A espionagem praticada pelos Estados Unidos, revelada pelo ex-prestador de serviços da inteligência americana Edward Snowden, e a censura que marca a realidade de países como Cuba, Venezuela e Equador foram, nesta sexta-feira, os focos das discussões da Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada em Denver, no estado americano do Colorado, até 22 de outubro.
A Assembleia tem por objetivo avançar na luta contra a impunidade diante dos ataques sofridos pela imprensa na região, em que, nos últimos seis meses, 14 jornalistas foram mortos: três no México, dois no Brasil, dois na Colômbia, dois na Guatemala, um no Equador, dois no Haiti, um em Honduras e um no Paraguai, de acordo com dados da própria Sociedade.
"Estamos diante de um dos semestres mais negativos para a liberdade de imprensa nos últimos anos em nossa região", disse à AFP Ricardo Trotti, diretor da SIP.
Os casos de espionagem e vigilância dos Estados Unidos inspiraram dois debates. O primeiro foi no sábado, quando Gary B. Pruitt, presidente e diretor-geral da Associated Press (AP), apresentou a perspectiva de uma agência de notícias sobre a interferência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos nos registros telefônicos de jornalistas e de suas fontes, revelados este ano.
No outro debate sobre o tema, o colunista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, relatará suas aventuras para revelar os vazamentos de informação realizados por Edward Snowden, ligados aos programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).
Após a Assembleia, a SIP divulgará seu relatório sobre a liberdade de imprensa em vários países, como Argentina, Brasil, Cuba, Equador, México, Venezuela e Estados Unidos, em que consideram que haja "sérios problemas de liberdade de expressão”.
Além da trágica lista de jornalistas mortos no exercício de sua profissão, a SIP contabilizou 17 processos de ataques a jornalistas que prescreveram ou vão prescrever este ano: cinco na Colômbia e 12 no México. Três outros jornalistas foram para o exílio por medo de ameaças: dois na Colômbia e um em Honduras.
A estes dados, acrescenta-se a expulsão de dois jornalistas estrangeiros na Nicarágua.
Segundo Trotti, a organização também abordará as restrições de acesso à informação oficial, o que supostamente ocorre na Argentina, Bolívia, Canadá, Barbados, São Vicente e Granadinas, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador , El Salvador, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Além da revisão de questões relacionadas à liberdade de imprensa, mais de 300 jornalistas, editores e profissionais da mídia da região foram convidados para participar de seminários técnicos, que abordarão temas como o uso de canais de vídeo em portais de notícias, publicidade digital e conteúdo para dispositivos móveis.