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Precisamos de comida, não de tabaco”, reforça o tema, em português, da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta quarta-feira (31). A campanha chama a atenção para a sobrevivência humana e para os impactos negativos do tabaco para o meio ambiente. Em entrevista à Agência Brasil, o diretor executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, reconheceu que esse é um desafio imenso ainda.

“Porque a gente sabe que o Brasil é um grande produtor de tabaco, principalmente na Região Sul. E é difícil sensibilizar aquela população do cultivo de que é importante mudar a cultura para outros tipos de plantio. Sobretudo porque naquela região existem incentivos por parte dos governos locais. Fica difícil mudar uma cultura que vem, muitas vezes, de gerações de famílias que cultivam tabaco. É um trabalho que ocorre não só no Brasil, mas no mundo todo e a OMS pegou isso como uma bandeira importante no contexto todo do controle do tabaco”, disse o médico.

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Além de causar dependência, o fumo provoca quatro vezes mais doenças coronarianas, acidente vascular cerebral (AVC); 12 vezes mais doenças de pulmão; no caso das mulheres, de 12 a 13 vezes mais câncer de pulmão; no caso do homem, mais 23 vezes câncer de pulmão. “A gente está cansado de saber o mal que o hábito de fumar traz para o organismo humano. Fora isso, a ideia este ano é chamar a atenção para o mal que faz para a natureza e a sociedade como um todo, a poluição que causa”. Na parte do cultivo, Maltoni destacou que o foco são os alimentos. “Vamos plantar coisas saudáveis, em vez de tabaco”, propôs.

A tarefa, entretanto, não é coisa simples. É um trabalho árduo, porque significa mudar uma cultura e hábitos de tantos anos, mas é preciso chamar a atenção para a necessidade de reversão desse quadro, assegurou o diretor executivo da Fundação do Câncer. “O que se arrecada em impostos com a indústria do tabaco é muito aquém dos gastos com a saúde, com tratamento e com as doenças decorrentes da utilização do tabaco. É preciso sensibilizar as pessoas para fazer mudança; mobilizar a sociedade, os governantes e os tomadores de decisão para que ajudem em mudanças de legislação, na questão dos subsídios legais, para que a gente possa ver isso acontecer de fato”.

Atividades

Este ano, a Fundação do Câncer realiza algumas atividades no Dia Mundial sem Tabaco. Presencialmente, em vários pontos da cidade, como na Ecoponte, na Ponte Rio-Niterói, e em Magé, na EcoRodovia, serão feitas abordagens a motoristas. Placas de led transmitirão informações sobre a questão do cigarro, o controle do tabaco, a necessidade de se parar de fumar. A entidade está distribuindo também um cartão que remete direto a um manual para as pessoas pararem de fumar.

Palestras estão sendo feitas em empresas que demandam a fundação para falar tanto dos malefícios do cigarro convencional como do cigarro eletrônico para a natureza. “Porque essa chamada da OMS tem a questão do meio ambiente”. Maltoni explicou que o plantio do tabaco é muito ruim para o meio ambiente porque, além de exaurir a terra, polui a água da região onde tem plantio e contamina o meio ambiente. “É tudo de ruim; é o que a gente não quer. Se a gente for extrapolar o que o próprio cigarro convencional produz de lixo na sociedade, nos países, é um absurdo globalmente. São toneladas de lixo tóxico, com substâncias tóxicas, jogadas nos mais diversos lugares: praia, oceano, rio. É um volume gigantesco não só de material não reciclável, mas porque tem um volume grande de substâncias tóxicas”, alertou.

Conscientização

Relatório da OMS divulgado em 2022 e intitulado Tobacco: poisoning our planet? (Tabaco: envenenando nosso planeta?, em tradução livre), aponta a produção de tabaco como uma das principais causas de desmatamento, uso excessivo de água e poluição do ar e do solo em diversas regiões do mundo. Em entrevista à Agência Brasil, o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e do Instituto Oncoclínicas, reforçou que o tabagismo provoca grande impacto ambiental. O cultivo do tabaco gera degradação do solo; a produção química do cigarro gera poluição do solo e da água.

“E a gente tem subprodutos do cigarro. Os filtros do cigarro, por exemplo, são altamente poluentes porque, na verdade, são compostos por diversas substâncias químicas. O impacto ambiental do tabaco, em termos de danificar o ambiente, poluir, contaminar solo e água, é muito grande”. Lembrou também que as guimbas dos cigarros e os próprios pacotes do produto sujam as ruas, provocando poluição ambiental como um todo. “Provavelmente, o impacto para o meio ambiente e a humanidade é muito maior do que, até então, a gente levava em consideração”.

Além da dependência que a nicotina e o tabaco criam, os males para a saúde são imensos, assegurou Ferreira. Além de doenças cardiovasculares, citou doenças pulmonares inflamatórias, como enfisema e bronquite e, sobretudo, vários tipos de câncer, desde câncer de pulmão, até câncer de garganta, boca, pâncreas, entre outros, cuja causa está diretamente relacionada com a exposição ao tabaco. “É um grande impacto para a população em geral, para a economia global, pelas doenças que são causadas. E, quando você analisa de forma mais ampla e pensa na contaminação que acontece em termos de meio ambiente, de produtos químicos que, muitas vezes, não podem ser eliminados, fica difícil quantificar o custo de tudo isso para a humanidade.

Segundo Carlos Gil Ferreira, uma das maneiras de combater o tabagismo é através da divulgação e da conscientização. Iniciativas como a campanha da OMS, que muitos governos assumiram, tem impactos na conscientização e, especialmente hoje, na conscientização dos jovens. “Porque a nossa grande preocupação hoje, como médicos, é com o tabagismo na população jovem que, apesar das campanhas antitabagismo, vem crescendo muito, principalmente pelo uso do cigarro eletrônico”.

Esse tipo de cigarro abre as portas do tabagismo mais cedo, com malefícios ainda mais difíceis de serem medido a longo prazo. Os jovens têm começado a fumar cada vez mais cedo e, muitas vezes, começam através do cigarro eletrônico, até pelo mito de que esse tipo de cigarro traria menos malefícios do que o cigarro convencional. É provável também, segundo os especialistas, que devido à socialização e pelos dispositivos eletrônicos, esse tipo de cigarro cai muito mais no gosto da população adolescente e adulto jovem. “E do cigarro eletrônico para o cigarro convencional é um caminho mais rápido do que a gente pensa”, explicou o oncologista.

