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Paredes com figuras da exposição estão descascadas e escada histórica está suja. (Marília Parente/LeiaJá)

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Parte do patrimônio que constitui o Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife, o Observatório Astronômico da Sé está com um de seus três pavimentos interditados. O Espaço Ciência, que administra o equipamento, restringiu o acesso ao local depois que as chuvas registradas no mês passado provocaram uma série de infiltrações nos pavimentos superiores.

No local, a reportagem do LeiaJá observou um cenário de abandono, composto por poças de água no piso, acervo danificado e forte mau cheiro. A escada de ferro fundido instalada em meados de 1900, durante o império de Dom Pedro II, está coberta por uma espessa camada de sujeira, que também inviabiliza o acesso adequado aos andares superiores. 

Assim, a exposição permanente "A Próxima Fronteira", que ocupa os três pavimentos da estrutura, tem sido apresentada aos turistas de forma parcial. Do lado de fora, também é possível observar que a pintura da fachada do prédio não foi concluída. Entre os funcionários do equipamento, há ainda o temor de que os telescópios guardados na estrutura sejam danificados pelas chuvas.

Há uma semana, a advogada Danielly Freire levou seu filho, de quatro anos, para conhecer o Observatório, mas só teve acesso a um terço da exposição. 

"Meu filho tem se interessado por planetas, satélites e telescópios. Pensei que seria legal ele ver um observatório astronômico de perto. Gostamos de ver um telescópio de verdade e receber a explicação das monitoras. Infelizmente, só conseguimos ver o térreo, que tem uma pequena exposição, o resto do espaço estava interditado", conta. 

Na ocasião, em razão das chuvas, os dois andares superiores estavam fechados para visitação. "Acho que, se melhor cuidado pelo poder público, o espaço tem potencial pra ser mais atrativo às crianças, e difundir uma cultura de acesso à ciência e aos estudos astronômicos no geral", completa Danielly.

Trecho alusivo a marte ficou interditado após chuvas. (Marília Parente/LeiaJá)

Termo de cooperação não foi assinado

Há cerca de dois anos, o Governo de Pernambuco enviou à Prefeitura de Olinda um termo de cooperação para administração do Observatório. A gestão municipal, contudo, nunca assinou o documento. Agora, nos bastidores, a expectativa é a de que a Secretaria Estadual de Ciênia Tecnologia e Inovação (SECTI) elabore uma nova proposta.

Por meio de nota, a Prefeitura de Olinda disse que realizou, na semana passada, uma reunião com representantes do Governo. No encontro, ficou decidido que a gestão municipal faria uma vistoria técnica ao Observatório para realizar um "levantamento de todas as necessidades do equipamento e um posterior plano de trabalho, quando serão definidas as intervenções e um cronograma de atividades".

Confira a nota na íntegra:

"Em reunião com representantes do Governo do Estado, na semana passada, ficou definido que a Prefeitura de Olinda fará uma vistoria técnica do Observatório da Sé até a próxima semana para fazer um levantamento de todas as necessidades do equipamento e um posterior plano de trabalho, quando serão definidas as intervenções e um cronograma de atividades. Até lá, ficou acordado que o Espaço Ciência, vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, e que gerencia as atividades no local, tomaria providências para mitigar riscos para os funcionários e visitantes, interditando parte do equipamento e ajustando o horário de funcionamento para o público". 

Importância histórica

Construído em estilo neoclássico, o Observatório Astronômico da Sé foi fundado em 1890, durante o governo de Alexandre José Barbosa Lima. A escolha do local de sua edificação remonta ao perímetro em que o astrônomo francês Emmanuel Liais observou e descreveu o Cometa Olinda, em 26 de fevereiro de 1860.

Dentre os acontecimentos científicos que marcam a estrutura está a importante observação do trânsito de Vênus, em 6 de dezembro de 1882, a primeira missão internacional de ciência básica do Brasil, a qual também contou com postos de observação no Rio de Janeiro, na Ilha de São Tomás (atualmente parte das Ilhas Virgens Americanas) e na cidade de Punta Arenas, no Chile.

Posicionamento

O Espaço Ciência também se posicionou a respeito da denúncia por meio de nota, reproduzida abaixo, na íntegra:

"O Núcleo de Comunicação do Espaço Ciência informa que o Observatório Astronômico do Alto da Sé configura como um ponto de atuação do museu e não como uma instituição inserida na Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Inovação, sob o qual ele responde.

O Espaço Ciência reconhece a importância cultural do Observatório e atua em função da valorização desse espaço. É de competência do museu: desenvolver programação inteiramente gratuita com objetivo de divulgação e construção de conhecimentos científicos, exibições e oficinas educativas.

Por fim, o EC realizou uma reunião com representantes da Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo de Olinda, reafirmando o interesse em manter as atividades no Observatório, bem como de reestruturar o plano de trabalho para o desenvolvimento de medidas.

A partir disso, estamos construindo novas estratégias de parceria técnica com o município de Olinda para manutenção da preservação desse patrimônio, o que representa um dos focos da nova gestão do EC.

Destacamos ainda que o acesso integral aos três pavimentos ocupados pela exposição intitulada “A próxima fronteira” (iniciada em 2010), localizada no interior do Observatório Astronômico do Alto da Sé, encontra-se parcialmente disponível, devido a questões de manutenção. Já os equipamentos destinados à observação astronômica compõem o acervo do EC e são disponibilizados aos visitantes com acompanhamento de monitores da casa."

