Tópicos | Alzheimer

A justiça holandesa absolveu, nesta quarta-feira, uma médica acusada de praticar a eutanásia em 2016 em uma paciente com Alzheimer sem ter assegurado de modo suficiente o consentimento da paciente, um caso inédito no país, um dos primeiros do mundo a legalizar a morte assistida.

A paciente de 74 anos havia solicitado inicialmente a eutanásia, mas pouco depois não teria demonstrado suficientemente o desejo de morrer, de acordo com os promotores.

"Concluímos que todas as exigências da legislação sobre a eutanásia foram atendidas. Assim, a suspeita foi absolvida de todas as acusações", declarou a juíza Mariette Renckens em Haia.

"Pensamos que, levando em consideração o estado de demência profunda da paciente, o médico não precisava verificar seu desejo de eutanásia", completou.

Durante a leitura do veredicto, muitas pessoas aplaudiram a decisão.

O caso, o primeiro do tipo na Holanda - primeiro país a aprovar uma lei sobre a eutanásia em 2002 – provocou a retomada do debate sobre o direito das pessoas com demência a decidir seu próprio destino.

A médica, que trabalhava em uma residência para idosos e que não teve a identidade divulgada, adicionou um sedativo ao café da paciente.

Quando soube que tinha Alzheimer, a mulher assinou uma declaração na qual pedia para ser submetida à eutanásia.

A médica, de 68 anos e agora aposentada, foi acusada de ter "inferido que a mulher desejava morrer sem ter verificado" com ela após o surgimento da doença.

A Promotoria, que não solicitava nenhuma pena contra a acusada, considerava, no entanto, que ela deveria ter mantido uma conversa "mais profunda" com a paciente.

"A demanda por eutanásia foi feita quando a paciente ainda gozava plenamente de todos os seus sentidos e já havia refletido muito a respeito quando assinou a declaração", afirmou a juíza.

"Agora vamos estudar o veredicto com atenção e decidiremos mais tarde se vamos apelar ou não", declarou Sanne van der Harg, porta-voz da Promotoria.

Ter uma vida saudável reduz o risco de demência, recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), que calcula que o número de pessoas que sofrem dessa síndrome, causada em grande parte pela doença de Alzheimer, deve triplicar até 2050.

Fazer exercícios físicos, seguir uma dieta mediterrânea, não fumar, reduzir o consumo de álcool, monitorar diabetes e colesterol... em resumo, viver uma vida saudável reduz o risco de demência, segundo a OMS, que não chega a quantificar esta diminuição.

##RECOMENDA##

"As evidências científicas reunidas confirmam o que suspeitamos há algum tempo, que o que é bom para o coração também é bom para o cérebro", observou o diretor da OMS, o dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado.

A OMS estima que, no conjunto da população, entre 5 e 8% das pessoas com 60 anos ou mais têm demência em algum momento.

A demência é um problema de saúde pública em rápido crescimento devido ao envelhecimento da população, afetando aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

Segundo as previsões, esse número deve triplicar até 2050, atingindo 152 milhões de pessoas, alertou a OMS.

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e acredita-se que cause 60 a 70% dos casos, de acordo com a agência.

A idade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo, mas a demência "não é uma consequência natural ou inevitável da velhice", ressalta a OMS.

"Sabemos que existem fatores de risco para a demência que podemos mudar", explicou o Dr. Neerja Chowdhary, do Departamento de Saúde Mental da OMS, em entrevista coletiva.

Vários estudos recentes constataram uma ligação entre o desenvolvimento de déficit cognitivo e a demência, e os fatores de risco ligados ao estilo de vida, como inatividade física, tabagismo, dietas alimentares pouco saudáveis e o consumo nocivo de álcool, segundo a agência especializada da ONU.

Alguns distúrbios, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade e depressão, estão associados a um risco aumentado de demência. Outros fatores de risco que podem ser mudados são o "isolamento social e a inatividade cognitiva", aponta a OMS.

A OMS pede a implementação de uma estratégia pública para prevenir a doença.

Cerca de 60% das pessoas com demência vivem em países de baixa e média renda, mas "esses países são os menos preparados para lidar com essa carga crescente", revelou Chowdhary.

A demência gera custos adicionais para as famílias, mas também para os governos, bem como uma perda de produtividade para as economias, de acordo com a OMS.

Em 2015, o custo social global da demência foi estimado em US$ 818 bilhões em todo o mundo, ou 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Espera-se que suba para US$ 2 trilhões em 2030.

Uma das figuras mais icônicas do rock'n'roll nacional, o músico Serguei, está internado em um hospital no Rio de Janeiro. Aos 85 anos, Serguei enfrenta alguns problemas como desidratação, além de um quadro de Alzheimer, e não tem previsão de alta.

##RECOMENDA##

Segundo o portal G1, o roqueiro foi internado no Hospital Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de Bacaxá, em Saquarema, interior do Rio de Janeiro, na última segunda (6). O músico foi diagnosticado com desidratação, desnutrição e infecção urinária, além de apresentar um quadro de Alzheimer. Apesar de estável, não há previsão de alta para o cantor.

Serguei começou sua carreira musical em 1955, nos Estados Unidos. Ele retornou ao Brasil em 1972 e se instalou em Saquarema, onde vive até hoje. Ele ficou bastante conhecido por seu jeito irreverente e pelas histórias inusitadas, como a de um possível relacionamento sexual que ele teria mantido com a cantora americana Janis Joplin.