Mulheres

A diretora-geral do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), Aurora Issa, chamou a atenção para o fato de o tabagismo ter uma associação grande com as doenças cardiovasculares em mulheres. A cardiologista lamentou que apesar de haver uma conscientização grande atualmente para outras patologias, como câncer de mama, “não se vê tantas campanhas sobre doenças cardiovasculares como principal causa de morte em mulheres. As mulheres também devem se preocupar com as doenças cardiovasculares”, ressaltou, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com dados da OMS de 2020, as doenças cardiovasculares são responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano. As mulheres têm 50% mais probabilidades de sofrerem infarto do que homens, diz a OMS. As mulheres que fumam, percentualmente, acabam tendo mais doenças cardíacas do que os representantes do sexo masculino. Aurora Issa indicou que no próprio sistema de saúde como um todo, a doença cardiovascular não é vista como tendo acometimento grande nas mulheres.

“A gente vê uma associação grande do tabagismo trazendo uma doença cardiovascular como um evento maior associado, como infarto, angina”. Muitas mulheres precisam ser encaminhadas para procedimentos cardiológicos de alta complexidade, como angioplastia, cirurgia cardíaca. O importante é conscientizar as mulheres em relação aos fatores de risco, na medida em que as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de mortalidade. “Nesse contexto, o tabagismo é muito importante”. A diretora-geral do INC destacou que enquanto nos homens o tabagismo está mais associado ao prazer de fumar, nas mulheres há outras associações mais fortes, como controle de estresse ou de humor e controle de peso, apontam estudos.

O objetivo de Aurora Issa é conscientizar as mulheres de que existem outras formas de ajudar a parar de fumar, mostrando que a consequência são doenças cardiovasculares que podem levar à morte. Lembrou que existem tratamentos comportamentais, como psicoterapia, mudança de hábitos de vida e, inclusive, intervenções medicamentosas que podem motivar e ajudar as mulheres a pararem de fumar.

Recuperação

O pneumologista da Fundação São Francisco Xavier, Marcos de Abreu, explica que um dos principais males associados ao tabagismo é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada pela presença de enfisema pulmonar e bronquite crônica. Entre os sintomas, estão falta de ar, tosse e chiado no peito. Além da DPOC, mais de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. A nicotina aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, danifica os vasos sanguíneos e promove a formação de coágulos. Esses efeitos combinados podem resultar em obstruções das artérias e eventos cardiovasculares graves.

Marcos Abreu assegura, porém, que sempre é tempo para largar o vício e que os resultados positivos no corpo podem ser vistos com rapidez, mesmo em pacientes que fumam há longo tempo. Ao parar de fumar, a função pulmonar do paciente melhora, diminui a progressão de danos aos pulmões e o risco de desenvolver doenças respiratórias e câncer cai de forma gradativa. Para o médico, o Dia Mundial sem Tabaco visa alertar a população sobre os males à saúde do tabagista e promover a conscientização sobre os benefícios trazidos em largar o hábito de fumar.

Doença causada pela dependência química da nicotina, substância viciante presente no tabaco, o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas anualmente no mundo, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desse total, 7 milhões são fumantes ativos e cerca de 1,2 milhão são pessoas expostas à fumaça do cigarro, os chamados fumantes passivos.

Fumicultores

Procurado pela Agência Brasil, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, assegurou que as afirmações da OMS sobre o impacto do plantio do tabaco na natureza são “levianas, de quem desconhece a realidade do produtor de tabaco no Brasil”. Esclareceu que desde 1980, quando foi celebrado convênio com o então Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), a cadeia produtiva do tabaco se comprometeu a não utilizar floresta nativa para a cura do tabaco. “O compromisso está sendo cumprido. O produtor, desde então, ciente e consciente da necessidade de preservação da mata nativa, utiliza tão-somente floresta energética na secagem de seu produto”.

Do mesmo modo, qualificou de inverídica a afirmação de que o tabaco está envenenando o planeta. “Na cultura, são utilizados defensivos com somente 1,01 kg de ingrediente ativo por hectare, enquanto outras culturas, inclusive alimentícias, chegam a usar até 46,87 kg de ingrediente ativo por hectare”. Werner entende que o tema é polêmico. Afirmou, porém, que o produtor de tabaco precisa dessa atividade para garantir a sustentabilidade de sua propriedade, o conforto de sua família, o estudo dos filhos e a sua sucessão familiar.

Benefícios

Entre os benefícios do plantio de tabaco, o presidente da Afubra citou que na safra 2021/2022, a propriedade fumicultora alcançou receita bruta de R$ 18,5 bilhões. A participação do tabaco foi de R$ 9,5 bilhões; a produção animal, de R$ 5,5 bilhões; e a vegetal, de R$ 3,4 bilhões. “Assim, podemos afirmar que o produtor de tabaco é o que mais diversifica sua produção e apresenta a melhor distribuição de renda nas pequenas propriedades”.

Em 2022, o setor gerou tributos no montante de R$ 14,8 bilhões para os governos municipais, estaduais e federal. “Não fosse o mercado ilegal de cigarros, esse valor seria bem superior, próximo ao dobro, somente no Brasil”, estimou. Completou que o produtor de tabaco, além de gerar empregos na produção, também aumentar mão de obra nas indústrias de insumos agrícolas, nas empresas que produzem máquinas e equipamentos, no transporte, no comércio dos municípios onde é produzido. Mencionou, ainda, os empregos gerados nas próprias indústrias de processamento e de fabricação e distribuição de cigarros. “A cadeia produtiva do tabaco gera tributos aos governos, renda e empregos para muitas outras atividades”.

Para garantir o desenvolvimento sustentável e proteção ao meio ambiente, Benício Werner destacou que a cadeia produtiva do tabaco já faz inúmeras ações nesse sentido. “É pioneira em várias atividades”. Entre elas, apontou o recolhimento das embalagens vazias de defensivos agrícolas, não somente dos aplicados na cultura do tabaco, mas também dos utilizados em outras culturas; realização de campanhas de preservação de florestas e de fontes de água, entre as quais o Conheça o Verde é Vida.

Citou também a promoção de programas voltados à sustentabilidade e à sucessão nas propriedades, ao combate do trabalho infantil e ao incentivo à frequência de crianças e jovens nas  escolas. Um exemplo dessas ações é o Instituto Crescer Legal, citou. Em benefício da saúde, o presidente mencionou que a Afubra orienta sobre cuidados para garantir a saúde e segurança dos produtores e trabalhadores. As ações são realizadas através do Sistema Integrado de Produção.

No início da tarde desta quinta-feira (11), no Instagram, Selton Mello comemorou com os seguidores o primeiro ano sem fumar. O astro da dramaturgia brasileira fez uma breve reflexão sobre o uso do cigarro. "Foram 25 anos fumando. Fumando muito. Não troquei pro vape, não usei adesivo. Eu decidi que aquela relação tóxica havia chegado ao fim", iniciou o ator.

"Se você tem vontade, eu afirmo: é possível. O início foi bem difícil, mas não é impossível. Sabe o que me ajudou muito? A percepção que aquilo fede muito", completou.