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) respondeu por meio do Núcleo de Comunicação do Espaço Ciência, que é gerido pela própria pasta. Apesar disso, o posicionamento oficial não oferece prazos acerca de possíveis intervenções estruturais visando a preservação do Observatório Astronômico da Sé. Confira a nota da SECTI na íntegra:

"O Núcleo de Comunicação do Espaço Ciência informa que o Observatório Astronômico do Alto da Sé configura como um ponto de atuação do museu e não como uma instituição inserida na Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Inovação, sob o qual ele responde. O Espaço Ciência reconhece a importância cultural do Observatório e atua em função da valorização desse espaço. É de competência do museu: desenvolver programação inteiramente gratuita com objetivo de divulgação e construção de conhecimentos científicos, exibições e oficinas educativas.

Por fim, o EC realizou uma reunião com representantes da Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo de Olinda, reafirmando o interesse em manter as atividades no Observatório, bem como de reestruturar o plano de trabalho para o desenvolvimento de medidas A partir disso, estamos construindo novas estratégias de parceria técnica com o município de Olinda para manutenção da preservação desse patrimônio, o que representa um dos focos da nova gestão do EC.

Destacamos ainda que o acesso integral aos três pavimentos ocupados pela exposição intitulada “A próxima fronteira” (iniciada em 2010), localizada no interior do Observatório Astronômico do Alto da Sé, encontra-se parcialmente disponível, devido a questões  de manutenção. Já os equipamentos destinados à observação astronômica compõem o acervo do EC e são disponibilizados aos visitantes com acompanhamento de monitores da casa".

Na tarde deste sábado (8), após buscas que duraram 31 horas, foram resgatados os corpos das últimas três pessoas que estavam sendo procuradas nos escombros de um dos edifícios do Conjunto Beira Mar, no bairro do Janga, em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), que desabou na última sexta-feira (7).

As vítimas são uma mulher, de 40 anos, e seus dois filhos, uma menina de seis anos e um menino de 9 anos. Conforme o Corpo de Bombeiros, os corpos foram encontrados abraçados em uma cama.

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Assim, chega a 14 o número de pessoas mortas no desabamento. Ao todo, a ocorrência deixou 21 vítimas, tendo sido quatro delas localizadas com vida fora da edificação. Outras três pessoas resgatadas sobreviveram, sendo elas uma mulher de 65 anos e duas adolescentes de 15 anos. 

Os bombeiros também resgataram com vida dois gatos e dois cachorros.

Lista das vítimas fatais:

- Sexo masculino – 45 anos 

- Sexo Masculino – 12 anos

- Sexo Feminino – 43 anos

- Sexo Masculino – 18 anos - Vítima retirada com vida pelos bombeiros e óbito constatado no Hospital Miguel Arraes

- Sexo Masculino – 21 anos

- Sexo Masculino – 16 anos

- Sexo Masculino - 8 anos

- Sexo Feminino - 5 anos

- Mulher Trans - 19 anos

- Sexo Masculino - 40 anos

- Sexo Feminino - 37 anos

- Sexo Feminino - 40 anos

- Sexo Feminino - 6 anos

- Sexo Masculino - 9 anos

Há dois anos, a coordenadora de eventos Denize Kaluf, de 59 anos, vem sendo vigiada e assediada por um vizinho dentro de seu apartamento, localizado na Vila Gumercindo, na Zona Sul de São Paulo. Desde 2021, a mulher sofre inúmeras ameaças, xingamentos e anda abaixada dentro de casa. Nesse ínterim, ela registrou três boletins de ocorrência, entregou um dossiê para o condomínio do agressor e até ergueu uma faixa na sacada com um pedido de socorro, mas nada foi feito.  

"Começou em 2021, no início eu ouvia as ofensas, mas não tinha certeza que era comigo. Em dezembro de 2021, comecei a notar que as ofensas tinham um alinhamento com as coisas que eu fazia no meu apartamento. Até que um dia, em abril de 2022, fui até a cozinha, estava com as janelas abertas e ouvi 'sai do celular vagabunda, vai buscar o que fazer'. Tudo que estava acontecendo no meu apartamento era motivo para injúrias o tempo todo", afirmou Denize, em entrevista ao G1.

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Em conversas donos de comércios na região, ela descobriu que outras pessoas já tiveram problemas com o mesmo homem. "Procurei uma delegacia e pedi instruções para a polícia sobre o que deveria fazer por esse caso de importunação e fui orientada, direcionada para outra delegacia. Montei um dossiê e fiz uma reclamação para a administradora do prédio e, me disseram que nada poderia ser feito sobre o caso, que eu deveria procurar uma Delegacia da Mulher", relatou.

Denize fez um boletim de ocorrência do caso em 2022, mas perdeu o prazo de representação. A mulher, então, foi procurada por outra vítima, que morou no mesmo prédio em que o agressor e já havia registrado uma denúncia contra ele, em 2021. "Essa mulher saiu do prédio por medo", acrescentou.

Daí em diante, Denize conta que as ofensas tornaram-se mais frequentes. O agressor a chamava de "vadia", "lixo", "vagabunda" e "fofoqueira". "Eu cheguei no meu limite e fiz uma reclamação para o síndico do prédio pedindo socorro e ele me disse que eu precisava formalizar por e-mail, algo que já tinha feito centenas de vezes. No dia 2 de junho aconteceu de novo, eu saí na sacada e comecei a gritar com ele. Nessa semana, eu já estava sem dormir, com o emocional abalado e resolvi fazer a faixa para chamar a atenção do edifício", disse.

