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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro realiza nova audiência pública nesta manhã. Desta vez para ouvir o ex-subchefe do Estado Maior do Exército Jean Lawand Júnior. Ele teve reveladas conversas com o ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.

"A oitiva do militar, subchefe do Estado-Maior do Exército no governo anterior e atual adjunto do adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos, nos parece fundamental", disse a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

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A audiência será realizada no plenário 2, da ala Nilo Coelho, no Senado, a partir das 9 horas.

Depoimentos já realizados
Nesta segunda-feira (26), o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime afirmou que Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado aos órgãos de inteligência sobre ataque às sedes dos três Poderes, às 10 horas, do dia 8 de janeiro. No entanto, segundo ele, o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.

Na semana passada, a CPMI ouviu o empresário George Washington Sousa – que está preso acusado de ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado –; o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no caminhão.

*Da Agência Câmara de Notícias

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (26) os depoimentos do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e do coronel do Exército Jean Lawand à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas do Congresso Nacional. 

Na decisão, apesar de obrigar o comparecimento à comissão, a ministra entendeu que eles têm direito de ficar em silêncio diante de perguntas que possam incriminá-los e de serem assistidos por seus advogados. 

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O depoimento de Lawand está previsto para amanhã (27), às 9h. A oitiva de Mauro Cid foi aprovada pela comissão, mas a data ainda não foi marcada. 

De acordo com investigações da Polícia Federal, mensagens capturadas com autorização judicial após apreensão do celular de Cid evidenciam que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro reuniu documentos para dar suporte jurídico à execução de um golpe de Estado. 

Os documentos também mostram uma conversa entre Mauro Cid e Jean Lawand, no dia 1° de dezembro do ano passado, no contexto de uma suposta defesa do golpe.  "Cidão, pelo amor de Deus, faz alguma coisa. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente [Bolsonaro] vai ser preso, e pior, na Papuda", escreveu Lawand. 

Em seguida, Cid respondeu: "Mas, o PR não pode dar uma ordem se ele não confia no ACE [Alto Comando do Exército]". 

Cid está preso desde 3 de maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes sob a acusação de fraudar o cartão de vacinação de Bolsonaro e de seus familiares.

A CPMI do 8 de Janeiro ouvirá na próxima terça-feira (27), a partir das 9h, o coronel Jean Lawand Júnior, do Exército. Ele aparece em troca de mensagens telefônicas com o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, coronel Mauro Cesar Cid, defendendo uma intervenção militar após as eleições de 2022.

Em mensagens divulgadas pela imprensa, e depois tornadas públicas pela Justiça, Lawand e Cid conversam sobre a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro decretar uma ação militar contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lawand pede que Cid convença Bolsonaro a "dar a ordem". Na época, Lawand era subchefe do Estado-Maior do Exército. Cid está preso.

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A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), entende que as conversas se relacionam com fatos preparatórios para os eventos do dia 8 de janeiro e merecem atenção especial da investigação. Ela é autora de um dos quatro requerimentos que embasam a convocação.

Jean Lawand Jr. falará à CPMI na condição de testemunha. Ele foi convocado para prestar depoimento, o que significa que não pode deixar de comparecer.

*Da Agência Senado

A apuração feita pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem repercutido no mundo político e as revelações seguem. Em uma das conversas, Cid indicou que o ex-presidente teve receio de autorizar o golpe de Estado por desconfiar dos comandantes do Exército.

Na conversa encontrada no celular de Mauro Cid, o coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior envia um áudio para tentar convencê-lo a colocar o golpe em prática. "Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele [Bolsonaro] dê a ordem, que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprirem, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do, do Comandante Supremo', disse. 

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O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro responde que "o Pr [Presidente] não pode dar uma ordem... se ele não confia no ACe [Alto Comando do Exército]. Depois de receber a mensagem, Lewand diz que "ferrou" e reforça que "vai ter que ser pelo povo mesmo". 

Mauro Cid sinaliza apenas com um "infelizmente" e diz que tem "muita coisa acontecendo" quando Lewand pede que ele tente convencer Bolsonaro. 

Depois de confessar ter usado um cartão falso de vacinação da Covid-19, a mulher do tenente-coronel Mauro Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, foi envolvida em uma segunda investigação da Polícia Federal: a que mira uma trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições.

Uma perícia no celular dela recuperou conversas golpistas com Ticiana Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, após o segundo turno.

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Elas defendem uma nova eleição, com voto impresso, e a destituição do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que segundo Gabriela 'tem que cair'.

"Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso", escreve Gabriela. A filha do general responde: "Ou isso ou a queda do Moraes."