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Selton finalizou o relato dizendo que foi importante decidir abandonar o fumo: "Não digo que sou ex-fumante. Estou sem fumar há um ano. E me sinto bem melhor. Tomara que eu influencie alguém com esse depoimento. Acredite: é possível". Reunindo mensagens dos fãs, ele também recebeu o carinho de famosos como Marcos Mion, Wanessa Camargo, Marjorie Estiano e Alexandre Nero.

Confira o desabafo:

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Pessoas que param de fumar antes dos 35 anos apresentam índice de mortalidade similar à taxa de óbito de pessoas que nunca fumaram depois de um determinado período de tempo longe do cigarro. A constatação é de um dos maiores estudos já feitos sobre o tema, publicado na semana passada na Journal of the American Medical Association (Jama).

Aqueles que param de fumar mais velhos também têm benefícios consideráveis, segundo o trabalho, mas sua taxa de mortalidade é mais alta do que a dos que pararam antes dos 35. Fumantes que deixam o fumo entre 35 e 44 anos, por exemplo, têm uma taxa de mortalidade geral 21% maior do que os que nunca fumaram. Já os que largaram o tabaco entre os 45 e os 54 anos, têm uma taxa de mortalidade 47% maior do que a dos que nunca fumaram.

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"Entre homens e mulheres de diferentes grupos étnicos e raciais, os fumantes têm uma taxa de mortalidade geral duas vezes mais alta do que a dos que nunca fumaram", sustenta o estudo. "Parar de fumar, sobretudo na juventude, é associado a substanciais reduções no excesso de mortalidade associado ao fumo."

Este é o terceiro grande estudo a apontar que a idade ideal para parar de fumar é até os 35 anos. Sobretudo para os que começaram a fumar bem jovens - mas, claro, o melhor é nem começar. O novo trabalho foi feito por pesquisadores da Sociedade Americana do Câncer, Universidade de Oxford e Universidade Nacional da Malásia.

IDEAL. "Há muito tempo sabemos que o quanto antes a pessoa parar de fumar, melhor", escreveu John P. Pierce, professor do Departamento de Medicina da Família e Saúde Pública da Universidade da Califórnia, San Diego (EUA), em comentário técnico sobre o trabalho. "Porém, agora é possível ser mais específico a respeito da idade ideal para parar."

A análise incluiu o levantamento de dados de mais de 550 mil adultos que responderam a questionários entre janeiro de 1997 e dezembro de 2018 e tinham entre 25 e 84 anos no momento do trabalho. Entre os entrevistados, estavam fumantes e pessoas que nunca fumaram (definidas como aquelas que fumaram menos de cem cigarros ao longo da vida).

De acordo com o Índice Nacional de Mortes, cerca de 75 mil pessoas que participaram do estudo já tinham morrido no fim de 2019. Comparados aos que nunca fumaram, os fumantes apresentaram uma taxa de mortalidade geral significativamente mais alta, além de taxas de morte igualmente mais elevadas por câncer, doenças cardíacas e problemas pulmonares.

Pierce acredita que ter uma idade limite para parar de fumar pode ser potencialmente motivador para jovens tentando abandonar o vício. "Sem uma meta estabelecida, é tentador para fumantes abandonar uma tentativa de parar com a desculpa de ‘não preciso fazer isso agora’", aponta Pierce. "O estudo oferece dados para que uma meta seja estabelecida." O fato é que quanto antes um indivíduo parar, menor o risco de morte prematura.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O dia 31 de maio é o Dia Internacional de Combate ao Fumo, instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e visa colocar em pauta os prejuízos do cigarro, que são inúmeros e afetam de modo constante os fumantes e os quem vivem a sua volta. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), morrem, por dia, 443 pessoas por tabagismo no Brasil. Esse número alarmante reforça a necessidade urgente do combate ao fumo.

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A pneumologista Fátima Amine diz que, antes de tudo, é necessário entender que todas as formas de consumir o tabaco são prejudiciais, inclusive o narguilé e o cigarro eletrônico. “Segundo a OMS, uma sessão de narguilé dura em média de 20 a 80 minutos, o que corresponde a uma exposição a todos os componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 cigarros”, explica a médica.

O Inca afirma que os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) são tão prejudiciais quanto os cigarros convencionais, não são seguros e possuem substâncias tóxicas além da nicotina, o que pode causar doenças respiratórias. Somado ao risco de intoxicação, há também o risco de explosão, podendo causar danos físicos e materiais.

Além disso, Fátima frisa que, ao ser um fumante, todos os sistemas e órgãos do corpo são afetados, e diversas doenças podem ser desenvolvidas, tais como AVC (acidente vascular cerebral), infarto do miocárdio, enfisema, infertilidade, câncer de pulmão, de estômago, entre outras.

A coordenadora executiva Ana Paula Santos parou de fumar há dez anos, e diz que foi em busca da qualidade de vida. “Pedalava, fazia academia, reduzi o consumo de industrializados, me alimentava melhor e então caí na real que não adiantava nada disso, se continuasse fumando e absorvendo inúmeras substâncias químicas, através do cigarro”, conta Ana Paula.

O processo de combate ao cigarro foi complicado, mas Ana Paula afirma que conseguir parar de fumar foi libertador: “Conseguir frequentar qualquer lugar sem me preocupar onde poderei fumar é libertador, assim como aprender a lidar com o nervosismo e a ansiedade. O cigarro foi minha companhia em situações desse tipo durante muitos anos. Ele traz companhia, acalma e depois a gente vê que existe uma vida normal sem ele. É possível”.

Tanto a pneumologista quanto a coordenadora executiva afirmam que parar de fumar é difícil, mas é um caminho viável e necessário. “Seja forte e corajoso. Não vou mentir, pois é sofrido tentar parar. Não sei qual a crença de quem vai ler esse texto, mas nessas horas ter um lado espiritual fortalecido é fundamental para trazer renovo depois de um dia difícil”, aconselha Ana Paula.

A médica Fátima pontua que a luta contra o tabagismo deve ser feita com ajuda profissional, e citou o programa CRATF – Centro de Referência em Abordagem e Tratamento de Fumante -, oferecido pela Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública), para todos os residentes na Região Metropolitana de Belém. O serviço tem como objetivo central preparar os fumantes para largar o fumo, fornecendo atendimento e acompanhamento médico, psicológico, enfermagem, nutricional, assistência social e odontológica.

O centro se encontra na URES – Presidente Vargas, número 513, e pode ser contatado pelo telefone (91)3242-5645.

Por Roberta Cartagenes e Haroldo Pimentel.

O Dia Mundial sem Tabaco, comemorado hoje (31), foi instituído em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre os danos que o tabagismo pode causar na saúde. Até então, existiam diversos comerciais em todas as mídias que exaltavam o ato de fumar mas, a partir do final dos anos 1980,  essas peças publicitárias foram proibidas e as embalagens de cigarros começaram  a estampar alertas sobre as consequências do fumo.

