Tópicos | Filosofia

Com o objetivo de discutir questões cotidianas a partir de perspectivas diferentes, a Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL) da Universidade Federal do Pará (UFPA) realiza neste domingo (29), o Café Philo. O evento será no Studio  Ãnima, em Belém. A programação começa às 17 horas, aberto à comunidade em geral, sem necessidade de inscrição.

O Café Philo deste mês vai abordar o tema “sedução”. O evento dá início a uma série de encontros mensais aos domingos e tem apoio do  Ãnima-Studio e Sala de Concertos.

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Em entrevista ao LeiaJá, Jovelina Ramos, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFPA, falou sobre o evento. "Com o Café Philo, pretendemos levar o debate filosófico para além do espaço acadêmico, inserindo o público leigo em temas que são tratados no dia a dia, sob distintas perspectivas", disse. 

"O objetivo é suscitar o diálogo entre egressos e discentes ativos do Mestrado em Filosofia, em um encontro prazeroso, que envolva os convidados no debate proposto", comentou a coordenadora. 

Para Jovelina Ramos, o diferencial do Café Philo é o tom informal e as abordagens diferenciadas de cada debatedor. "Esses aspectos dão possibilidade do debate filosófico se mesclar com o discurso da arte em todas as suas manifestações, com a diversidade de abordagens da própria Filosofia, sempre envolvendo temáticas atuais". 

Serviço:

Local: Ãnima-Studio e Sala de Concertos

Endereço: avenida Romulo Maiorana, 1532, AP 1602, entre as travessas Mauriti e Barão do Triunfo.

Com o rápido avanço da tecnologia, os seres humanos perdem, pouco a pouco, parte de sua liberdade, sem sequer se preocuparem com isso, lamenta o filósofo francês Jean-Michel Besnier. Para esse professor de filosofia da Sorbonne, que se define como um humanista, as pessoas deveriam se questionar sobre o tema para tentar pôr limites. 

AFP: Recentemente, uma máquina derrotou o campeão mundial de Go, existem cada vez mais carros autônomos. Estamos vivendo em um momento de mudança tecnológica?

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JMB: Estamos entrando em uma nova era de aceleração do progresso técnico e científico. A informática, matriz de todas essas mudanças, aplica-se a todos os âmbitos. Um avanço maior foi a descoberta, na década de 1960, da estrutura do DNA, que contém o patrimônio genético. Desde então, percebe-se o ser humano como um suporte de informação. As nanotecnologias, a biotecnologia, a informática e as ciências cognitivas estão convergindo para tornar realidade objetos cada vez menores, sempre mais eficientes e inteligentes.

AFP: As máquinas e os robôs são cada vez mais capazes de assumir tarefas humanas. Quais são as consequências disso?

JBM: Estamos cada vez mais cercados de máquinas que são pensadas para facilitar nossa vida. O carro autônomo, por exemplo, é pensando para melhorar a circulação, a segurança e para nos poupar tempo. Mas as pessoas podem se sentir cada vez mais privadas de iniciativa. Já não estamos encarregados de grande coisa e, no fim, já não somos responsáveis. Nós nos tornamos cada vez menos livres - portanto, menos morais - e nos comportamos cada vez mais como máquinas. Isso abre as portas para uma desumanização. Ser livre é aceitar a sorte, tomar riscos.

AFP: O ser humano pode perder o controle do que criou?

JMB: Sim. Não digo que vamos criar um Frankenstein, mas acho que estamos em um mundo, no qual os engenheiros não sabem exatamente o que fazem. Fabricam criaturas que surpreendem a eles mesmos.

AFP: Quais são as reações?

JMB: Uma parte da humanidade considera que é melhor despojar os humanos, já que são os responsáveis pelas desordens ecológicas e por monstruosidades como o Holocausto. Para eles, a tecnologia é sinônimo de esperança, já que a consideram como mais confiável e controlável. Os transhumanistas, que esperam um dia eliminar o sofrimento e até a morte, fazem parte dessa categoria. Mas há uma segunda categoria, à qual pertenço, que considera que somos seres mortais e que decidimos nosso destino. A nós, os humanistas, preocupa-nos muito o desenvolvimento desse mundo desumanizante, que não concede qualquer importância à dignidade humana, ou à liberdade.

AFP: As tecnologias que prolongam a vida serão acessíveis para todos?

JMB: Claro que não. Haverá uma humanidade de duas categorias. Uma humanidade de ricos, que terão acesso às tecnologias da transformação, prolongação e imortalização. E os demais, os quais o pesquisador britânico Kevin Warwick - o primeiro ciborgue, porque implantou um chip no braço - classificou de "chimpanzés do futuro". Seremos os chimpanzés do futuro, uma infra-humanidade que não tomou o caminho do homem aumentado.

AFP: O que você pensa da forte presença de gigantes americanos de Internet nas tecnologias de futuro?

JMB: Têm um poder considerável. Nós nos transformamos cada vez mais em suportes de informação. Toda essa informação coletada e reunida em bases são fatores de prosperidade e de produtividade. Nos transformamos em mercadorias. O que mais me preocupa é que somos conscientes disso, mas não nos preocupa muito.

AFP: O que podemos fazer?

JMB: Devemos recuperar nossa autoestima, a estima dos humanos para, assim, poder decidir o que é desejável ou não fazer, o que aprovamos e o que proibimos. Sonho com que as pessoas sejam suficientemente inteligentes para se dar conta do que está acontecendo para, assim, impor regras.

Recebi longa e impressionante carta de um velho amigo. Justificou-se dizendo que escreve para não se sentir só. Pedi autorização para transcrever e publicar trechos nos meus artigos quinzenais, generosamente, suportados pelo JC.

Concordou sob o pseudônimo Paulo Frederico. Percebi quea força arrebatadora do texto repousava sobre fascinantes contradições, desde a visão salvífica do apóstolo Paulo ao niilismo demolidor de Frederico, o Nietzsche.