A vítima lamenta que as administradoras dos condomínios não estejam preparadas para lidar com questões do tipo. "Eu estou com medo, presa na minha própria casa, eu sinto na pele o meu medo, tenho andado no meu apartamento no escuro, abaixada, porque vejo que a luz do apartamento dele está acesa", comenta. O condomínio em que mora o agressor ainda não se manifestou sobre o caso.

A existência de planetas com mais de um sol pode ser comum na ficção, a exemplo de Tatooine em Star Wars, mas na vida real, nem tanto. Apesar disso, uma pesquisa recente revelou a descoberta do BEBOP-1c, um exoplaneta rodeado por dois sóis.

Encontrado fora do nosso Sistema Solar, BEBOP-1c é um gigante gasoso com cerca de 65 vezes a massa da Terra e que leva aproximadamente 215 dias para completar uma viagem ao redor de seus sóis.

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A descoberta é de grande importância, pois torna o BEBOP-1c o primeiro planeta circumbinário, que gira em torno de ambas as estrelas, detectado apenas com a técnica de “velocidade radial”, como explica o principal autor do estudo Matthew Standing, astrofísico da Open University, na Inglaterra:

“Até agora, planetas circumbinários foram descobertos em trânsito pelos telescópios espaciais Kepler e TESS, que custaram centenas de milhões de dólares. Esta nova descoberta é poderosa porque mostra que ‘você não precisa de telescópios espaciais caros para detectar esses planetas’. Em vez disso, eles também podem ser descobertos usando a técnica de velocidade radial, a partir de telescópios terrestres com planejamento cuidadoso e seleção de alvos.”

Segundo o pesquisador, as pesquisas sobre o BEBOP-1c continuarão, com o objetivo de confirmar o tamanho do exoplaneta.

 

 

Os Dois Morrem no Final, livro best seller de Adam Silvera, vai virar série de TV pelo criador de Bridgerton na Netflix (via The Wrap).

A trama do livro acompanha dois estranhos – Mateo Torrez e Rufus Emeterio – que descobrem ter algo mórbido em comum: os dois morrerão no mesmo dia. Após serem informados de seu fim via aplicativo especial, eles se conhecem e decidem passar o último dia de suas vidas juntos, embarcando em uma aventura final.

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O projeto será tocado por Chris Van Dusen, que criou o popular seriado de época na plataforma e terá produção-executiva por Benito Antonio Martínez Ocasio – mais conhecido como o músico latino Bad Bunny.

O romance de Adam Silvera foi originalmente publicado em 2017 nos EUA, e rapidamente se tornou um best seller. Não fosse o bastante, ainda se tornou um enorme sucesso no TikTok.

A publicação no Brasil aconteceu em outubro de 2021, pela Editora Intrínseca, e o título fechou em 2022 como o terceiro livro infantojuvenil mais vendido daquele ano.

Ainda não há detalhes sobre o elenco ou previsão de estreia da série de Os Dois Morrem no Final

 

O governador Paulo Câmara determinou, neste sábado (18), que a Secretaria de Defesa Social designe dois delegados especiais para conduzir a investigação da morte do indígena Edvaldo Manoel de Souza, de 61 anos. De etnia Atikum, Edvaldo foi morto após uma abordagem policial na última quarta-feira (15).

Os delegados escolhidos, que trabalharão em parceria com o Ministério Público, foram João Leonardo Freire e Daniel Angelim. "Além dessa apuração, um inquérito policial militar e um procedimento inicial pela Corregedoria-Geral da SDS também estão em curso", esclareceu Câmara, por meio de suas redes sociais.

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Por meio de nota, a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) denuncia que Edvaldo foi agredido pelos policiais durante a abordagem, que aconteceu em frente à sua casa, na Aldeia Olho D'Água do Padre, na zona rural de Carnaubeira da Penha, no Sertão pernambucano. 

"Infelizmente mais uma ação de extrema violência, realizada por policiais militares que ao invés de proteger a sociedade, espalham pânico e violência contra pessoas pobres e inocentes", disse a Apoinme, em nota.

Na noite da última sexta-feira (4), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recuperou dois veículos roubados em Pernambuco. De acordo com a instituição, um total de 52 veículos já foram roubados neste ano, o que corresponde a uma média de pelo menos um por dia desde janeiro.

Um dos veículos foi recuperado no Km 24 da BR-101, em Igarassu, no Grande Recife, enquanto policiais promoviam uma fiscalização. Durante a abordagem ao carro, os agentes observaram histórico de roubo/furto.

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Aos agentes, o condutor alegou que teria recebido o veículo de uma terceira pessoa, no Recife, e estava indo em direção a Goiana/PE. Foi dada voz de prisão e o homem responderá por receptação de veículo roubado.

O segundo carro foi recuperado na BR 232, Km 278, em Sertânia, no sertão do estado. O veículo possuía sinais de adulteração nos elementos de identificação do carro. Os agentes constaram que se tratava de um clone, cujo original havia sido roubado em Salvador, Bahia, em dezembro de 2020.