 

Atividades físicas, sociais e de lazer praticadas por idosos e pacientes com doença de Alzheimer podem ajudar a preservar funções cognitivas e a retardar a perda da memória, mostra novo estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os estímulos promovem mudanças morfológicas e funcionais no cérebro, que protegem o órgão de lesões que causam as perdas cognitivas.

A descoberta foi feita por meio de um experimento com camudongos transgênicos, os quais foram alterados geneticamente para ter uma super expressão das placas senis no cérebro. Essas placas são uma das características da doença de Alzheimer. Os animais foram separados em três grupos: os transgênicos que receberiam estímulos, os transgênicos que não receberiam e os animais-controle que não têm a doença.

##RECOMENDA##

“Quando eles estavam um pouquinho mais velhos, por volta de 8 a 10 meses, colocamos parte desses animais em um ambiente enriquecido, que é uma caixa com vários brinquedos, e fomos trocando os brinquedos a cada dois dias”, explicou Tânia Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do projeto.

O experimento durou quatro meses e, após esse período, eles foram submetidos à avaliação de atividade motora, por meio de sensores, e de memória espacial, com um teste chamado labirinto de Barnes. Os resultados mostram que os camudongos transgênicos que foram estimulados com os brinquedos tiveram uma redução de 24,5% no tempo para cumprir o teste do labirinto, na comparação com os animais que não estiveram no ambiente enriquecido.

Também foram analisados os cérebros dos camundongos. Ao verificar as amostras do tecido cerebral, os pesquisadores constataram que os animais transgênicos que passaram pelos estímulos apresentaram uma redução de 69,2% na densidade total de placas senis, em comparação com os que não foram estimulados.

Além da diminuição das placas senis, eles tiveram aumento de uma proteína que ajuda a limpar essa placa. Trata-se do receptor SR-B1, que se expressa na célula micróglia. O receptor faz com que essa célula se ligue às placas e ajude a removê-las. “Os animais-controle, sem a doença, tinham essa proteína que ajuda a limpar a placa, inclusive todo mundo produz essa proteína. Os animais com Alzheimer tiveram uma redução bem grande dessa proteína e os animais do ambiente enriquecido [que tiveram estímulos] estavam parecidos com os animais-controle”, explicou Viel.

A pesquisadora diz que o trabalho comprova hipóteses anteriores e que agora o grupo trabalha para ampliar a verificação em cães e seres humanos. Para isso, será necessário, inicialmente, descobrir marcadores no sangue que apontem a relação com a doença de Alzheimer.

“Em ratos, a gente analisa o cérebro e o sangue para ver se esses biomarcadores estão tanto no cérebro quanto no sangue. Quando a pessoa perde a memória, há algumas proteínas que aumentam no cérebro e outras que diminuem. Nos cães e nos seres humanos, a gente está vendo só no sangue”, justificou. Com a descoberta desses marcadores no sangue, será possível fazer experimentos similares ao do camundongo, com testes motores e de memória, para confirmar ou descartar as alterações em cães e seres humanos após os estímulos.

Para Tânia Viel, como não se sabe qual ser humano desenvolverá a doença, quanto mais aumentar a estimulação na vida dele, melhor vai ser para a proteção do cérebro. “É mudar a própria rotina. Muita gente fala que não teve tempo para fazer outras coisas, mas se a pessoa tiver condições e puder passear no quarteirão, já começa por aí, fazer uma atividade física e uma atividade lúdica, passear com cachorro, com filho, curso de idiomas, de dança. Isso ajuda a preservar o cérebro”, sugere.

O estudo foi publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Um ensaio clínico realizado nos Estados Unidos revelou que as pessoas tratadas intensamente para hipertensão tinham menos chances de desenvolver uma deterioração cognitiva leve, que se desenvolve em uma primeira etapa da doença de Alzheimer.

A história da luta contra o Alzheimer está cheia de esperanças e decepções, de modo que os resultados do estudo "Sprint Mind" publicado nesta segunda-feira (28) na revista da American Medical Association (Jama), devem ser recebidos com cautela.

##RECOMENDA##

Mas a quantidade de participantes na pesquisa e a boa qualidade estatística de seus resultados dão relevância ao estudo, o primeiro a descobrir uma forma de prevenir problemas de memória ou concentração nos idosos.

"É o primeiro ensaio que demonstra uma estratégia eficaz para a prevenção dos déficits cognitivos relacionados com a idade", indicou Kristine Yaffe, especialista em doenças neurodegenerativas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, em um editorial publicado separadamente.

O teste envolveu mais de 9.000 adultos maiores de 50 anos com hipertensão. Metade recebeu tratamento para reduzir a pressão sistólica a menos de 140 mmHg (milímetros de mercúrio), e a outra metade a menos de 120 mmHg, um objetivo mais ambicioso.

Depois de um acompanhamento de cinco anos, os médicos não observaram nenhuma diferença entre os dois grupos em uma medida de "demência provável".

No entanto, o grupo com tratamento intensivo teve significativamente menos "deterioração cognitiva leve" - uma etapa que inclui dificuldades óbvias para encontrar a palavra correta, lembrar nomes de pessoas encontradas recentemente ou esquecer algo imediatamente depois de tê-lo lido.

Todas as pessoas que sofrem de Alzeimer passaram por esta etapa, mas nem todas as pessoas com deterioração cognitiva leve desenvolvem a doença.