O tabagismo pode ser responsável por diversos danos respiratórios e mudanças no olfato, paladar, queda do rendimento do fôlego e secreção matinal. Segundo o pneumologista João Carlos de Jesus, o fumante não costuma associar essas causas ao cigarro e até se acostuma com elas. A médio prazo, o indivíduo desenvolve algum grau de enfisema pulmonar e bronquite crônica que impacta na respiração e no rendimento de atividades físicas. “Com o tempo, as consequências também surgem nas atividades básicas do dia a dia e passam a necessitar do uso de oxigênio. Por último, a longo prazo, é aumentado o risco de câncer de pulmão”, alerta.

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Além do baixo rendimento em atividades físicas, o fumante também pode ter consequências negativas na vida sexual. “Além disso, envelhecem mais rapidamente, ficam com os dentes amarelados, cabelos opacos, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo”, explica o oncologista Rafael De Cicco.

De acordo com Cicco, vários tipos de câncer possuem ligação direta com o cigarro, como os tumores de pulmão, boca, laringe, garganta, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e leucemias. “Quem fuma tem risco seis vezes maior de desenvolver um câncer de boca ou garganta, por exemplo. Por isso é importante parar de fumar e com isso diminuir esses riscos de desenvolver essas doenças tão sérias”, recomenda o oncologista.

O fumo também pode causar danos à visão. “Além da irritação dos olhos, a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma doença degenerativa da retina que tem o cigarro como um dos seus principais vilões”, comenta o oftalmologista, Daniel Kamlot. 

O coração é outro órgão afetado pelo tabagismo. A cardiologista Alessandra Gazola detalha que além dos vasos sanguíneos ficarem irritados e gerar uma lesão inflamatória, eles também ficam mais rígidos, o que pode causar uma hipertensão arterial, responsável pelo aumento de pressão. “Dentre outras complicações, o paciente pode desenvolver angina, infarto agudo do miocárdio, aneurisma e trombose”, descreve.  

As gestantes fumantes possuem riscos maiores na gravidez, como casos de  descolamento de placenta e hemorragias uterinas. “Além de afetar o desenvolvimento do bebê, aborto espontâneo, partos prematuros, morte perinatal e síndrome da morte súbita, em lactantes. Os filhos de fumantes também podem apresentar quadros de doenças respiratórias na infância e ao longo da vida adulta”, destaca a ginecologista e obstetra Anne Caroline Andrade. 

A pediatra Paula Sellan lembra que crianças expostas ao fumo possuem maiores chances de desenvolver bronquiolite de forma mais grave. “Até mães que não fumam, mas que são expostas ao tabagismo passivo podem ter filhos com maior incidência de problemas respiratórios na infância. Essas crianças também têm maior risco de morte súbita nos primeiros meses de vida”, explica.

De acordo com a psicóloga Elisangela Paes Leme existem vários gatilhos que podem dar início ao ato do fumo. “Na adolescência, pode ser uma maneira de ser aceito num grupo; a ideia de que fazer algo proibido para criança pode levá-lo a ser reconhecido como ‘adulto ou descolado. O problema é que a pessoa fica viciada. Ou seja, não é um recurso saudável para resolver os problemas”, complementa. 

Elisangela afirma que parar de fumar, exige muita determinação e vontade de enfrentar o vício. O tabagista precisa buscar por um médico psiquiatra para ajudar com medicamentos na compulsão e um psicólogo para desenvolver a resiliência emocional e identificar as causas psíquicas que desencadearam a compulsão. “Quando a dependência química e emocional não é tratada e o fumante só tem o vício como recurso para se acalmar, qualquer problema da vida pode desequilibrar. A vida é um misto entre ganhar e perder. Por isso, aprender a lidar com os sentimentos e superar as frustrações torna-se fundamental”, sugere.

Com o objetivo de proteger a saúde pública e o meio ambiente, a Câmara Municipal de Milão, na Itália, aprovou o novo "Regulamento para a Qualidade do Ar", que vai proibir a partir de janeiro o fumo ao ar livre em alguns pontos da cidade.

Em uma reunião realizada por videoconferência, as novas restrições foram aprovadas com 25 votos a favor, oito contra, quatro abstenções e dois ausentes.

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Em nota, o Palazzo Marino, sede da prefeitura de Milão, explicou que definiu as "prioridades" e os "prazos" das ações destinadas para "melhorar a qualidade do ar" e o "meio ambiente" da cidade italiana.

Uma das mais importantes diretrizes diz respeito aos cigarros. A partir do dia 1º de janeiro de 2021, a capital da Lombardia proibirá o fumo em estruturas esportivas, cemitérios, parques, pontos de ônibus e estações de trem, inclusive ao ar livre.

Os moradores de Milão só poderão fumar em suas próprias residências ou em áreas isoladas. Entretanto, a partir de 2025, a proibição será alargada para todas as áreas públicas externas.

Desta forma, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, cumpre uma promessa que havia feito em janeiro deste ano, de aplicar restrições mais severas até chegar a proibição total do fumo ao ar livre até 2030.

Da Ansa

O câncer de pulmão tem grande relação com o tabagismo, que é responsável por cerca de 157 mil mortes todo ano no Brasil. Atualmente, o câncer de pulmão é o que mais mata no mundo, aumentando a preocupação dos médicos com a conscientização para o Dia Nacional do Combate ao Fumo.

Segundo o oncologista Sandro Cavallero, 90% dos casos de câncer de pulmão são causados pelo tabagismo, e o risco de um fumante desenvolver a doença pode ser 150 vezes maior do que um não fumante. “A probabilidade de desenvolver o câncer por um cigarro é diretamente proporcional à quantidade de cigarros que a pessoa fuma por dia, assim como o tempo pelo qual ela já está fumando”, explicou.

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Além disso, o tabagismo é responsável por um número muito elevado de mortes no Brasil. De acordo com o oncologista, embora o mundo esteja passando por uma pandemia, todas as doenças merecem destaque. “Nesta pandemia já morreram mais de 100 mil pessoas. O tabagismo mata o equivalente a uma pandemia todos os anos na nossa vida. É uma pandemia ocorrendo todos os anos no Brasil e no mundo”, alertou Sandro.

O especialista explica que, embora existam muitas medidas no mundo e no Brasil proibindo propagandas e colocando anúncios nas carteiras de cigarros, e isso tenha diminuído a incidência da mortalidade do câncer de pulmão, os números ainda são altos. “Um único produto ser responsável por uma pandemia todos os anos, é simplesmente inadmissível a permissão do livre comércio dessa mesma substância”, afirmou.

De acordo com Sandro, na fumaça do cigarro existem aproximadamente quatro mil substâncias, e dessas, pelo menos 60 podem causar câncer. Além do câncer de pulmão, o tabagismo também está relacionado com outros tipos, como o câncer de cavidade oral, faringe, pâncreas, fígado, rim, colo de útero, e até mesmo leucemias. “Existem estudos que dizem que 30% das mortes ocasionadas por câncer são causadas pelo tabagismo. Ou seja, se não existisse tabagismo, 30% de mortes seriam evitadas todos os anos”, ressaltou.

