Incorporando lembranças por meio de fotografias, vídeos, áudios e jornais deixados pelo pai, a artista visual Carol Abreu, com a curadoria de Felipe Pamplona, realiza sua primeira exposição individual: “Studio Som Jolie”. Ao fazer parte de mais um desdobramento da sua pesquisa poética, que reúne reflexões sobre a vida, memórias afetivas e música, a mostra é sobre sentimentos, sensações e histórias pessoais compartilhadas com o público.
“Eu me sinto muito feliz em partilhar esse momento, trazer a memória afetiva como tema para se discutir, para se ver e trocar diálogos com o público, com os espectadores que vem aqui. Para mim, é uma honra poder realizar essa exposição”, diz.
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A inspiração do nome e de tudo que há na exposição é o estúdio que seu pai, Aldemário Abreu, mantinha em casa. Em 2020, Carol o perdeu e isso a fez observar o espaço com outros olhos. “Até então, eu sempre estava lá ao lado do meu pai ouvindo música, mas eu nunca parava para olhar de uma outra forma, escavar com curiosidade o que tinha lá. Eu só olhava os discos, ouvia música com ele e partilhava isso. No entanto, a partir desse momento que eu perco ele, eu começo a entrar no estúdio, começo a escrever sobre isso.”, relata.
Carol considera que tudo que seu pai deixou foi, de alguma forma, para que ela publicasse posteriormente, para rememorar tudo que foi vivido e guardado, compartilhando um pouco da vida que tiveram juntos.
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A artista não sabe dizer ao certo a razão da escolha do nome do estúdio. Entretanto, ressalta que a apreciação intensa pela música e o início da coleção de vinis de Aldemário se iniciou quando ele ainda tinha 14 anos. Ao ser questionada se ele a inspirou a ser artista, Carol conta: “Na verdade, eu digo que ele é o artista real de toda essa exposição. Essa exposição é composta pelos trabalhos dele. Eu digo que eu sou uma condutora desse trabalho, desses áudios, das fotografias que ele deixou, e articulo essa exposição, por meio da arte dele”.
Aldemário costumava dizer que deixava mensagens para a posteridade, algo muito apreciado por Carol que, através de sua exposição interativa, também permite que os visitantes transmitam um pouco de si por meio de registros em texto e áudio. Partilhando narrativas e proporcionando diferentes vivências aos espectadores por meio, também, de conversas, a artista acredita que o sentido da vida e da arte se encontra no compartilhamento de memórias e no conhecimento da ancestralidade.
Carol ressalta que sua exposição existe para fazer com que ocorram trocas e diálogos, formas de repensar as memórias afetivas, na família e nas pessoas com quem o público se relaciona. Além disso, também presume que é para relembrar da década de 60 e reviver um pouco a época do vinil e da fita cassete.
A mostra encontra-se no Espaço Cultural do Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800 - Campina, Belém/PA) e estará disponível até o dia 5 de maio, das 9 às 17 horas.
Por Lívia Ximenes, Giovanna Cunha e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).