Sobre a solidão:A solidão estána origem e no destino dos homens. Começa e termina, paradoxalmente, com dois encontros: o primeiro com a vida; o segundo com a morte. No princípio, com a proteção do conforto placentário, abrigado e alimentado, acendem as primeiras centelhas da (pré?)consciência. Vindo àluz do mundo, com breve passagem, passa a compartilhar de núcleos de relacionamento que vai da família àsociedade global. Modernamente, a criatura vive, convive (?) com multidões, multidão de tagarelas, conectados na potência das redes. E assim vive, iludido pelo instinto gregário: contingências, conveniências, sobrevivências, sobra-vivências. O que resta são sobras de um mínimo ser só, atéque se reencontra no líquido amniótico, transformado em pó, no húmus acolhedor, a Terra, a natureza-mãe, carinhosa com o grão a ser dissolvido,sumido nas trevas da noite e nos brilhos do sol.

Com lucidez, disserta sobre a beleza. A beleza éo espelho da miséria humana. Nela, enxergo a minha fealdade e sinto as labaredas da inveja. Sou um perseguido pelas minhas faltas. Seráque estou sóneste sentimento desolador? Seráque o terremoto existencial da falta deixa lugar para a esperança e uma réstia de luz para o poder da fé? Ouço um zumbido nos meus ouvidos: dêum sentido àsua vida! Lute! Como lutar se sou um re-sentido? E um ressentido não consegue enxergar belezas interiores. Meus olhares cupidos se deleitam com as ancas das mulheres. Sou um homem ou um bicho? Não hámargem para dúvidas sou um bicho-homem ou, tanto faz, um homem-bicho na sua extrema pequenez. Sinceramente pecador. Impuro. Haverálugar para os arrependidos?".

Sobre o amor, o texto élongo e profundo. Explora o tema nas múltiplas visões da filosofia, da religião, da mitologia e reconhece na capacidade de amar uma grande virtude humana que engloba as três dimensões legadas pela concepção grega: a dimensão erótica (Eros, o desejo), a dimensão da amizade (Philia, sentimento amplo que busca na amizade o bem do outro), a dimensão universal (Agapé, o amor universalista que une Deus aos homens e os homens a Deus). Para ele, o amor não se comanda; o amor comanda, portanto, não éum dever, uma coerção; éuma virtude, uma liberdade.

Embora respeite a afirmação do evangelista São João que Deus éamor" (Agapé), o meu amigo desacredita do amor como um sentimento completo: “Émais fácil e bonito afirmar o amor àhumanidade do que exercer o prosaico amor ao vizinho numa reunião de condomínio. Ninguém estáa salvo das ambições modernas que nos impõe o dever de ser feliz que, para além dos ansiolíticos, éamar os inimigos. Ronda a alegria de amar, a tragédia da paixão. E ainda que seja uma enfermidade passageira, traços da paixão permanecem: possessão, luxúria, egoísmo, fragilidades que brotam dos ressentimentos e das fraquezas da natureza humana. Nela estáa tendência de imputar aos outros nossas falhas e nossas faltas.

E o que parece um niilismo insuperável, o meu amigo surpreende ao confessar: "No lixo da minha existência, sou um catador da compaixão e da misericórdia para seguir adiante rodriguianamente abraçado àvida como ela é”.

O técnico Juan Carlos Osorio deve diminuir o rodízio de atletas do São Paulo nos próximos jogos. O motivo não é um recuo depois das críticas às mudanças constantes que ele faz na equipe. Osorio afirma que não tem peças de qualidade para implantar um dos principais pilares de sua filosofia de trabalho.

Quando perguntado se incluiria os garotos João Schmidt e João Paulo no rodízio, o treinador foi direto. "(João Paulo) Centroavante rápido, mas sem futebol aéreo, assim é difícil. Estou tratando de colocar ele em outra posição", disse o treinador em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, no CT da Barra Funda.

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"Quando o elenco é forte, é muito mais fácil para escalar um time e fazer um rodízio. Agora é difícil. Com todo respeito ao elenco, alguns jogadores não estão no mesmo nível. Preocupa isso porque alguns estão cansados. Mas agora não tenho como fazer o rodízio", ressaltou o treinador.

Desde que assumiu o São Paulo em junho, Osorio perdeu oito jogadores, entre eles, três titulares. Em relação ao futuro, o treinador se limitou a dizer que depende dos resultados. "Quando alguém pergunta para mim se meu futuro está no São Paulo, eu contesto. O futebol vive de resultados, e o futebol brasileiro ainda mais".

Cícero não éo jogador que ganhou destaque no Santos, Fluminense e, atualmente, corre atrás da bola no Al-Gharafa do Catar.

Seu nome épomposo Marcus Tullius Cícero. Nasceu na Itália no longínquo janeiro do ano 107 a.C e morreu assassinado por conta das artes da política em dezembro do ano 44 a.C.

Era dotado de fulgurante e versátil inteligência. Escritor, poeta e filósofo introduziu na língua latina a prosa filosófica dos gregos. Seguidor de Platão, é autor de Da República, Das Leis, Da Natureza dos Deusese, entre outras obras, um livro notável sob a forma de diálogo sobre a velhice (De Senectute) no qual revela a contagiante sabedoria dos estoicos.

Porém, apesar da imortalidade garantida como pensador, manteve-se vivo e influente atéos dias atuais por conta de sua conduta como político e, sobretudo, como advogado e orador imbatível.

Os bacharéis em direito da minha e de gerações anteriores enfrentavam nas provas de vestibular, português, inglês ou francês, e o latim (no ano em que prestei vestibular, duas matérias foram adicionadas história e filosofia e as Catilinárias substituídas pela monumental obra Corpus Juris Civilis que, por ordem do Imperador Jusitiniano, e concluída em 530 da era cristã, salvaguardou para a posteridade o maior feito do Império que foi o Direito Romano).

E o que eram as Catilinárias? Uma coletânea de quatro discursos de Cícero que destruiu a conspiração de Lucio Sérgio Catilina, um político que encarnava a conjuntura romana da época, marcada por uma corrupção endêmica, estrelada por uma geração de jovens precocemente corruptos, sem o mínimo zelo com a dignidade pessoal e dispostos a satisfazer ambições inconfessáveis na busca de acumulação de riqueza e da fruição dos prazeres mundanos (uma advertência: estamos falando de Roma, logo qualquer semelhança com nações modernas émera coincidência).

