da segunda etapa, e esse panorama apresentado começou a ser configurar. Não restava mais nenhuma alternativa ao time do atacante Carlinhos Bala a não ser marcar mais dois gols e torcer para que o jogo em João Pessoa permanecesse no mesmo resultado. E foi o que aconteceu.
Na soma de todos os placares, o time alagoano ficou em situação confortável, mesmo com a derrota estava se classificando por conta do tropeço do Guarany, em João Pessoa. O clube paraibano acredita que o Fortaleza agiu de má-fé, assim como o CRB, que a essa altura do confronto já estava com dois jogadores a menos, um deles, o goleiro Cristiano, expulso depois de uma discussão com o gandula. Segundo o Campinense, os alagoanos “abriram o jogo” para os donos da casa para que eles continuassem na série C.
No momento do terceiro gol do Leão cearense, a outra partida chegava ao fim e com vitória do Campinense. O fato que também causou estranheza aconteceu nesse momento e envolveu o atacante Carlinhos Bala. Após o terceiro tento do seu time, o jogador teria feito gestos e falado com os atletas rivais alegando que “faltava apenas um (gol)” para que o Tricolor do Pici continuasse na terceirona. Enquanto isso, a imagem mostra quando o auxiliar técnico tricolor vai até o arqueiro substituto do CRB, o volante Roberto Lopes, e conversa de forma rápida, onde – supostamente - teria reafirmado as palavras do baixinho.
As imagens ainda mostram que, após o aviso de Bala, o defensor do CRB fala para seu goleiro “deixa fazer”. Ao chegar ao centro gramado com a bola nas mãos para o reinício da partida, o atacante conversa com outro atleta alagoano e em seguidas eles dão um aperto de mão. Depois de todos esses indícios o pior aconteceu. Aos 43 minutos, Marcos Goiano marcou para os cearenses. O resultado igualou todos os critérios entre as duas equipes, e o Leão do Pici só garantiu a permanência porque marcou mais gols (11x7) que os paraibanos.
Mas o caso não encerrou por aí e já entrou na prorrogação.
O Twitter oficial do time de Campina Grande divulgou um vídeo – que já tem diversas versões na internet – mostrando as imagens do “acordo” entre os atletas do Fortaleza e do CRB ao longo da partida.
Indignado com a situação, o Campinense já informou que vai entrar com um recurso no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva contra o Fortaleza, acusando o clube cearense de ter agido de má-fé na partida.
O juiz do confronto, Gutemberg de Paula Fonseca, afirmou que nas imagens, não havia percebido nenhuma conversa no momento do gol. “Com relação aos comentários no vídeo, não vi nada. Os jogadores estavam de costas para mim”.
De acordo com vice-presidente de futebol do CRB, Ednilton Lins, o juiz também será acionado na justiça por conta da expulsão do goleiro alagoano. O árbitro se defendeu, alegando que foi informado pelo assistente que o arqueiro teria chutado a bola no gandula, o que – segundo ele – trata-se de uma agressão e resulta em cartão vermelho direto. O dirigente ainda rechaçou a possibilidade de um acerto entre o Tricolor do Pici e o Clube de Regatas Brasil, alegando ser solidário ao Campinense e que o seu time é mais uma vítima do caso, reforçando que vários erros foram cometidos contra o seu time em favor dos Cearenses e que em um prazo de até cinco dias úteis irá protestar na justiça desportiva diante da situação
Para agravar ainda mais a confusão, o Guarany de Sobral, conterrâneo do Fortaleza, apesar da derrota, também afirmou que vai representar diante da partida em favor do Campinense. A expectativa é que até o fim da semana os recursos já tenham sidos apresentados no STJD. Caso os pontos da partida sejam anulados, o Fortaleza será rebaixado para a série D e os paraibanos permaneceriam na terceirona.