Há também dúvidas sobre o fumante passivo, aquela pessoa não fuma mas convive com um fumante, ser mais afetado pela fumaça do cigarro do que o fumante. O oncologista explica que o fumante passivo tem risco de 15% a 20% de adquirir câncer, mas está longe de ser igual ao fumante ativo. “Essa crença que fumante passivo acaba sendo pior que o fumante ativo é completamente errônea.”

Com o abandono do tabagismo, há um aumento de preocupação para que o paciente não tenha uma recaída. Sandro exemplifica algumas medidas necessárias para a diminuição da possibilidade de o paciente voltar a fumar: evitar contato com fumantes, ter uma excelente alimentação, rica em frutas e verduras, tomar bastante água, praticar atividade física, para que melhore a capacidade respiratória, e ficar em lugares arejados. “Todas essas medidas ajudam tanto a diminuir o risco da recidiva quanto o pulmão se reestabelecer de uma maneira mais eficaz”, finalizou.

Por Quezia Dias.

O ponto final teve dia: 15 de maio foi quando Josélia Leite, de 51, e o filho Lucas Sousa, de 21, resolveram abandonar juntos o tormento do cigarro. Outro roteiro em comum na história desses brasilienses é que iniciaram o vício muito jovens. Ela, com 20. Ele, com 16. "Parei principalmente para que o Lucas não seguisse com esse vício. Não queria ser esse exemplo pra ele." Cada dia, desde aquela data, é uma luta para que o ponto final não se transforme em vírgula. Eles se conscientizaram porque tiveram informações que os efeitos do tabagismo, além de outros prejuízos à saúde, poderiam representar fatores de risco durante a pandemia do novo coronavírus.

Neste sábado (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, eles completam três meses e 14 dias de força de vontade e de certeza da decisão. "Às vezes, eu sinto muita falta. Mas me sinto bem melhor, e muito feliz porque o Lucas também parou", diz a servidora pública que chegou a fazer tratamento para parar de fumar pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. "Ainda bem que conseguimos parar. Naquele dia, acabaram os cigarros e, no dia seguinte, não tocamos mais em uma carteira. Antes, a sensação era de fadiga constante", lembra o rapaz. A história deles, de repetição de comportamento em relação ao vício, é considerada comum entre os especialistas, cada vez mais preocupados com a fragilidade dos adolescentes diante das ofertas de cigarro tradicional, e de outros produtos como os com sabor, eletrônico e o narguilé.

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A psicóloga Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), chama a atenção para o fato de que os mais jovens acabam sendo seduzidos por propagandas frequentes e estratégias do mercado. "Os jovens ficam com ideia de que esses produtos alternativos fazem menos mal à saúde e que poderiam ajudar a parar de fumar. E isso não é verdade. Devemos ficar atentos às novas artimanhas das empresas tabagistas para conquistas de novos públicos."

A especialista reitera que a nicotina provoca dependência química que faz com que o usuário do tabaco se exponha também à covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. "Ser fumante causa prejuízo a qualquer momento. Mas agora ainda mais. As pessoas levam a mão à boca, por exemplo. Uma vez fumante, a pessoa tem o risco aumentado de desenvolver a forma mais grave da doença pela fragilidade respiratória que o hábito de fumar provoca".

O momento da pandemia fez como que as pessoas diminuíssem o acesso aos serviços de saúde, em função do momento. "Estamos estimulando que haja mais unidades de saúde pública dispostas a fornecer serviços de apoio aos fumantes. Pelo diagnóstico que fizemos, alguns estados têm fornecido serviços virtuais, individuais e também ao ar livre. Estamos nos reinventando para atender mais". A especialista entende que o país é um dos líderes no combate à doença, mas a venda dos produtos em redes sociais, por exemplo, é um inimigo. "Conseguimos avançar bastante e o Brasil é um modelo por ter uma política de controle desde a década de 1980. Tínhamos uma taxa de prevalência (no uso do cigarro) em torno de 34%. Na última pesquisa, temos 9,8% dessa prevalência."

O pesquisador André Szklo, também do Inca, ressalta que há uma tendência de crescimento de consumo de jovens nas últimas pesquisas e que é necessário fiscalizar as ações da indústria do tabaco e da aplicação da leis de combate. Ele recorda a importância de uma resolução da Anvisa que proíbe a exposição de cigarros ao lado de doces. "É um conjunto de causas que leva os mais jovens a experimentar o produto. Uma pesquisa que realizei mostra que nove em cada 10 adolescentes que tentam comprar o produto conseguem fazer isso no mercado. É uma porta aberta para eles avançarem na dependência". No Brasil, é proibido a venda de cigarros a menores de 18 anos.

Outra observação do pesquisador é que tem crescido a compra de cigarros eletrônicos. No Brasil, é proibido, mas vendido de forma clandestina, "Faz tão mal quanto o cigarro convencional. O narguilé, que é legalizado, é muito usado entre os jovens e com capacidade alta de gerar dependência."

André Szklo entende que os pesquisadores estão atentos ainda ao histórico das relações da covid-19, com jovens e o uso do cigarro. "A situação do isolamento social, estresse e o contato com adultos fumantes expõem o jovem. Em breve, teremos dados a respeito disso no Brasil em trabalho desenvolvido pela Fiocruz". Para ele, é necessário que haja uma conscientização deste público sobre os efeitos em um grupo com menos temor, incluindo prejuízos como mau hálito, diminuição de fôlego e impactos a questões estéticas e saúde sexual. Um artigo recente publicado no Journal of Adolescent Health, neste ano, avalia que o uso do cigarro eleva a possibilidade que adolescentes desenvolvam formas graves da covid-19.

Aos 25 anos, José Ricardo Oliveira havia deixado de fumar, mas a pandemia fez com que ele retomasse o vício , mantido desde os 19. Era um habitual usuário de narguilé. "Infelizmente, não consegui manter a distância da carteira de cigarro. Acho que foi o estresse do momento."

Além do estresse, a psicóloga Juliana Gebrim entende que as pressões sociais recrutam novos fumantes com tantos apelos da indústria. "Jovens passam por fase de identificação social e sensação de pertencimento. Muitas vezes, drogas lícitas e ilícitas são oferecidas para essas pessoas que estão mais vulneráveis e precisam de aceitação maior no meio em que vivem".

Por outro lado, para Andréa Oliveira, a luta foi árdua. Três anos de terapia, apoio da família e amigos, e a "certeza do que queria" fizeram com que ela, hoje com 42 anos, deixasse o vício no cigarro definitivamente em 2018. A comerciante, por causa da pandemia, tem ficado mais tempo no apartamento em que vive, na cidade de Valparaíso de Goiás (GO). "Visitar" a janela do apartamento não a desperta para o que era um hábito adquirido desde os 17 anos, acompanhada do maço de cigarros, o isqueiro e o cinzeiro.

"A janela não é mais um problema. Mas tenho consciência de que preciso ficar vigilante. A ansiedade desses dias me deixa abalada. Acho que vou precisar procurar ajuda de novo." O período de pandemia deve gerar atenção especial tanto para quem já deixou como para quem busca abandonar o tabagismo, segundo especialistas.

A neuropsicóloga Juliana Gebrim entende que momentos como esse podem prejudicar a saúde mental. "É preciso atenção porque a pandemia pode ser, sim, um desvio no caminho de pessoas que estavam pensando em largar o cigarro. A pandemia pode exacerbar questões de transtornos de ansiedade e também o desenvolvimento de doenças como a depressão. O isolamento provoca muito a exposição de algumas emoções que são conectadas pelo uso do cigarro", explica. A especialista detecta que as situações de tristeza e de insegurança poderiam fazer com que a pessoa volte a fumar.

Mesmo dentro de casa não é possível, no entender dela, que a circunstância de isolamento desencoraje para a prática do vício, em vista de que o ato está relacionado à impulsividade ativada por "gatilhos", que são as situações ou eventos que desencadeiam a vontade de fumar. Por isso, segundo a especialista, é necessário que as pessoas trabalhem as emoções. "Somente em um processo de muita autoconsciência a respeito do prejuízo para outras pessoas faria com que o fato de estar em casa, por si só, faça com que alguém evite o cigarro".

São considerados raros os casos em que as pessoas conseguem se livrar do vício sozinhas. "Mas mesmo assim temos que ficar atentos para os episódios em que as pessoas trocam uma compulsão por outra, que também poderá acarretar diferentes prejuízos."

Os tratamentos para os vícios no cigarro podem ser lentos e requerem paciência para as pessoas e o cuidado permanente com recaídas. "A psicoterapia, a psicologia e outros campos da saúde podem ajudar muito as pessoas que têm o vício. Fazemos primeiramente terapia de redução de danos e encontramos caminhos para circundar o alvo para encontrar a cura definitiva", afirma a profissional. 

Nem todo o consumo de cigarro ocorre de forma legalizada e essa é uma preocupação dos pesquisadores no tema. Os jovens ficam também à vontade para comprar onde não há avisos de proibição. Cigarros clandestinos são vendidos principalmente em periferias brasileiras por preços ainda mais em conta. Para colaborar com políticas públicas, uma parceria entre o Instituto Nacional de Câncer e a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) tem identificado há dois anos o uso de marcas ilícitas no Brasil por intermédio do lixo coletado. Os parâmetros usados para a classificação foram identificação de registro da marca na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e advertências sanitárias frontal, posterior e lateral na embalagem em acordo com a legislação nacional.

Ao todo, 11 profissionais da companhia de limpeza (entre garis de gravimetria e pesquisadores) atuam por parte da empresa com um centro de pesquisas aplicadas. “Com a parceria com o Inca, descobrimos que esses cigarros eram consumidos em áreas mais carentes”, diz a microbiologista Bianca Quintaes, da Comlurb.

A pesquisadora Alessandra Machado, do Inca, afirma que se trata de uma pesquisa inédita no Brasil de rastreio em prol da saúde de áreas mais necessitadas. “Estimamos agora não apenas pelo que o fumante diz, mas pelo que o lixo mostra. Nessa amostra, percebemos que mais de 90% dos produtos ilegais é de uma marca paraguaia. Não sabemos sobre o conteúdo do produto que entra ilegalmente no país. Entendemos que colaboramos para que áreas mais carentes, como a zona norte, dá pistas do que poderia ser implementado. Fatores socioeconômicos interferem no consumo e faz mais vítimas.” A iniciativa mostra que todas as pistas podem ser importantes para uma luta que faz mais do que fumaça aos mais jovens.

 

Fechamento de discotecas, restrições ao fumo nas ruas, um alerta para os jovens: a Espanha multiplicou, nesta sexta-feira (14), as medidas para tentar conter o aumento alarmante de infecções pelo coronavírus.

Diante do agravamento dos casos - 3.000 novas infecções em 24 horas registradas tanto na quinta quanto na sexta-feira - o ministro da Saúde, Salvador Illa, apresentou uma série de medidas acordadas com as regiões do país, competentes em matéria de saúde.

Como o contágio aumentou em julho, cada região tomou medidas, como confinamentos seletivos ou obrigatoriedade de uso de máscara em ambientes externos, algo já em vigor em toda a Espanha, mas agora as decisões são de responsabilidade de todo o país em conjunto.

Com centenas de surtos, a Espanha, que lidera na Europa Ocidental em número de infectados com quase 343 mil, atingiu uma média de 111 casos por 100 mil habitantes nos últimos quatorze dias, frente a 33,6 na França e 17 no Reino Unido.

Diante dessa situação, boates e demais casas noturnas serão fechadas, enquanto restaurantes e bares fecharão às 1h00, segundo o ministro Illa, sem especificar quando o pacote de medidas entrará em vigor.

Não será permitido fumar nas ruas, a menos que se consiga manter uma distância de segurança de dois metros, decisão já em vigor na Galiza e nas Ilhas Canárias.

- Sejam "disciplinados" -

Destacando a proibição dos chamados “botellones”, encontros de jovens para beber álcool ao ar livre, Illa fez um apelo específico a eles para que sejam “disciplinados”.

“Não podemos deixar de cumprir as medidas que decretamos juntos”, disse Illa. Várias regiões lançaram campanhas de conscientização juvenil, algumas usando imagens nítidas de pessoas em unidades de terapia intensiva (UTI) ou mortas.

Em lares de idosos, que foram duramente atingidos por milhares de mortes durante a primeira onda, as visitas serão limitadas e os novos residentes terão que passar por um teste de COVID-19 para admissão.

As regiões poderão realizar campanhas de testes nos grupos populacionais de risco e nos bairros e aglomerações particularmente afetados pela epidemia.

- "É excessivo" -

Denunciando "falta de coordenação" com os hoteleiros por parte do governo, a Indústria Hoteleira da Espanha solicitou "medidas compensatórias" para "um setor que representa 6,2% do PIB (do país) que emprega 1,7 milhão de pessoas" e já seriamente atingido pela pandemia.

“É possível se contaminar tanto à uma da tarde como à meia-noite. O que estão fazendo é cortar o benefício das empresas que precisam sair da crise. Em minha opinião, não é uma boa decisão", indicou à AFP José Ramón Fernández, de 46 anos, garçom em um restaurante no centro de Madri.

"É excessivo e não há consenso na Europa", disse Julien García, um fumante franco-espanhol de 34 anos. "Na França, dizem que fumar cigarros não transmite COVID-19. É confuso."