Gabriela também sugere uma mobilização de caminhoneiros, que na época estavam obstruindo rodovias federais em protesto contra a vitória de Lula. "Invadir Brasília como no 7 de setembro e dessa vez o presidente, com toda essa força, agirá."

A mulher de Mauro Cid também parece mobilizar doações aos manifestantes bolsonaristas e convocar amigos para os protestos. "Não estamos mais em tempo de brincadeira", escreve. "As Forças Armadas estão ao nosso lado."

Gabriela chega a sugerir a confecção de cartazes com mensagens como 'senadores covardes', 'Rodrigo Pacheco culpado' e 'impeachment AM' (Alexandre de Moraes).

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

"O presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado.

Registramos, ainda, que o ajudante de ordens, pela função exercida, recebia todas as demandas - pedidos de agendamento, recados etc - que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, por diversas ocasiões se transformou numa simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações."

Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten, advogados do ex-presidente

COM A PALAVRA, A DEFESA DE MAURO CID E GABRIELA CID

"Por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo."

Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore

COM A PALAVRA, TICIANA VILLAS BÔAS

A reportagem busca contato com Ticiana. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com).

O Exército decidiu barrar nesta sexta-feira, 16, a designação do coronel Jean Lawand Júnior para o posto de adjunto do adido militar em Washington após a vir a público um plano de golpe de Estado envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Lawand estava indicado para a função nos Estados Unidos, mas revelações sobre suas conversas com o então auxiliar do ex-presidente inviabilizaram sua ida.

O comandante da Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, determinou que Lawand fique no Brasil para responder aos inquéritos que estão sendo conduzidos pela Polícia Federal sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. Naquela data, apoiadores de Bolsonaro tomaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e deixaram um rastro de destruição nos prédios do Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, em inconformismo com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

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As informações publicadas pela revista Veja nesta quinta-feira, 15, desconcertaram altos oficiais da Força. Lawand era um dos subchefes do Estado-Maior do Exército. Ele estava lotado no Escritório de Projetos, chefiado pelo general Rocha Lima. De acordo com a reportagem, foi encontrado no celular de Cid o roteiro para um possível "golpe de Estado".

No aparelho telefônico, também foram encontradas trocas de mensagens entre Cid e Lawand do início de novembro, após a eleição presidencial, até o fim de dezembro. Em uma delas, Lawand sugere que Bolsonaro precisava "dar a ordem" para que as Forças Armadas agissem. "Cidão (Mauro Cid), pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele (...). Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprirem a ordem do comandante supremo", afirmou Lawand ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por mensagem.

Ao tomar conhecimento dos diálogos, o comandante Tomás Paiva considerou insustentável a permanência de Lawand na função e a promoção do subordinado nos Estados Unidos. Pela manha desta sexta, o presidente Lula, que estava de viagem marcada para Goiás, cancelou a ida para conversar com Paiva e o ministro da Defesa, José Múcio. Mas a decisão de afastar Lawand já estava tomada pelo Comando.

A Força divulgou nota na qual afirma que a opinião e os comentários de Cid e Lawand "não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força". "Como instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelos respeitos aos preceitos constitucionais", diz a corporação. "Os fatos recentes recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias."

Ainda de acordo com a nota, "Lawand foi substituído na missão para a qual foi designado, para que possa esclarecer todos os fatos atinentes à situação em questão". Segundo a corporação, no âmbito adminsitrativo, "as medidas cabíveis já estão sendo adotadas".

Passo a passo do golpe

A PF encontrou ainda com Cid o documento com o título "Forças Armadas como poder moderador" e está dentro de um relatório de 66 páginas elaborado pela inteligência da corporação. O primeiro passo que o roteiro prevê é o envio de um relatório das supostas irregularidades praticadas pelo Poder Judiciário aos militares.

Ao todo, o roteiro tem oito etapas. Quando recebessem o relatório, as Forças Armadas nomeariam um interventor, que fixaria um prazo para "restabelecimento da ordem constitucional", diz o documento. As decisões do Judiciário e as ações dos magistrados seriam imediatamente suspensas. O interventor, que teria sob seu comando a PF, poderia suspender todos os atos normativos que ele considerasse "inconstitucionais".

Um das etapas do documento menciona o afastamento dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a justificativa de que eles seriam "responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes". Uma das últimas etapas do passo a passo prevê a convocação de novas eleições, diante do reconhecimento, por parte das Forças Armadas e do interventor, de uma "situação em desacordo com a Constituição".

