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De aplicativos de saúde mental a capacetes que administram remotamente descargas elétricas no cérebro de um paciente, as startups na Web Summit de Lisboa apostam em uma revolução na telemedicina assim que o mundo deixar a pandemia para trás.

Usar tecnologia para tratar pacientes virtualmente tem sido um dos temas de destaque numa das maiores conferências de tecnologia, que regressou a Lisboa esta semana depois da edição online de 2020 devido à covid.

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"A maioria das pessoas hoje usa seus telefones para muitas necessidades diárias. Por que a saúde não deveria fazer parte disso?", diz Johannes Schildt, cuja empresa Kry permite que seus usuários reservem consultas médicas remotamente.

"A pandemia acelerou a adoção dessas novas tecnologias", comentou à AFP.

Sua empresa sueca, que opera em cinco países europeus, não é a única que evita que os usuários visitem o médico pessoalmente.

E nem todas essas empresas se concentram na saúde física. A americana Calmerry é uma das muitas que oferecem sessões em videoconferência com psicólogos.

Na maioria dos sistemas públicos de saúde, a oferta é limitada ou inexistente. Com assinaturas a partir de US $ 42 por semana, a co-fundadora da Calmerry, Oksana Tolmachova, diz que uma das metas é oferecer terapia mais acessível.

Outros aplicativos empregam estratégias diferentes para combater a explosão de depressão e ansiedade causada pela pandemia em todo o mundo.

O chatbot de saúde mental Woebot convida seus usuários a falar sobre seus problemas, mas as respostas vêm de um robô de inteligência artificial e não de um terapeuta.

Embora alguns possam se surpreender com a ideia de deixar seus sentimentos virem à tona a um programa de computador, estudos indicam que confiar em um ente virtual pode encorajar as pessoas a se abrirem mais.

Sua fundadora Alison Darcy, psiquiatra e pesquisadora médica, garantiu que esse bate-papo evita o medo de que outra pessoa o julgue, comum nas interações humanas.

Além disso, dada a atual escassez de psicólogos e a alta demanda dos pacientes, a inteligência artificial pode resolver o problema, segundo Darcy.

"Precisamos de tudo para ajudar as pessoas a ficarem bem", afirma a fundadora, embora reconheça que a inteligência artificial não substitui completamente a atenção de um profissional e tem limitações.

- Dúvidas sobre fiabilidade -

O regulador sanitário britânico expressou preocupações em março sobre um programa de controle de sintomas usado pela empresa de telemedicina Babylon, após relatos de supostas falhas no reconhecimento de algumas doenças graves.

Os críticos da medicina a distância também se preocupam com o fato de os provedores de saúde preferirem oferecer visitas virtuais mais baratas, em vez de encontros presenciais.

Várias empresas emergentes de saúde argumentam que o futuro é uma mistura de ambos.

"O digital tem um papel importante a desempenhar, mas a experiência física também é vital. Temos clínicas físicas na Suécia, Noruega e França", explica Schildt.

Ele também rejeita as críticas de que nem todo o espectro de pacientes pode acessar os serviços de sua empresa, que requer um smartphone ou computador e uma boa conexão com a internet.

Kry tem pacientes na casa dos 90 anos que podem usar essa tecnologia, argumenta, insistindo que "o digital expande o acesso" à saúde.

Um desafio é que a legislação em vários países ainda não alcançou a revolução da telemedicina, embora já tenha começado a se adaptar nos últimos anos.

As consultas virtuais estão disponíveis na saúde pública francesa desde 2018 e a Alemanha passou a permitir que os profissionais prescrevessem o uso de aplicativos, como controladores de peso.

Entre visitas, os pacientes podem continuar monitorando sua saúde remotamente graças às startups.

Ana Maiques, cofundadora da empresa Neuroelectrics de Barcelona, mostrou ao público da Web Summit como um capacete desenvolvido por sua empresa pode monitorar os pacientes em casa.

O dispositivo usa sensores que mostram a atividade em diferentes partes do cérebro e podem impulsionar choques elétricos em áreas específicas, ajudando a tratar doenças como a epilepsia.