Pois bem, os estudantes que almejavam transpor os umbrais das faculdades de direito eram obrigados (e treinados) para ler, traduzir e fazer análise sintática da língua morta/viva, de enorme complexidade. Caso contrário, seriam reprovados.

Éfamosa e conhecida a abertura dos discursos: Atéquando, Catilina, abusarás da nossa paciência?Mais uma vez, mera coincidência com personagens vivos e buliçosos.

Depois de ocupar, muito jovem, os cargos de Questor (espécie de gestor fiscal), Edil, Pretor e eleito Consul (43 anos) e derrotar Catilina, Cícero recebeu o título de Pai da Pátria, Libertador e Fundador da Nova Roma. No entanto, pagou com a própria vida pela conduta reta e ilibada: foi cruelmente assassinado pelos asseclas de Marco Antonio.

Não bastassem as obras e os exemplos, Cícero nos deixou uma admirável síntese que érecorrentemente citada em palestras e aulas sobre a gestão pública: O orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentosa governos estrangeiros devem ser reduzidos se a Nação não quiser ir àfalência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública(ano 55 a.C).

Cai o pano. 2015, d.C, A Presidente Dilma corretamente veta um malsinado projeto de lei sobre o futebol brasileiro e emite a MP 671 que Instiui o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, dispõe sobre a gestão temerária no âmbito das entidades desportivas profissionais, e dáoutras providências.

Quem se der o trabalho de ler detidamente os 37 artigos da MP compreenderáa atualidade de um texto que tem mais de dois mil anos. A MP pode se tornar um marco na lenta evolução institucional do futebol e reverter a vergonhosa situação a que chegou a grande paixão nacional.

Apesar dos avanços, a MP corre um risco e tem um pecado capital.

O risco éser destroçada por interesses subalternos e pressões ilegítimas na tramitação congressual. Seráuma luta inglória se a sociedade não se mobilizar, especialmente os que lidam direta ou indiretamente com o futebol, o maior espetáculo da Terra.

O pecado: a MP não trata de uma questão vital que éa distribuição, minimamente equânime, das cotas de televisionamento, entre as entidades desportivas profissionais.

Caso as bancadas do atraso vençam, o placar permanecerá: Alemanha 7x Brasil 1.

A Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM) promove durante os dias 15 e 16 de abril, das 8h às 22h, o V Seminário de Filosofia e Cultura com o tema "Ética, tecnologia e capital". O objetivo do evento é refletir sobre a ética nas novas relações do capital permeadas pela tecnologia contemporânea.

A discussão será dividida em dois momentos. No primeiro, grupos de trabalho e alunos universitários apresentarão textos cuja temática se relacione com um ou mais dos assuntos chaves: ética, tecnologia e capital. No segundo momento, serão realizadas conferências ministradas pelos professores convidados. 

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Mais informações podem ser obtidas pela internet. Dúvidas e inscrições para apresentação de trabalho podem ser realizadas pelo e-mail seminario.filosofia@fapcom.edu.br.

Serviço

Local: FAPCOM - Rua Major Maragliano, 191 - Vila Mariana - SP 

Data: quarta e quinta-feira, 15 e 16 de abril de 2015

Horário: das 8h00 às 11h e das 19h às 22h

 

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Durante saída do segundo dia de prova do ultimo Vestibular Tradicional da Universidade de Pernambuco (UPE), candidatos que fizeram processo seletivo na Escola Politécnica de Pernambuco (Poli), na Madalena, Zona Oeste do Recife, avaliaram exame como mais fácil do que o Sistema Seriado de Avaliação (SSA 3). Ao todo, mais de 30 mil candidatos responderam 40 questões das disciplinas de física, matemática, biologia, língua estrangeira, filosofia e sociologia. O Vestibular teve início nesse domingo (7) e chegou ao fim nesta segunda-feira (8).

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A vestibulanda Eduarda Bezerra, de 17 anos, que está fazendo vestibular pela primeira vez, disse que a prova de física foi difícil. “Hoje, respondi questões de física e matemática, e comparando o grau de dificuldade, eu considero que física foi mais complicada”, contou a estudante, que almeja ingressar no curso de engenharia civil.

Quando questionada acerca da prova do SSA 3 e do Vestibular Tradicional, Eduarda foi objetiva. “Achei o SSA 3 bem mais difícil que o Tradicional. Corrigi o gabarito de ontem e acertei 18 de português e 13 de química, do total de 40 quesitos”, explicou. Participando processo seletivo pela primeira vez, Pedro Henrique Santos, de 18 anos, apinou que o exame de geografia apresentou mais dificuldades. “Como estou concorrendo a uma das vagas do curso de direito, respondi as provas de geografia, sociologia e filosofia. Das três, achei o nível de geografia mais elevado, mas não saiu do perfil da UPE, uma prova mais objetiva”, analisou. 

Ana Letícia Ribeiro, de 17 anos, que almeja ser aprovada na graduação de administração de empresas, falou que matemática foi mais difícil e geografia ficou dentro da normalidade. “Sempre acho as questões de cálculo mais difíceis. Hoje a disciplina de matemática teve mais dificuldade e geografia foi mais fácil”, disse. Ainda em entrevista ao Portal LeiaJá, ele falou um pouco sobre as características do último Vestibular Tradicional. “A UPE é dispõe de questões mais objetivas, entretanto, percebi um pouco de contextualização nas duas provas”, conclui a estudante.

Os candidatos começaram a sair dos locais de realização das provas a partir das 11h15. Segundo a Comissão de Vestibular da UPE, o gabarito das provas desta segunda-feira (8) será publicado a partir das 14h.

Para concluir a cobertura do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste sábado (8), o Portal LeiaJá traz os principais comentários, em vídeo, dos professores do BJ Colégio Curso. Os educadores resolveram as provas de Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza.

A disciplina de história é abordada pelos professores Albino Dantas, Silvia Meira e Salviano Feitoza. Assista ao vídeo abaixo:

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 O educador André Tiago da Silva fala sobre os principais assuntos de geografia:

Os docentes de biologia Oswaldo Braga e Ricardo Lôbo falam sobre as questões:

Por último, os professores de Raphael Vieira e Emanuel Maresco, de física e química, respectivamente, falam da abordagem do Enem. Confira:

No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Portal LeiaJá traz os professores do Colégio BJ Curso para comentarem as provas. A equipe de Ciêcnias Humanas e Suas Tecnologias, formada pelos educadores das disciplinas de história, geografia e filosofia destacaram os principais pontos do Exame, as novidades de 2014, o nível da prova e como apresentou de forma geral o Enem. O caderno resolvido foi o azul.

