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O retorno das aulas presenciais nas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) começa nesta segunda-feira (3). Cerca de 750 estudantes em internação ou internação provisória seguirão um sistema de rodízio de turmas, cumprindo as medidas de distanciamento dentro dos espaços educativos, como forma de evitar a Covid-19.

As aulas, organizadas e ministradas pela rede estadual de ensino de Pernambuco, segundo a Funase, estão de acordo com os protocolos de convivência com a Covid-19, elaborados pela Secretaria de Educação e Esportes (SEE). Para preparar os professores e coordenadores das escolas ligados à Funase, a Secretaria Executiva de Desenvolvimento da Educação, ligada à SEE, realizou formação para os profissionais. A estratégia teve o propósito de garantir que as orientações sejam cumpridas.

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Os procedimentos básicos de retorno incluem a instalação de totens de álcool em gel, demarcações no chão para garantir o distanciamento seguro para todos os estudantes, entre outras ações.

Nadja Alencar, presidente da Funase, aponta para a importância do retorno das aulas presenciais para os jovens do sistema socioeducativo. “Em algumas unidades de internação, como Petrolina, Garanhuns e Santa Luzia, no Recife, os professores da Secretaria de Educação e nossos profissionais técnicos já vinham trabalhando esse acolhimento desde a semana passada, em sala de aula. Mas na maior parte das unidades da Funase, as aulas presenciais serão retomadas, de forma propriamente dita, neste início de maio. É um momento muito esperado pelos estudantes e por todos nós. A escola é um espaço de trocas e diálogo por excelência, algo tão necessário no caminho desses adolescentes no sistema socioeducativo”, ela observa, conforme a SEE.

Segundo Vera Braga, gestora da Gerência de Direitos Humanos e Educação Inclusiva (GEIDH) da SEE, é preciso dar uma atenção especial à situação dos jovens e adolescentes que estão em processo educativo de socialização. “A nossa proposta é que se faça uma roda de diálogo com as turmas, com orientações, com escuta qualificada. Estamos em outro cenário, lidando com jovens privados de liberdade que não tinham acesso à educação remota por cumprimento ao protocolo de medidas socioeducativas. São indivíduos isolados da sociedade e da escola, um espaço fundamental na construção de laços afetivos”, destaca.

A gestora ainda elenca os passos que devem ser tomados para um retorno gradual e eficaz das aulas. “É importante priorizar a educação socioemocional, escutar o que esse estudante tem a dizer, procurar caminhos e estratégias para viabilizar a escolarização dos conteúdos do currículo. Realizamos formação com mais de 80 professores e 16 coordenadores pedagógicos sobre todas essas orientações para iniciar o ano letivo alinhados no nosso compromisso ético”, acrescenta Vera Braga.

Escolas públicas e privadas de Pernambuco serão obrigadas pela Lei Estadual nº16.003/2017 a ter pelo menos duas cópias da cartilha  E agora? Perguntas e respostas sobre as medidas socioeducativas, elaborada e distribuída pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Há também a obrigação de cartazes em locais facilmente visíveis, informando que a cartilha está à disposição na escola. O material pode ser baixado no site do MPPE, através das abas 'comunicação' e, em seguida, 'campanhas'.

Em caso de descumprimento da lei, os estabelecimentos particulares estarão sujeitos a advertência e aplicação de multas, que vão de R$ 1 mil, caso seja a primeira infração, a até R$ 10 mil, se houver duas reincidências. A regulamentação de medidas para assegurar o cumprimento será feita pelo Governo do Estado.

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De acordo com o coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Infância e Juventude (Caop Infância e Juventude), promotor de Justiça Luiz Guilherme Lapenda, a publicação visa informar de forma direta e clara, a fim de que os adolescentes envolvidos em medidas protetivas ou socioeducativas possam compreender o processo e exercer seus direitos, bem como os familiares e responsáveis, além de consultar informações sobre questões como liberdade assistida, internação, atendimento pelo MP, audiências e acompanhamento especializado.

O Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Infância e Juventude também tem uma outra cartilha sobre o tema. Cidadania Enfrentando a Violência: Fortalecimento do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto foi elaborada e enviada para os promotores de Justiça com o objetivo de fomentar a análise de enfrentamento de adolescentes em conflito com a lei sobre a pertinência da aplicação da medida em meio aberto, como uma forma de construção do superego do educando, visando à criticidade dos seus atos, sem que para isso efetivamente tenha que se utilizar da internação. 

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Cerca de 330 jovens que cumprem medidas socioeducativas no Rio de Janeiro foram selecionados para o Programa Aprendiz na Medida, do Ministério do Trabalho, e terão a carteira de trabalho assinada nesta segunda-feira (16). Os jovens têm entre 15 e 17 anos e cumprem medidas dentro de uma unidade de internação do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador, zona norte do Rio. Entre os selecionados, há meninos e meninas que cumprem medidas nos regimes aberto, semiaberto e fechado.

Segundo o diretor do Departamento de Políticas Públicas para a Juventude, do Ministério do Trabalho, Higino Brito Vieira, além de qualificar estes jovens, o programa pretende reconduzi-los à sociedade de maneira que se sintam prestigiados.

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“Além de todo esse contexto de aprendizagem e qualificação que eles receberão, o mais importante é que eles se sintam reconduzidos à sociedade de maneira correta, sem cometer deslizes. É importante que eles vejam que isso é possível. Estamos passando por um momento tão delicado no cenário prisional de nosso país que medidas como essas são muito importantes para que eles tenham a autoestima elevada e acreditem que podem sim ser inseridos no mercado de trabalho”, disse.

Os jovens selecionados assistirão as aulas de dentro do próprio Degase e receberão base teórica para colocar o aprendizado em prática. Assim, ao reconquistar a liberdade, já terão uma profissão.

As aulas começam em 30 de janeiro e duram 12 meses. Os jovens selecionados poderão escolher entre quatro profissões: pizzaiolo, promotor de vendas, barbeiro e manicure. Além disso, todos terão aulas de assistente administrativo e Microempreendedor Individual (MEI), para que saibam também como administrar um negócio. Os cursos serão ministrados por professores do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), que é referência em educação profissional.

“Estamos observando tudo que está sendo feito para replicar posteriormente em todo o país. Felizmente nós contamos com a ajuda de parceiros da iniciativa privada, o que facilita muito este trabalho. Acreditamos que o programa será um sucesso e logo estará presente em vários locais”, comentou Vieira.

A carga horária dos adolescentes será de quatro horas diárias, divididas entre as aulas teóricas e o trabalho prático. A remuneração deles será proporcional ao salário mínimo. E quem ficará responsável por esse pagamento serão empregadores que não estavam cumprindo a Lei da Aprendizagem (Lei nº. 10.097/2000), que obriga empresas de médio e grande porte a contratar, como aprendizes, adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos.

O projeto 'Cartas ao Mundão' promoverá uma oficina de formação para educadores que participarão da montagem de cine-clubes dentro das escolas de unidades socioeducativas da Região Metropolitana do Recife. A ação ocorre nesta terça (29) e quarta-feira (30), das 8h às 18h, no Centro Paulo Freire, no bairro da Madalena. 

O projeto visa a implementação de cine-clubes coordenados por educadores nas unidades, além da realização de oficinas de filmes nas escolas das unidades socioeducativas, com os jovens que se encontram cumprindo penas. Ao final do projeto, previsto para julho de 2017, haverá uma mostra reunindo todos os filmes-cartas e exercícios produzidos nas oficinas.  

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As medidas socioeducativas aplicadas a jovens infratores levam em consideração o histórico e as condições de vida dos adolescentes. “A Justiça da Infância tem um tratamento mais humanizado que leva em consideração todo o contexto social, a necessidade de recuperação e de ressocialização desse jovem”, explica o advogado e membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo Ariel de Castro Alves.

Os profissionais envolvidos neste processo ouvidos pela Agência Brasil reclamam, entretanto, que nem todos os instrumentos fornecidos pela legislação são usados na prática. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) inclui possibilidades que vão desde a cobrança legal de envolvimento dos pais no processo até a utilização da semiliberdade – medidas que atualmente são subutilizadas. Para esses especialistas, alterar a legislação para infratores – com a redução da maioridade penal – sem aplicar a lei atual de forma plena não faz sentido.

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O juiz titular da 4ª Vara da Infância e Juventude da cidade de São Paulo, Raul Khairallah de Oliveira e Silva, diz que faz determinações para que os pais de infratores cumpram medidas socioeducativas – entre elas, o tratamento psicológico, psiquiátrico ou de drogas e o acompanhamento da frequência e desempenho escolar dos filhos –, mas elas dificilmente são cumpridas. “Quando o adolescente responde por ato infracional, não é só ele que está respondendo. Responde ele e os pais ou responsáveis”, ressalta. Mas, segundo ele, a maioria dos magistrados não aplica nenhum tipo de medida aos pais. “E as medidas que eu aplico [aos responsáveis], muitas vezes, não são executadas porque o Estado não é estruturado para isso”, acrescenta.

Apesar das dificuldades em responsabilizar os pais pela conduta dos filhos, os infratores chegam às audiências acompanhados de responsáveis. Ricardo é pai de Luciano*, de 14 anos, acusado de participar de dois roubos. Convencido da inocência do filho, o pai, que trabalha como segurança, diz que a família toda se sente punida, especialmente nos dias de visita. “Não é nada tranquilo, nada fácil. Eles marcam para entrar às 14h, a fila está dobrando o quarteirão. Você entra às 15h ou 15h30. Você passa um constrangimento. É muita humilhação. Você se sente um preso também, junto com eles”, relata sobre as dificuldades para encontrar o filho durante o mês de internação provisória. Já o jovem reclama de maus-tratos por parte dos internos. “Eles me tratam mal, pisam em nós”, queixou-se.

Vice-presidente do Movimento do Ministério Público Democrático, o promotor da infância Tiago Rodrigues vê problemas na aplicação das medidas voltadas aos próprios adolescentes. Segundo levantamento feito por ele na Promotoria da Infância de Juventude da capital, os infratores ficam, em média, pouco mais de sete meses internados. “O processo educativo não está sendo utilizado. Nós temos três anos para trabalhar esses adolescentes. Nós estamos trabalhando, em média, um pouco mais de sete meses”, enfatizou com base na análise de 3,3 mil processos que passaram pela promotoria entre agosto de 2014 e março de 2015.

De acordo com o promotor, a falta de vagas é uma das razões para que as internações não tenham a duração necessária para um efetivo trabalho de reeducação dos infratores. “Neste momento, nós tememos que, infelizmente, a superlotação e a necessidade de abertura de vagas estejam abreviando o período de internação”, diz Rodrigues que critica ainda a pouca utilização de recursos como a semiliberdade, quando o jovem estuda e trabalha durante o dia, voltando para a unidade de internação apenas para dormir. “Nós não vamos conseguir mudar essa realidade simplesmente alterando o período máximo de internação [de três anos, previsto no ECA]”, acrescenta ao descartar que a redução da idade penal possa trazer benefícios ao processo de reinserção social.