A empresa Idoven usa inteligência artificial para analisar dados de equipamentos domésticos de monitoramento cardíaco para detectar batimentos cardíacos irregulares que podem ser perigosos para os pacientes.

Entre seus investidores está a lenda do futebol espanhol Iker Casillas, que sofreu um ataque cardíaco em 2019. "Somos a primeira empresa do mundo capaz de fazer isso", disse o CEO Manuel Marina Breysse à AFP.

O INSS vai iniciar, na segunda-feira (16), os atendimentos da experiência-piloto de perícias médicas com uso da telemedicina. O projeto se estende até o dia 31 de janeiro de 2021.

De acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o protocolo da experiência foi aperfeiçoado para dar segurança ao ato pericial dos peritos médicos federais, que ficam autorizados a realizar as perícias médicas por esse modelo, durante o período de enfrentamento da pandemia da Covid-19. A medida foi tomada em cumprimento de "decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que exigiu que o INSS e a Subsecretaria da Perícia Médica Federal elaborassem um protocolo para a realização de perícias médicas com o uso de telemedicina".

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Só no Judiciário, cerca de 200 mil processos estão paralisados, segundo o Conselho Nacional de Justiça, à espera de uma perícia. No âmbito administrativo, o número é maior: cerca de um milhão de segurados do INSS aguardam a consulta presencial.

O Tribunal de Contas da União (TCU) deu cinco dias para que o INSS e a Subsecretaria da Perícia Médica Federal elaborem um protocolo para a realização "imediata" de perícias médicas com o uso de telemedicina. A medida cautelar foi concedida nessa sexta-feira (25), pelo ministro do TCU Bruno Dantas após representação de dois integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os conselheiros Maria Tereza Uille Gomes e Henrique de Almeida Ávila argumentaram que a Lei 13.989, de 15 de abril de 2020, autorizou o uso de telemedicina sem excluir qualquer ato médico de sua abrangência. O próprio CNJ editou resoluções permitindo o emprego desse instrumento.

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Só no Judiciário, cerca de 200 mil processos estão paralisados, segundo o CNJ, à espera de uma perícia. No âmbito administrativo, como mostrou o Estadão/Broadcast, esse número é até maior: cerca de um milhão de segurados do INSS aguardam a consulta presencial.

Mesmo com a lei, o Conselho Federal de Medicina (CFM) impediu a realização de teleperícias. O governo também não vê respaldo legal e considera a ferramenta inadequada para o caso das perícias, cujo objetivo é atestar a condição do segurado e detectar se ele faz jus ou não ao recebimento do benefício.

Retorno

O Ministério da Economia tem aos poucos determinado o retorno de peritos às atividades presenciais, mas a retomada desaguou numa guerra política com o sindicato da categoria e também numa batalha judicial. Dos cerca de 3,5 mil peritos federais, 776 foram efetivamente convocados a retomar seus postos de trabalho, e apenas 421 compareceram às agências.

Diante do impasse no retorno das atividades presenciais dos peritos, o TCU resolveu agir. Além de ordenar a elaboração do protocolo para as teleperícias, Dantas determinou que sejam ouvidos em 15 dias o INSS, a Subsecretaria da Perícia Médica Federal do Ministério da Economia, o CFM e o Conselho Federal do Serviço Social (CFSS).

"A paralisação e o represamento das perícias médicas são de uma gravidade ímpar neste momento, pois denotam, além de incapacidade gerencial, falta de sensibilidade humana com a dor e o sofrimento das pessoas menos favorecidas", diz o ministro em seu despacho.

"Milhares de cidadãos estão tolhidos de buscarem, via administrativa, e, por conseguinte, de receberem seus benefícios e direitos em momento dramático de suas vidas, em razões dos devastadores efeitos financeiros decorrentes da pandemia da Covid-19, mesmo reconhecendo os esforços do governo federal com a concessão do auxílio emergencial e do benefício emergencial a parcelas significativas da população mais vulnerável", acrescentou.

Para Dantas, a eventual judicialização dos requerimentos em fase administrativa ainda não atendidos poderia ter reflexos negativos no Judiciário, dado o custo dessa mobilização. O ministro ainda ponderou que há "ameaça de punições funcionais contra os peritos que, eventualmente, fizerem tais procedimentos" por meio virtual, ainda que autorizados pelo CNJ.

Em sua representação, os conselheiros do CNJ classificaram a situação de "verdadeira crise humanitária". "Centenas de milhares de trabalhadores e de chefes de família, já atingidos pela crise sanitária decorrente da pandemia da Covid-19, viram-se impossibilitados de manter a própria subsistência e a de seus familiares em virtude da inércia do Estado em cumprir um dos mais relevantes de seus deveres", diz o documento.

Procurada, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, à qual são ligados o INSS e a Subsecretaria da Perícia Médica, não comentou

Com a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), muitas atividades profissionais foram forçadas a realizar mudanças na rotina. Várias dessas alterações podem ser, inclusive, permanentes. A necessidade em manter uma determinada distância, para que o risco de contágio seja minimizado, deve modificar práticas costumeiras como reuniões de negócios, congressos e outros encontros direcionados ao intercâmbio comercial.

Um dos serviços essenciais para a manutenção da vida na Terra, a medicina, também é alvo dessas modificações. Apesar de ser habitual em alguns países do mundo desde o fim da década de 1960, o método da telemedicina ainda gera algumas dúvidas em pacientes e médicos que não dispensam a consulta presencial. Entretanto, a tendência é que o modo de atendimento a distância se torne corriqueiro e não apenas o socorro em períodos pandêmicos.

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De acordo com o cirurgião cardiovascular Thiago Timerman, o procedimento, que foi regulamentado no Brasil pelo Ministério da Saúde durante a pandemia, veio para ficar. "A telemedicina vai ser dividida por especialidades e vai ajudar muito no manejo do paciente e no desafogamento dos hospitais", destaca. O médico, que é cadastrado na plataforma de prescrição médica digital Dr. Controle, ainda ressalta a importância deste método nos dias atuais. "Estamos orientando neste sentido para que sejam evitadas as aglomerações e idas desnecessárias aos Prontos-Socorros", lembra.

Mesmo com a regulamentação da Telemedicina sancionada na última quinta-feira (16) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), alguns pontos da portaria que virou lei foram vetados. Entre eles, o receituário a distância. Segundo o Palácio do Planalto, o veto consiste em evitar "fácil adulteração". De acordo com Timerman, este é um desafio a ser superado pela telemedicina. "Há dificuldade por parte do médico de liberar a prescrição e da farmácia em aceitá-la", explica.

Além da eficiência no acompanhamento clínico, o médico afirma que o método visa facilitar a comunicação e reduzir o uso de papel. "O intuito é simplificar o acesso e desburocratizar as prescrições médicas, uma vez que são feitas por meios eletrônicos e assinadas de modo digital, seguindo as regras ditas em legislação", enfatiza.

Para o médico, a falta de infraestrutura pode prejudicar a utilização da telemedicina no Brasil. A população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode custar a se acostumar com este tipo de parceria entre tecnologia e medicina. "Seria necessária a instrução da população mais carente, bem como o acesso aos recursos de linha telefônica e internet", considera. Mesmo com as atuais restrições, Timerman crê que o atendimento médico por telefone pode colaborar com a ampliação dos cuidados na rede pública de saúde. "Acredito que seria uma solução importante para seu melhor funcionamento", complementa.

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que autoriza o uso da chamada telemedicina enquanto durar a crise provocada pelo novo coronavírus, mas vetou a validade das receitas médicas emitidas por meio virtual durante as consultas feitas a distância, alegando riscos de "fácil adulteração". Bolsonaro também barrou a ampliação desse modo de atendimento após o fim da pandemia, o que, segundo o texto original, deveria ser regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O projeto que deu origem à lei foi aprovado pelo Congresso no fim de março, com o objetivo de desafogar hospitais e centros de saúde ao permitir o atendimento remoto de pacientes, por meio de recursos tecnológicos, como videoconferências. O texto sancionado está no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira.