Dado que o estudo não é conclusivo sobre o tratamento da hipertensão prevenir o Alzheimer, a associação financiará uma extensão do estudo de dois anos para continuar a avaliação dos pacientes.

A doença de Alzheimer pode ter relação com uma bactéria causadora de infecção bucal. A conexão, que parece pouco provável, é a conclusão do estudo realizado por um grupo internacional de cientistas. A pesquisa abre caminho para novas investigações que associem agentes infecciosos à doença neurodegenerativa - que afeta aproximadamente 1,2 milhão de brasileiros.

Os cientistas analisaram o papel de uma bactéria, a Porphyromonas gingivalis, no desenvolvimento do Alzheimer. Encontrada na boca, a bactéria se prolifera por causa da má higiene e pode causar periodontite, doença que afeta tecidos ao redor dos dentes. A pesquisa, patrocinada pela farmacêutica americana Cortexyme, identificou enzimas ligadas a essa bactéria em cérebros de pacientes mortos que tiveram Alzheimer. Também localizou material genético ligado à Porphyromonas gingivalis em pacientes vivos.

##RECOMENDA##

Mas, só a presença da bactéria no cérebro dos pacientes não seria suficiente para concluir que ela causa a demência. Isso porque, por vários motivos, como má alimentação ou dificuldade em manter a saúde bucal, pacientes com Alzheimer poderiam desenvolver a bactéria - e não o contrário.

Então, os pesquisadores usaram ratos para demonstrar que a infecção pela Porphyromonas gingivalis levou a uma produção maior de beta amiloide, proteína que se acumula no cérebro de pacientes com Alzheimer. Os especialistas infectaram animais com a bactéria e, em seguida, aplicaram uma droga capaz de diminuir a carga bacteriana.

Com isso, notaram que o medicamento ajudou a bloquear a produção da beta amiloide e a proteger neurônios no hipocampo dos animais, região cerebral responsável pela memória. O estudo foi publicado na revista Science Advances. "A principal conclusão é que há quantidade significativamente maior de enzimas bacterianas tóxicas nos cérebros de pacientes com Alzheimer. A atividade tóxica das enzimas pode ser bloqueada com uma droga", disse o autor principal do estudo, Stephen Dominy, cofundador da Cortexyme.

Desafios

Para Rogério Panizzutti, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa se insere em um contexto de mais interesse dos cientistas em investigar conexões entre o Alzheimer e agentes infecciosos. "O desafio do campo é observar se há relação causal entre uma infecção bacteriana ou viral e o Alzheimer. Esse estudo avança ao usar modelos animais, nos quais consegue sugerir causalidade. Mas ainda não dá para ter certeza de que haverá a causalidade em humanos." Novos estudos, diz, são necessários.

Para Daniel Ciampi, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, é provável que vários fatores estejam envolvidos e o estudo é "mais uma pista para pensar a doença". Embora não seja possível concluir que infecções na boca causam o Alzheimer, manter a higiene, diz, está longe de ser algo em vão. "Um dos pilares do tratamento é ter uma saúde oral adequada. É como se tirasse um estresse inflamatório da jogada. E o paciente pode ter uma melhora parcial." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um possível tratamento para a perda de memória causada pela doença de Alzheimer, através do hormônio produzido pelo corpo durante exercícios físicos, o Irisina, foi descoberto por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os estudiosos conseguiram estabelecer relação entre os níveis do hormônio com o tratamento contra o Alzheimer.

Segundo reportagem do G1, os testes foram feitos em camundongos que têm a doença. Com isso, os cientistas relatam que três novidades foram descobertas. A primeira é que existe baixos níveis de irisina no cérebro dos afetados pelo Alzheimer. A segunda é que a reposição dos níveis de irisina no cérebro foi capaz de reverter a perda da memória, pelo menos nos camundongos.

##RECOMENDA##

A última é que o irisina é o que regula os efeitos positivos do exercício físico na memória dos ratos. O que, para os cientistas, reforça a importância dos exercícios físicos no combate à doença.

O estudo foi feito por 25 cientistas de diversos países e, apesar de promissores, os resultados ainda precisam de mais estudos antes de implementar o tratamento em pacientes.

Foi publicado na última segunda-feira (24), na revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS), estudo que revela um novo método que combate as partículas tóxicas que destroem as células cerebrais nas pessoas com Alzheimer. A pesquisa foi realizada por um grupo de cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

O método é sistemático e ataca os patógenos, pequenos grupos de proteínas conhecidas como oligômeros, que causam o Alzheimer. A estratégia utiliza cinética química, mecanismo desenvolvidos nos últimos dez anos e, auxilia a descobrir fármacos contra as doenças de enovelamento de proteínas. 

##RECOMENDA##

De acordo com especialistas, a descoberta abre caminho para que possam ser desenvolvidos novos remédios para o tratamento do Alzheimer e que eles podem chegar a testes clínicos em cerca de dois anos. 

Por Lídia Dias

Um tratamento com baixas doses de aspirina pode ser um novo caminho para enfrentar a doença de Alzheimer, protegendo a memória dos pacientes, de acordo com novo estudo feito por cientistas americanos.

