Cores, reflexos, movimento. Essas e outras são características arrebatadoras para os corações dos recifenses apaixonados pela junção dos bairros do Recife, Santo Antônio, São José e Boa Vista. Mesmo diante da correria típica da área onde se concentram transformações e diferenças, o Centro do Recife agrega beleza, história e serviços.
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“Eu gosto do Centro porque aqui eu posso encontrar tudo que eu quero e com uma variedade enorme”, relata a administradora, Raquel de Oliveira. Sem dúvida, esta é uma característica presente na maioria das ruas desta área do Recife, onde se concentram comércio de alimentos, tecidos, eletrodomésticos, instrumentos musicais, produtos de festa e escritório.
Para quem prefere shopping, o Centro tem o Boa Vista, que reúne grandes lojas, cinemas e duas praças de alimentação. Já para outros gostos e necessidades, o Mercado de São José oferece produtos regionais, artesanatos e comida. Além disso, uma feira livre ocupa as ruas ao redor do famoso mercado, onde frutas e verduras frescas podem ser compradas.
O orgulho de fazer parte desse espaço é transbordado nas palavras da feirante Lourdes de Oliveira. “Aqui estão os nossos clientes que já vêm certos pra comprar na gente. Desde que cheguei nessa cidade, há 20 anos, vinda de Arcoverde (Sertão), eu estou aqui e não me vejo em outro lugar”.
Assim como os clientes fiéis de Dona Lourdes, a cultura de ir ao Centro transpassa gerações. “Desde pequena minha mãe me traz aqui. Sempre venho, com chuva ou não, a gente sempre vem”, conta a estudante Ana Carolina Costa.
Há ainda aqueles que resolvem escolher a cidade como novo lar. Trafegando pelas calçadas da Avenida Conde da Boa Vista ou adentrando pela Rua das Calçadas ou Praça Dom Vital, é fácil ouvir outros idiomas sendo falados e feições estrangeiras. Angolanos, Chineses, Senegaleses, Argentinos e tantas outras nacionalidades escolheram o Centro como moradia ou local de trabalho e atuam, muitas vezes, no comércio informal.
A mistura de culturas e nacionalidades é aprovada pela vendedora Ednalva Brito. “Existe, sim, a presença de estrangeiros aqui e esta área é também ponto turístico que agrega muita gente e a troca de culturas”.
A influência de diversos países faz parte do Centro desde a sua criação e reformulação, está na sua raíz. A arquitetura e os traços estampados em cada casario, prédios, igrejas e praças retratam a história do Recife colonial, moderno e modernista.
“Baseados nos quatro bairros originais, Recife, Santo Antônio, São José e Boa Vista, a gente encontra um misto de arquitetura moderna e modernista”. O historiador Sandro Vasconcelos explica que o Recife tentou retratar um “modelo de cidade europeia” e ainda possui imóveis do século XIX e alguns mais recentes. “No bairro do Recife encontramos igrejas do período colonial como é o caso da Igreja Madre de Deus e Forte do Brum. Já no de Santo Antônio, os sobrados são heranças do século XIX, com fachada alterada para a cultura francesa, rebuscadas”, detalha.
Vasconcelos ainda descreve o bairro de São José. “Lá tem a segunda igreja mais antiga do Recife, pois a primeira foi demolida. Ela é a igreja de São Francisco, datada de 1606”. Em contraste, o bairro da Boa Vista traz maior concentração de imóveis modernos. “Prédios e comércio transfigurou um pouco a arquitetura antiga deste lugar”, explica.
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Toda essa mistura e movimento ganha ainda maior dimensão pela mobilidade existente no Centro do Recife. O abastecimento de transporte para esta região faz do local uma verdadeira teia de opções. A população é servida de metrô e ônibus. Segundo o Grande Recife, corredores como a Avenida Guararapes é abastecida por 114 linhas de ônibus; já a Martins de Barros, que dá acesso ao Cais de Santa Rita, recebe mais de 100 e a Conde da Boa Vista, 64 linhas, agregando pessoas dos diferentes bairros e cidades vizinhas ao Centro.
Diante de tantas opções o local traz ainda um aspecto de resistência por parte da população. “Assim como hoje existem os conflitos da Prefeitura com os ambulantes pelo espaço público, por exemplo, antigamente o mesmo lugar foi cenário de resistência. Quando o Recife começou seu processo de normatização, pobres e escravos não possuíam espaço nessa nova estrutura, mas sem brigas e enfrentamentos, as pessoas continuaram ocupando esses lugares, em horários menos fiscalizados e assim foram ficando”, conta Sandro Vasconcelos.
Isso tudo forma a história do Centro do Recife que traz “todas as transformações, pessoas diferentes, com ideias distintas e, consequentemente, conflitos. Características de qualquer centro” como ressalta o historiador. Apesar dos conflitos e problemas estampados a cada passo, o amor pela Cidade foi plantado, cultivado e dá frutos, fazendo dessas pessoas conhecidas pela megalomania as mais apaixonadas, assim como o desejo relatado pelo técnico em enfermagem Givaldo Balbino. “Eu queria vê-la de cima e poder contemplar, mas é só um sonho”.
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