Furto

Na sexta-feira (4), também foi registrado o furto a um veículo dentro de um supermercado localizado no Recife. A PRF foi procurada pela vítima, que visualizou o momento em que seus pertences foram levados de dentro de seu carro, aberto por dois homens. No veículo, os agentes localizaram R$ 1.982 reais, 60 euros, dois dólares, dois equipamentos tipo "chapolin" (utilizados para burlar sistema de travamento de veículos) e duas maquinetas de cartão de crédito.

Quatro homens foram detidos e encaminhados, junto com os veículos e objetos furtados,  para as Delegacias da Polícia Civil das Regiões, onde foram adotadas as medidas legais cabíveis. A PRF orienta que vítimas de roubo de veículo devem, além de fazer a queixa na delegacia mais próxima, realizar registro no sistema da PRF, através do site www.prf.gov.br/sinal.

 Kyle Rittenhouse, que atirou em três homens durante uma manifestação antirracista em Kenosha, nos Estados Unidos, foi inocentado de todas acusações pelo júri, nesta sexta-feira (19). A ação de atirador, ocorrida em 2020, matou Joseph Rosenbaum e Anthony Huber, bem como deixou Gaige Grosskreutz ferido.

Ao júri, a promotoria tinha argumentado que Rittenhouse atirou de forma imprudente nos manifestantes, sem justificativa. Já os advogados do atirador tentaram sustentar a tese de que ele agiu em legítima defesa.

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As manifestações em Kenosha tiveram início depois que Jacob Blake, um homem negro, foi baleado nas costas por um policial branco, durante uma abordagem violenta e filmada por testemunhas. Três meses antes, George Floyd havia sido asfixiado por policiais.

Rittenhouse morava em Antioch, no estado de Illinois, a 33 km de Kenosha, para onde se deslocou com um grupo de pessoas brancas contrárias ao protesto. O grupo alegava considerar que os protestos da população negra causariam depredações e saques.

O atirador utilizou um fuzil AR-15 para tirar a vida de pessoas que tentaram desarmá-lo, depois que a primeira vítima foi atingida. Rittenhouse, então, efetuou disparos à queima-roupa contra seus perseguidores, causando duas mortes.

Morreu em decorrência da Covid-19, na última sexta (2), o motorista Adeílton Ferreira, que já havia perdido os dois irmãos e a mãe para a doença em um intervalo de 23 dias. Assim como os familiares, Adeílton morava em Macaparana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, mas estava internado na UTI do Hospital de Areias, no Recife.

O primeiro integrante da família a falecer por causa do novo coronavírus foi o irmão mais novo de Adeílton, Allef Ferreira, de apenas 25 anos, no dia 7 março. Depois de se encontrarem no velório do rapaz, Maria Áurea e Ademilson Ferreira, mãe e irmão do motorista se contaminaram. Aos 34 anos, Ademílson faleceu no dia 20 de março. Dez dias depois, Maria Áurea, de 67 anos, também veio a óbito.

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Abalado com a morte dos parentes, Adeílton também manifestou os sintomas da Covid-19, sendo socorrido por sua esposa, a dona de casa Adriana Creusa Conceição para o Hospital Joaquim Francisco, ainda em Macaparana. “Quando chegamos lá, o médico era o mesmo que havia visto os irmãos dele morrerem e disse que não perderia ele também. Mandou que ele fosse imediatamente intubado”, lembra Adriana.

A transferência do motorista para o Recife havia se dado em decorrência da piora de seu quadro. Até agora, Macaparana registra 787 casos da Covid-19. No município, a doença já matou 17 pessoas.

  Três pessoas da mesma família morreram em decorrência da Covid-19, em um intervalo de apenas 23 dias, na cidade de Macaparana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Maria Áurea de Oliveira, de 67 anos, não resistiu às complicações da doença, assim como seus filhos Allef Ferreira de Oliveira, de 25 anos, e Ademilson Ferreira de Oliveira, de 34 anos. O irmão mais velho dos dois, Adeilton Ferreira de Oliveira, de 39 anos, está intubado na UTI do Hospital Geral de Areias, na Zona Oeste do Recife.

De acordo com a esposa de Adeilton, a dona de casa Adriana Creusa Conceição, o primeiro a falecer foi Allef. “Foi para o médico dizendo que estava com Covid. O doutor passou alguns remédios e mandou ele voltar para casa. No dia seguinte, com falta de ar, ele procurou o hospital [Joaquim Francisco, em Macaparana] novamente e ouviu que estava ansioso”, lamenta. No dia 7 de março, com dificuldade para respirar, Allef ligou para Adeilton pedindo ajuda. “Meu marido correu para socorrer o irmão, mas quando eles chegaram no hospital, ele já estava morto”, conta.

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Depois de comparecerem ao velório de Allef, foi a vez de Ademilson e de Maria Áurea sempre contaminados pelo novo coronavírus. Adeilton, então, levou o irmão para sua casa, na tentativa de oferecer os cuidados necessários. “Meu cunhado acordou chamando meu marido, que também levou o irmão para o hospital. Ele acabou falecendo de madrugada, no dia 20 de março”, explica. Dez dias depois, a doença também matou Maria Áurea.

Intubação de Adeilton

Abalado com a morte dos irmãos e da mãe, Adeilton também manifestou os sintomas da Covid-19, sendo socorrido por Adriana para o Hospital Joaquim Francisco, onde seus familiares tinham falecido. “Quando chegamos lá, o médico era o mesmo que havia visto os irmãos dele morrerem e disse que não perderia ele também. Mandou que ele fosse imediatamente intubado”, lembra Adriana.