O pacote de medidas foi anunciado um dia depois que as universidades de medicina espanholas expressaram a "decepção e indignação" dos profissionais de saúde pela "falta de uma liderança comum na resposta" à pandemia, ao mesmo tempo que pediram uma melhor coordenação entre as regiões e o Estado.

O governo central exerceu um comando único contra a pandemia graças a um estado de emergência entre meados de março e 21 de junho, regime de exceção que permitiu a imposição de um dos mais rígidos confinamentos do mundo aos espanhóis, com o qual foi possível controlar a primeira onda da epidemia.

Quando o estado de emergência terminou, as regiões voltaram a ser autônomas em saúde e o governo do presidente Pedro Sánchez descartou por enquanto outro período de exceção.

As autoridades de saúde destacaram que a situação atual não é semelhante à do pico da primeira onda, quando foram registrados 950 óbitos diários e alguns hospitais entraram em colapso.

Atualmente, afirmam, mais da metade dos novos casos são assintomáticos e o índice de mortalidade diminuiu: após o fim do confinamento, em 21 de junho, foram registradas 294 mortes de um total de 28.617 desde o início da pandemia.

A região espanhola da Galícia proibirá a partir desta quinta-feira o fumo nas ruas ou em terraços de bares se não for possível manter o distanciamento, uma medida inédita contra o novo coronavírus na Espanha, país que sofre uma nova onda de infecções.

A proibição faz parte de um pacote de medidas do governo regional para conter o aumento dos casos de Covid-19, que inclui a realização de mais testes PCR.

No fim de julho, a Sociedade Espanhola de Epidemiologia pediu a proibição do fumo em áreas externas, uma vez que "os fumantes infectados e assintomáticos podem emitir gotículas de saliva contendo o vírus SARS-CoV-2, colocando em risco o restante da população".

A Galícia, que, com 30 casos a cada 100 mil habitantes - frente aos 97 em toda a Espanha -, não está entre as regiões mais afetadas pela doença, já havia implementado outras medidas, que se mantêm, como a proibição de reuniões de mais de 10 pessoas.

Ante os novos surtos, que tornaram a Espanha o país da Europa ocidental com maior número de infectados (cerca de 330 mil), várias regiões, principalmente no nordeste do país, implementaram medidas como confinamentos seletivos e fechamento de locais noturnos. Salvo nas Canárias, o uso de máscara é obrigatório em todo o país.

Nesta quinta-feira (4), Fátima Bernardes bateu um papo com a atriz Juliana Paes. Conversando com a apresentadora do Encontro em videochamada, por causa do novo coronavírus, Juliana revelou ao vivo que deixou de fumar durante a quarentena. Ela também disse que ficou bastante reflexiva ao tomar a decisão.

"Nunca fui uma fumante enlouquecida, porque a gente se preocupa, se cuida. Então nunca fui aquela pessoa que fuma um maço por dia, mas fumava aquele tabaco natural. Me enganando, achando que estava sendo mais saudável. A gente tinha acabado de entrar na quarentena. No dia 20 de março, me atacou uma bronquite, junto com sinusite, junto com tudo", disse.

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Mesmo com a crise respiratória, Juliana disse que estava fumando de nariz entupido. "Pensei: 'o que estou fazendo comigo?", contou. "Eu achei que fosse ser fácil, porque estou em casa. O convívio social convida muito para os vícios. Mas como a ansiedade tomou conta da gente nessa quarentena. Apesar de estar em um lugar privilegiado, morando em uma casa grande, com espaço e natureza em volta, fui tomada de momentos de grande ansiedade", pontuou.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que sete milhões de pessoas morrem anualmente por causa do tabagismo. Destas, 900 mil são vítimas de fumo passivo. Ou seja, quase 13% das vítimas do tabaco não colocam um cigarro na boca. O Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de fumantes, segundo dados do Ministério de Saúde.

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O isolamento social, imposto pela pandemia do novo coronavírus, agrava o problema. O jornalista e cineasta Afonso Gallindo, de 51 anos, é um exemplo. Fumante há 30 anos, ele dobrou a quantidade de cigarros consumidos, chegando a fumar duas carteiras por dia. “Estava iniciando um tratamento para parar de fumar antes de surgir a covid-19, mas tive que parar. Como sou ansioso e hiperativo, esse período em casa superdimensionou minha dependência química e motora ao cigarro”, avalia.

Afonso mora com a mãe, que é idosa e passa a maior parte do tempo deitada, desde que sofreu uma queda e fraturou o fêmur. “Minha preocupação com a saúde dela é ainda maior, porque ela é mais suscetível a problemas como pneumonia e problemas respiratórios”, explica.

Para não incomodar a mãe com o cigarro, ele só fuma na varanda do apartamento ou dentro do próprio quarto, quando tem que trabalhar em home office. “Não tem como proteger ela 100% dos efeitos do cigarro, como o fumo passivo, mas faço o possível para não expô-la tanto à fumaça do cigarro”, afirma.

Parar de fumar é uma das principais recomendações para quem quer ter uma vida mais saudável e reduzir o risco de doenças graves. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos cânceres podem ser evitados se adotarmos hábitos saudáveis. Evitar a obesidade, o sedentarismo e o álcool, ter uma boa alimentação e, especialmente, não fumar são atitudes fundamentais para viver mais e com qualidade”, explica o oncologista clínico Sandro Cavallero, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO). 

Entre os chamados cânceres evitáveis, o de pulmão é o mais comum. Está diretamente relacionado ao consumo de tabaco, que está na origem de 90% dos casos. “As pesquisas já comprovaram que o fumo está relacionado a pelo menos 17 tipos diferentes de câncer. Somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, lembra o médico.

Os fumantes passivos têm praticamente os mesmos riscos de desenvolver câncer. “Para aqueles que são tabagistas ativos, que ainda não conseguiram parar de fumar, mas estão preocupados com sua saúde e a de sua família, é importante saber que, quando fumam, outros também fumarão, mesmo não querendo. Isso significa que todos que estão expostos à fumaça do cigarro se transformam em tabagistas passivos, respiram as mesmas substâncias tóxicas dos derivados do tabaco, que se espalham no ambiente”, lembra o oncologista.

Estudos do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que mais de 150 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no Brasil, caso o uso do tabaco fosse eliminado. Segundo o INCA, até o final de 2020 serão registrados 31.270 novos casos de câncer de traqueia, brônquio e pulmão, em decorrência do tabagismo.

Com apoio da assessoria do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).

 

A relação entre tabagismo e covid-19 é o tema sugerido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e adotado pelo Brasil para comemorar, neste domingo (31), o Dia Mundial Sem Tabaco. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas, anualmente, em todo o mundo. Mais de 7 milhões dessas mortes são decorrentes do uso direto do tabaco e cerca de 1,2 milhão se devem ao fato de os não fumantes serem expostos ao fumo passivo.