Segundo a professora de história, Silvia Meira, de forma geral a prova apresentou, tradicionalmente a interdisciplinaridade e a contextualização das matérias, porém chamou atenção a quantidade de textos. “A grande supressa para a equipe de humanas foi à redução de textos nas questões. Nos anos anteriores os alunos tiveram que deter mais atenção ao um número maior de conteúdo”, relata à educadora. “Com isso os candidatos tiveram mais tempo”, afirma. Ela ainda pontuou alguns assuntos que já eram aguardados. “Temas como Era Vargas e 1ª Guerra Mundial tiveram relevância”, conclui.

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Quanto às novidades da prova de história, especificamente, o docente Albino Dantas destaca duas questões. “A questão quatro trouxe Descartes e nela foi possível observar o estudo clássico da filosofia. Já a dezesseis, ela exaltou o Patrimônio Histórico Imaterial, com presença recorrente no Enem, porém pouco abordado em sala de aula”, pontuou. O educador Dantas reforçou também que o Enem apresentou muitas figuras, como gráficos e charges de forma clara e objetiva.

Já Salviano Feitoza, professor de sociologia apontou duas questões que tiveram destaque. “Os quesitos 17 e 30 trabalharam a contextualização do cotidiano, o que era de se esperar pelo Enem. A questão 17 apresentou uma relação dos direitos que deveriam ser estabelecidos desde a Constituição de 1988 e que na prática não foram aplicados”, fala. “Outro quesito importante foi o 30. Nele foi abordado a implementação das leis que estabelecem o ensino da história e cultura africana.

Por último, o professor de geografia, André Thiago da Silva relatou que a grande novidade da prova foram os assuntos de geografia física. “O exame em geral se manteve, porém o nível de geografia física foi mais aprofundado, inclusive com muitas ilustrações”, diferencia André. Ele ainda alertou que assuntos como urbanização e agropecuária também tiveram destaques. 

Com as datas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se aproximando (8 e 9 de novembro), o Portal LeiaJá continua, nesta quarta-feira (1º), a série de matérias com dicas de revisão das disciplinas abordadas nas provas. O professor de filosofia e sociologia Wallace Melo explica os principais temas que podem cair na hora da prova e como o candidato deve se preparar. As reportagens são publicadas todas as quartas-feiras.

A filosofia e sociologia são algumas das matérias que mais complicam o candidato, porque necessitam de bastante atenção na hora da interpretação das questões. O professor destaca que assuntos como os protestos de julho de 2012 podem cair no Enem: “A sociedade é uma importante pauta para as análises sociológicas e filosóficas, diante disso, é importante sempre buscar interpretar esses fatos, históricos ou sociais, tendo como subsídios as diferentes formas de compreensão e entendimento da realidade. As duas disciplinas podem contribuir bastante para essas análises”.

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Wallace explica quais são os assuntos que todos os anos caem no Exame. Para filosofia, os destacados são a Gênese do Pensamento Filosófico e o Pensamento Grego, O pensamento mítico, Filosofia Política tendo em vista as teorias clássicas, modernas e contemporâneas (Platão, Aristóteles, Rousseau, Hobbes, Maquiavel, Marx, Foucault, entre outros), A dimensão cultural dos indivíduos e a construção dos símbolos, tradições e significados, Moral e Ética, Cidadania e Democracia,  A liberdade humana, Filosofia e comunicação social, Lógica e filosofia, além da Teoria do conhecimento. Já para sociologia são as Ciências Sociais e o surgimento do conhecimento sociológico e objeto de estudo das ciências sociais, além das as Teorias clássicas da sociologia, Economia e sociedade (as diferentes formas de produção econômica, o trabalho e o consumo nas sociedades capitalistas), os movimentos sociais, sociedade e democracia (conceito e tipos de regimes democráticos), agrupamentos sociais (grupos e agregados sociais), Estratificação, desigualdades e mobilidade social, cultura e ideologia. Também são destacados os processos e as instituições sociais, bem como a institucionalização da sociologia no Brasil.

O professor diz que é importante aprender essas temáticas. “Como sabemos, essas duas disciplinas tem um histórico um pouco atribulado. Ao longo das últimas décadas, foram muitas idas e vindas, em alguns momentos incluídas nas matrizes curriculares, e em outros retiradas. A Lei que instituía obrigatoriedade do ensino da filosofia e sociologia no Ensino Médio é a 11.684/2008”, afirma. Ele complementa dizendo que os alunos que estão se preparando agora devem apenas focar nos conteúdos mais gerais, como conceitos e teorias.

Todo cuidado é pouco em relação à interpretação com as definições, tanto as filosóficas, quanto as sociológicas. “Quando não apreendemos bem as noções conceituais podemos cair facilmente em erros bobos. É preciso saber diferenciar os conceitos e as teorias, para que o estudante não se confunda na hora do exame, pois como sabemos, em algumas ocasiões as questões dessas disciplinas são elaboradas tomando por base fragmentos de textos e pesquisas acadêmicas, utilizando conceitos científicos oriundos desses campos de conhecimento. Diante disso, é fundamental tomar cuidado para não fazer confusão com esses termos”, explica Wallace. O professor ainda complementa destacando alguns exemplos como a Ação social, Instituições Sociais, Estado, Antropocentrismo, Mais Valia, Potência e Ato.

Exemplos de questões do ENEM

SOCIOLOGIA

Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.

MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que:

A) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.

B o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.

C a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.

D a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.

E a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.

RESPOSTA: Letra B

Comentários:

Observem que a questão foi trabalhada por meio de um fragmento textual em que Karl Marx utiliza o conceito de superestruturas políticas e jurídicas. Diante disso, nessa questão é fundamental que o estudante consiga traduzir a partir da leitura, a visão marxista de sociedade e economia, entendendo que o teórico ao escrever uma teoria social elencou a produção material (economia) como elemento principal para o desenvolvimento dos processos sociais e históricos. Dessa maneira, de acordo com Marx, a produção material – trabalho, consumo, circulação e distribuição de mercadorias -  seria o elemento chave para entender a sociedade capitalista em seus valores e em suas  naturais contradições.