Com a piora do quadro, Adeilton foi transferido para o Recife. “Ficamos conhecidos como a família da Covid. É muito difícil essa situação. Quando vai dando a hora de sair o boletim dele, me dá logo uma angústia no peito. Moramos juntos há 16 anos e é a primeira vez que ficamos afastados”, comenta Adriana, que permanece em Macaparana, na companhia do filho, de 4 anos, e da filha, de 16 anos.

De acordo com a dona de casa, a situação do marido é estável e de pequenas evoluções. “Os médicos disseram que tiraram o oxigênio dele por meia hora e ele respondeu bem. É assim, aos pouquinhos”, comemora.

Em casa, enlutada pelos parentes e acompanhando a situação de Adeilton a partir da comunicação por telefone com os médicos, Adriana luta para manter as contas em dia. “Meu marido trabalhava para ele mesmo como caminhoneiro e agora ficamos sem renda, vivendo da ajuda dos outros. A assistência social nunca veio aqui. A prefeitura não nos acolheu”, queixa-se.

Depois de dois meses, a cantora gospel Amanda Wanessa deixou a UTI do Hospital Português, na região central do Recife. A informação foi dada pela própria família, em postagem nas redes sociais da artista, nesta quinta (25). No dia 4 de janeiro, Amanda se envolveu em um acidente de trânsito na PE-15, em Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.

A cantora segue em um quarto da unidade de saúde. “Celebramos diariamente cada evolução da nossa Amanda Wanessa (que segue internada no Real Hospital Português e já foi transferida para um apartamento), por menor que seja aos olhos céticos, como uma grande conquista, sim, e glorificamos ao Senhor! O processo é lento. Mas, para glória de Deus, a cada dia ela vence mais uma etapa, avança”, diz o texto publicado pela família de Amanda Wanessa.

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A cantora respira sem ajuda de aparelhos e está envolvida em terapias para restabelecer movimentos e funções neurológicas. O Hospital Português não divulga boletins com atualizações sobre o quadro de Amanda, por determinação da família.

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 Dois homens foram presos por praticarem consecutivos estupros contra uma menina de 11 anos de idade portadora de deficiência intelectual, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O primeiro deles, de 53 anos, era vizinho da vítima e praticava os abusos em um imóvel abandonado, para onde atraía a criança e mostrava-lhe vídeos pornográficos, oferecendo-lhe ainda dinheiro. O segundo, de 47 anos, era seu padrasto e praticava os estupros quando a mãe da menina saia de casa para ir à igreja.

O vizinho teve mandado de prisão temporária expedida pela Segunda Vara Criminal de Jaboatão dos Guararapes cumprido na última sexta (12), por policiais civis da 2aDPCCAI. Ele infringiu os Artigos 69, 71 e  217-A do Código Penal c/c Art. 1º inciso VI da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.079/90).

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O padrasto já havia sido preso no dia 10 deste mês, com base em mandado expedido pela Primeira Vara Criminal. Ele foi casado com a mãe da vítima por 11 anos. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o casal só se separou “quando o caso foi ‘denunciado’”.

Um grupo de manifestantes ateou fogo em pedaço de madeira e pneus na Avenida Norte, na altura do bairro do Rosarinho, no fim da tarde desta terça (2). Assim, a via foi interditada nos dois sentidos. De acordo com a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), agentes de trânsito chegaram ao local às 17h52.

Eles realizam o desvio do trânsito pela Avenida Santos Dumont, no Rosarinho, para quem vai no sentido subúrbio. O desvio no sentido centro está sendo feito pela rua Cônego Barata, na Tamarineira.

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Nesta sexta (15), a Administração de Fernando de Noronha confirmou dois novos casos da covid-19, além de mais quatro curas clínicas, nas últimas 24 horas. Assim, o arquipélago já soma 349 registro da doença, sendo 81 dos casos importados, e 342 recuperações. Os dois novos pacientes são moradores do arquipélago e estão em isolamento domiciliar. Ao todo, sete pessoas mantêm quarentena.

Está em vigor, desde o último dia 21/12, um novo protocolo de segurança para a entrada de pessoas em Fernando de Noronha. Agora, os testes poderão ser realizados com 48 horas de antecedência da viagem e não mais 24 horas antes do embarque. O resultado negativo, obtido através do exame RT-PCR, deverá ser apresentado no balcão da companhia aérea, no aeroporto de origem. Uma cópia do laudo deve ser deixada no desembarque em Noronha.

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Neste sábado (25), duas pessoas ficaram feridas em decorrência da queda de um monomotor no centro da cidade de Guabiruba, em Santa Catarina. Uma câmera de segurança flagrou o momento da queda.

O avião não bateu em nenhuma casa ou veículo. Nas imagens que circulam pela internet, contudo, é possível flagrar o momento em que uma mulher leva um susto com a queda, que ocorreu a poucos metros dela.

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De acordo com o corpo de bombeiros, o piloto, de 35 anos, e o passageiro, de 33 anos, foram encaminhados para um hospital na cidade de Brusque, com suspeita de trauma e hemorragia. Ainda não foi divulgado o estado de saúde dos dois.

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A campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG) está na mira da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). As investigações apuram se houve caixa dois no período, de recursos que somam R$ 1 milhão.

Segundo reportagem do jornal 'O Globo', o empresário Mino Mattos Mazzamati, que foi preso durante a Operação Paralelo 23, em que o também tucano José Serra foi alvo, confessou que recebeu pagamentos através de caixa dois para trabalhar na campanha de Aécio. Os repasses teriam sido executados por Elon Gomes de Almeida, ex-diretor do grupo Qualicorp. O fundador do Qualicorp, José Seripieri Filho, aliás, também foi preso, por ser acusado de ter repassado R$ 5 milhões para Serra.

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Atualmente deputado federal, Aécio é réu por, supostamente, ter recebido propina do grupo J&F. Além disso, a Polícia Federal concluiu que ele recebeu R$ 65 milhões em propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez.

A Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) anunciou, nesta sexta-feira (13), o segundo caso de coronavírus no campus. Segundo a Poli, o diagnóstico do estudante foi divulgado pelo Hospital Albert Einstein, na última quinta (12), mas as aulas não foram suspensas. O primeiro caso ocorreu no curso de geografia da universidade, que teve suas aulas suspensas até o dia 17 deste mês e está com 11 pessoas em quarentena: 9 alunos, 1 professor e um funcionário.

"Com base em informações de especialista, o Departamento de Geografia está enquadrado em uma condição de "cluster", o que deveria indicar a adoção de um protocolo específico, pois já temos a confirmação de que 7 casos de alunos em quarentena estão relacionados ao aluno que testou positivo, quer dizer: pertencem à mesma turma/classe", diz a nota da USP.

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Em comunicado publicado nesta sexta (13), o reitor da universidade, Vahan Agopyan, ressaltou a criação do Comitê Permanente USP Covid-19, liderada pelo superintendente da área e do Hospital Universitário e membro da Faculdade de Medicina, professor Paulo Margarido. “Recomendo que todos consultem o site coronavirus.usp.br, criado pela Superintendência de Comunicação Social, e que contém informações sobre decisões e ações da Universidade sobre o tema, bem como orientações a respeito da prevenção em relação ao vírus. Insisto que esse site deve ser visitado frequentemente, pois, em função da evolução da doença, as informações serão atualizadas continuamente”, comunicou o reitor.

A reitoria suspendeu, em todos os campi da universidade: eventos científicos e comemorativos com mais de 100 participantes; atividades culturais e de extensão, abertas ao público em geral, com mais de 100 participantes; visitas em grupo aos Museus mantidos pela Universidade; atividades do Programa 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU); viagens acadêmicas de discentes, docentes e funcionários programadas ao exterior. “Todas as atividades de graduação, de pós-graduação, de pesquisa e as de cultura e extensão com público menor que 100 pessoas estão mantidas. As visitas individuais aos Museus também estão mantidas”, esclareceu o reitor.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abriu dois processos contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), por quebra de decoro, a partir de três representações. A primeira delas foi entregue pela Rede Sustentabilidade, enquanto a segunda foi feita em conjunto por PT, PSOL e PCdoB, ambas acusando Eduardo Bolsonaro por suas declarações- no canal do Youtube da jornalista Leda Nagle- a respeito da possibilidade de existir um novo AI-5. A terceira foi entregue pelo próprio PSL e versa sobre as ofensas publicadas pelo parlamentar contra a deputada Joice Hasselmann (PSL), quando ela deixou a liderança do governo no congresso.

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta, ela pode ser via um novo AI-5. Pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como ocorreu na Itália... alguma resposta vai ter que ser dada. O que faz um país forte não é um Estado forte: são indivíduos fortes", afirmou Eduardo Bolsonaro na entevista a Leda Nagle. O Ato Institucional n 5 (AI-5) é consensualmente tratado por historiadores como o marco do período mais sombrio e repressivo da ditadura militar. Assinado por Costa e Silva no dia 13 de dezembro de 1968, o decreto acabou caminhando para a censura e a tortura de cidadãos contrários ao regime.

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Apesar da reação da sociedade a sua fala, Eduardo Bolsonaro voltou a se envolver em polêmicas. No dia 18 de outubro, o deputado postou uma imagem em suas redes sociais que comparava a colega Joice Hasselmann a uma nota de “R$ 3”. Agora, Eduardo também usou suas redes para manifestar sobre as apurações na câmara.

“Ambos os casos apenas querem me censurar e ignoram o art. 53, CF”, escreveu. O artigo mencionado estabelece que deputados e senadores “são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

Equipe levou os três prêmios a que concorria no Prêmio MPT deste ano. (Divulgação)

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Na tarde desta terça (5), o especial “Trabalhador, herança escravista, pobreza e irregularidades”, veiculado pelo LeiaJá no dia 28 de maio de 2018, assinado pelos jornalistas Eduarda Esteves, Nathan Santos e Marília Parente, sagrou-se vencedor de mais duas categorias do Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do Trabalho (MPT): a de melhor reportagem nacional em internet e o Grande Prêmio, em que concorreu com todas as reportagens participantes, inclusive as que foram publicadas em outras plataformas, como televisão e rádio. A equipe já havia sido reconhecida com a premiação de melhor reportagem regional em internet.

A reportagem revela os malefícios das “diferentes dores” dos trabalhadores brasileiros a partir da herança escravocrata no Brasil, expondo como a pobreza e a desigualdade social estão fortemente atreladas às condições de trabalho de muitos brasileiros. Em busca do sustento familiar, pessoas pobres são submetidas a atividades informais, que exigem extrema força corporal. “Discutir as dores dos brasileiros, em relação ao contexto histórico do trabalho no Brasil, foi um acerto muito grande do LeiaJá. Vivemos uma fase de incertezas que, ao meu ver, desmerece o trabalhador brasileiro. A equipe mereceu muito essa conquista. O leitor precisa entender as dores que atingem os trabalhadores desde a escravidão”, afirma Nathan Santos.