Segundo os autores, um dos principais mecanismos responsáveis pela progressão da doença é uma perda de capacidade do organismo para remover as placas formadas no cérebro - especialmente no hipocampo - pela proteína tóxica beta amiloide. A partir da avaliação de um grande conjunto de estudos que demonstravam a ligação entre a aspirina e o risco reduzido de prevalência de Alzheimer, os cientistas mostraram que o medicamento reduziu as placas de beta amiloide em camundongos, ao estimular a ação dos lisossomos - um componente das células de animais que ajuda limpar os detritos celulares.

##RECOMENDA##

A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Rush, em Chicago (EUA), foi publicada nesta segunda-feira (20, na revista científica The Journal of Neuroscience. "Nosso estudo identificou um possível novo papel para um dos medicamentos mais amplamente utilizados no mundo", disse o autor principal do estudo, Kalipada Pahan.

Até agora, a FDA - a agência reguladora americana para alimentos e medicamentos - tem poucas drogas aprovadas para o tratamento da doença de Alzheimer - que afeta a memória e é considerada o tipo de demência mais comum no mundo - e os fármacos disponíveis fornecem só alívio limitado dos sintomas.

No novo estudo, durante um mês, os pesquisadores deram baixas doses de aspirina, por via oral, a camundongos que haviam sido geneticamente modificados para desenvolverem a doença de Alzheimer. Depois, a equipe avaliou a quantidade de placas de proteína beta amiloide nas partes do cérebro mais afetadas pela doença. "A aspirina estimulou os lisossomos e reduziu o acúmulo de placas nos cérebros dos animais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Jairo Mariano da Silva, 75 anos, tornou-se um personagem folclórico do futebol pernambucano, em que é melhor conhecido pela alcunha de “Bacalhau”, celebrado por suas aventuras improváveis para acompanhar os jogos do Santa Cruz. Entre os feitos, saiu de sua terra natal no Agreste pernambucano rumo ao Recife de bicicleta. Apesar das fotografias e da casa sempre lotada de admiradores, Jairo, de repente, sentiu-se sozinho. “Eu não sei dizer o porquê, quem tem depressão nunca sabe. Ele foi internado e se recusa a comer. Além disso, há oito meses ele sofre de Alzheimer”, conta a ex-esposa de Bacalhua, Maria dos Santos, conhecida como Dôra, que batalha para que o acervo do amigo ganhe um espaço fixo para exposição. 

Apesar de separada de Jairo, Dôra se viu obrigada a incluí-lo em seu plano de saúde, como dependente, para mantê-lo internado na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, cidade natal do torcedor tricolor. Além disso, ela diz que arca com todos os custos adicionais do tratamento. “Talvez ele já tivesse morrido se dependesse do sistema público de saúde. Muita gente diz que não faria o que faço. Se eu não fizer algo, quem vai fazer?”, lamenta.

##RECOMENDA##

No hospital, faça chuva ou faça sol, noite ou dia, Dôra e um dos quatro filhos costumam ser as únicas companhias de Jairo, cada dia mais distante do personagem que o tornou conhecido e sempre rodeado de gente. “Nem o pessoal da cidade vai visitar. Ele chama familiares que já morreram e lembra do nome dos filhos, mas não consegue reconhê-los”, lamenta Dôra.

Os oito meses de alzheimer, contudo, ainda não conseguiram roubar de Jairo sua maior paixão. “Ele pergunta: ‘o Santa vai jogar hoje?’. Em outros momentos, fica falando sozinho, deitado na cama: ‘Bora, bora, rapaz, se não a gente vai perder o carro’, como se lembrasse do costume que tinha de ir aos jogos”, conta Dôra. Irreconhecível se comparado ao homem gordinho, sempre sorridente, de dentes, unhas e cabelos tingidos de vermelho, branco e preto, Jairo está magro e bastante envelhecido, alimentando-se por sondas. “Ela recusava a comida e não bebia água. Agora até que ele está comendo alguma coisa, como banana e bolacha. Até mamadeira eu comprei, para dar iogurte”, completa.

[@#video#@]

Incurável, o Alzheimer se agrava impiedosamente com o tempo e impede que Jairo cuide de si mesmo. Cabe à sua fiel amiga a dupla missão de batalhar para que ele receba o tratamento adequado e para que suas memórias, que escapam-lhe aos poucos, sejam, de alguma forma, preservadas. Dôra acredita que isso é possível reunindo suas fotografias e objetos pessoais curiosos, tornando-lhes um acervo de um pequeno museu dedicado à história de um dos maiores torcedores do tricolor pernambucano. “Eu gostaria de fazer um museu, mas estou quase acabando com essa ideia, porque ninguém vai querer fazer isso. Não tenho dinheiro para fazer isso e até agora o Santa Cruz não se interessou, nem a prefeitura. Não tenho ajuda de ninguém, pelo menos para fazer um cantinho para eu deixar as coisas dele”, explica. 

Casa em más condições

Portas quebradas, falhas no sistema elétrico e pinturas esmaecidas. Vazia por praticamente seis meses, a casa de Bacalhau, integralmente pintada com as cores do Santa Cruz, incluindo os móveis, também se desfigura com o passar do tempo. De ponto turístico de Garanhuns, onde o torcedor-símbolo recebia visitantes de todas as regiões do país, atraídos pela inusitada decoração, à ruína, a habitação cede às intempéries, sem manutenção. “Bacalhau chegou a colocar um livro de visitas na porta da casa, para as pessoas assinarem o nome, de onde eram e o time para o qual torciam”, recorda Dôra.