FILOSOFIA

Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser:

A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.

B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.

C)guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.

D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.

E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

RESPOSTA: Letra C

Comentários:

Aqui nos deparamos com a famosa teoria política maquiavélica. Nessa questão é importante que o estudante consiga visualizar como se estabeleceu o método de Maquiavel para entender o Estado e o Poder Político. Percebam que o intelectual fez uma espécie de ontologia, ou seja buscou entender primeiramente o indivíduo, para depois compreender o que seria a sociedade, o Estado e o poder. Para Maquiavel, o príncipe deve ser oportunista e ousado, visando a sua perpetuação enquanto soberano, contudo, para isso é preciso entender que o comportamento humano não é dinâmico, inconstante, volúvel, justificando a utilização da força e o temor para a consolidação de sua hegemonia.

Além dessas dicas, todas as quintas-feiras você também pode acompanhar, aqui no LeiaJá, o programa "Vai Cair no Enem". Nele, professores resolvem questões de assuntos essenciais para o Exame. Confira abaixo as primeiras matérias da série de reportagens com dicas do Enem: Matemática, História, Língua PortuguesaBiologia.

A instituição de ensino PUC de Campinas lançou, recetemente, novos cursos para o vestibular 2015. As graduações são de filosofia e design digital. Serão oferecidas 60 vagas, todas para o turno da manhã. A duração do curso de filosofia é de seis semestres. Já design digital vai durar oito semestres.

O curso de design digital é voltado para estudantes que desejam unir criatividade e a técnica para o desenvolvimento de projetos, na criação e produção de imagens e produtos direcionados à produção cinematográfica, desenho de animação e interfaces de mídias interativas de maneira geral. Esses processos são feitos por meio das tecnologias digitais, atrativas e eficazes.

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Já o curso de filosofia é direcionado para quem almeja lecionar no ensino médio. A proposta é formar profissionais com uma nova visão do mercado e proporcionar novos campos de atuação como consultoria em empresas e produção de textos. Para obter mais informações, os interessados podem acessar o site da instituição

A Universidade Sênior da UniSant’Anna está com inscrições abertas para diversos cursos voltados para a terceira idade.  Entre eles estão comunicação e expressão, geografia, história, psicologia, filosofia, além de iniciação à informática e dança. Os interessados têm até o dia 18 para efetuar a matrícula. O investimento é de cinco parcelas de R$ 112, além da matrícula, que custa R$ 85.

Não é necessário passar por exames ou pré-seleção, nem apresentar diplomas ou certificados de cursos anteriores. A instituição adota a educação participativa, com base nos ensinamentos e métodos de Jean Piaget, um dos mais influentes pensadores do século XX; de Carl Rogers, psicólogo norte-americano; e de Paulo Freire, educador e filósofo.

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Universidade Sênior - UniSênior da UniSant’Anna

Duração: quatro semestres, com aulas às quartas e quintas-feiras, das 14h às 17h

End: Rua Voluntários da Pátria, 421 – próximo ao Metrô Tietê, em São Paulo.

Informações: (11) 2175-8000 – ramal 8120

 

 

Miguel Reale nasceu em São Bento do Sapucaí, São Paulo, no dia 06 de novembro de 1910, e faleceu na cidade de São Paulo em 14 de abril de 2006. Tornou-se bacharel em direito aos 24 anos e, aos 30, catedrático de filosofia do direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Com essa tese de cátedra, Fundamentos do Direito, de 1940, lançou as bases de sua teoria tridimensional do direito, denominação pela qual ficou conhecida sua filosofia do direito. Eu prestei exame de seleção para ser seu orientando de mestrado em janeiro de 1979 e, no dia de seu aniversário de 70 anos defendi minha dissertação, tornando-me seu último orientando, posto que atingira a idade da aposentadoria compulsória. Pretendo agora, em dois artigos aqui no LeiaJá, fornecer um resumo de sua obra jurídica.

Pode-se tentar detectar uma evolução na história do pensamento jurídico ocidental que desemboca no tridimensionalismo jurídico colocado por Reale. Essas três dimensões, fato, valor e norma, já foram respectivamente consideradas pelas diversas escolas como objeto privilegiado da pesquisa em direito: o culto à norma pelas teorias normativistas, cuja precursora foi a Escola da Exegese, que chega a reduzir o direito à lei escrita; em uma reação a esse apego à idéia de norma, a Escola do Direito Livre toma sobretudo o fato social como fonte da realidade jurídica; e a filosofia dos valores, com sua concepção de cultura, tem o valor como sentido do direito e ressalta sua importância em detrimento das demais dimensões.

A influência de Kant é nítida e confessa no pensamento de Reale, sobretudo na tentativa de rigor metodológico e na procura de unidade concreta para sua interpretação de fatos, valores e normas. O método assume o papel de “condição de possibilidade” na compreensão do fenômeno jurídico. Por isso revestem-se de fundamental importância os pressupostos metodológicos adotados por Reale, funcionando quase que como princípios transcendentais da estrutura tridimensional.

Miguel Reale afasta-se do criticismo transcendental na medida em que não admite uma estrutura predominantemente lógico-formal no ato de conhecer, considerando o elemento estimativo ou axiológico como responsável pela dinâmica do conhecimento enquanto historicidade, ou seja, durante seu processo. A crítica deve exigir o elemento axiológico de modo necessário, pois que implica uma distinção e uma escolha entre os elementos logicamente válidos e aqueles que não o são; o valor não seria então meramente transcendente mas sim imanente à estrutura mesma do ato gnoseológico.

Os valores, para Reale, não existem em si mesmos, de forma absoluta, independentemente da existência e da história do ser humano, do ser que os percebe. Os valores são produto da consciência e da ação e são realizados historicamente. Isso não implica, porém, relativismo: uma vez criados, realizados e estabelecidos pela cultura, os valores permanecem para sempre no horizonte daquela comunidade e a conformam e individualizam. São as “invariantes axiológicas”.