A repórter Eduarda Esteves representou a equipe na cerimônia de premiação em Brasília, Distrito Federal. (MPT/divulgação)

A repórter Eduarda Esteves representou a equipe na cerimônia de premiação na sede do MPT, em Brasília, Distrito Federal. “Essa premiação é um estímulo ao bom jornalismo- com verdade, humanizado- que infelizmente, na situação econômica das redações, tem sido pouco feito. A gente recorta os malefícios e consequências da reforma que o novo governo está tentando implementar e o mais importante é que a gente dá voz a pessoas que não teriam essa oportunidade”, comemora Eduarda. 

“Num contexto de escalada fascista e progressiva perda dos direitos dos trabalhadores, o núcleo de especiais do LeiaJá insiste em fazer jornalismo, profissão que se solidificou num contexto revolucionário em que o principal mote era ‘liberdade, igualdade e fraternidade’. Trazer a público a dor inerente à história do trabalho e dos trabalhadores no Brasil é escancarar a hipocrisia dos discursos conservadores, que seguem legitimando o açoite nas costas que carregam o país. Que jornalismo em sua essência lhes traga alteridade, empatia e humanidade em tempos de tanta cegueira, escuridão e desprezo pelos direitos humanos", ressalta a repórter Marília Parente.

Confira os vencedores regionais da categoria Webjornalismo:

Norte: “‘Se achasse negócio melhor, trocaria’, diz carregador que trabalha na zona portuária de Manaus e tem aposentadoria incerta” – Leandro Tapajós – Portal G1 Amazonas.

Nordeste: “Trabalhador, herança escravista, pobreza e irregularidades”, Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves – Portal LeiaJá (vencedor nacional).

Centro-Oeste: “Aviação agrícola: perigo no céu e na terra” – Larissa Rodrigues e Douglas Carvalho – Portal Metrópoles.

Sudeste: “100 anos de servidão” – Thais Lazzeri – Portal Repórter Brasil.

Sul: “QueFazer . uma história sobre a labuta dos imigrantes” – Geórgia Santos – Portal Vós.

Vencedor na categoria Nacional Webjornalismo:

“Trabalhador, herança escravista, pobreza e irregularidades”- Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves

Vencedor do Grande Prêmio MPT de Jornalismo (entre todas as plataformas, de todo o país)

“Trabalhador, herança escravista, pobreza e irregularidades”- Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves

Badoque apontado para um sanhaço que voa pela última vez, João é só um garoto de 14 anos prestes a se arrepender. Quis a desatenção na pontaria que ele errasse justo aquela pedra. “Ele caiu vivo no chão, com uma das asas inutilizadas. Eu resolvi levar para casa e cuidar. Foi naquele momento que decidi nunca mais caçar”, conta, hoje adulto, João Batista da Silva, que ainda chora ao lembrar do hábito abandonado de matar passarinhos com os amigos. Depois de prestar serviços ao Parque Estadual Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, em diversas funções por três anos, o destino reservou ao agora tratador a irônica atribuição de cuidar de cerca de 60 aves do zoológico. “Recolho as fezes, troco água delas, ponho a comida e dou muito carinho”, brinca. 

Também é de João a missão de garantir que Antônia e Tomás, o casal de araras canindé do zoológico, aceitem bem seus exames e medicações, caso venham a ser necessárias, sem a utilização de uma abordagem violenta. O tratador entra no recinto com algumas sementes de girassol, saboroso lanche para a espécie, e reveza os chamados entre um e outro, que já atendem bem pelo nome. “Faço um treinamento com elas para estabelecer contato físico. Tomás é muito bravo, gosta muito de me beliscar. Antonia não, Antonia é mais tranquila, não é nega?”, acarinha a ave.

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"O amor que me mudou", diz João sobre o trabalho. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Dono de uma paciência monástica, João aceita bem seu carma. O ex-caçador tira por menos as inúmeras bicadas que recebe durante os treinamentos e prefere destacar os prazeres do trabalho. “É muito bom trabalhar com animais. Foi depois de vir para o zoológico que comecei a abrir a cabeça para a natureza”, comenta. Atencioso com os visitantes curiosos com os detalhes acerca de cada animal, João discorre sobre a idade e tamanho médio, bem como sobre curiosidades acerca do plantel da instituição. “Nossa águia chilena ainda tem alojada em uma das asas uma bala atirada por um caçador. Também tem um tucano que perdeu uma asa em cativeiro. Com esses aí, a gente precisa ter ainda mais cuidado. É muito triste, quando me lembro que matava aves, dá uma coisa ruim, remorso”, lamenta.

Na possibilidade de trabalhar com educação ambiental, ainda que indiretamente, o tratador “paga” pelos erros do passado com muita dedicação. “Eu aprendi o amor com as aves, que me fez mudar tudo. O amor que me mudou”, conclui. 