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A lei autoriza o uso da telemedicina durante a crise do novo coronavírus "em caráter emergencial" e define a modalidade como "o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde".

O texto também estabelece que o médico deverá informar ao paciente todas as limitações inerentes ao uso da telemedicina, "tendo em vista a impossibilidade de realização de exame físico durante a consulta", e que "a prestação de serviço de telemedicina seguirá os padrões normativos e éticos usuais do atendimento presencial, inclusive em relação à contraprestação financeira pelo serviço prestado, não cabendo ao poder público custear ou pagar por tais atividades quando não for exclusivamente serviço prestado ao Sistema Único de Saúde (SUS)".

Para vetar as receitas médicas em meio virtual, o Planalto alegou que o dispositivo "ofende o interesse público e gera risco sanitário à população, por equiparar a validade e autenticidade de um mero documento digitalizado, e de fácil adulteração, ao documento eletrônico com assinatura digital com certificados ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira), como meio hábil para a prescrição de receitas de controle especial e nas prescrições de antimicrobianos, o que poderia gerar o colapso no sistema atual de controle de venda de medicamentos controlados, abrindo espaço para uma disparada no consumo de opioides e outras drogas do gênero, em descompasso com as normas técnicas de segurança e controle da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa)."

Sobre a regulamentação da telemedicina após a pandemia pelo Conselho Federal de Medicina, o Planalto vetou o trecho justificando que a matéria deve ser regulada em lei, "ao menos em termos gerais".

Na prática, a telemedicina já está em uso no País desde março, quando o CFM liberou esse modo de atendimento por causa do avanço do novo coronavírus. Ainda em março, o Ministério da Saúde publicou portaria para regulamentar atendimentos médicos a distância excepcionalmente durante o período da pandemia.

A Câmara aprovou, em sessão virtual realizada na noite desta quarta-feira (25), projeto que regulamenta a telemedicina. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda queria votar um auxílio emergencial para os trabalhadores informais durante a crise do novo coronavírus, em projeto relatado pelo deputado Marcelo Aro (PP-MG), mas a matéria ficou para a sessão da quinta-feira (26) que deverá começar às 15h.

O projeto aprovado, de autoria da deputada Adriana Ventura (Novo-SP), autorização o uso da telemedicina no Brasil em quaisquer atividades da área de saúde, enquanto durar a crise da covid-19. Para Ventura, este é um momento fundamental para usarmos a tecnologia a favor da medicina.

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A telemedicina oferece diagnóstico de forma remota, permitindo a interpretação de exames e a emissão de laudos médicos a distância. Por sua capacidade de tornas mais ágeis processos urgentes e encurtar distâncias, se mostra como uma ferramenta potencial para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Diante da escalada de casos de coronavírus no País e do risco de superlotação dos serviços de saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu liberar a telemedicina no País.

O aval ao atendimento médico à distância foi comunicado pelo órgão em ofício enviado ontem ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

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No documento, assinado pelo presidente do conselho, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, o órgão detalha que passam a ser permitidas as seguintes modalidades de telemedicina: 1) teleorientação, situação em que médicos possam à distância orientar e encaminhar pacientes em isolamento; 2) telemonitoramento, quando o médico monitora à distância parâmetros de saúde e de doença do paciente, e 3) teleinterconsulta, modalidade feita entre profissionais de saúde, para troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.

Até agora, a prática da telemedicina era vetada no País e os médicos que a praticassem poderiam sofrer punições por parte do conselho profissional. Mesmo assim, hospitais como o Albert Einstein e operadoras como a Amil já realizavam esse tipo de procedimento.

O Conselho de Medicina ressalta no documento que a autorização é excepcional e válida apenas "enquanto durar a batalha de combate ao contágio da covid-19".

Em 2018, o conselho chegou a publicar uma norma que regulamentava a prática. A resolução, no entanto, foi revogada após polêmica com as entidades médicas no ano passado, com a promessa de aprofundar os debates sobre o assunto.