Mas o único valor absoluto é a própria pessoa humana, pois ela é a condição necessária para a existência de qualquer valor. Os demais valores, não fundantes, mas derivados, são históricos, resultantes do reflexo do quadro cultural na consciência das pessoas e, portanto, variáveis no tempo e no espaço. A história submete os valores a um processo, pois, ao serem captados e racionalizados como fins, eles precisam ser considerados “em relação aos meios idôneos para sua realização”.

Reale constrói uma terceira dimensão, ao lado do ser (real) e do dever ser (ideal), para encaixar sua axiologia, posto que os valores “são enquanto devem ser”, ao mesmo tempo em que seu dever ser tende à realização no mundo específico da cultura. Reale busca assim superar, por meio de uma “integração normativa de fatos segundo valores”, as posturas de ênfase exclusiva sobre o fato (realismo jurídico), a norma (normativismo) e o valor (jusnaturalismo).

Reale observa o direito por meio da descrição fenomenológica e procura atingir a essência eliminando o contingente e atendo-se aos dados imediatos da consciência, mas acrescentando uma valoração crítica e histórica. Reale conclui pelo caráter teleológico da conduta humana, essencial e necessariamente eivada das três dimensões que compõem sua realidade.

O valor apresenta, assim, três funções em relação a sua atuação sobre a experiência jurídica; como fator constitutivo da realidade (função ôntica), como prisma para compreender tal realidade (função gnoseológica) e como razão determinante da conduta, já que só se age em direção a fins (função deontológica).

A conduta humana assume, na fenomenologia da ação observada por Reale, cinco modalidades diferentes: religiosa, quando o móvel de agir é um valor transcendente; moral, quando o agente se prende à conduta por si mesmo, seja tal conduta autônoma – a norma de conduta é fixada pelo próprio agente –, seja ela heterônoma – o agente reconhece em outrem o poder de ditar-lhe normas de conduta moral; convencional, quando o sujeito obedece a determinadas normas por conveniência própria; econômica, quando os participantes se inter-relacionam em função de bens materiais; e jurídica, quando os agentes estabelecem entre si uma bilateralidade atributiva, pela qual se obrigam e são obrigados a determinados comportamentos. De qualquer modo, em todas as condutas humanas há sempre uma energia espiritual, captada por um valor objetivo predominante na comunidade, o qual tende a normatizar-se.

Na perspectiva de Reale, o único direito observado é o positivo, o que permite classificá-lo entre os positivistas, numa visão quase que uniformemente generalizada nos juristas posteriores a Savigny, em que pesem suas numerosas divergências internas. E esse direito positivo de Reale é composto de três fatores ontognoseologicamente distintos, se bem que inseparáveis, quais sejam: fato, valor e norma (Teoria Tridimensional do Direito, 1968).

Não somente o direito mas também a ordem moral é tridimensional, diferindo da jurídica por dirigir-se à subjetividade consciente e livre do ser humano. A ordem jurídica visa principalmente o respeito a uma ordem objetiva nas relações entre pessoas. As duas ordens normativas diferem, porém interagem de tal modo que uma não se realiza sem a outra.

As três dimensões do direito são vistas indissociadamente: são valores que se concretizam historicamente nos fatos e relações intersubjetivas que se ordenam normativamente. Utilizando apenas um critério de prevalência, evitando conferir juridicidade a qualquer uma dessas dimensões em separado, Reale estabelece os seguintes campos de estudo: o direito como valor, estudado teoricamente pela deontologia jurídica e, no plano empírico, pela política jurídica; o direito como norma, objeto da jurisprudência (no sentido clássico) ou ciência do direito, no aspecto dogmático, e pela epistemologia jurídica, sob a perspectiva do conhecimento; e o direito como fato, estudado pela história, sociologia e etnologia do direito e pela culturologia jurídica.

Assim não há qualquer separação ou predominância absoluta de um fator sobre o outro, mas Reale admite a norma como momento culminante da experiência jurídica, para o jurista propriamente dito, embora sempre a norma implique um equilíbrio entre fatos (dados empíricos de um determinado momento histórico-social) e valores exigidos (ideais políticos, pressões de todos os tipos, ideais morais, religiosos etc.). As normas jurídicas, ao contrário das leis físicas, não são simples captação descritiva do que constitui o fato, mas sim tomada de posição constitutiva frente a um fato. Por sua própria natureza, as normas estão sempre em estado de tensão: referem-se a fatos e valores passados, tendendo à conservação, e a fatos e valores novos, na medida em que aparecem, tendendo à renovação.

No mesmo sentido, quando um valor é dominante, tende a realizar-se por intermédio de uma norma, dirigida ao ser humano, o qual é fundamentalmente liberdade, na medida em que opta. O fato e o valor vivem também em constante estado de tensão, pois os valores penetram no mundo real, tendem a realizar-se; a norma, por seu turno, reúne o fato e o valor dentro de si e projeta-se para o futuro como parâmetro de conduta.

Esse fenômeno que se denomina o direito só existe porque o ser humano se propõe fins; todo e qualquer ato jurídico possui um móvel de conduta, o qual lhe fornece o sentido. Esses fins são exatamente os valores que a conduta visa realizar.

Se é verdade que nem tudo no valor pode ser explicado racionalmente, não se pode esquecer de seus parâmetros racionais, pois o valor só se transforma em fim na medida em que é representado racionalmente. Isso significa que o valor é compatível com a razão humana, muito embora não se reduza a ela.

Uma vez que a axiologia constitui a base da teleologia, no pensamento de Miguel Reale, e os fins se baseiam nos valores, estes assumem o papel de fins últimos, ou seja, são fins em si mesmos, nunca meios para outros fins. Os valores são possibilidades para que o sujeito possa atuar, na medida em que ele os haja elegido como fins para sua conduta. Um problema central é a verificação de que os valores variam, ou seja, sua objetividade é relativa. Tal objetividade está garantida, porém, pela própria estrutura da consciência humana, valor básico e fonte primeira de todos os demais valores. O conteúdo valorativo modifica-se, explica Reale, porque variam as possibilidades da consciência ao longo da história, quer dizer, se a fonte – a consciência – varia e é influenciada pela história, os valores – seu produto – também o são. É aqui um dos pontos da diferença entre realidade física e realidade espiritual: a realidade espiritual é da consciência, isto é, projeta valores, pois as relações entre as consciências dos indivíduos são relações de valores.