Interagir para educar

Treinamento de Sinistro atrai atenção dos visitantes. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens) 

Se algumas de suas colegas estampam fotos dos namorados em suas redes sociais, a estudante de medicina veterinária Jéssica Mikaele prefere exibir suas amizades um tanto exóticas. Ela aparece “abraçada”, por exemplo, por Kevin, a salamanta do Parque Dois Irmãos, com quem garante ter desenvolvido grande afinidade. “A gente faz um condicionamento com ele para educação ambiental. Ele já aceita bem o toque”, comemora o progresso do trabalho. A ideia, contudo, não é viabilizar o simples registro de fotos do público com a cobra. “A gente busca utilizar algumas espécies que as pessoas temem para a sensibilização delas. Muitas serpentes são mortas porque as pessoas têm medo ou acham que são todas venenosas. Ainda há também quem jogue pedra nas corujas por acreditar que elas trazem ‘mau agouro’”, completa a médica veterinária Luciana Rameh. 

No zoológico há pouco mais de um ano, Jéssica também é responsável pelo treinamento do gavião asa de telha Sinistro. Paciente, a garota veste sua luva de couro na mão esquerda, onde sinistro é acomodado, se posiciona entre algumas árvores e faz o lançamento da ave. “Tomo distância enquanto ele voa e faço o chamado de volta com o apito ou o comando de ‘venha’”, explica Jéssica. 


 Condicionamento ocorre a partir da técnica da falcoaria. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Sinistro responde ao chamado, ávido pela recompensa por sua obediência. “Antes do treino, preparo a comida dele, retirando o trato gastrointestinal de camundongos abatidos. Cada vez que ele volta para a luva, recebe um pedacinho de carne”, comenta a tratadora. Poucos minutos de treino são o suficiente para atrair a atenção dos visitantes do zoológico, sobretudo das crianças, para as quais a ave em seu imponente voo parece ser mais interessante do que as dezenas de outras presas ao seu redor. “Quando Sinistro atrai as pessoas nos possibilidade de falar para elas sobre as espécie e sua importância. Juntos, contribuímos para que esse público cresça respeitando os animais”, comemora. 

De visitante a tratador

Das crianças de sua geração que frequentaram o zoológico, Adriano José Evelino foi a mais privilegiada. O Parque Dois Irmãos havia se tornado uma extensão de sua casa desde que seu tio assumiu a função de tratador do chimpanzé Sena, que o garoto poderia observar de perto durante seu condicionamento e alimentação. “Alguns anos depois, fui fazer um trabalho no açude e o diretor me chamou pela primeira vez para ser tratador, mas não aceitei. Só depois do meu casamento topei a vaga. O primeiro animal do qual me encarreguei foi Sena”, lembra. 

 

 Desde de criança, Adriano já acompanhava de perto o trabalho do tio, que era tratador. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Atualmente com sessenta anos de idade, o primata já era considerado idoso e passou a apresentar tosse constante. “Avisei ao médico, era tuberculose. Ele ficou isolado e cabia a mim dar a medicação. Iam me buscar em casa às uma da manhã para dar a medicação a Sena”, conta. O tratamento progrediu, Sena venceu a tuberculose e Adriano ganhou um amigo. “Acho que ele me teve como um companheiro mesmo. Quando eu e outros tratadores íamos tirar ele do recinto, só confiava em dar as costas para mim. Até hoje, tem muito ciúme de mim com outros animais”, completa.

Também foi de Adriano a responsabilidade de assumir o condicionamento do incontrolável Pota, hipopótamo que já conhecia dos tempos em que apenas o observava o trabalho do tio. “Ele não respondia a nenhum tratador até que o diretor me pediu ajudar. Pota já tinha arrancado quase todas as grades de proteção e jogado dentro do tanque. Medo nunca tive, porque se você respeita os limites do animal, ele respeita o seu”, comenta. Adriano entrou no recinto e retirou as grades da água. “Senti muito a perda dele quando morreu”, lamenta. 

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Vazio, o recinto do hipopótamo buscava um novo morador até que a administração do parque soube do hipopótamo recém-nascido no zoológico da cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Sem estrutura para receber mais um filhote, a instituição cedeu o animal. Batizado de Balofo e apelidado de Pota, em homenagem ao antecessor, o hipopótamo chegou a Dois Irmãos com apenas dez meses de idade, o que reforçou as saudades da mãe. “Ele começou a interagir com a gente, ficamos perto dele. Antes, parte do público achava que a gente destratava os animais, porque os comandos eram no grito. Agora a gente usa um aparelho que emite um click”, coloca. 

Luciana Rameh comemora o bom funcionamento da tecnologia. “O som funciona junto à recompensa positiva, ou seja, dar ao animal que obedece uma coisa de que ele que gosta”, explica. Se o lanche é a ferramenta mais atrativa do tratador com a maioria dos animais, com Balofo, um curioso hobby também funciona bem. “Ele adora escovar os dentes, é um carinho, um prazer para ele. Então ele facilita o procedimento porque sabe que vai receber esse agrado”, acrescenta a veterinária. 

 Adriano costuma escovar os dentes do hipopótamo. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Assim, um animal associado à violência em diversas culturas, gentilmente abre a boca sempre que Adriano se aproxima com a escovinha. “É muito gratificante, porque você acha que sabe de tudo, mas nunca sabe. Todo dia chegamos cedo, olhamos os recintos, colocamos água, comida e conferimos se as fezes estão normais, o animal se apega a você. Além disso, tenho algo que ninguém pode tirar de mim: o conhecimento que vou passar para os meus filhos e os visitantes”, afirma. 

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