Nesta semana, Mandetta, já havia defendido essa modalidade e havia afirmado que o formato será regulamentado no País, para além da relação entre os profissionais de saúde. "(Dará) Suporte ao médico, atendimento à rede e diretamente ao cidadão. Vamos usar toda a potencialidade da telemedicina." Hospitais privados ofereceram a estrutura a distância para ajudar a rede pública. 

Ela trabalha em Paris, mas consulta um médico em Xangai pelo computador, porque sua tosse a preocupa: na China, o coronavírus proporciona à telemedicina um boom sem precedentes.

A 10.000 quilômetros de distância, o médico de Xangai diagnostica esta chinesa que vive na França com um resfriado simples e prescreve um pouco de descanso. Não há razão para temer a pneumonia viral.

Em pânico com o vírus, milhões de chineses vêm limitando ao máximo seus contatos desde o final de janeiro, quando a gravidade da doença foi reconhecida publicamente pelas autoridades. Acima de tudo, temem ser infectados indo a hospitais sobrecarregados.

Desde o início da epidemia, as plataformas de telemedicina, desenvolvidas em particular pelas gigantes locais da Internet Tencent e Alibaba, registraram um forte aumento no tráfego.

O WeDoctor, que lançou em 23 de janeiro uma seção específica para a Covid-19, afirma que, somente em fevereiro, registrou cerca de 1,5 milhão de consultas on-line. Com mil médicos associados, seu concorrente AliHealth garante informar mais de 3.000 pacientes por hora.

E a tendência se espalhou para estabelecimentos de saúde pública.

- "Mudança a longo prazo" -

Em Xangai, o Hospital Central de Xuhui, que faz experimentos com telemedicina desde 2015, recebeu uma licença especial do governo no mês passado para explorar esse novo nicho.

Em apenas algumas semanas, as consultas pela Internet passaram de praticamente zero para mais de 5.000 no último domingo.

"Para a medicina, essa é uma mudança de longo prazo", alerta Zhou Jian, chefe do estabelecimento que abriu suas portas para a mídia no início desta semana.

Os pacientes devem primeiro baixar um aplicativo e, depois, esperar em uma fila. Após uma breve consulta, os médicos aconselham o internauta: simples descanso, prescrição de medicamentos, ou mesmo um exame aprofundado com um especialista, um processo que também pode ser feito de modo remoto.

"Não importa onde você esteja, você pode consultar, desde que tenha um telefone celular e Internet", diz Zhou.

Neste estabelecimento pioneiro em Xangai, os medicamentos são pagos on-line, através das onipresentes plataformas de pagamento eletrônico no país. Eles são entregues gratuitamente aos pacientes, às vezes no mesmo dia.

Especialmente com a epidemia da Covid-19, o dinheiro em espécie perdeu ainda mais seu brilho. Os chineses temem ser infectados e relutam em usar dinheiro em espécie para suas compras diárias. Recentemente, o país embarcou em uma desinfecção de notas em larga escala.

- Um obstáculo -

A maioria das consultas on-line não está relacionada ao coronavírus. Da pediatria à cardiologia e dermatologia, dezenas de médicos se revezam em cabines equipadas com computadores.

Vantagens: menos pressão para a equipe de enfermagem e maior eficiência, sem mencionar o tempo de espera reduzido para pacientes que não precisam mais viajar fisicamente para se consultar.

Mais do que qualquer outro país, a China adotou espetacularmente as tecnologias móveis nos últimos anos. Do pagamento de faturas ao pedido de produtos frescos, ou de café: tudo agora é feito na ponta dos dedos, em uma tela de smartphone.

A tecnologia pode ser, no entanto, uma barreira para os idosos, diz o cardiologista Wang Dewen, de 75 anos.

"Eles não se sentem tão confortáveis usando um telefone celular. Este é provavelmente o maior problema", afirma.

Em meio à polêmica da regulamentação da telemedicina no País, a Amil, maior operadora de planos de saúde do Brasil, começa a oferecer nesta segunda-feira (8) consulta médica virtual.