Além das más condições, a estrutura da casa dificulta um possível retorno de seu dono. “Bacalhau fez as camas e prateleiras da casa de cimento. O tempo passou tão rápido que daqui a pouco completa um ano de internação dele. Em algum momento a gente vai precisar fazer um home care, mas como? Para isso, a gente teria que ter um quarto espaçoso, colocar cerâmica e ar-condicionado”, explica Dôra. A solução poderia estar em um quartinho nos fundos da casa. “Não acho certo ele ser o dono e morar nos fundos, mas seria o jeito. Só que teria que ser reformado todo o espaço, feito um banheiro e uma rampa de acesso e não tenho condições financeiras para isso, no momento”, reclama Dôra. 

Assim, é impensável utilizar o espaço como museu. “Meu filho mora lá, não tem como receber ninguém no momento, até pelo estado da casa. Estou pensando em me desfazer das coisas de Bacalhau, porque é muita coisa que tem lá, tudo se acabando”, lamenta Dôra.

A assessoria de imprensa do Santa Cruz informou que o clube não tinha conhecimento do desejo de Dôra de transformar o patrimônio de Bacalhau em um memorial. Até o fechamento desta reportagem, o clube não divulgou se pretende ou não ajudar de alguma forma em prol do possível museu. Em 2016, no entanto, o clube tricolor realizou uma campanha para ajudar no processo de recuperação de Bacalhau.  

Doença neurodegenerativa e incurável, o Alzheimer provoca destruição progressiva e irreversível dos neurônios. A doença atinge, geralmente, pessoas com mais de 65 anos, sendo uma das principais causas de demência nos idosos. Por isso, muitos pacientes demoram muitas vezes até anos para receber o diagnóstico da patologia. Muitos chegam a confundir os sintomas com o processo natural de envelhecimento.

De fato, apontam os especialistas, a perda de memória faz parte do envelhecimento e nem todo problema relacionado à memória precisa, necessariamente, estar ligado ao Alzheimer. Mas é preciso estar atento a outros sintomas que podem ser grandes indicadores da doença. Em um último estudo realizado por pesquisadores da revista JAMA Neuroly, os cientistas apontaram que o sono excessivo, especialmente a sonolência diurna, pode ser um grande indicador da doença. 

##RECOMENDA##

A pesquisa foi feita pela professora Prashanthi Vemuri com quase 3000 idosos no Mayo Clinic Study of Aging e divulgada nesta segunda-feira (12) pelo portal americano Time. 283 pessoas sem demência e com mais de 70 anos foram selecionadas para responder perguntas sobre seus hábitos de sono e participaram de exames cerebrais de amilóide durante sete anos - período do estudo. Entre as pessoas que participaram da pesquisa, 22% relataram problemas com a sonolência diurna, um sinal de sono desordenado. 

Após comparar os voluntários desde o início do estudo até o fim, Vemuri descobriu que as pessoas que relataram sonolência diurna excessiva no início do estudo eram mais propensas a a ter aumentos de amilóide em seus cérebros. Essas pessoas também mostraram deposição mais rápida da proteína do que aqueles que não relataram sonolência diurna. 

Além disso, o amilóide foi mais pesado em duas regiões do cérebro: o cíngulo anterior e o precúrio cingulado, que geralmente apresentam altos níveis de amilóide em pessoas com Alzheimer.  Os pesquisadores já estão estudando se melhorar os hábitos de sono das pessoas pode ter um impacto no acúmulo de amilóides. Isso significa que, se o sono for uma maneira de atrasar ou até mesmo prevenir a doença de Alzheimer, as pessoas precisarão ter o hábito de dormir uma boa noite de sono cada vez mais cedo e sempre que possível.

O Ministério da Saúde incorporou um novo remédio ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com Alzheimer. A previsão é que o remédio Memantina comece a ser distribuído nos próximos seis meses.

A nova medida irá beneficiar 33% da população de idosos com mais de 85 anos que sofrem com os efeitos da doença, o que corresponde a quase 1,1 milhão de pessoas. 

##RECOMENDA##

Com a falência de neurônios, funções como linguagem, memória, atenção e orientação ficam comprometidos.

"A incorporação é uma luta antiga de representantes e pacientes que sofrem com a doença. É uma conquista significativa que influenciará favoravelmente na qualidade de vida dos doentes e cuidadores”, afirmou o Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Fireman.

O novo remédio controla os sintomas para reduzir o avanço da patologia. O tratamento é indicado pelo Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas sobre a Doença de Alzheimer ainda recomenda medidas complementares como fisioterapia, fonoaudiologia e sessões de terapia.

Esse acompanhamento é feito pelo SUS nos 139 Centros Especializados em Reabilitação espalhados pelo país.

Trinta milhões de pessoas no mundo sofrem de Alzheimer, uma doença cujo diagnóstico melhorou mas que continua sem um tratamento para curá-la, afirmam os especialistas por ocasião do Dia Mundial do Alzheimer.

- O que é o Alzheimer? -

Descrita pela primeira vez em 1906 pelo médico alemão Alois Alzheimer, esta doença neurodegenerativa causa uma deterioração progressiva das capacidades cognitivas do paciente, até chegar à perda total da autonomia.

Os principais sintomas são esquecimentos recorrentes, problemas de orientação e alterações das funções executivas, por exemplo não se lembrar de como utilizar o telefone.

Após o aparecimento desses sintomas, deve-se consultar um médico ou um centro especializado, onde vários exames neuropsicológicos permitirão diagnosticar ou descartar a doença.