O direito é uma parte importante na integração entre ser e dever ser que se realiza no ser humano que apreende valores, daí o direito se colocar em função de fins. A conduta escolhe maneiras de agir em detrimento de outras e essas preferências têm em vista realizar valores, daí a normatividade implicar tomada de posição, vontade, ou seja, opção de valor, meio e fim. Reale procura então unificar em uma totalidade sua concepção da realidade jurídica, entendendo fato, valor e norma como postura metodológica, dirigida a possibilitar o conhecimento. O direito é (onticamente) uno e (ontognoseologicamente) aparece como tridimensional. É o tridimensionalismo dinâmico (Fundamentos do Direito, 1940).

Duas das principais características dos valores, a realizabilidade e a inexauribilidade, são fundamentais para uma devida compreensão filosófica dos problemas referentes à validade, à eficácia e ao fundamento do direito. Isso ocorre porque tanto o processo histórico é desprovido de sentido sem o valor, quanto este permanece inválido se não fornece sentido a um determinado momento histórico, realizando-se. Por outro lado, o valor está na totalidade do processo histórico e é, em relação a tal processo, inexaurível. Ele é assim imanente ao homem e à sua história. Os elementos constitutivos da realidade jurídica são pois o fato, o valor e a norma, enquanto suas notas dominantes são, respectivamente, a eficácia, o fundamento e a validade. Isso leva ao paradigma da concreção no pensamento de Reale.

O professor do BJ Colégio e Curso, Salviano Feitoza, analisou como fácil a prova de sociologia da Universidade de Pernambuco (UPE). De acordo com o docente, o ponto principal da seleção é a abordagem de temas atuais. “Os estudantes tiveram que ter um olhar sociológico”, comentou.

Entre os assuntos trabalhados estão desigualdade social, pensadores clássicos, processos e fatos sociais. O educador Felipe Aretakis, que também é do BJ, considerou o exame de filosofia como mediano. Um dos temas destacado pelo professor foi ética e moral. Também houve abordagem da lógica, a respeito da diferença do que é dedutivo e sobre o que é indutivo.

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As duas provas foram realizadas na manhã desta segunda-feira (24). O processo seletivo chegou ao fim nesta manhã e o resultado deverá ser anunciado no dia 31 de janeiro.

O professor de filosofia, Fábio Medeiros, traz, no programa Vai Cair no Enem desta terça-feira (24), uma questão que envolve o conceito de indústria cultural, de Theodor Adorno, e as atuais redes sociais. Segundo o docente do BJ Colégio e Curso, esses assuntos poderão ser cobrados dos candidatos que farão o Exame Nacional do Ensino Médio nos dias 26 e 27 de outubro deste ano. Confira.

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A professora de filosofia Martha Solange Perrusi conduzirá o curso “Assim falou Nietzsche”. A qualificação é aberta ao público em geral e terá discussões filosóficas. O evento será realizado às terças-feiras, no horário das 19h às 21h, com duração de oito horas/aula. Ao todo, 20 vagas estão sendo oferecidas e informações sobre inscrições podem ser conseguidas pelo e-mail contemporaneosespaco@gmail.com. O investimento é de R$ 80.

O curso ocorrerá no no Contemporâneos Espaço, localizado na Rua da Moeda, no Recife Antigo. Outras informações sobre a ação podem ser conseguidas pelos telefones (81) 3341-6996 ou 9197-5557.

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Na edição desta semana da série de reportagens do Portal LeiaJá, Vai Cair no Enem, o professor do BJ Colégio e Curso, Fábio Medeiros, leva aos internautas dicas de filosofia. Ele aborda temas que aparecem no Exame Nacional do Ensino Médio.

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A democracia é ruim, disse o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, célebre por comandar a Inglaterra na guerra contra os nazistas; mas todos os outros sistemas políticos são piores, acrescentava.

Tentando trazer a experiência filosófica para entender a vivência do político inglês, o problema da democracia é que ela é lenta em seu desenvolvimento, demora muito para amadurecer. Até que as instituições se firmem, a corrupção, o desperdício, a impunidade e outros males estão sempre presentes nas jovens democracias, corroendo-as em todos os níveis do poder público e da própria estrutura social. A incompetência e daí a ineficiência estatais também caracterizam esses sistemas prebendários do patronato (leia-se Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro), nos quais o patrimônio público se confunde com o privado, e empresários e poderes públicos estabelecem relações políticas espúrias e financiamentos mútuos imunes a quaisquer controles, numa cumplicidade característica de sociedades periféricas: o enriquecimento do empresariado com o dinheiro público.

Compreender a situação do Brasil não significa advogar nenhum conformismo ou o “tem que ser assim”. Muito pelo contrário, pressões sociais legítimas, como essas recentemente vistas no Brasil, podem e devem apressar o fortalecimento institucional de que o país tanto precisa, colocando a lei e o direito acima de tudo e de todos, extinguindo os privilégios que caracterizam toda estrutura social subdesenvolvida. Mas é preciso entender que o fenômeno brasileiro, apesar de dotado de características próprias, não é inusitado no estudo da evolução dos sistemas democráticos e que a sociedade brasileira nunca teve oportunidade de conviver com uma democracia tempo suficiente para institucionalizá-la e usufruir de seus benefícios. Os golpes se sucedem, de forma às vezes mais, às vezes menos traumática: Independência, República, Estado Novo, Ditadura Militar, Nova República. Todo isso alimentado pela alienação típica de povos sem acesso à educação, do que falarei aqui em outro artigo.

Em outras palavras, não há solução fora da democracia: somente sociedades muito ignorantes podem tolerar “salvadores da pátria” e a certeza das ditaduras é a falta de controle sobre o poder.

Instituições controlam poder e a virtude maior da democracia, lembrada por Churchill sem o romantismo ingênuo de Rousseau, está justamente na criação do espaço público que enseja tal controle. A palavra “poder” é ainda mais ampla do que “direito”. Antropologicamente, o poder constitui a maior das paixões do ser humano, um animal predador gregário e político, condenado dentro da Babel de sua própria linguagem, cuja maior satisfação é o reconhecimento pelos demais seres humanos. Por isso deter poder modifica o comportamento, divide as pessoas entre as que têm e as que não têm poder; mais do que dinheiro, sexo, violência, bajulação ou beleza, que são apenas meios para adquirir e exibir poder.