Veja quais são as etapas previstas no documento ‘Forças Armadas como poder moderador’

A partir de um documento assinado pelo então presidente da República, com as "inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário", o passo a passo encontrado no celular de Mauro Cid previa as seguintes etapas:

1 - Nomeação de um interventor

2 - Prazo para restabelecimento da ordem Constitucional

3 - Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal sob comando do interventor

4 - Suspensão de atos do Poder Judiciário e afastamento de magistrados

5 - Abertura de inquérito sobre magistrados

6 - Autorização para interventor suspender outros atos considerados inconstitucionais

7 - Substituição dos ministros do TSE

8 - Realização de novas eleições

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Sul do Estado do Rio de Janeiro, o coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior, de 51 anos, é citado em investigações da Polícia Federal (PF) como um dos militares do alto escalão das Forças Armadas que incentivou uma tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) nas eleições do ano passado.

Mensagens divulgadas pela revista Veja, na quinta-feira, 15, mostram Lawand cobrando tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, para que as Forças Armadas assumissem o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas.

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"Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele (...). Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprirem a ordem do Comandante Supremo", afirmou Lawand ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por mensagem.

Subchefe do Estado Maior do Exército, Lawand ingressou nas Forças Armadas em 1992, aos 20 anos, na Academia Militar das Agulhas Negras, unidade em que Bolsonaro frequentou antes de ingressar na política. Ele se graduou em Ciência Militares na academia de preparação de oficiais, em Resende, e fez pós-graduação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. O coronel é citado em um Anuário Estatístico da Aman como um dos melhores alunos da época. Lawand obteve a maior média entre todos os alunos que se formaram em 1996.

Atualmente, Lawand ocupa um dos postos mais altos das Forças Armadas. Antes, chefiou o 6º Comando de Mísseis e Foguetes (6º CFA) até dezembro de 2020, ainda como tenente-coronel. Foi comandante do Corpo de Alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), e foi o responsável pela primeira turma de mulheres que ingressaram no local, em 2017, por determinação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ainda em 2012. A lei previa que a EsPCEx e a Aman se adequassem em cinco anos.

Condecorado no governo Bolsonaro

Durante o governo Bolsonaro, Lawand foi condecorado, em março de 2021, no Quadro Ordinário do Corpo de Graduados Efetivos da Ordem do Mérito Militar, honraria para militares, civis e instituições que tenham prestado serviços relevantes à nação brasileira.

Como militar da ativa, o coronel recebe uma remuneração de R$ 25,5 mil mensais. Segundo a Veja, Lawand foi destacado, em fevereiro, pelo governo Lula para assumir o posto de representante militar em Washington, nos Estados Unidos. A posse estava prevista para 2 de janeiro de 2024, mas, ainda segundo a revista, o ministro da Defesa, José Múcio, deve cancelar a promoção e avalia demitir o militar.

O Estadão procurou o coronel Lawand, mas ainda não obteve retorno. À Veja, ele disse que Cid é seu amigo, que conversavam amenidades e que não se recorda de nenhum diálogo de teor golpista.

A Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o roteiro para um "golpe de Estado". O documento, distinto do que foi apreendido na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, dá um passo a passo em oito etapas para que as Forças Armadas assumam o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas. O roteiro foi revelado pela revista Veja nessa quinta-feira.

Na semana passada, a polícia já havia encontrado no celular de Cid o rascunho de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e mensagens que articulavam uma investida antidemocrática.

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O documento de três páginas recebeu o título "Forças Armadas como poder moderador" e está dentro de um relatório de 66 laudas elaborado pela inteligência da PF sobre o que está no celular do ex-ajudante de ordens. O primeiro passo que o roteiro prevê é o envio de um relatório das supostas irregularidades praticadas pelo Poder Judiciário aos militares.

Ao todo, o roteiro tem oito etapas. Quando recebessem o relatório, as Forças Armadas nomeariam um interventor, que fixaria um prazo para "restabelecimento da ordem constitucional", diz o documento. As decisões do Judiciário e as ações dos magistrados seriam imediatamente suspensas. O interventor, que teria sob seu comando a PF, poderia suspender todos os atos normativos que ele considerasse "inconstitucionais".

Um das etapas do documento menciona o afastamento dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a justificativa de que eles seriam "responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes". Uma das últimas etapas do passo a passo prevê a convocação de novas eleições, diante do reconhecimento, por parte das Forças Armadas e do interventor, de uma "situação em desacordo com a Constituição".

Dentro do documento "Forças Armadas como poder moderador", presente no relatório da PF que destrincha o celular de Cid, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, alvo frequente do bolsonarismo, é nominalmente citado. O texto diz que ele "nunca poderia ter presidido o TSE, uma vez que ele e Geraldo Alckmin possuem vínculos de longa data". A frase é uma menção ao fato de o ministro ter sido secretário de Estado do ex-tucano duas vezes, quando ele foi governador de São Paulo. Hoje, Alckmin é vice de Lula.

O relatório vem à tona no mesmo dia em que Moraes autorizou que Mauro Cid saia da prisão para prestar depoimento na CPMI do 8 de Janeiro. Sua convocação foi aprovada pelo colegiado na terça-feira, 13, junto com a de ex-ministros de Bolsonaro, como Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Até o momento, a CPMI aprovou a oitiva de 36 pessoas, entre investigados, testemunhas, condenados por atentados e autoridades do governo passado.

Após os primeiros embates entre governistas e oposição sobre os critérios e procedimentos a serem adotados no curso da investigação, a CPMI do 8 de Janeiro aprovou nesta terça-feira (13), em blocos, a convocação inicial de mais de 35 pessoas.

Todos vão depor na condição de testemunha. Entre os convocados estão Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o ex-ministro da Defesa, Braga Neto.

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De acordo com o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), ainda não há acordo para o início das oitivas e nem sobre quem serão os primeiros depoentes. 

 — Comigo não há qualquer tipo de acordo dessa natureza, então, fiquem tranquilos de que não há qualquer conversa com essa presidência de é quem vai designar a data de cada oitiva, de qualquer acordo que tenha se antecipado à decisão deste plenário — afirmou.

Centenas de requerimentos com pedidos de informações e acesso a imagens também foram aprovados, entre eles, a requisição de relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) com alertas sobre os riscos de ataques no dia 8 de Janeiro.

Sob protesto da oposição, a maioria da comissão rejeitou uma série de requerimentos que solicitavam, por exemplo, acesso a imagens do Itamaraty e do Ministério da Justiça e Segurança Pública no dia do ataque. Foram derrubados também requerimentos de convite ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o compartilhamento dos planos de segurança da viagem do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à cidade de Araraquara (SP) no mesmo fim de semana dos atos de vandalismo.   

De acordo com a oposição, a articulação dos governistas para rejeitar em bloco todos os requerimentos que, segundo eles, buscam apurar uma possível omissão federal pode prejudicar a imparcialidade do relatório. A relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), rechaçou as afirmações. A senadora disse que não vai se intimidar e apresentará um relatório justo com a transcrição do que realmente aconteceu. 

  — O que nós tivemos aqui foi a confirmação e a constatação de que o foco da CPMI não será desviado. Nós fizemos um plano de trabalho e nesse plano de trabalho nós deixamos claro o alinhamento, inclusive cronológico, que seguiremos para descobrirmos quem foram os autores intelectuais, quem arquitetou e quem financiou o 8 de janeiro. Nós não abriremos mão de fazer uma investigação do que ocorreu a partir do resultados das eleições nos dias 30 e 31 [de outubro], no dia 12 e também do dia 24 de dezembro. O que tem sido colocado aqui, vez por outra, é que haveria aqui uma parcialidade, que não se sustenta no mundo real. Não se sustenta por quê? Porque os fatos estão apresentados para a sociedade brasileira. 

*Da Agência Senado

A Polícia Federal (PF) encontrou uma minuta para decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid prestou depoimento na última terça-feira (6), na Diretoria de Inteligência, em Brasília, mas ficou em silêncio quando foi questionado sobre o assunto.

A GLO, quando assinada pelo presidente da República, concede poderes às Forças Armadas em casos graves de desordem pública. Os investigadores também tiveram acesso a trocas de mensagens de Cid com outras pessoas ligadas a Bolsonaro, e o conteúdo das conversas aponta para uma tentativa de golpe de Estado que estava sendo planejado após a derrota do então presidente nas eleições de 2022.

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Mauro Cid já prestou outros três depoimentos à PF, relacionados à falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro e à entrada de joias ilegais vindas da Arábia Saudita. O tenente-coronel está preso sob custódia do órgão desde o dia 3 de maio.

Outros militares já foram identificados como cúmplices da operação, como o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros e o sargento Luis Marcos dos Reis, que também está preso.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Bolsonaro, depôs à Polícia Federal nesta segunda-feira, 22, e respondeu todas as perguntas feitas pelos investigadores sobre caso das joias - revelado pelo Estadão. A investigação é conduzida pela superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Ele foi ouvido por videoconferência.

O depoimento estava previsto no dia em que ele foi preso preventivamente na Operação Venire - investigação sobre fraudes na carteira de vacinação de Bolsonaro -, por isso o procedimento precisou ser remarcado.