- Quantos doentes há? -

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 47 milhões de pessoas que sofrem de demência no mundo, dos quais 60% a 70% têm Alzheimer, o que representa de 28 milhões a 33 milhões de pessoas.

A cada ano, são registrados 9,9 milhões de novos casos de demências.

- Qual é a causa? -

Na maioria dos casos, a causa principal é desconhecida, segundo Stéphane Epelbaum, neurologista do hospital parisiense Pitié-Salpêtrière.

"Não sabemos porque em algumas pessoas os neurônios começam a se degenerar e em outras, não". Mas "se conhece cada vez melhor a sequência de acontecimentos que leva a esta degeneração", afirma.

- Quais são os fatores de risco? -

A idade "é o maior fator de risco conhecido", segundo a OMS. Estima-se que a partir dos 85 anos, uma em cada quatro mulheres e um em cada cinco homens terão Alzheimer. A partir dos 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos.

Esta doença não deve, no entanto, ser considerada uma consequência inevitável da velhice.

Só em 1% dos casos existe um fator hereditário, com um aparecimento precoce, por volta dos 60 anos ou inclusive antes.

Para o resto dos casos, alguns estudos apontam como fatores de risco o sedentarismo, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, tabaco, álcool e alimentação desequilibrada.

Depressão, nível baixo de escolaridade, isolamento social e ausência de atividade intelectual também são citadas pela OMS como condições favoráveis ao desenvolvimento da doença.

- Como é feito o diagnóstico? -

Durante muitos anos, diagnosticar o mal de Alzheimer era uma tarefa difícil, e com frequência a doença só era confirmada após a morte do paciente.

Mas hoje existem métodos eficazes de diagnóstico.

Primeiramente, o paciente é submetido a um exame clínico com testes com perguntas para detectar transtornos cognitivos, explica Epelbaum.

Para confirmar a doença, os médicos podem recorrer à Imagem por Ressonância Magnética ou à Tomografia por Emissão de Pósitrons, a fim de visualizar as modificações no cérebro.

Também há a possibilidade de realizar punções lombares para detectar alguns marcadores da doença.

- Qual é o tratamento? -

Não há nenhum tratamento para curar o Alzheimer. "Muitas estratégias terapêuticas estão atualmente em fase de pesquisa", segundo a Fundação para a Pesquisa Médica da França.

Há medicamentos para eliminar as lesões cerebrais características do Alzheimer - as placas amiloides -, mas estes são ineficazes para deter o avanço da doença.

"No futuro, os tratamentos provavelmente consistirão (...) na associação de vários medicamentos para agir contra as diferentes disfunções que a doença provoca", segundo Epelbaum.

O marido da rainha Margrethe II da Dinamarca, o príncipe consorte Henrik, de origem francesa, sofre de demência, anunciou o palácio real nesta quarta-feira. "Após uma ampla investigação, e mais recentemente uma série de exames médicos durante o verão, uma equipe de especialistas do hospital de Copenhague concluiu que sua Alteza Real, o Príncipe Henrik, sofre de demência", indicou a Casa Real da Dinamarca em um comunicado.

O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, mas o palácio não deu mais detalhes sobre a condição de Henrik. "Este diagnóstico implica uma degradação das funções cognitivas do príncipe", acrescentou.

##RECOMENDA##

Segundo o diagnóstico, isto "pode vir acompanhado de mudanças em seu comportamento, suas reações, seu julgamento e sua vida emocional, e pode portanto afetar todo tipo de contatos com o mundo exterior".

Em consequência, o príncipe consorte diminuirá suas atividades, acrescentou a Casa Real. Com 83 anos de idade, o marido da rainha Margrethe II se retirou da vida pública em janeiro de 2016. Os dinamarqueses sabem da sua frustração por não ter obtido o título de rei, um rancor que aumentou nos últimos anos.

No início de agosto, declarou publicamente que não quer ser enterrado junto com sua esposa na necrópole real da catedral de Roskilde, uma tradição entre os casais da realeza.

O príncipe considera que não tem uma relação de igualdade com sua esposa em vida, e portanto também não quer acompanhá-la na morte, informou ao jornal BT a chefe de comunicação do palácio, Lene Balleby.

A porta-voz explicou nesta quarta-feira à televisão dinamarquesa que o príncipe não tem intenção de mudar de parecer após o anúncio da sua doença. O palácio não informou se a decisão de Henrik sobre suas últimas vontades está relacionada com a demência.

O Sea Quest Hero parece um jogo eletrônico no qual os participantes enfrentam labirintos, tentam evitar tiros e fogem de monstros marinhos, mas, na realidade, é uma ferramenta para que os cientistas possam estudar o mal de Alzheimer.

O jogo, que pode ser baixado a partir desta terça-feira (29) em sua versão realidade virtual, pretende estimular o cérebro dos participantes com uma série de tarefas que exigem capacidade de memorização e de orientação para, ao mesmo tempo, coletar dados sobre os primeiros indícios da doença.

##RECOMENDA##

Um dos primeiros sintomas do Alzheimer é a perda do senso de orientação, mas existem poucos dados que comparam as capacidades cognitivas em diferentes idades, uma lacuna que o jogo pretende preencher.

O jogo, catalogado como "o mais amplo estudo sobre a demência de toda a história", foi desenvolvido pela Deutsche Telekom, a organização beneficente britânica Alzheimer's Research UK e por pesquisadores do University College London e da Universidade de East Anglia.