O atendimento por teleconferência estará disponível 24 horas, todos os dias da semana, e terá como foco pacientes com queixas comuns, como gripe, tosse, dor de garganta, dor de barriga, diarreia, náusea, cólica menstrual, alergia, dor de cabeça e costas e ardor nos olhos.

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Nos casos em que o médico julgar que a queixa possa ser solucionada remotamente, ele passará orientações e poderá até prescrever remédios. "Existe uma mecânica já padronizada de prescrição de medicamentos através de certificação digital", explica Claudio Lottenberg, presidente do UnitedHealth Group Brasil, que controla a Amil.

Já nas situações em que o especialista considerar que há necessidade de consulta presencial e realização de exames, haverá o encaminhamento do paciente para um serviço de saúde. "Você pode pegar coisas que aparentemente são simples mas que, se não interferir a tempo, podem se transformar em coisas muito complexas, como uma alteração na visão que pode indicar até um AVC", diz Lottenberg.

Inicialmente, o serviço de teleconsulta estará disponível apenas para os 180 mil beneficiários do plano premium, o Amil One, mas a expectativa da empresa é expandir o atendimento no futuro. Contando todos os tipos de plano, a operadora soma mais de 3,5 milhões de clientes.

As consultas online serão feitas por um grupo de 15 médicos do Hospital Israelita Albert Einstein já treinados nesse tipo de atendimento. De acordo com Sidney Klajner, presidente do Einstein, a instituição já realiza esse tipo de atendimento para grupos específicos há dois anos. "Nossa primeira experiência foi com nossos colaboradores e seus dependentes. Verificamos que esses atendimentos virtuais evitaram idas desnecessárias ao pronto-socorro em 83% das vezes." Ele destaca ainda que o serviço segue protocolos internacionais.

Regulamentação

A norma que regula hoje a telemedicina no País é a resolução 1.643, de 2002, que não é clara quanto às regras para um eventual atendimento médico virtual. Nova resolução sobre o assunto chegou a ser publicada pelo Conselho Federal de Medicina em fevereiro, mas foi revogada após críticas dos regionais. De acordo com o CFM, o órgão receberá até dia 31 deste mês "sugestões para subsidiar novo texto".

Questionado sobre a oferta de serviços de teleconsulta como o da Amil, o órgão afirmou que "o atendimento presencial e direto do médico em relação ao paciente é regra para a boa prática médica", conforme prevê o artigo 37 do Código de Ética Médica, que diz que "é vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Duas unidades de telemedicina foram inauguradas hoje (15) em hospitais de ensino do Recife, em Pernambuco, e de Maceió, capital alagoana. Equipamentos para teleconferência e uma conexão de qualidade serão usados para auxiliar no diagnóstico, tratamento e treinamento de profissionais no interior, mas, para isso, os estados precisam investir em estruturas mínimas nos municípios a serem atendidos.

As unidades são parte da Rede Universitária de Telemedicina (Rute), um projeto da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. No total, são 128 unidades em todos os estados do país e no Distrito Federal, contando com as duas instalações inauguradas hoje. No Recife, o Hospital da Restauração Governador Paulo Guerra foi o contemplado. Em Maceió, a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas vai receber a nova unidade.

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De acordo com o coordenador nacional da Rute, Luiz Ary Messina, a rede ajuda na assistência remota de pacientes, no apoio aos médicos de áreas remotas e do interior, que precisam de uma segunda opinião e recebem orientação dos hospitais de referência, além da educação à distância. “Com as tecnologias da informação e da comunicação, os profissionais mais capacitados dos centros de referência vão poder ter uma atuação muito mais adequada às situações do dia a dia”.

Foram instalados nesses hospitais uma conexão por fibra ótica, inclusive para realização de videoconferências com pesquisadores e profissionais do resto do país. A expectativa da coordenadora do recém-inaugurado núcleo do Hospital da Restauração, Fátima Buarque, é principalmente ampliar a troca de conhecimento com as unidades de saúde do interior de Pernambuco.