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Cid será interrogado pela segunda vez no inquérito. Ele já foi ouvido por cerca de três horas no início do mês passado, quando confirmou que recebeu um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar reaver as joias retidas pela Receita Federal.

Bolsonaro também já deu sua versão. O ex-presidente alegou que acionou seus auxiliares para evitar um suposto 'vexame diplomático' e que só ficou sabendo da existência das joias em 2022 - um ano após a apreensão no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Gabriela Santiago Ribeiro Cid atribuiu fraudes em cartão de vacina ao marido, sinalizando que ele pode assumir a culpa pelos crimes investigados na Operação Venire, que também mira Bolsonaro

O conjunto de colar, anel, par de brincos e relógio em ouro branco e diamantes da marca suíça Chopard, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi um presente do regime da Arábia Saudita. Outros dois kits, com relógio, caneta, terço islâmico e abotoaduras, também vieram a público.

Uma comitiva do Ministério das Minas e Energia tentou entrar com joias no Brasil sem declará-las. A suspeita é que elas seriam destinadas a Bolsonaro, burlando a lei que obriga a restituição dos presentes ao acervo da União. A investigação é conduzida pelo delegado Adalto Machado.

Mauro Cid seria ouvido na semana passada em outro inquérito, sobre um esquema de fraudes em certificados de vacina da covid-19. Ele se apresentou na sede da PF, em Brasília, mas decidiu ficar em silêncio e não respondeu aos questionamentos dos investigadores.

Sob a justificativa de que não há sentença transitada em julgado contra o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, o Exército brasileiro decidiu manter o salário e a casa em vila militar do tenente-coronel. Cid está preso desde o dia 3 de maio, suspeito de fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e sua família. 

Como tenente-coronel da ativa, Cid recebe do Exército salário bruto mensal de R$ 26,2 mil, que, após descontos, fica em R$ 17,1 mil líquidos para o militar. A informação é da coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles.

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Na última quinta-feira (18), ele ficou em silêncio no seu quinto depoimento à Polícia Federal. A esposa de Mauro Cid, Gabriela Cid, prestou depoimento à PF nesta sexta-feira (19). Ela revelou que usou cartão de vacinação falso e responsabilizou seu marido pela inserção dos dados falsos.

A ex-primeira-dama e líder nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, negou ter qualquer relação com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid. O militar está sendo investigado por suspeita de fraude nos cartões de vacinação do ex-mandatário, Jair Bolsonaro (PL), e de sua família. As declarações de Michelle foram feitas para a Veja, na edição desta sexta-feira (19). 

Conversas descobertas pela Polícia Federal (PF) revelaram trocas de mensagens entre duas assessoras da ex-primeira-dama e Cid. Os diálogos apontam para uma orientação de pagamento em dinheiro das despesas de Michelle. Cid trabalhava como ajudante de ordens na Presidência da República, durante a gestão Bolsonaro.  Michelle declarou que o contato com tenente-coronel era feito por intermédio de suas assessoras e que ele ficava com o cartão do seu marido.

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“Nenhuma [relação com Mauro Cid]. O meu contato com ele se dava por meio das minhas assessoras. Ele pagava minhas contas pessoais porque era ele que ficava com o cartão da conta-corrente do meu marido. Todo o dinheiro usado pelo coronel para pagar minhas despesas foi sacado da conta pessoal do Jair, dos rendimentos dele como presidente da República. Não tem um tostão de recursos públicos. Temos os extratos para provar isso”, afirmou.

No mesmo dia em que seu ajudante de ordens, o coronel Mauro Cid permaneceu em silêncio ao depor na Polícia Federal, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), tentou se desvencilhar de irregularidades que o oficial possa ter cometido no caso dos cartões fraudados de vacinação. Bolsonaro disse "esperar" que Cid não tenha feito nada de errado.

"Não tenho conversado com ele (Cid). Vi que ele ficou em silêncio. Isso é ele com o advogado dele. Foi um excelente oficial do Exército brasileiro, é jovem ainda. Ele fez o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado", disse.

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Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro enquanto ainda atuava no Palácio do Planalto e foi convocado a prestar esclarecimentos à PF no inquérito que apura se houve adulteração de carteiras de vacinação da covid-19. O militar está preso preventivamente na Operação Venire, que tornou o caso público, no início de maio.

A polícia investiga inserções falsas sobre o cartão da vacina para burlar restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia. Bolsonaro se defendeu da hipótese. "Não tinha exigência para eu entrar nos EUA estar vacinado, meu Deus do céu", disse.