A versão para smartphones, lançada em 2016, já foi baixada três milhões de vezes em 193 países.

Quando uma pessoa joga durante dois minutos, os cientistas conseguem coletar a mesma quantidade de dados que exigiram quase cinco horas em um laboratório.

"Isto nos deu uma quantidade enorme de informação e realmente nos permitiu entender como homens e mulheres de diferentes idades navegam pelo jogo", disse à AFP David Reynolds, coordenado de pesquisas no instituto Alzheimer's Research UK.

Para jogar, os participantes têm que usar "diferentes partes de seu cérebro e as diferentes partes do cérebro são utilizadas de maneira diferente de acordo com os diferentes tipos de demência. Isto também nos permite vincular o que uma pessoa faz ao que acontece em seu cérebro", completou Reynolds.

Com a versão com tecnologia de realidade virtual os cientistas poderão obter ainda mais informações.

"Com esta tecnologia conseguimos detectar para onde a pessoa está olhando o tempo, assim como para onde está indo", explicou à AFP Lauren Presser, um dos criadores do jogo.

"Então nós sabemos se as pessoas estão perdidas e como se comportam nestas situações (...) Cada um destes experimentos nos ajuda a obter dados sobre orientação espacial".

No mundo, quase 50 milhões de pessoas sofrem demência e Alzheimer, segundo estimativas recentes.

Até o ano de 2050 o número pode chegar a 132 milhões de pessoas.

Este espectro de doenças não tem cura, mas os desenvolvedores do jogo esperam que, eventualmente, permita um diagnóstico e um tratamento mais prematuro.

Reynolds disse que o jogo pode ser usado como uma forma de prevenção.

"Sabemos que manter nosso cérebro apto e ativo, assim como manter o corpo apto e ativo, é algo bom e ajuda a reduzir o risco de demência ou desacelera sua progressão", disse.

A lenda da música country Glen Campbell, que vendeu milhões de discos durante a sua longa carreira, morreu aos 81 anos após uma batalha contra o alzheimer, informou a sua família nesta terça-feira.

"É com o maior dos pesares que anunciamos a morte de nosso querido esposo, pai, avô e lendário cantor e guitarrista", anunciou um comunicado. Outra lenda do country, Dolly Parton, homenageou "uma das maiores vozes de todos os tempos" no Twitter. "Te amarei para sempre, Glen!", escreveu.

##RECOMENDA##

Campbell alcançou o sucesso das listas de popularidade dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha na década de 1960, com hits como "Rhinestone Cowboy" e "Wichita Lineman". Seu CD mais vendido, "Rhinestone Cowboy", foi lançado em 1975 e vendeu mais de cinco milhões de cópias.

No início de sua carreira, trabalhou como músico de sessão para lendas como Elvis Presley e Frank Sinatra. Também viajou com o The Beach Boys depois que o cantor Brian Wilson saiu temporariamente do grupo. Foi o apresentador de seu programa de televisão - "The Glen Campbell Goodtime Hour" - de 1969 a 1972, e apareceu no faroeste de 1969 "Bravura Indômita" no papel de LaBoeuf, que se une a Rooster Cogburn, interpretado por John Wayne, na busca de um assassino.

Já sofrendo com a piora de seu estado de saúde pelo alzheimer, lançou seu último álbum, "Adiós", em junho. Glen Travis Campbell nasceu em 22 de abril de 1936 em um pequeno povoado no Arkansas, sendo o sétimo de 12 filhos.

Na manhã deste sábado (5), morreu em Monteiro, região do Cariri paraibano, a artista Isabel Marques da Silva. Zabé da Loca, como era conhecida, morreu aos 93 anos de causas naturais. Nos últimos anos, ela enfrentava as dificuldades trazidas pelça doença de Alzheimer. O corpo da pifeira será velado em casa durante o sábado, e a tarde será realizado um velório no Memorial Zabé da Loca, no Sítio Tungão, Fazenda Santa Catarina, a partir das 13h.

A artista era conhecida por tocar pífano e pela sua simplicidade. Nascida em 1924, em Buíque, interior de Pernambuco, se mudou para a Paraíba ainda adolescente. O apelido ‘Loca’ surgiu pelo fato de Isabel ter vivido durante 25 anos em uma gruta, também conhecida como loca. Gravou seu primeiro CD apenas em 2003, aos 79 anos, após ser descoberta por um projeto coordenado por Dom Helder Câmara. No seu primeiro álbum estavam composições autorais e versões de Luiz Gonzaga e Humberto Texeira.

##RECOMENDA##

Toca uma música antiga no rádio e, de repente, você se vê cantando junto. Já passou por isso? Mesmo sem nem lembrar que a canção existia, de alguma forma ela estava lá, armazenada na sua cabeça.

Há alguns anos, cientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e da Cognição Humana, em Leipzig, na Alemanha, se questionaram por que pacientes com Alzheimer conseguiam se lembrar de melodias ou apresentar fortes emoções ao ouvir canções que marcaram suas vidas. Foi quando eles descobriram que a música fica armazenada em uma parte diferente do cérebro da que guarda a maior parte das nossas memórias.

##RECOMENDA##

O documentário "Alive Inside" mostra isso na prática. Um dos pacientes com Alzheimer retratados no filme começa a responder sobre seu passado com lucidez logo após ouvir uma música.