“Que a gente passe a ajudar os colegas do interior sobre politrauma, por exemplo. Como conduzir, como cuidar, sem necessariamente trazer os pacientes para o Recife. A proposta principal é reduzir a demanda de necessidades básicas, simples, que [o tratamento] deixa de ser dado no interior por causa da falta de conhecimento”, afirma.

Tecnologia

Mas para que essa rede, de fato, ajude o interior desses estados é preciso, segundo Messina, que exista uma conexão. “A maioria das instituições de saúde ainda não têm uma conexão muito adequada. E tem que ter profissional qualificado, tanto pessoal de informática como engenheiros para melhorar essa parte técnica. Essas são as preocupações maiores”, diz.

Para o coordenador, é necessário ainda que os próprios profissionais de saúde sejam preparados para lidar com as novas tecnologias e que os centros de saúde menores tenham os equipamentos digitais que auxiliam na troca de informações. “Na ponta, a unidade de saúde tem que ter um eletrocardiógrafo digital, um equipamento de ultrassonografia. Esses sinais podem ser transmitidos para um hospital de referência. Câmeras para tirar fotos de ferida, por exemplo, para receber uma segunda opinião”, cita.

A Rede Universitária de Telemedicina presta consultoria técnica para que os estados criem projetos para captar recursos a fim de melhorar essas conexões. A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco informou que possui o Núcleo Estadual de Telessaúde com 23 pontos de videoconferência distribuídos em todo o Estado: 12 em gerências regionais de saúde, três na sede da secretaria, seis em hospitais da Região Metropolitana do Recife, um ponto na Escola de Saúde Pública de Pernambuco e outro no Colegiado de Secretários Municipais de Saúde de Pernambuco.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse ontem que, até 2018, todas as unidades Básicas de Saúde do país estarão informatizadas. Segundo ele, cerca de 15 mil unidades de saúde já são informatizadas e a previsão é que mais 27 mil sejam incluídas na lista até o final do ano que vem.

Se os planos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) se concretizarem, o uso pulverizado da telemedicina deve ser uma das grandes novidades das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. A implementação já foi iniciada em Londres, somente com a delegação do Brasil.

Cada atleta brasileiro usa uma pulseira de borracha com um código individual. Colocado em um programa de uso médico, ele mostra todos os dados do competidor, como histórico cirúrgico e alergias, e permite um atendimento mais rápido e personalizado. Outra novidade que está sendo testada é a videoconferência pelo celular. A telemedicina ajuda no diagnóstico inicial dos esportistas com alguma lesão. O próprio atleta pode usar seu celular para mostrar o local da dor ao médico que pode estar em qualquer outro lugar.

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A tecnologia mais avançada é um robô, usado pela Universidade de Miami para tratar soldados que lutam na Guerra do Iraque, podendo ser controlado a distância. O equipamento têm uma eficiente câmera de vídeo que permite a equipes médicas, em diferentes partes do mundo, ajudar em um diagnóstico.

Segundo o médico brasileiro Antonio Marttos, diretor de Telemedicina do Centro de Trauma da universidade americana e responsável por levar a tecnologia ao COB, o objetivo é dar o melhor atendimento aos atletas. "Pelo robô, podemos ter imagens de radiologias, exames, ultrassonografias, câmeras remotas, acesso a exames. São três ferramentas para dar o melhor suporte possível aos atletas, em qualquer lugar e hora, tendo acesso aos melhores especialistas disponíveis."

Em Londres, o robô ajudou a diagnosticar a fratura sofrida ainda antes do início das Jogos pela ginasta Laís Souza, que acabou sendo cortada da delegação, e também em tratamentos de outros atletas que continuam competindo. Além da Universidade de Miami, os médicos que estão no Crystal Palace, centro de treinamento dos atletas brasileiros, trocam informações, por meio da telemedicina, com colegas de alguns hospitais do Rio de Janeiro.

Em 2016, o COB quer oferecer essas tecnologias às delegações de todos os países e também aos visitantes que estarão no Brasil para os Jogos Olímpicos. Para Antonio Marttos, esse tipo de recurso permite levar a medicina brasileira a um nível internacional. “As exigências de países são diferentes e o atendimento pode ser na mesma língua do paciente", destacou.

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