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Prestes a entregar o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino anunciou que a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) vigente desde novembro poderá ser prorrogada por mais seis meses, até final do ano. A declaração foi dada em entrevista à GloboNews nesta terça-feira, 23.

O futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que a proposta da prorrogação surgiu em uma reunião realizada mais cedo naquele dia com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica e com a Polícia Federal (PF).

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Segundo Dino, também surgiu a proposta de extensão do decreto para outros portos e aeroportos, "sobretudo no Nordeste". Essa GLO, com validade fixada até maio, tem foco na dinâmica criminosa do Sul de Sudeste, segundo o ministro. A sugestão de ampliar as regiões onde o decreto vale, estendendo a operação para "algum porto e aeroporto de um Estado do Nordeste", deverá ser aprofundada pelo seu sucessor, Ricardo Lewandowski, e levada à reflexão do presidente da República.

"Houve uma avaliação unânime de que a GLO dos Portos e Aeroportos foi um acerto. É eficiente e tem resultado em apreensão de drogas, prisão de pessoas e desvios de rotas por parte de organizações criminosas. Isso significa embaraçar as suas atividades", disse o ministro na entrevista.

Assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novembro de 2023, a GLO garante aos militares "poder de polícia" nos aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ); e nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí (RJ) e de Santos (SP). Enquanto a medida está em vigor, as autoridades do Exército têm permissão para revistar pessoas, dar voz de prisão e fazer patrulhamento.

O dispositivo é uma tentativa de interromper os fluxos de tráfico de drogas e asfixiar as organizações criminosas agindo em locais que funcionam como importantes rotas para os criminosos. O dispositivo, que está previsto em lei, é usado para suprir a falta de agentes das forças tradicionais de segurança.

A medida foi acionada no mês seguinte a morte de um miliciano em confronto com a Polícia Civil no Rio de Janeiro, o que desencadeou um caos urbano. Na ocasião, pelo menos 35 ônibus foram incendiados na zona oeste da cidade em retaliação à ação da polícia. O sindicato das empresas de ônibus afirmou que esse foi o maior ataque a ônibus da história da cidade.

Com a crise instalada no ataque aos prédios dos Três Poderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cogitou assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter a situação, mas foi desaconselhado a baixar a norma pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. "É tudo o que eles querem", disse a primeira-dama, conforme relatou o presidente no documentário "8/1 - A Democracia Resiste", produzido pela GloboNews.

"Foi a Janja que invalidou: 'Não aceita a GLO, porque GLO é tudo que eles querem. É tomar conta do governo'. Se eu dou autoridade pra eles, eu tinha entregado o poder pra eles", disse Lula na produção, divulgada neste domingo, 7.

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Diante do conselho de Janja, o presidente optou por outra via para estancar a crise em Brasília: a intervenção federal, prevista no Artigo 34 da Constituição. O nº 2 do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o secretário-executivo Ricardo Cappelli, foi nomeado interventor da área de segurança pública no Distrito Federal e liderou o trabalho com a Polícia Militar do DF para contornar a crise. "Eu tomei a decisão, falei pro Flávio Dino: 'Vamos fazer o que tiver que fazer, não tem GLO'", afirmou o presidente.

O uso da Garantia da Lei e da Ordem foi conclamado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitaram o resultado das eleições de 2022. Nas semanas que antecederam os ataques de 8 de Janeiro, o termo havia se tornado uma palavra de ordem nos acampamentos golpistas. Entenda, a seguir, o que é GLO, como o dispositivo poderia ter sido acionado em 8 de janeiro de 2023 e por qual razão Janja desaconselhou o presidente da alternativa.

O que é GLO?

A Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é um dispositivo excepcional para o controle de uma crise na segurança pública. Enquanto uma GLO está em vigor, as autoridades do Exército passam a exercer o poder de polícia, o que confere permissão para revistar pessoas, dar voz de prisão e fazer patrulhamento. A norma deve ser acionada por iniciativa da Presidência da República e, no ato da convocação, devem ser especificadas a área e o período nos quais o dispositivo estará valendo. Trata-se de uma intervenção pontual e com prazo para acabar.

Segundo Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), o dispositivo está previsto em lei para ser usado para suprir a falta de agentes das forças tradicionais de segurança. "Naquele dia, em Brasília, a Polícia Militar deveria ter evitado o que aconteceu. Surgiu, então, um problema de ineficiência da PM. E a GLO é o instrumento previsto pela Constituição para uma situação de crise em que a PM não dá conta ou a PM é a causa da crise", explicou o professor.

Quem já acionou a GLO?

Todos os presidentes desde 1992 acionaram a Garantia da Lei da Ordem para conter uma crise de segurança pública, inclusive Lula. Levantamento do Estadão revelou que, nos últimos 30 anos, o Brasil teve uma média de cinco GLOs por ano - foram 146 situações do gênero. O recordista é Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que assinou 46 decretos de GLO nos oito anos em que governou o País. Lula vem logo atrás, com 41 intervenções do gênero.

O levantamento do Estadão revela que o uso de GLOs assumiu diferentes finalidades ao longo das últimas décadas. As razões para o decreto de Garantia da Lei e da Ordem vão desde violência urbana, greve de policiais militares e até mesmo processos eleitorais.

Lula é o responsável pela última vez em que uma GLO foi acionada. Em novembro de 2023, o presidente assinou um decreto autorizando o emprego do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo. A medida está em vigor até maio de 2024. Ele assinou a GLO quatro dias depois de dizer que, enquanto ocupasse o Palácio do Planalto, "não haveria GLO".

Apesar do alto índice de GLOs baixadas pelo petista durante suas gestões, o PT tentou, recentemente, emplacar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com o dispositivo. Batizada pelos seus autores de "PEC antigolpe", a proposta não obteve consenso nem mesmo na base do governo Lula e acabou não sendo levada adiante.