Tem poder quem está em condições de obter acordo de outra pessoa, mesmo se isso implica impor algo que essa outra pessoa não desejaria ou evitar algo que ela desejaria: condições de torturar, de se fazer amar, de conseguir um prato de comida, de suprir quaisquer necessidades, de satisfazer eventuais desejos. Basta observar as modificações que a circunstância de deter um pouco, muito pouco de poder exerce sobre as pessoas comuns, medianas, seja um juiz, um coordenador de curso universitário, um policial ou um burocrata de agência reguladora.

Penso que, por isso, a filosofia do direito precisa colocar como objetivo para a práxis aquela ideia de enxergar o mundo com os olhos céticos e humanistas da retórica e garantir a mitigação e o rodízio do poder jurídico e político, numa democracia institucionalizada, na qual os indivíduos que exercem poder tenham pouca ou nenhuma importância pessoal. O poder tem que ser reduzido e momentâneo. A realização dessa filosofia implica um sem-número de instituições, tais como mandatos e rodízios em todos os cargos de mando no judiciário, no executivo, no legislativo, no ministério público, até nas empresas privadas que lidem com recursos públicos (praticamente todas no Brasil), assim como a total impossibilidade de recondução em qualquer deles, a partir da extinção da política como profissão.

A utopia da extinção da política como profissão não se confunde com a extinção da política, pois o humano é animal político, já ensinava Aristóteles. A política, que vai decidir os rumos, e a administração, que os executa, precisam ser um fardo exercido com competência e sem interesse pessoal, como hoje os bons síndicos de bons condomínios, que trabalham sem qualquer regalia.

A filosofia do direito é a vanguarda do conhecimento jurídico. Depois dela vem a teoria geral do direito, como hermenêutica da dogmática, e só na retaguarda atua a dogmática, de lege lata. Toda dogmática foi antes filosofia, de lege ferenda. Rudolf von Jhering construiu as bases hermenêuticas da posse antes que a dogmática fixasse esse conceito e Tobias Barreto também fez sugestões normativas, a princípio derrotadas, tais como a defesa do acesso da mulher aos estudos superiores. A filosofia mostra que o que hoje é utopia, amanhã se torna realidade. Torçamos para que as pressões da sociedade tragam mais ética e mais controle sobre todos os que exercem poder.

No Estado Democrático de Direito as normas jurídicas proíbem incondicionalmente o emprego da tortura, largamente utilizada pelos órgãos estatais até muito, muito recentemente. A cultura ocidental, tão orgulhosa de sua civilidade, queimou bruxas até o século XVIII, não se pode esquecer. Mas hoje a simples ameaça de tortura é banida e rigorosamente combatida, pelo menos no plano da legalidade democrática. Muitos argumentos foram usados nessa evolução, desde os horrores históricos das ordálias, os “juízos de Deus” medievais, até o simples argumento pragmático de que a tortura não funciona como meio de prova nem garante informação.

Conceitualmente, tortura não se confunde com pena cruel, que constitui tema de outro debate ético. A tortura é um procedimento que busca informações para esclarecer a verdade no processo, enquanto as penas cruéis têm por objetivo o castigo, pressupondo que aquela verdade já foi encontrada.

A questão da tortura se relaciona com o problema da tolerância em pelo menos dois sentidos básicos: o literal, de tolerar ou não a dor; e o mais amplo, de não ver limites para coagir a vontade alheia, a violência irresistível que chega a ponto de acabar com o discurso, a linguagem que caracteriza o ser humano. Este último é o que mais interessa aqui. Isso significa discutir o assunto desde uma perspectiva ética: a tortura deve ser usada em algum caso? Há alguma possibilidade de justificação da tortura? Ela pode ser legalizada, ou seja, o direito pode prever sua aplicação?

A perspectiva sociológica é importante e deve sempre permanecer no horizonte da discussão. Muitos sabem que a tortura é rotineiramente praticada em países subdesenvolvidos como o Brasil, assim como em países economicamente desenvolvidos como os Estados Unidos, baluartes de uma retórica civilizatória, que se arvoram guardiães de uma nova ordem mundial, o que lhes daria o direito de invadir países para impor sua ética de proteção aos direitos humanos. Mas não apenas na Baía de Guantânamo. Internamente, em todo seu território, estabeleceu-se uma importante indústria da prisão, que encarcera 4 vezes mais pessoas do que qualquer outro país – de acordo com dados de 2011 – e de cuja manutenção vivem e lucram milhares de cidadãos. E essa indústria da prisão não deixa de ser uma espécie de tortura.

Externamente, no que concerne ao terrorismo, a justificativa dos funcionários norte-americanos para o emprego da tortura e de outros métodos contrários a seu próprio direito positivo é a tese da legítima defesa prévia, para evitar um mal maior a mais pessoas. Ora, mas isso se afasta do conceito secular de legítima defesa, que implica perigo real e iminente, incompatível com a tortura, na qual o ser humano já está submetido e não se encontra em condições de atacar ninguém.

Na próxima semana veremos exemplos concretos que não são apenas roteiro de filmes e que mostram a importância cotidiana da filosofia do direito.

O Programa Integrado de Pós-Graduação em Filosofia (PIPGF) está com inscrições abertas para a seleção de ingresso ao corpo discente do doutorado em filosofia, referente ao período de 2013.1. O PIPGF é formado pelas Universidades Federal da Paraíba (UFPB), Federal de Pernambuco (UFPE), e Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A formação tem como linhas de pesquisa Filosofia Prática (Ética e Filosofia Política), Metafísica e Filosofia Analítica. No total, estão sendo oferecidas 38 vagas e as inscrições podem ser realizadas até o dia 1º de abril nas secretarias dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia da UFPB, UFPE e UFRN, pessoalmente ou através de procurador, mediante apresentação de instrumento de mandato. O concorrente também poderá se inscrever via Sedex.

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Outras informações sobre o processo seletivo podem ser obtidas através da internet. Quem quiser detalhes informativos também pode entrar em contato com o telefone (81) 2126-8297.

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