Enquanto esperava a audiência do filho Ivan*, de 17 anos, acusado de estupro, o vigilante Roberto* disse que preferia que o filho recebesse uma medida de liberdade assistida. “Ele nunca tinha dado problema em relação a isso. Eu preferia que ele tivesse liberdade assistida para ter um acompanhamento, para que ele entenda a responsabilidade, o que ele fez. Porque eu acho que se ele ficar preso não vai mudar nada”, ressaltou o pai, que até voltou a estudar para poder acompanhar de perto o desempenho do filho. “Ver o que ele está fazendo, para ele não cabular aula. Só que eu vi como era a escola. Era para ter cinco aulas e só tinha uma. Vários professores faltando. Além de o aluno não querer, eles também não incentivam”, conta ao reclamar também das condições oferecidas pelo Estado para educação dos jovens.

As medidas que liberam a volta gradual do jovem ao convívio social permitem, segundo o promotor Rodrigues, uma avaliação mais precisa do processo socioeducativo. [A equipe multidisciplinar] pode observar um comportamento natural do adolescente e ver se houve um progresso no processo socioeducativo, ou não”, destaca.

A liberdade assistida, entretanto, apresenta outros desafios para os jovens. Depois de cumprir um mês de internação provisória por roubo, o adolescente Gustavo*, hoje com 17 anos, conta que sofreu preconceito ao retornar à escola. “Alguns professores implicavam comigo. Eu tive um trabalho extra. Todo trabalho que eu fazia, não ganhava a nota mínima de cinco. Isso me prejudicou. O que me salvou foi a feira cultural em que eu consegui tirar dez”, relata sobre os problemas que enfrentou para conseguir concluir o último ano do ensino médio.

O técnico socioeducativo Danilo Ramos confirma a versão de Gustavo*. Com base nos oito anos de trabalho no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (Cedeca) em Sapopemba (zona leste da capital paulista), ele diz que os jovens que cumprem medidas de semiliberdade ou liberdade assistida tendem a sofrer perseguição no ambiente escolar. “O menino é visado. Qualquer coisa que ele faz, ligam aqui ou para a família. E fica um embate. Com isso, o jovem acaba abandonando [a escola]”, conta.

 

 

Quando menores cometem infrações, as unidades socioeducativas são os destinos mais corriqueiros para eles. Em Pernambuco, por exemplo, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) é a principal instituição que trabalha nesse sentido. Entretanto, um projeto de lei de Câmara dos Deputados tem uma nova proposta: inserir entre as medidas a obrigação de inscrição em curso técnico-profissionalizante.

O autor do projeto é o deputado Heuler Cruvinel (PSD-GO). Ele também prevê a entrada do adolescente infrator em curso de formação técnico-profissionalizante ou em curso regular de ensino como forma de garantir perdão da pena na razão de um dia de internação por cinco dias de estudo. De acordo com Cruvinel, a proposta é uma maneira de corrigir a atual forma de punição. “A medida corrige uma falha do sistema de aplicação das medidas socioeducativas, pois oferece às Varas da Infância e Juventude a possibilidade de imputar ao adolescente infrator o cumprimento de sua pena por meio dos estudos”, argumenta o deputado, conforme informações da Agência Câmara de Notícias. 

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O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina atualmente, quando confirmada a prática de ato infracional por adolescentes (12 a 17 anos), que sejam aplicadas algumas medidas, tais como advertência, internação em estabelecimento educacional, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida. O projeto do deputado Heuler Cruvinel, antes de seguir para o Senado, receberá análise das Comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

 

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sediará, na próxima segunda-feira (21), o Seminário "Aplicação de Medidas Socioeducativas a Adolescentes Infratores". O evento é promovido pela Comissão Especial da Câmara Federal dos Deputados, que analisa mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente. O evento na Casa Joaquim Nabuco terá início às 14h. 

Entre os palestrantes, a representante do Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conceição Ferreira, o juiz titular da Vara Regional da Infância e Juventude, Humberto Vasconcelos, a coordenadora do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública, Maria Luiza Ramos, entre outros convidados, estarão presentes na solenidade.

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A Secretaria da Criança e da Juventude promove, a partir desta segunda-feira (14) até a próxima quarta (16), o encontro com o tema Fortalecimento do Sistema Socioeducativo em Pernambuco – Focando nos Programas Socioeducativos de Meio Aberto. A ação é promovida pela Secretaria da Criança e da Juventude, em parceria com a Unicef do Recife e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes.

O intuito da ação é levar para profissionais atuantes em programas ou serviços governamentais e não governamentais orientações maneiras de construir planos municipais de atendimento socioeducativo, segundo Suelly Cysneiros, gerente do Sistema Socioeducativo da Secretaria. Representantes de 28 cidades do Estado, integrantes do Poder Judiciário e Ministério Público de Pernambuco (MPPE) estarão presentes. 

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Segundo levantamento da Secretaria da Criança e Juventude, no último mês de 2012, cerca de 1800 adolescentes cumpriram medidas de serviço à comunidade ou em liberdade assistida. O evento ocorrerá no Hotel Vila Rica, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

A implantação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e as melhorias para crianças e jovens internados na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) foram debatidos em audiência pública na manhã desta quarta-feira (29). Na ocasião foi anunciada a aplicação de 100 milhões de reais no atendimento socioeducativo.

No debate que foi organizado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativas de Pernambuco (Alepe), se discutiu a superlotação das unidades prisionais e também medidas privativas de liberdade.

Segundo o presidente da comissão, deputado Betinho Gomes (PSDB), o encontro serviu para confirmar que os problemas ainda persistem, mas existe uma postura do Governo no sentido de buscar soluções definitivas.
 
Já o secretário estadual da Criança e Juventude, Pedro Eurico, considerou o debate proveitoso e dentro da diretriz do Governo do Estado de ouvir de forma permanente a população. Ele destacou o esforço de ampliar o Sistema de Liberdade Assistida, que consiste em ressocializar praticantes de pequenos delitos.

Pedro Eurico falou sobre a construção de seis novas unidades, além da reforma de outras duas, pois a estrutura instalada deveria comportar cerca de 900 jovens e atualmente são mais de mil e quinhentos. A audiência pública também contou com a participação dos deputados, Waldemar Borges (PSB), Sebastião Rufino (PSB) e Raquel Lyra (PSB) e Manoel Santos (PT).

Quem também esteve no debate foi o desembargador Bartolomeu Bueno, o presidente da Associação Metropolitana dos Conselhos Tutelares, Geneílson Ribeiro e a representante da Presidência da Funase, Nadja Maria Alencar.

 

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*Com informações da assessoria da Alepe

Um grupo de menores infratores fugiu neste sábado, 4, da unidade de aplicação de medidas socioeducativas de internação Escola João Luís Alves, na Ilha do Governador, zona oeste do Rio. O Departamento-Geral de Ações Socioeducativas informou que 23 adolescentes conseguiram escapar e 13 foram recapturados após a fuga. De acordo com a polícia, os jovens promoveram uma rebelião na noite de sábado para conseguir escapar do local. O policiamento foi reforçado na Estrada das Canárias. As buscas aos menores foragidos permaneceram neste domingo.

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Não há como evitar o assassinato de um socioeducando nas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Pernambuco. Essa foi a afirmação do secretário da Criança e Juventude, Pedro Eurico, em entrevista ao portal LeiaJá, nessa segunda-feira (8), após mais uma tragédia, quando um garoto foi estrangulado por outros jovens. Outras unidades da instituição também foram palcos de outros atos de infração, por isso, dentro da ótica de reinserção dos internos na sociedade, a educação é um fator preponderante a ser trabalhado para garantir esse objetivo. Independente da probabilidade de ações violentas, é necessária a disseminação do ensino nesses locais.

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A nossa reportagem conheceu, nesta terça-feira (9), como funciona o ensino regular em unidades socioeducativas, em especial na unidade da Funase de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. No local são oferecidas aulas do nível fundamental para garotos de 12 a 15 anos, com a participação de todos os 68 internos da unidade. No turno da manhã, são realizadas as aulas do ensino regular, conduzidas pelo trabalho de 10 professores oriundos da Secretaria de Educação do Estado (SEE). Alguns dos alunos estudam fora da unidade, uma vez que o local é um anexo da Escola Frei Jaboatão, que dá a certificação de conclusão do ensino de nível fundamental.

De acordo com o coordenador pedagógico da Funase de Jaboatão, Misael Lima, educar em uma unidade prisional ou socioeducativa é uma situação atípica. “Aqui é a mesma coisa que um presídio. Existem menores infratores que precisam ser devolvidos a sociedade e por isso temos uma abordagem educacional diferente. Além das aulas regulares, trabalhamos a cidadania e a cultura”, explicou Lima. O coordenador revelou que muitos professores ainda têm algumas visões equivocadas sobre o ensino a pessoas que estão restritas de liberdade. “Eles chegam aqui apreensivos para ver o que os aguardam. Os professores passaram por uma capacitação, que serviu não para tirar o medo deles, e sim para adaptá-los a essa realidade”, disse.

Para a professora Oselma Lúcia Antunes, que há três anos dá aulas na unidade, o medo não a impediu de aceitar a missão de ensinar na Funase. “Eu sentia vontade de ter essa experiência. Foi algo novo para mim e sei que não tem diferença dos alunos de fora”, contou. Segundo a educadora, os internos têm “mais sede de aprender”. “Eles chegam aqui com dificuldade de leitura e escrita, e depois, é visível o desenvolvimento adquirido. É uma conquista maravilhosa e acredito que o resultado é bem melhor”, relatou Oselma.

Um dos alunos da professora, o socioeducando D.A.F (os menores infratores não terão suas identidades reveladas), de 15 anos, enquanto estava em liberdade, não teve boas experiências na escola onde estudava, no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife. “Eu até estudava, mas fui expulso da escola por causa de bagunça. Aqui, já estou na segunda série e aprendo muita coisa. Gosto de matemática e quando ganhar liberdade quero ser um motorista. Na verdade, vou ser piloto de fórmula 1”, falou o garoto.

Após as aulas regulares, os garotos, no período da tarde, participam de atividades extras, como oficinas de pintura, informática, educação física, entre outras. A estrutura física da unidade de Jaboatão pode ser considerada uma das melhores, em comparação aos outros prédios da Funase. Existem biblioteca, sala de convivência, dormitórios bem cuidados, entre outros espaços.

Na sala de aula

Não existe uma grande diferença das salas de aula da unidade socioeducativa para as escolas “normais”.  O que chama a atenção é que, das janelas gradeadas dos locais, a paisagem que pode ser vista é de um enorme muro, que deixa claro a pouca probabilidade de fuga da unidade. O professor Edésio da Silva Lima, que é educador polivalente do nível fundamental, conduzindo aulas de várias disciplinas, explica que em relação ao ensino, não há distinção em comparação as aulas dos estudantes em liberdade. “O que muda é a nossa rotina. A gente tem que trabalhar o sentimento de união e amizade entre os meninos. Alguns não são muito amigáveis e eu, como professor, tenho o papel de ajudar a construir uma união entre eles”, declarou o professor.

Empolgado com a aula de matemática na turma de quarta série, G.G.G, de 17 anos, é um dos alunos que mais participa da aula. O jovem atencioso durante a explicação nem parece ter um vasto passado de infrações e uma vida escolar prejudicada. “Já assaltei a mão armada e usei drogas. Não faltava nada na minha casa. Só roubava porque eu queria ser o tal (sic) e o centro das atenções. Já dei tapa na cara de muita gente, mas, nunca tive vontade de matar ninguém. Na minha época de escola, eu apenas ia à aula para perturbar e comer merenda. Hoje, mudei completamente, gosto das aulas, e quando sair daqui, vou continuar estudando”, disse o jovem, que sonha em ser médico.

Críticas ao ensino

Apesar do esforço dos professores em trabalhar os conteúdos das disciplinas da melhor forma possível, a diretora da Funase de Jaboatão, Elusiane Oriá, opinou que os educadores precisam se qualificar mais para ensinar em espaços socioeducativos. “Entendo que é necessário ter aulas na Funase, mas, é muito difícil. Existe professor que não tem perfil. A educação deveria ser mais prazerosa, porque é preciso sair da formalidade para chamar mais atenção dos jovens”, disse.

Segundo a diretora, o tempo de qualificação para os professores é pouco. “Foi apenas uma semana de capacitação. É preciso um processo maior de qualificação”, falou. Além disso, ela contou que o resultado, após a conclusão do ensino fundamental, não é proveitoso. “Tem gente que sai daqui sem saber ler e escrever. A gente da Funase garante que o aluno permaneça em aula e oferecemos a estrutura. Mas, o aprendizado fica por conta da Secretaria de Educação”, falou.

O coordenador pedagógico da Funase de Jaboatão, Misael Lima, também criticou as unidades que não têm estrutura para comportar as aulas. “Sem estrutura é muito difícil trabalhar o aprendizado. Aqui em Jaboatão nós temos boas condições, mas, em outras unidades, sabemos que existem muitos problemas”.

A coordenadora de educação da Funase, Sonia Melo, reconheceu que a falta de estrutura e a lotação são problemas que afetam o aprendizado. Sobretudo, ela destacou que “a proposta pedagógica é única em todas as unidades”. Ela ainda disse que “os locais têm professores disponíveis e aulas com frequência”. Segundo Sonia, as unidades de Abreu e Lima, do Cabo de Santo Agostinho e de Caruaru são as que mais sofrem com esses problemas, e, só depois da reestruturação desses espaços, as condições de aprendizado serão melhoradas.

Balanço do ensino socioeducativo

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De acordo com informações da SEE, até o começo deste ano, os Centros de Atendimento Socioeducativos (Cases) – que permeiam a Funase - e Centros de Internação Provisória (Cenips) de Pernambuco contavam com 76 professores. Também no início de 2013, a Secretaria de Educação fez um processo seletivo para a contração de mais 84 vagas de professores e coordenadores dos Cases, nas cidades do Recife, Abreu e Lima, Jaboatão, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde e Petrolina. Os candidatos precisavam ter disponibilidade para trabalho em horário integral e o resultado da seleção foi divulgado no dia 2 deste mês. O processo de seleção teve avaliação de experiência profissional e títulos, além de entrevista.

Os educadores que atuam nas unidades socioeducativas, além de receberem salários, ganham uma gratificação no valor de R$ 2.032, conforme estabelecido na Lei Nº 14.874 de 11 de dezembro de 2012, publicada no Diário Oficial do Estado em 12 de dezembro de 2012, enquanto permanecerem no exercício de suas funções nesses locais.

Ainda segundo a SEE, os profissionais localizados nos Cases ou Cenips, têm suas atividades acompanhadas e avaliadas sistematicamente, e uma vez identificada inadequação ao perfil e desempenho esperados, eles podem ser removidos ou devolvidos à Gerência Regional de Educação (GRE) de origem para nova localização. No ano passado, quatro formações foram realizadas, visando trabalhar a proposta pedagógica, por meio de palestras com teóricos da área, além da capacitação para a avaliação sistemática dos alunos.

Os números de turmas e de alunos variam. De acordo com a SEE, essa variação acontece porque a permanência dos socioeducandos é definida pelo juiz. Confira abaixo os números referentes a este ano:

Case Abreu e Lima – 120 alunos

Case Cabo de Santo Agostinho – 210 alunos

Jaboatão – 106 alunos

Santa Luzia – Afogados 30 internas. É o único no estado que atende exclusivamente meninas

Arcoverde – 46 alunos

Caruaru – 133 alunos

Garanhuns – 122 alunos

Petrolina – 106 alunos

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