A GLO poderia ter sido acionada em 8 de Janeiro?

Para Carlos Sundfeld, é "natural" que o acionamento da GLO tenha sido cogitado como reação aos atos golpistas, pois o dispositivo está previsto em lei para situações em que o controle de determinada situação tenha escapado às autoridades locais, como a Polícia Militar do Distrito Federal durante o 8 de Janeiro. "Era natural que naquela situação se cogitasse, como uma das hipóteses, o acionamento das Forças Armadas, porque, em tese, elas estão sob o comando do governo federal", afirmou o professor.

Outros fatores, no entanto, foram avaliados para que Lula preferisse a intervenção federal, prevista no Artigo 34 da Constituição, em vez da GLO. "O risco que o presidente da República avaliou era de, ao acionar as Forças Armadas, colocar os militares num papel de protagonismo, o que não seria conveniente por conta das características dessa crise política", disse o professor da FGV.

Por que Janja não quis a GLO?

Como mostra o documentário produzido pela GloboNews, Lula atribui a Janja o conselho de não acionar a GLO, o caminho "natural", como resposta ao 8 de Janeiro. Segundo Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara - cidade onde estava o casal no dia 8 de janeiro -, Janja disse: "GLO não, é entregar para os militares".

Para o professor Carlos Sundfeld, além de não querer conferir protagonismo aos militares, a primeira-dama, possivelmente, avaliou qual seria o recado que Lula daria aos manifestantes ao decretar a Garantia da Lei e da Ordem. Nos meses que antecederam os atos golpistas, GLO havia se tornado palavra de ordem nos acampamentos instalados nas bases do Exército em todo o País. A alegação era de que um decreto dessa natureza era necessário diante de uma suposta fraude - jamais comprovada - no sistema eleitoral.

"A esposa do presidente da República podia estar alertando-o: 'Não faça um gesto político que pareça uma vitória das pessoas que estão fazendo quebra-quebra na rua", disse Sundfeld.

GLO é a mesma coisa que intervenção militar?

Não. GLO, intervenção federal e intervenção militar são três conceitos diferentes e não resguardam relação entre si. A GLO, como explicado, é prevista pelo Artigo 142 da Constituição Federal. Além disso, a Garantia de Lei e da Ordem é regulamentada pela Lei Complementar nº 97/1999 e pelo Decreto nº 3.897/2001.

Carlos Ari Sundfeld ressalta que nenhuma dessas normas confere "poder moderador" às Forças Armadas. "Isso é completamente falso. Nenhuma Constituição no mundo, inclui-se a brasileira, confere às Forças Armadas a iniciativa de intervir na ordem política."

Por intervenção militar, entende-se uma ruptura no Estado Democrático de Direito liderada por um comando do Exército.

Intervenção federal, por outro lado, é um dispositivo previsto na Constituição Federal do Brasil por meio do Artigo 34. Foi a via escolhida pelo presidente Lula para lidar com a crise de 8 de Janeiro, com a nomeação do interventor Ricardo Cappelli.

Tal como a GLO, a intervenção é um instrumento acionado excepcionalmente para crises de segurança pública, mas resguarda diferenças cruciais em relação à Garantia da Lei da Ordem. Depende, por exemplo, de aprovação do Congresso Nacional; além disso, o comando das forças de segurança do local no qual se intervém ficam sob a gerência do interventor, e não das Forças Armadas.

Uma das medidas que poderia ser adotada para conter os golpistas do 8 de janeiro era a decretação da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que colocaria o controle da crise no Distrito Federal nas mãos das Forças Armadas. Entretanto, o presidente Lula (PT) revelou que não quis abrir mão da sua responsabilidade e que a resposta deveria ser dada pela política.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o chefe do Executivo afirmou que a decisão sobre intervenção federal na segurança do DF ocorreu diante da atuação controversa das forças de segurança locais. O controle que se manteve com o governo federal também evitou que os militares comandassem as ações contra a invasão à Praça dos Três Poderes. Nos grupos de WhatsApp bolsonaristas se falavam em criar um ambiente instável para forçar as Forças Armadas a agir e tomar o poder.

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"Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino, e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições[...] Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política", mencionou Lula.

O presidente estava em Araraquara, no interior de São Paulo, onde via de perto os prejuízos causados pela chuva na região quando foi informado sobre a tentativa de golpe. A gravidade da situação fez pessoas próximas o aconselharem a permanecer na cidade, mas Lula quis voltar à Brasília no mesmo dia.

"Tinha gente que não queria que eu viesse para Brasília, voltasse para São Paulo. Que ao invés de eu vir de Araraquara para cá, que eu ficasse lá e eu disse: não. Eu vou para Brasília, vou para o hotel e vou para o Palácio. Eu ganhei as eleições, eu tomei posse. O povo me deu o direito de ser presidente durante quatro anos. Eu não vou fugir à minha responsabilidade", contou.

No dia seguinte, Lula convocou governadores e os chefes do Legislativo e Judiciário para um ato entre os prédios públicos da Praça dos Três Poderes que foram destruídos. "O gesto de todo mundo se encontrar aqui no Palácio do Planalto e depois visitar a Suprema Corte foi um gesto muito forte, que eu acho que é a fotografia que o povo brasileiro vai se lembrar para sempre e nunca mais a gente vai querer dar ouvidos a pessoas que não gostam de democracia", espera o presidente.

Um ano após a confusão, nesta segunda (8), um novo ato foi organizado pelo Planalto para reforçar a defesa da democracia no país. A cerimônia no Senado Federal deve contar com a presença de autoridade de todo o país.

"Eu acho que o que aconteceu pode ser um processo depurador, de quem vai fortalecer a democracia e de quem queria enfraquecer a democracia[...] Acho que nós poderemos, com o que aconteceu no dia 8 de janeiro, e com a resposta que nós demos e com a resposta que vamos dar [no próximo] dia 8, nós poderemos estar construindo a possibilidade desse país viver todo século 21 sem ter golpe de Estado”, projetou. 

Dois veículos blindados da Marinha foram posicionados na manhã desta segunda-feira (6) no acesso ao porto do Rio. Na Baía de Guanabara, lanchas e navios-patrulha foram vistos circulando no primeiro dia da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio e de São Paulo. Nos terminais aéreos, a movimentação foi normal, sem mobilização visível de tropas.

Segundo o capitão de Fragata Rodrigo Fernandes, porta-voz da GLO, o foco da força está na "quebra do fluxo logístico" das organizações criminosas, seja por meio de ações preventivas, seja de forma repressiva. "A Marinha do Brasil está desde as 6h da manhã com seus meios, militares e tropas posicionadas nos portos definidos no decreto de GLO: Porto do Rio de Janeiro, Porto de Santos e Porto de Itaguaí. E também com seus meios na água já realizando o patrulhamento na Baía de Guanabara, Baía de Sepetiba, acesso marítimo ao porto de Santos, e também no lago de Itaipu", disse.

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O capitão explicou que, com o decreto, as atribuições da Marinha se ampliam; a Força faz tradicionalmente o controle dos mares e a abordagem preventiva de embarcações, mas agora a ação terá um efetivo maior e poderá atuar também nos portos. "Isso está sendo intensificado, com a concentração de meios e de pessoal, mais especificamente na área dos portos. É uma área que não é atribuição da Marinha, mas que agora estaremos operando, sempre que possível em coordenação e articulados com os órgãos de segurança pública e agências, além de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal", afirmou. Para a GLO, a Marinha ofertou 1.900 militares, além de cerca de 120 veículos, entre blindados, navios-patrulha e lanchas. Cães farejadores também participam.

Aeroportos

No Rio, o aeroporto do Galeão teve movimentação normal no primeiro dia com o decreto em vigor. Nenhuma movimentação de militares foi percebida nos terminais de passageiros ou de carga.

Já a movimentação no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU) também estava normal ontem. A reportagem não encontrou sinais de tropas militares do Exército e Aeronáutica nas áreas externas e nos saguões do aeroporto tanto em terminais domésticos quanto no destinado a voos internacionais.

O decreto de GLO estabelece que, durante o período de vigência, os militares têm "poder de polícia" nesses locais, podendo revistar pessoas, efetuar prisões e inspecionar quaisquer áreas. Desde o mês passado, o Rio vive uma nova crise na segurança pública, acentuada após a morte do miliciano Matheus da Silva Resende num confronto com a polícia. Em retaliação, criminosos queimaram pelo menos 35 ônibus na zona oeste.

Além da GLO, o governo reforçou a atuação das Forças Armadas na faixa de fronteira. Considerando a GLO e o reforço da presença das Forças Armadas nesses locais, 3.700 agentes atuam nas operações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois veículos blindados da Marinha foram posicionados na manhã desta segunda-feira, 6, no acesso ao porto do Rio. Na Baía de Guanabara, lanchas e navios-patrulha foram vistos circulando no primeiro dia de funcionamento da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio e de São Paulo. Nos terminais aéreos, a movimentação foi normal pela manhã, sem mobilização visível de tropas.

Segundo o capitão de Fragata Rodrigo Fernandes, porta-voz da operação, o foco da força está na "quebra do fluxo logístico" das organizações criminosas, seja por meio de ações preventivas, seja de forma repressiva.

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"A Marinha do Brasil está desde às 6h da manhã com seus meios, militares e tropas posicionadas nos portos definidos no decreto de GLO - porto do Rio de Janeiro, porto de Santos e porto de Itaguaí -, e também com seus meios na água já realizando o patrulhamento na Baía de Guanabara, Baía de Sepetiba, acesso marítimo ao porto de Santos, e também no lago de Itaipu", disse ao Estadão.

O capitão explicou que, com o decreto, as atribuições da Marinha se ampliam; a força já faz tradicionalmente o controle dos mares e a abordagem preventiva de embarcações, mas agora a ação terá um efetivo maior e poderá atuar também nos portos.

"Isso está sendo intensificado, com a concentração de meios e de pessoal, mais especificamente na área dos portos. É uma área que não é atribuição da Marinha, mas que agora estaremos operando, sempre que possível em coordenação e articulados com os órgãos de segurança pública e agências, além de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal", afirmou Rodrigues.

Para a operação, a Marinha disponibilizou 1.900 militares, além de cerca de 120 veículos, entre blindados, navios-patrulhas e lanchas. Cães farejadores também participam da GLO.

Aeroportos

No Rio, o aeroporto do Galeão teve movimentação normal na primeira manhã com o decreto em vigor. Nenhuma movimentação de militares da Aeronáutica foi percebida nos terminais de passageiros ou de carga.

A movimentação no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU) também estava normal na manhã desta segunda-feira, 6. A reportagem do Estadão não encontrou sinais de tropas militares do Exército e Aeronáutica nas áreas externas e nos saguões do aeroporto.

Combate ao crime organizado

O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO ) estabelece que, durante o período de vigência, os militares têm "poder de polícia" nesses locais, podendo revistar pessoas, efetuar prisões e inspecionar quaisquer áreas.

Desde o mês passado, o Rio vive uma nova crise na segurança pública, acentuada após a morte do miliciano Matheus da Silva Resende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteu, durante confronto com a polícia. Em retaliação, criminosos queimaram pelo menos 35 ônibus na zona oeste cidade.

Além da GLO, o governo reforçou a atuação das Forças Armadas na faixa de fronteira, principalmente nos Estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que funcionam como rotas para escoamento de drogas.

Considerando a GLO e o reforço da presença das Forças Armadas nesses locais, serão utilizados 3.700 agentes nas operações.

Congressistas de oposição preparam um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para invalidar ou ao menos modificar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) determinada pelo governo Lula em portos e aeroportos dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. A afirmação é do deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), atual presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CCSPO) da Casa. "Com certeza faremos um PDL para sustar ou modificar os termos do decreto", disse ele ao Estadão.

Na última quarta-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto instaurando a GLO em portos e aeroportos do Rio e de São Paulo. A medida deve durar até maio de 2024 e abrange os portos de Itaguaí (RJ), do Rio de Janeiro (RJ) e de Santos, em São Paulo, assim como os aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão, no Rio. De acordo com o decreto, as Forças Armadas passarão a trabalhar nestes locais para combater o tráfico de armas e de drogas. Lula disse ainda que o governo criará um comitê para acompanhar as ações, sob o comando dos ministros Flávio Dino (Justiça) e José Múcio Monteiro (Defesa).

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O "Projeto de Decreto Legislativo", ou PDL, é um tipo de proposição legislativa usada por deputados e senadores para regular assuntos que são da alçada exclusiva do Congresso, ou para suspender atos do Poder Executivo, como o decreto da GLO editado por Lula. A operação de GLO está programada para começar nesta segunda-feira (6), mobilizando 3.700 militares das três Forças - Marinha, Aeronáutica e Exército.

"A GLO decretada pelo governo federal trará pouco resultado prático na queda dos índices de violência, porque já anunciada com prazo determinado de validade e com proibição de incursões e operações em áreas conflagradas e tomadas pelo narcotráfico e por milícias criminosas", diz Sanderson, que é integrante da Frente Parlamentar da Segurança Pública, grupo apelidado por adversários de "bancada da bala".

Uma das polêmicas da GLO é que não houve requisição do governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governo federal alega que o policiamento de portos e aeroportos já é de responsabilidade da União, sendo feito normalmente pela Polícia Federal (PF). Por isso, não haveria necessidade de autorização dos governadores. "O que já estamos fazendo é ter presença em áreas federais. Não vamos suprimir a área de competência das polícias do estado ou do município", disse o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Sanderson diz ainda que é "muito suspeito (...) incluir na GLO o estado de São Paulo (que não precisa de ajuda e o governador não pediu) e deixar fora o estado da Bahia, cujos índices de violência urbana são os piores do país", diz ele. "Ficou a impressão de que há um componente político-partidário no processo", conclui. A Bahia é governada por políticos do PT há quase 17 anos, desde janeiro de 2007. No ano passado, o Estado liderou o ranking de assassinatos no Brasil, com quase 7 mil homicídios, segundo informações compiladas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Não dá pra aceitar a inclusão do estado de São Paulo e a não inclusão do estado da Bahia, bem como também não dá pra aceitar uma GLO restrita a aeroportos e portos. Se há algum lugar onde as forças de segurança precisam de ajuda é nas ruas, nas comunidades, no centro da capital carioca, nas periferias, não nos aeroportos, cujo controle já está a cargo do governo federal", diz o político gaúcho, que é policial federal e está no segundo mandato na Câmara.

Ao Estadão, o governador Tarcísio de Freitas defendeu a operação de GLO no Porto de Santos e no Aeroporto de Guarulhos. Segundo ele, "o Porto de Santos virou o principal entreposto do comércio internacional de drogas no Brasil". "Entendo que é um esforço para melhorar a segurança pública. A conquista da segurança vai demandar cooperação entre os entes federados. Enxerguei a medida como oportuna e transmiti isso ao governo federal", disse o governador.

Operações de Garantia da Lei e da Ordem como as assinadas por Lula são previstas pela Constituição e dão às Forças Armadas autorização para agir com poder de polícia, desde que por tempo determinado e em um lugar específico. Em 2001, o assunto foi regulamentado por um decreto do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Pelas regras, as GLOs só podem ser feitas por determinação do Presidente da República em "em graves situações de perturbação da ordem" e se os Estado tiverem "esgotado" os meios normais para garantir a segurança. Podem ser feitas inclusive por decisão do próprio Executivo, mas o usual é que haja pedido dos governadores.

Autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paula começa nesta segunda-feira (6). A medida, que ocorrerá até 3 de maio de 2024, inclui ações de prevenção e repressão ao crime organizado, com objetivo de combater, por exemplo, o tráfico de drogas e de armas.

Em nota, a Marinha do Brasil informou que os militares irão atuar nos Portos de Itaguaí (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP). A Força vai empregar 1.900 militares, além de embarcações e viaturas blindadas. Além disso, a operação contará com cooperação da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal, além de outros órgãos envolvidos com controle dos portos e águas interiores.

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"Com base no Decreto 11.765, de 1º de novembro, assinado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os militares das Forças Armadas realizarão ações preventivas e repressivas nas fronteiras, portos e aeroportos, em articulação com órgãos de Segurança Pública. A GLO concede poder de polícia aos militares para atuarem nessas áreas", informou.

De acordo com a Marinha, a atuação nos portos já faz parte do escopo de ações cotidianas, mas com inspeções navais, que possuem caráter administrativo. A partir do decreto, a Força Naval poderá efetuar o emprego de tropas.

"No que tange aos portos, a lei complementar nos confere uma atuação limitada ao apoio logístico, de inteligência, comunicação e instrução. Então, para que ocorra o emprego de tropas nessas áreas é necessário um decreto de GLO", explicou o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, em nota.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira, 1º, que uma reformulação ampla dos sistemas de segurança pública do Brasil seria um erro técnico, além de politicamente impossível.

Ele deu as declarações depois anunciar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que as Forças Armadas participem de esquemas de segurança em portos e aeroportos. A medida é para tentar combater tráfico de drogas, armas e outras atividades que sustentam o crime organizado.

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O governo federal busca mostrar respostas para a segurança pública desde o início de uma série de ataques de milícias no Rio de Janeiro. A segurança pública é uma atribuição principalmente estadual, mas vem se tornando um dos principais temas da política nacional nos últimos anos.

"Essa reformulação mais ampla implicaria mudar a Constituição ... Eu considero isso tecnicamente um erro e politicamente impossível", disse ele.

"Porque há ideias como federalizar todas as polícias do Brasil. Em um país continental? ... Isso é viável? Claro que não", declarou Flávio Dino.

"Temos que trabalhar no Susp Sistema Único de Segurança Pública. O que nós estamos fazendo nesse ano de 2023 é implementar o Sistema Único de Segurança Pública que está na lei desde 2018 e foi abandonado", afirmou o ministro da Justiça.

De acordo com ele, os mecanismos jurídicos existentes hoje no Brasil são suficientes para combater o crime organizado. Flávio Dino também disse ser falsa "a ideia de que as polícias do Brasil são corruptas".

"É verdadeiro dizer que, como em todas as instituições humanas, há problemas das forças policiais assim como também nas Forças Armadas. A questão é separar o joio do trigo, e nós estamos fazendo isso", declarou o ministro da Justiça.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) anunciada nesta quarta-feira, 1º, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é diferente das anteriores e que as polícias estaduais não serão substituídas. "A GLO anunciada incide sobre áreas federais, Lula não queria GLO em ruas e bairros", disse o ministro. Na semana passada, Lula havia descartado a possibilidade de decretar GLO para controlar a crise de segurança pública no Rio de Janeiro.

De acordo com o ministro, os dois eixos da operação de GLO em portos e aeroportos são tirar dinheiro do crime organizado e enfrentar a logística do crime contra o abastecimento de drogas e armas. Dino ainda disse que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai liderar um plano de modernização tecnológica para as Forças Armadas e polícias.

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O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse nesta quarta-feira, 1º, que o governo vai apresentar um projeto contra tráfico de drogas e contrabando para endurecer o monitoramento e a fiscalização nos portos e aeroportos. De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino, as Forças Armadas poderão policiar e realizar outras atividades nesses locais.

Os ministros falam em coletiva de imprensa após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciar a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos para combater o crime organizado. De acordo com Dino, na próxima semana será feito acordo de cooperação para a Polícia Federal (PF) interagir com órgãos de segurança do Rio de Janeiro.

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De acordo com Dino, os "maiores especialistas no Brasil", que são policiais e militares, foram ouvidos para elaborar o plano. "Eu próprio fui ao Paraguai, que é país chave nessa integração", disse o ministro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira, 1º, uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Itaguaí; e aeroportos do Galeão e de Guarulhos até maio de 2024.

"Um dado concreto é que chegou a uma situação muito grave. A violência que temos assistido tem se agravado a cada dia que passa e resolvemos tomar uma decisão fazendo com que o governo federal participe ativamente com todo potencial que tem para ajudar o governo dos Estados e o Brasil a se liberar do trafico de drogas, das quadrilhas e do tráfico de armas", disse Lula.

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Além do presidente, participaram do anúncio o ministro da Casa Civil, Rui Costa; o ministro da Defesa, José Múcio; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa; o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta; o comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen; do Exército, general Tomás Paiva; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno; e o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos.

No mês passado, o Rio de Janeiro viveu caos na segurança após a morte de um miliciano em confronto com a Polícia Civil. Na ocasião, pelo menos 35 ônibus foram incendiados em retaliação à ação da polícia. Desde então, o governo federal reforçou efetivos da Força Nacional no Estado e intensificou operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, já havia afirmado que o governo negociava internamente a atuação das Forças Armadas para fortalecer o combate ao crime organizado. O ministro antecipou que poderia haver um reforço desses oficiais em áreas sob poder federal, como é o caso de portos, aeroportos e fronteiras. Na ocasião, Dino descartou a possibilidade de intervenção federal.

O governo Lula tem sido criticado por sua atuação na área. Segundo pesquisa do Instituto Atlas feita de 20 a 25 de setembro, a segurança é a área temática do governo federal, com pior avaliação entre os eleitores. No mês passado, o governo lançou um programa de combate às organizações criminosas em meio à crise na Bahia e no Rio.

O Ministério da Defesa chegou a preparar uma minuta prevendo a adoção de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que autorizava o uso das Forças Armadas, no dia 8 de janeiro deste ano, quando aconteceu a invasão das sedes dos três Poderes, em Brasília. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Segundo o documento, as tropas poderiam atuar na Esplanada dos Ministérios que havia sido tomada pelos bolsonaristas que defendiam um golpe de Estado contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A minuta do GLO foi encontrada no e-mail do capitão de fragata da Marinha Elço Machado Neves, da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, e está entre os documentos obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de janeiro no Congresso Nacional, por meio da quebra de sigilo telemático do militar.

A minuta da GLO previa a atuação das Forças Armadas de 8 a 10 de janeiro, em uma área que seria delimitada posteriormente.

De acordo com a legislação, apenas o presidente pode autorizar uma GLO. Lula não assinou a minuta e no mesmo dia foi decretada uma intervenção federal na segurança do Distrito Federal.

Na época, Lula chegou a dizer que uma GLO resultaria em golpe. “Se eu tivesse feito GLO eu teria assumido a responsabilidade de abandonar minha responsabilidade. Aí sim estaria acontecendo o golpe que essas pessoas queriam. O Lula deixa de ser governo para que algum general assuma o governo. Quem quiser assumir o governo, dispute a eleição e ganhe. É por isso que eu não fiz GLO”, disse. 

A Polícia Federal (PF) encontrou uma minuta para decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid prestou depoimento na última terça-feira (6), na Diretoria de Inteligência, em Brasília, mas ficou em silêncio quando foi questionado sobre o assunto.

A GLO, quando assinada pelo presidente da República, concede poderes às Forças Armadas em casos graves de desordem pública. Os investigadores também tiveram acesso a trocas de mensagens de Cid com outras pessoas ligadas a Bolsonaro, e o conteúdo das conversas aponta para uma tentativa de golpe de Estado que estava sendo planejado após a derrota do então presidente nas eleições de 2022.

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Mauro Cid já prestou outros três depoimentos à PF, relacionados à falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro e à entrada de joias ilegais vindas da Arábia Saudita. O tenente-coronel está preso sob custódia do órgão desde o dia 3 de maio.

Outros militares já foram identificados como cúmplices da operação, como o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros e o sargento Luis Marcos dos Reis, que também está preso.

A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou nesta quarta-feira (12) que fechou um acordo para pagamento de indenização à família do catador Luciano Macedo, morto por militares do Exército durante uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro, em 2019. De acordo com o órgão, o acordo foi homologado ontem (11) pela Justiça Federal e prevê pagamento total de R$ 841 mil.

O valor foi dividido da seguinte forma: R$ 493 mil serão destinados à mãe de Luciano, Aparecida Macedo; R$ 123,2 mil para cada uma das três irmãs; R$ 21,7 mil de pensão vitalícia atrasada; R$ 3,5 para pagamento de despesas com funeral e R$ 76,4 mil para honorários advocatícios.

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Segundo a AGU, está em andamento um acordo nos mesmos moldes com familiares do músico Evaldo Santos, que também morreu durante o episódio.

Luciano e Evaldo foram mortos durante operação na qual militares buscavam autores de um roubo e dispararam contra o carro onde estava Evaldo, um Ford KA branco. O sogro do músico foi ferido na ação, enquanto sua mulher, seu filho e uma amiga que também estavam no veículo não foram atingidos. O catador Luciano foi baleado ao tentar socorrer Evaldo e morreu 11 dias depois no hospital.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou a retirada de tramitação do projeto (PL 6125/19) que prevê o excludente de ilicitude para os policiais e membros das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A solicitação de retirada foi publicada no Diário Oficial da União.

O projeto estabelece que não há crime nas mortes ou lesões ocorridas em confrontos policiais no caso de reação a injusta agressão. O policial só poderá ser responsabilizado se houver excesso de força intencional e, mesmo nesses casos, o juiz poderá atenuar a pena.

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Enviado pelo governo Bolsonaro, o projeto não chegou a ser analisado. Agora, o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, decidirá sobre o pedido do governo. Se aceitar, a proposta será arquivada.

Lula também pediu a interrupção de tramitação de outros três projetos da gestão anterior. São eles:

- PL 3227/21: limita a exclusão de conteúdos e de perfis pelas plataformas de redes sociais;

- PL 1583/22: autoriza a União a vender os seus direitos nos contratos de exploração da camada pré-sal sob o regime de partilha; e

- PL 1/23: institui a Política Nacional de Longo Prazo, que vai definir os objetivos estratégicos nacionais para o horizonte de 36 anos.

Em março, o governo já havia solicitado ao Congresso a retirada de tramitação do projeto que viabiliza a exploração mineral em terras indígenas demarcadas (PL 191/20).

Da Agência Câmara de Notícias

O comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro de Paiva, afirmou que, se o Brasil tivesse um aparelho policial - tanto a parte ostensiva como a parte investigativa - funcionando bem, haveria poucas ações de Garantia de Lei e Ordem (GLO) no País.

"A ação de GLO tem de ser interpretada como uma exceção. Só que o Estado não interpreta como uma exceção, interpreta como uma complementação. Na ausência do aparelho policial, na ineficiência do aparelho policial, você (Forças Armadas) vai lá e atua." Para Tomás, o modelo de GLO é inseguro e não produz um efeito duradouro. Ele completou: "inseguro para a população, se a tropa não estiver muito condicionada".

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As declarações do comandante do Exército estão no livro Forças Armadas na Segurança Pública: A visão militar, organizado pelos pesquisadores Celso Castro, Adriana Marques, Verônica Azzi e Igor Acácio (editora FGV, R$ 59,00, 328 páginas). Eles entrevistaram nos últimos dois anos 16 oficiais do Exército e da Marinha que participaram de ações na área da segurança Pública no Brasil desde 1992. Ali estão os generais Sérgio Etchgoyen, Walter Braga Netto e Richard Fernandez Nunes e o almirante Carlos Chagas Vianna Braga, além do coronel Romeu Antônio Ferreira, analisando como as "operações se desenvolveram e o impacto que tiveram entre os militares".

A entrevista de Tomás foi feita quando o general ocupava ainda o Comando Militar do Sudeste (CMSE), antes de ser nomeado, em 21 de janeiro, para comandar a Força Terrestre em razão da crise que opôs o presidente Luiz Inácio Lula da Sulva e o primeiro comandante do atual governo, general Júlio César Arruda depois dos eventos do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e deprederam as sedes dos três Poderes, em Brasília. Diante da falha da PM do Distrito Federal de conter os vândalos, Lula se recusou a adotar uma GLO na cidade e, para restabelecer a ordem, decretou intervenção federal na segurança distrital.

Ao fazer um balanço de operações de GLO desde 1992 para os pesquisadores do livro, o general Tomás considerou que a atuação dos militares nesse tipo de ação "foi muito boa, porque a gente produziu muito pouca baixa em civis, em inocentes". "Você podia ter uma coisa muito pior. E é inseguro para a tropa porque o cara não se sente totalmente seguro para, dentro das regras de engajamento, atuar às vezes em defesa própria. Ele fica preocupado com as consequências que virão depois", disse.

Em 2012, o general comandou a Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio. Ele mal havia assumido o comando da 11ª Brigada de Infantaria Leve (Campinas) quando sua tropa foi deslocada para o Estado vizinho. "Então, tinha que visitar e conhecer as unidades e, ao mesmo tempo, ir para a operação. A operação foi de janeiro até, mais ou menos, abril, fiquei três meses."

O general conta que, na época, "tinha havido um desgaste natural (da ação), até da paciência da população, que vai se esgotando com aquela ocupação continuada". Seu contingente foi o escolhido para entregar a área às Unidades de Polícia Pacificadora. "Então, a gente sentiu a necessidade de dar uma retomada, de ser um pouco mais contundente, um pouco mais 'braço forte', menos 'mão amiga'." No Alemão, o general intensificou patrulhas, o que levou a mais confrontos com traficantes de drogas.

Haiti

Tomás comparou sua experiência no Rio com a que teve no Haiti, onde chefiou o sétimo contingente brasileiro, na Minustah. "No Haiti, a gente tinha muito mais liberdade de ação. Primeiro, porque era um país destruído. Então, quando você faz qualquer tipo de ação humanitária, aquilo ali é muito bem aceito e muito rápido. Eles precisam de tudo. O controle democrático é muito menor, então aumenta, muito mais, a responsabilidade daquilo que você vai fazer. Se você tinha que investigar, entrar em uma casa... com respeito, você entrava. Não tinha como buscar um juiz, porque não havia", disse.

Para ele, era necessário haver no Haiti um equilíbrio e um comedimento muito maiores na maneira de atuar do militar. "Você tinha saído de uma experiência de quase combate urbano para uma experiência de pacificação. Toda a ajuda humanitária, por exemplo, sempre dava uma confusão, porque era todo mundo faminto, todo mundo desesperado por tudo. Quando você ia distribuir comida, sempre dava em quebra-quebra, em gás de pimenta, alguma coisa… Era difícil, nesse aspecto aí. Mas o povo aceitava muito bem", afirmou.

O general relatou que no Complexo da Penha e no Alemão, a postura do militar era diferente. "O cara chega muito aberto, porque é a nossa gente. Na sua maioria, quase a totalidade, é gente séria, honesta, trabalhadora, mas que está acostumada a ser dominada por um porcentual pequeno de gente ligada ao crime organizado." O general realçou a importância da idoneidade das informações para atuar em uma GLO. "O crime organizado é difuso. Se você tiver (entre a população da comunidade) 1% ou 1,5% dessas pessoas que estão ligadas ao crime organizado, dá o que? Três mil, 3,5 mil pessoas ligadas ao crime organizado que dominam 240 mil pessoas. Então, ficou difícil, como a gente fala, 'conquistar coração e mente'."

O general afirmou que ao chegar ao complexo pensou em usar a experiência do Haiti e tentar ajudar as pessoas com ações humanitárias. "Era mais difícil, porque você não identificava as lideranças e nem identificava, efetivamente, quais eram as necessidades. Tem muita liderança, muita gente - ONG, líder comunitário, líder evangélico, Igreja Católica." De acordo com ele, a conversa com a comunidade não era fácil. "O desgaste que ocorreu… porque o tráfico de drogas nunca parou. Lá no Haiti, não tinha tráfico de drogas, porque a população é tão miserável… O que tinha muito, no Haiti, era arma."

Ele conta que no Rio o Exército também encontrou "muita arma". "Mas a gente conseguiu, efetivamente, com a Operação Arcanjo, diminuir o número de armas longas, que a gente tinha ali expostas de uma maneira ostensiva, o tempo todo; o tráfico de drogas, não." E concluiu: "Em nenhum momento a gente conseguiu que a venda de droga para varejo parasse. Porque a venda de drogas já é doméstica. Pelo menos essa foi a minha leitura."

O general concluiu seu relato sobre a ação no Alemão e na Penha afirmando que a efetividade da operação durou "um tempo" no qual se conseguiu diminuir o "estado calamitoso de descontrole de Segurança Pública naquela área". "Mas, depois, volta. Esse é o problema." Para ele, a GLO não vai resolver o problema. "Quem tem que resolver o problema é o Estado como um todo. O Estado tem que aportar recursos, aportar pessoas, conduzir políticas públicas para mudar aquele status quo que é o cerne de onde prolifera a insegurança pública."

A exemplo do governo Lula, que preferiu a intervenção no DF a uma decretação de GLO, Tomás também faz um balanço diferente da ação do Exército durante a intervenção federal na Segurança Pública do Rio, em 2018. Segundo ele, ali, efetivamente, a Força teve oportunidade de mexer no aparelho policial. "Aí, tem um cara que foi craque nesse negócio, que é o general Richard (Nunes), meu companheiro no Alto Comando. Esse camarada atuou no coração das polícias, botando gente séria." Tomás considerou o resultado da intervenção "bem consistente". "Aí, quando houve a eleição, mudou o governo. O novo governador (Wilson Witzel) optou por modificar todo o esquema. O legado da Intervenção, ele praticamente mudou tudo."

Por fim, para o general, a presença nesse tipo de operação tornou o Exército diferente. "Ele evoluiu com as experiências e as lições aprendidas nas operações. Por exemplo, as coisas, hoje, não se resolvem só no domínio físico, no domínio dos equipamentos, dos meios, dos materiais - blindados, armas, munição... Não. Hoje, você tem que ter superioridade de informações, tem que ter um domínio informacional maior, melhor." Segundo ele, é preciso construir uma narrativa baseada na legalidade que, ao mesmo tempo, proporcione "maior sinergia, que comunique bem". E ter inteligência integrada e esclarecimento para a população, além de comunicação social. "Você tem que trabalhar nas redes sociais. Você tem que trazer a comunidade para junto (de você)."