O ex-presidente, que veio ao Senado visitar o filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ainda falou sobre as compras de Michelle em dinheiro vivo e sobre o caso das joias. "As compras dela é absorvente, uma comprinha pra filha, manicure, cabeleireiro. Eu sacava em média 20 mil por mês, outras coisas que pagava da minha conta pessoal. Eu nunca usei o cartão corporativo meu", afirmou.

Bolsonaro nega que as joias que ganhou de presente da Arábia Saudita - caso revelado pelo Estadão - tenham passado tanto ele como por sua esposa e nivelou o valor delas por baixo. "Ela nunca viu as joias. O que eu já tive de conhecimento, quando é uma joia para se vender no mercado específica de uma nação, o preço vai estar lá embaixo. Vai estar abaixo de R$ 2 milhões. É bastante valor? É. Mas está longe de R$ 16 milhões", disse.

Articulado com o Congresso, o deputado relativizou o apoio dado por 29 deputados ao voto de urgência ao arcabouço fiscal. "O PL é um partido grande. A gente não vai fazer uma oposição radical", amenizou. Ele ainda mantém diálogos sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, onde a oposição deve centrar a artilharia contra o governo, ao menos enquanto a CPMI do 8 de Janeiro ainda não inicia.

"O que eu tenho falado para parlamentares que devem compor é para fazer um trabalho sério. Ninguém chegar lá para lacrar, querer aparecer. É para ficar lá para buscar alternativas", afirmou Bolsonaro.

Com muitos deputados novatos, há uma sensação entre uma ala da oposição ao governo que os embates com os ministros em audiências no Senado estão tendo um efeito reverso e que alguns parlamentares, por irem despreparados, estariam passado vergonha.

A entrevista dada a jornalistas acabou após uma pessoa gritar "fora, Bolsonaro". Uma transeunte ainda rebateu com um "mito", termo usado para se referir ao ex-presidente.

Em entrevista recente à revista Veja, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “não há motivos” para temer uma eventual prisão. O conservador, que está na mira da Polícia Federal por supostos crimes de responsabilidade, acredita que opositores estão tentando “carimbá-lo com a pecha de ex-presidiário”. Segundo o ex-capitão, pessoas “importantes” já discutiam prendê-lo antes do fim do governo, numa espécie de “prisão light”, com o intuito único de manchar sua imagem.  

Bolsonaro já prestou três depoimentos à PF desde que voltou ao Brasil. Ele é investigado por possível fraude ao sistema de saúde, mas também pelo caso das joias sauditas milionárias e por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.  O ex-militar citou ainda o caso da ex-presidente boliviana Jeanine Áñez, presa e condenada sob acusação de atos antidemocráticos, mas negou temer que o mesmo ocorra com ele no Brasil. 

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“Não há motivos para isso. Mas é bom não esquecer o que aconteceu na Bolívia. A ex-presidente Jeanine Áñez assumiu quando o Evo Morales fugiu para a Argentina. Depois, o outro lado voltou ao poder, ela foi presa e condenada a dez anos de cadeia. Acusação: atos antidemocráticos. Não preciso explicar mais”, disse Bolsonaro. 

Bolsonaro também disse que esperava ser perseguido após deixar o poder, mas não “dessa forma”. “O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira. Na terça-feira, nem tinha deixado o prédio da PF ainda e a cópia do meu depoimento já estava na televisão. É um esculacho”, afirmou. No total, até o momento, são 24 ações e inquéritos contra o ex-mandatário. 

Questionado sobre a relação com o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, que foi preso em operação que investiga fraude no sistema que registra a vacinação da Covid-19, o ex-presidente voltou a defender o militar e disse que não irá acusá-lo. No entanto, admitiu: “Ao que tudo indica, alguém fez besteira. Não estou batendo o martelo. Da minha parte não tem problema nenhum”.  

 

Os advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) alegaram nesta segunda-feira (15) que os saques e pagamentos com dinheiro vivo realizados por Mauro Cid, ajudante de ordens da Presidência nos últimos quatro anos, saíram da conta do ex-presidente. Eles negam que tenham sido usados recursos públicos do cartão corporativo para pagar despesas pessoais.

"O presidente dispunha de um cartão corporativo pessoal dele que jamais foi criado senha. O presidente Bolsonaro nunca se utilizou de cartão corporativo para nenhuma despesa", afirmou o assessor de imprensa do ex-presidente, Fábio Wajgarten. "100% dos saques tinham origem na conta pessoal do presidente da República", enfatizou.

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Os defensores do ex-presidente convocaram uma coletiva de imprensa às pressas para rebater informações divulgadas durante o final de semana sobre a investigação da Polícia Federal (PF) que apura suspeitas de desvio de dinheiro da Presidência por meio de Mauro Cid, a mando da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com suposta anuência de Bolsonaro.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio em uma operação da PF sobre fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

A defesa alega que os boletos da família eram pagos normalmente, mas, em caso de compras triviais de pequenos fornecedores, era ordenado o saque para pagamento em dinheiro vivo. Os advogados argumentam que a prática de saques era adotada como método de segurança para evitar o rastreio das informações bancárias do então casal presidencial, assim como possíveis ataques e tentativas de envenenamento relacionados às compras em supermercados.

Wajgarten chegou a apresentar uma planilha com o que seriam todos os extratos de saques da conta pessoal de Bolsonaro, entre 2019 e 2022. Neste período, o ex-presidente ordenou pagamentos em dinheiro vivo entre R$ 5,6 mil e R$ 25,3 mil por mês. Segundo a defesa, os valores movimentados eram para gastos "pequenos" do "dia a dia", como a compra de pizza ou o pagamento de manicure para a ex-primeira-dama. O assessor ainda afirmou que a defesa vai contratar um perito contábil criminal "para evidenciar que não há nenhum desajuste entre entradas e saídas de recursos".

A PF identificou transações suspeitas envolvendo saque de dinheiro vivo para o pagamento de contas do casal presidencial durante o governo Bolsonaro. O UOL revelou no último sábado, 13, áudios de conversas de duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, com Mauro Cid para organizar o pagamento com dinheiro vivo de contas da primeira-damas . A defesa Bolsonaro, por sua vez, argumentou que os valores movimentados para custear os gastos de Michele eram pífios.

De acordo com o UOL, também com base na investigação da PF, uma empresa que teve contratos públicos na gestão Bolsonaro, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais, teria feito, em 2022, uma série de transferências a um militar que trabalhava com Mauro Cid na Ajudância de Ordens da Presidência da República.

A defesa, por sua vez, argumentou que nenhum depósito de empresa foi feito na conta de Bolsonaro, durante seus quatro anos de governo, para pagamento de despesas pessoais. "Não há ao longo dos 48 meses de mandato nenhum depósito na conta do presidente Bolsonaro de nenhuma empresa para pagamento de contas dele e da família dele", disse Wajgarten.

Cartão emprestado

Os advogados também abordaram o fato de a ex-primeira-dama utilizar o cartão de crédito da amiga Rosimary Cordeiro desde novembro de 2011. Os defensores alegaram que a ex-primeira-dama nunca solicitou limite de crédito a um banco porque não possuía receita para justificar ao banco.

De acordo com a defesa, Michele afirmou que utilizava o cartão adicional da amiga porque Bolsonaro era "pão duro", apesar de ser ele o responsável pelo pagamento dos custos com o cartão. A fatura mensal, que segundo os advogados era de aproximadamente R$ 2 mil, era reembolsada por Michele a Rosimary. A prática durou até agosto de 2021 e só foi cessada após o Banco do Brasil oferecer um cartão à ex-primeira-dama

Uma conversa interceptada pela Polícia Federal entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e uma assessora de Michelle Bolsonaro sugere uma orientação de pagamento para despesas da então primeira-dama. De acordo com áudios de WhatsApp, o militar demonstrava preocupação de que o ato relatado por ele fosse interpretado como um esquema de rachadinha, citando uma investigação a qual o senador Flávio Bolsonaro foi alvo no Ministério Público do Rio de Janeiro. A transcrição dos áudios obtidos pela PF foi revelada pelo portal UOL.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio em uma operação da PF sobre fraudes em certificados de vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

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"Se ela (Michelle) perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente", disse Mauro Cid, em 25 de novembro de 2020, a Giselle dos Santos Carneiro da Silva, assessora da então primeira-dama, de acordo com áudio obtido pela PF.

"É a mesma coisa do Flávio", disse Mauro Cid a Giselle em outro trecho do áudio, reforçando a preocupação com o caso.

De acordo com o UOL, também com base na investigação da PF, uma empresa que teve contratos públicos na gestão Bolsonaro, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais, teria feito, em 2022, uma série de transferências a um militar que trabalhava com Mauro Cid na Ajudância de Ordens da Presidência da República.

