Prestes a deixar o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot foi, mais uma vez, alvo de críticas do presidente Michel Temer (PMDB). Em entrevista ao jornal Estadão, o peemedebista disse que o procurador-geral, autor da denúncia contra ele de corrupção passiva - arquivada na última quarta-feira (2), tem uma atuação política e inconstitucional. Com a substituição de Janot, no dia 17 de setembro, Michel Temer disse acreditar que a PGR passará a cumprir rigorosamente a lei e dará um “rumo correto à Lava Jato”.
Classificando a queixa de Janot com a admissibilidade negada pela Câmara dos Deputados de “ridículo jurídico”, o presidente refutou também o pedido de inclusão do nome dele e dos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha no inquérito do “quadrilhão” do PMDB. “Sabe quando o procurador fez isso, embora esse processo esteja correndo há três anos? Às vésperas da votação do Congresso, o que está a significar que, na verdade, ele passou a ter uma atuação muito mais de natureza política, e quase pessoal, do tipo ‘quero ver qual é o time que ganha’, e não a sua função institucional”, cravou.
##RECOMENDA##Para Temer, a fiscalização da PGR não deve se tratar de “disputas pessoais”. “Nem ele deve ter disputa pessoal com o presidente da República, muito menos eu terei com ele. Jamais lhe daria essa satisfação. Lamento é que ele, a todo momento, anuncie que vai fazer uma nova denúncia, baseada nos mesmos fatos. É um gestual político, institucionalmente condenável”, declarou, lembrando que antes de deixar o cargo Janot prometeu enviar outra denúncia contra ele por lavagem de dinheiro e obstrução de justiça para o Supremo Tribunal Federal.
Indagado se a lei estava sendo cumprida na análise das denúncias que surgem contra ele, Michel Temer disse que preferia não comentar, mas salientou: “a investigação é algo que antecede a denúncia. O que se quer é o seguinte: como não se fez investigação durante o inquérito, vão agora, depois da denúncia. Isso é de um ridículo jurídico que envergonha qualquer aluno do segundo ano da Faculdade de Direito”.
“Rumo correto”
A escolhida para substituir Rodrigo Janot foi a procuradora Raquel Dodge. Durante a entrevista, Michel Temer também apostou em mudanças da Procuradoria com o novo comando. “Pelo que conheço da procuradora Raquel Dodge, ela vai cumprir rigorosamente o que a lei estabelece. Onde houve delito ela vai continuar. Não tenho a menor dúvida disso. Acho que, pelo histórico dela e conhecimento jurídico, ela vai cumprir rigorosamente as funções que compete ao procurador-geral”, frisou.
Ao ser questionado se essas mudanças na PGR dariam um novo rumo para a Lava Jato, o presidente declarou que sim. “Darão o rumo correto à Lava Jato. Ninguém nunca pretendeu destruir a Lava Jato. Eu não ouvi o depoimento de nenhum agente público que dissesse vamos paralisar a Lava Jato, ninguém. Muito menos de ministros do Supremo ou membros da Procuradoria ou do governo. Ninguém disse isso”, argumentou, justificando que o “rumo certo é o cumprimento da lei”.