O presidente da República, Jair Bolsonaro, confirmou, por meio de nota, que aceitou prorrogar o decreto de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) no Ceará até o dia 6 de março. O prazo original também tinha duração de uma semana e venceria nesta sexta-feira, 28.

No texto, o presidente afirmou que o motim de policiais militares envolve "uma negociação do Estado" e espera que a situação seja normalizada em uma semana, mas, enquanto isso, manterá o reforço das Forças Armadas. "No dia 26 de fevereiro, o governador do Ceará pediu uma prorrogação da GLO. O governo federal, por sua vez, autoriza a prorrogação e entende que, no prazo de até o dia 6 de março, a situação deva ser normalizada, prevalecendo o bom senso. O governo federal avalia que se trata de uma negociação do Estado, entretanto, continua prestando seus esforços de ajuda à população", escreveu na nota divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

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Assim como tem feito nos últimos dias, Bolsonaro defendeu mais uma vez que o Congresso aprove o excludente de ilicitude para garantir apoio aos militares envolvidos na operação da GLO. "Ressalta-se a importância de que o Congresso Nacional reconheça que, o emprego da GLO, dada a necessidade de segurança aos integrantes das forças, muitos deles jovens soldados com cerca de 20 anos de idade, discuta e vote o excludente de ilicitude."

Governadores de ao menos seis Estados estudam uma forma jurídica de enviar policiais militares de suas tropas para reforçar a segurança do Ceará, onde parte dos PMs está amotinada, caso o presidente Jair Bolsonaro não renove o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que vence nesta sexta-feira (28). O decreto é o instrumento que permitiu o envio de homens do Exército para o patrulhamento de Fortaleza e outros municípios cearenses nos últimos oito dias.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), vinha requisitando que a GLO fosse prorrogada por ao menos mais 30 dias. Bolsonaro, entretanto, se mostrou hesitante em atender o pedido. Em vídeo ao vivo transmitido em suas redes sociais nesta quinta-feira (27), o presidente disse que não atenderia o governador petista. "A gente espera que o governo resolva o problema da Polícia Militar do Ceará e bote um ponto final nessa questão", afirmou o presidente, que nesta sexta-feira se reuniu com ministros para discutir o tema.

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As discussões envolvem os governo de São Paulo, do Rio, do Piauí, do Maranhão, da Bahia e do Pará, mas os Estados ainda aguardam uma manifestação final da Presidência sobre a prorrogação antes de uma divulgação oficial. Ao menos na PM paulista, ainda há dúvidas sobre as formas legais de viabilizar essa cooperação.

Há outras negociações também em estudo, como a requisição de uma GLO feita pelo Congresso Nacional, que também está sendo analisada por aliados do governo cearense.

O presidente Jair Bolsonaro realiza nova reunião com ministros no Palácio do Planalto para decidir se vai renovar ou não o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Ceará, que vence nesta sexta-feira (28). O Estado sofre há mais de 10 dias com o motim de policiais militares.

No encontro, estão presentes os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto; da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro; da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; e o advogado-geral da União, André Mendonça.

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Nesta quinta-feira (27), em transmissão semanal nas redes sociais, o presidente indicou que não gostaria de renovar a GLO e que esperava um acordo entre o governo do Estado e os policiais o quanto antes.

"A gente espera que o governo resolva o problema da Polícia Militar do Ceará e bote um ponto final nessa questão", disse o presidente. "No momento eu não tenho tranquilidade", argumentou Bolsonaro contra a prorrogação do prazo para além do prazo de oito dias vigentes, que expira nesta sexta.

Ainda segundo Bolsonaro, "GLO não é para ficar eternamente atendendo um ou mais governadores. GLO é uma questão emergencial". O presidente também pediu apoio aos governadores "para que o Parlamento vote o excludente de ilicitude". De acordo com o mandatário, a proposta é uma "retaguarda jurídica" para os militares envolvidos na operação.

O ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, postou em sua página no Twitter imagens de sua visita ao perímetro externo da Penitenciária Federal da Papuda, em Brasília, realizada na quarta-feira, 26. A bordo de um tanque de guerra Guarani, Moro acompanhou os trabalhos da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), desencadeada dia 7 no local. Ele estava ao lado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

"Visita com o Min da Defesa Fernando Azevedo à Penitenciária Federal de Brasília. Conta ela, preventivamente, com o apoio das Forças Armadas na segurança. Presídios federais desde 2006 sem celulares, sem rebeliões e sem fugas", postou Moro.

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A viatura tem 6,91 metros de comprimento, 2,70 metros de largura e 2,34 metros de altura e pesa 18 toneladas.

Possui sistema automático de extinção e detecção de incêndio, capacidade de operação noturna, posicionamento global por satélite (GPS) e um sistema de mira laser que, quando ativo, comanda automaticamente a torre do canhão, alinhando-a na direção do inimigo.

Foram definidas três configurações possíveis para o sistema de armas: a torre para canhão automático de 30 mm, o reparo de metralhadora automatizado e a torreta para a estação de armas de acionamento manual.

Os dois primeiros são operados remotamente no interior do veículo e possuem plataforma estabilizada com sistema computadorizado de auxilio ao tiro.

O ministro incluiu em sua página vídeo da visita ao presídio federal. "Poder de defesa e de fogo impressionante em prol da Segurança Pública", registrou.

O tempo de fabricação da VBTP-MR Guarani é de 2.500 horas, sendo 1.500 horas de soldagem.

Para efeito de comparação, um caminhão convencional consome 100 horas.

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