Custódio Michailowsky, neurologista do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, explica que o uso da musicoterapia no tratamento de pacientes com Alzheimer está bem estabelecido. "Ela pode trazer memórias passadas e retardar o processo de degeneração", explica.

Além disso, a música ainda pode ajudar na socialização do paciente. "Se a pessoa se isola, isso vira uma bola de neve. A música traz emoção, traz motivação para a pessoa. Além de fazer dançar, se mexer", afirma Michailowsky. Portanto, pode-se dizer que ela estimula até a atividade física.

Prevenção

Mesmo quem não tem Alzheimer pode se beneficiar muito com o conhecimento musical. "É importante a ativação das atividades artísticas. Através da educação artística, o cérebro se desenvolve mais rapidamente. Pode ser pela música, escultura, desenho...", defende o especialista.

"Pessoas que têm a habilidade de ouvir uma música e tocá-la ou identificar as notas têm o lobo temporal esquerdo melhor desenvolvido", explica. A música "exercita" diversas partes do cérebro ao mesmo tempo, o que ajuda a prevenir o Alzheimer.

Sensações

"Acredita-se que a única forma de nos comunicarmos com uma civilização de fora da Terra, se encontrarmos uma, é pela música", relata, ainda Michailowsky, já que as notas musicais transmitem sensações sem precisar de palavras. "A música é muito importante. É umas das coisas que mais provocam excitação do cérebro. Além dos circuitos, há liberação de substâncias, como a serotonina e até algumas análogas da morfina", finaliza o neurologista.

Um novo tratamento experimental para retardar os danos do Mal de Alzheimer se mostrou promissor em estudos iniciais em camundongos e macacos, e "merece ser investigado" em humanos, disseram cientistas americanos nesta quarta-feira.

O método consiste em injetar no líquido cefalorraquidiano um composto sintético que reduz a quantidade da proteína tau, cuja acumulação anormal no cérebro caracteriza o Mal de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.

"Demonstramos que esta molécula reduz os níveis da proteína tau, prevenindo e, em alguns casos, revertendo o dano neurológico", disse o autor principal do estudo, Timothy Miller, professor de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri.

A molécula, conhecida como um oligonucleotídeo anti-sentido, se dirige às instruções genéticas para a produção da tau antes que esta seja formada, segundo o estudo publicado na revista científica Science Translational Medicine. "Esta molécula é a primeira capaz de reverter os danos no cérebro que resultam da acumulação da proteína tau, e tem um potencial terapêutico em humanos", afirmou Miller.

Mais pesquisas são necessárias para determinar se o composto é seguro em humanos, e se funciona da mesma forma em pessoas e animais. "Mas tudo o que vimos até agora aponta que vale a pena investigar isso como um potencial tratamento para pessoas", disse Miller. Para este estudo, os cientistas utilizaram ratos geneticamente modificados para desenvolver uma agregação da proteína tau no cérebro similar à encontrada nos humanos.

Os ratos receberam doses do composto quando tinham seis meses de idade, e a partir dos nove meses o tratamento foi retomado durante 30 dias. Foram detectadas menos proteínas tau no cérebro dos camundongos de 12 meses tratados, em comparação com os ratos de nove meses não tratados, o que sugere que o tratamento não só deteve a acumulação desta proteína, senão que também a reverteu.

Além disso, com o tratamento com o oligonucleotídeo, a deterioração do hipocampo - a parte do cérebro determinante para a memória - e a destruição dos neurônios foram interrompidas e os ratos viveram em média 36 dias a mais que os que não receberam a molécula.

As autoridades americanas aprovaram recentemente tratamentos com moléculas de oligonucleotídeos para duas doenças neuromusculares: a distrofia muscular de Duchenne e a atrofia muscular espinhal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 36 milhões de pessoas sofrem de demência em todo o mundo, na maioria dos casos Alzheimer.

A pesquisa de um professor brasileiro pode ser um passo importante na descoberta de medicamentos para prevenção de Alzheimer e Mal de Parkinson. O estudo do professor Leandro Bergantin, da Universidade Federal de São Paulo, pretendia elucidar o mecanismo pelo qual os bloqueadores de cálcio, usados para reduzir a pressão arterial, por vezes tinham o efeito contrário, porém, no decorrer do trabalho, ele percebeu que o medicamento poderia ser voltado para doenças neurodegenerativas e psiquiátricas.

“Um importante estudo clínico publicado em 2016 descreveu que pacientes hipertensos, os quais faziam uso de bloqueadores de canais de cálcio, possuíam uma significante redução da incidência de Mal de Alzheimer. A partir dessa nossa descoberta, a qual elucida o enigma do "paradoxo de cálcio", pudemos inferir no mecanismo celular pelo qual os bloqueadores de canais de cálcio também poderiam reduzir a incidência de Mal de Alzheimer”, explicou Leandro Bergantin, doutor em ciência e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

##RECOMENDA##

O livro publicado a partir da pesquisa, intitulado From discovering “calcium paradox” to Ca2+/cAMP interaction: Impact in human health and disease, esteve entre os mais vendidos da Amazon. Ainda sem versão para o português.

Não há uma previsão para a conclusão dos estudos, que estão sendo feito em parceria com pesquisadores estrangeiros, no entanto, o resultado pode ser um grande avanço para o tratamento de doenças cada vez mais presentes com o envelhecimento populacional.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando