Uma denúncia em vídeo, realizada por parte da equipe de enfermagem do Hospital Getúlio Vargas (HGV), um dos maiores do Recife, tem ganhado repercussão nas redes sociais e sindicais da categoria de saúde. Nas imagens, é possível ver diversas rachaduras, infiltrações e a presença de mofo em diferentes salvas de atendimento da unidade de saúde, especialmente no setor cirúrgico. Uma das áreas chegou a ser coberta por tapumes que, segundo os denunciantes, têm o objetivo de maquiar a situação.
O vídeo é narrado pelo enfermeiro Fábio Luciano Araújo, do HGV. Outros funcionários participam, mas não falam para a câmera. Nesta sexta-feira (14), o Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe), através da presidente Ludmila Outtes, denunciou à imprensa a situação da instituição. A coordenadora aponta que, desde 2018, a estrutura passou a apresentar maiores sinais de deterioração.
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Transcrição da denúncia:
“Estamos aqui paramentados porque estamos no bloco cirúrgico do Hospital Getúlio Vargas, que é referência em Pernambuco. Mostramos a parte estrutural e notamos que, nos últimos dois meses, aqui em Pernambuco, especificamente em Recife e Paulista, caíram três prédios, deixando o saldo de 20 mortes. Tá aqui a situação, as rachaduras. Isso é precaução para que não aconteça uma catástrofe, para que vidas não sejam perdidas. Está aqui outra parede no bloco cirúrgico, com rachaduras, no Hospital Getúlio Vargas. Colocaram tapumes numa área porque daqui em diante não podemos passar, para não mostrarmos à opinião pública, mas há várias salas com rachaduras maiores do que essas vistas. Isso aqui é uma sala de cirurgia onde ficam dezenas de funcionários, mas principalmente pacientes. Está tudo rachado e com mofo. Essa é a realidade da saúde pública no estado de Pernambuco. Parede com rejunte somente para colar, e isso na entrada do bloco cirúrgico do hospital.”
Em nota, a Secretaria de Saúde (SES) de Pernambuco informou que a estrutura apresentada nas imagens recentes está “escorada” desde 2017 e que a situação é monitorada há mais de 14 anos. A pasta também afirmou ter informes sobre o assunto e que a governadora Raquel Lyra (PSDB) esteve em Brasília recentemente, em busca de investimentos para uma reforma nas unidades de emergência do estado, incluindo o HGV. Por fim, a SES demonstrou ter controle da situação e fazer o monitoramento do risco, mas sem menções a possíveis desabamentos ou maiores perigos, apesar dos relatos. Confira na íntegra:
“Em relação às recentes notícias veiculadas sobre a estrutura do Bloco G3 do Hospital Getúlio Vargas (HGV), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) esclarece que a edificação encontra-se escorada desde junho de 2017, não sendo este um fato novo, está ciente da situação e tem trabalhado para viabilizar a realização da obra de recuperação estrutural da unidade. Inclusive, a Governadora do Estado esteve em Brasília em busca de investimentos para a realização de reformas estruturais das unidades de emergências do Estado.
A estrutura é monitorada há mais de 14 anos, resultando na geração de inúmeros relatórios e notas técnicas que compõem um extenso acervo de informações para acompanhamento da situação e adoção de medidas visando manter a segurança do prédio.
Desde 2019, a Secretaria de Saúde, em conjunto com a Casa Militar, realiza vistorias regulares para analisar tecnicamente a situação da edificação. Como resultado dessas vistorias, relatórios detalhados são elaborados e disponibilizados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), garantindo a transparência e o compartilhamento das informações obtidas.
De posse das informações técnicas, a atual gestão da SES-PE reforça que já possui um projeto de recuperação estrutural, contendo todos os dados necessários para corrigir o problema em questão. Esse projeto está em conformidade com as normas e diretrizes técnicas aplicáveis, e busca assegurar a segurança e a estabilidade do edifício.
Reiteramos, por fim, o compromisso desta Secretaria em garantir a segurança dos usuários do Hospital Getúlio Vargas, assim como de seus profissionais, e também na adoção de todas as medidas necessárias relativas ao problema.”