Segundo a PF, o segundo sargento Luis Marcos dos Reis fez ao menos 12 depósitos em uma conta da tia da então primeira-dama em quatro ocasiões, entre abril e junho de 2022. Os depósitos tiveram o mesmo valor: R$ 2.840,00. A Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais tem contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Ao UOL, a defesa de Bolsonaro e Michelle diz que não há irrerrularidades nas transações e nega que recursos da Codevasf tenham sido utilizados para pagar despesas da ex-primeira-dama. "A dona Michelle não conhece esse ajudante de ordens (sargento Dos Reis) e desconhece que ele tenha feito pagamentos para ela", disse o advogado Fábio Wajngarten, que foi chefe da Secretaria de Comunicação na gestão Bolsonaro.

Empréstimo de senha

A PF cumpriu no dia de 3 de maio mandado de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília, e prendeu o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. De acordo com a PF, os suspeitos agiram para inserir dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério. A operação foi do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Os certificados de vacinação de Bolsonaro e da filha Laura, de 12 anos, teriam sido adulterados às vésperas da viagem da família aos EUA, em dezembro.

Em depoimento à PF, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, a chefe da central de vacinação da cidade carioca de Duque de Caxias, onde foram registradas as vacinas de Bolsonaro, Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva afirmou que emprestou sua senha para o secretário de Governo do município, João Carlos de Sousa Brecha, para excluir dados de vacinação, sem saber que se tratava do ex-presidente.

Cláudia teria dito que não recebeu a relação dos CPFs que tiveram dados de vacinação excluídos e que Sousa Brecha teria justificado o empréstimo da senha dizendo que não queria "envolvê-la em problemas, uma vez que se tratavam de pessoas relevantes e conhecidas".

Brecha foi preso no mesmo dia que Mauro Cid. O secretário é acusado de incluir dados falsos de vacinação nos registros de Jair Bolsonaro no ConecteSUS.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o imóvel pertencente à família do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, deve ser do "paladino da discórdia", em referência ao ex-chefe do Executivo. A declaração foi dada em evento de assinatura da Lei Paulo Gustavo, na noite desta quinta-feira (11) em Salvador.

Uma reportagem do portal Metrópoles publicada na quarta-feira (10) revelou que a família de Cid mantém um trust (Cid Family Trust) nos Estados Unidos, detentor até de uma mansão avaliada em R$ 8,5 milhões na Califórnia.

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"Agora mesmo acabaram de descobrir uma casa de 8 milhões de dólares do, como é que chama ele? Do ajudante de ordem do Bolsonaro", disse Lula, durante o evento. "Certamente uma casa de 8 milhões de dólares não é para o ajudante de ordem, certamente é para o paladino da discórdia, da ignorância, do negacionismo."

Preso preventivamente na investigação sobre as fraudes em dados da vacinação contra a covid-19, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro, trocou de advogados.

O criminalista Rodrigo Roca, que tem proximidade com a família do ex-presidente, sobretudo com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), deixou a defesa. Ele afirma que a decisão foi motivada por 'razões de foro profissional e impedimentos familiares'.

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Os advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore assumiram o caso. A troca marca um distanciamento do do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em relação ao ex-presidente.

Mauro Cid foi o pivô da investigação sobre o suposto esquema de adulteração de certificados de vacina e é considerado uma figura central no inquérito. Ele foi preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito também levou a Polícia Federal a fazer buscas na casa de Bolsonaro e a apreender o celular do ex-presidente.

Meses atrás, Rodrigo Roca deixou a defesa de outro aliado de Bolsonaro preso por ordem do STF: o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

 Preso na semana passada por suspeita de adulterar certificados de vacinação, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, passou a ser investigado por lavagem de dinheiro.

Ele foi preso na quinta-feira (4) em sua residência, na Vila Militar, em Brasília, por suposta adulteração do cartão de vacinação contra Covid de Bolsonaro e sua filha, Laura, de 12 anos.

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Imagens divulgadas no domingo (7) pelo programa Fantástico, da TV Globo, mostram que o militar tinha milhares de dólares e reais escondidos no cofre de sua casa, que ele tentou ocultar dos agentes da Polícia Federal.

Segundo a PF, o militar teria retirado o dinheiro de uma conta bancária em dólares em março, no estado da Flórida, Estados Unidos, onde Bolsonaro se encontrava na época.

"O dinheiro do coronel Mauro Cid vem de trabalho. É fato conhecido que todo militar que faz uma missão no exterior tem a seu favor uma conta com o Banco do Brasil em Miami", disse o seu advogado, Rodrigo Roca.

O próximo passo dos investigadores será quebrar o sigilo bancário de Cid, que foi detido com autorização do Supremo Tribunal Federal junto com outros cinco suspeitos na quinta-feira, quando foi feita uma busca e apreensão na casa de Bolsonaro no bairro Jardim Botânico, em Brasília. 

Da Ansa

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