A médica Tania Cavalcante, do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Costa (Inca), é mestre em saúde pública e coordena a política nacional de controle do trabalho, por meio da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq), da qual é a secretária executiva. Cento e oitenta e um países integram a Convenção Quadro, além do Brasil.

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Falando à Agência Brasil, a sanitarista explicou que o país decidiu abordar o tema por essa linha da relação com o novo coronavírus porque entende que é preciso avançar mais no controle do tabagismo. “Porque os fumantes têm um risco maior de evoluírem com complicações, demandarem mais UTIs, respiradores mecânicos. Você vai ter uma pressão maior por conta do tabagismo nos sistemas de saúde”.

A secretária executiva da Conicq afirmou que o fumante integra o grupo vulnerável às complicações da covid-19. Estudos mostram que o fumante que contraiu a doença tem um risco duas vezes maior de ser internado em unidades de terapia intensiva (UTIs), de precisar de ventilação mecânica e de ir a óbito do que uma pessoa não fumante infectada.

Uma justificativa para isso é que doenças causadas pelo tabagismo, como câncer, doenças cardiovasculares (infarto, hipertensão), doenças pulmonares (enfizema, bronquite) e diabetes também relacionada ao hábito de fumar, todas aparecem como grupo de risco e de complicações pela covid-19, citou a especialista do Inca.

Coquetel tóxico

Tania Cavalcante ressaltou que a fumaça do tabaco é um”coquetel altamente tóxico”. São quase 7 mil substâncias tóxicas, cancerígenas, que o fumante exala todos os dias, praticamente o dia inteiro, destacou. Isso vai minando o sistema imunológico do fumante. Por isso é que o fumante já tem uma deficiência no sistema imunológico e maior risco de contrair infecções bacterianas, inclusive a tuberculose, e vírus. Esse é outro aspecto que torna o fumante vulnerável, de acordo com a especialista.

A secretária executiva da Conicq lembrou que a covid-19 evolui com uma série de alterações graves, entre as quais hipóxia (ausência de oxigênio no sangue), lesões nas partes internas dos vasos sanguíneos. “Isso gera uma resposta imunológica com uma reação inflamatória gigantesca, chamada tempestade de citocinas, e formação de trombos no organismo generalizada de forma aguda, rápida, que leva o paciente à falência múltipla de órgãos e a óbito”.

Analisando-se o que as substâncias tóxicas causam no corpo do fumante, verifica-se que é a mesma coisa que o vírus provoca, só que a evolução na pessoa que fuma é mais crônica, mais lenta. Então, quando o fumante contrai a infecção, ele já tem todos aqueles problemas que a covid gera. “Ele já entra em desvantagem nesse processo evolutivo grave da covid-19, porque já tem um terreno favorável para isso”, afirmou a sanitarista do Inca.

Citou também que o vírus, para se acoplar na célula, precisa de um receptor conhecido como enzima conversora de angiotensina 2, que aparece normalmente no corpo humano. “O vírus entra através dessa enzima. E quanto mais a gente tiver a expressão na célula dessa enzima, mais vulnerável a gente fica à invasão do vírus”. O que acontece com o fumante é que as substâncias tóxicas do cigarro aumentam a expressão dessa enzima na camada externa da membrana celular dos fumantes. “Aí, o fumante vai ter muito mais porta de entrada para o vírus do que uma pessoa que não fuma, de acordo com descobertas recentes. Isso explica porque o fumante é mais vulnerável à infecção e porque, quando infectado, ele é mais vulnerável às complicações”.

Recuperação

Ao parar de fumar, os receptores tendem a diminuir e a aparecer de forma normal. A hipóxia, que no fumante é causada pelo monóxido de carbono que ele inala na fumaça, em oito horas sem fumar já desaparece. As lesões que o fumante tem na parte interna dos vasos, bem como o processo inflamatório, desaparecem em 24 horas e a tendência de formação de broncos desaparece em duas semanas. Lá na frente, ele vai ter uma diminuição do risco de ter infarto, acidente vascular cerebral (AVC), trombose venosa profunda e tudo que está relacionado com o aumento de trombos na circulação,indicou a médica sanitarista.

“Deixar de fumar é vantajoso no curto prazo, até para as pessoas se protegerem da covid-19. É muito importante que as pessoas saibam disso, saibam desse risco e que, deixando de fumar, diminui muito o risco dessas complicações pela infecção da covid-19”. Pela recuperação dessas alterações, pode-se afirmar que o ex-fumante não está no mesmo risco que o fumante, a não ser que ele já tenha outras doenças, como enfizema. “Aí ele vai estar no risco de se infectar pela covid pelo enfizema. Não por conta do tabagismo. O mesmo ocorre se ele já tem problema de hipertensão ou diabetes, por exemplo”. Tania Cavalcante sustentou que quando a pessoa deixa de fumar, ela tira todo esse processo inflamatório. “E o processo inflamatório que a covid pode ocasionar já não vai ser tão intenso como o de um fumante”.

Medidas

Além de incentivar o fumante a deixar de fumar e buscar tratamento para largar o vício, a Conicq está trabalhando neste momento pela adoção de medidas para reduzir a iniciação de crianças e adolescentes no tabagismo, classificado como doença pela OMS desde a década de 1990. É considerada ainda uma doença pediátrica porque a maior parte das pessoas começa a fumar antes dos 18 anos de idade, ou seja, na adolescência, porque as estratégias de mercado são dirigidas a esse público-alvo, denunciou a mestre em saúde pública.

A inclusão de sabores nos cigarros facilita a fase da experimentação, além de aditivos que aumentam a liberação de nicotina e o poder que causa dependência. De acordo com a secretária executiva da Conicq, quase 20% das crianças e adolescentes brasileiros experimentam cigarros, apesar de ser proibido. Por isso, a Comissão está fazendo um apelo ao Congresso Nacional, no Dia Mundial sem Tabaco, para que os projetos de lei que se encontram em tramitação e que visam acabar com essas práticas, reduzindo a experimentação de crianças e adolescentes, sejam colocados como parte da agenda de enfrentamento da covid-19. ”Porque você vai diminuir o número de fumantes no Brasil, ajudar as pessoas a deixarem de fumar e adotar medidas que impeçam a iniciação do tabagismo entre os jovens”.

Número de fumantes

Tania revelou que atualmente, no Brasil, apesar de ter ocorrido uma queda significativa da proporção de fumantes no país acima de 18 anos de idade, passando de 35% em 1989 para 9,8%, em 2019, o número de fumantes no país atinge cerca de 20 milhões de pessoas. “É um número absurdo de fumantes. É quase sete vezes a população do Uruguai”. Esses fumantes brasileiros estão sob risco de contrair câncer e doenças cardiovasculares, que mais matam no Brasil, e agora também sob risco de serem contaminados e terem complicações da covid-29, congestionando a rede de saúde, as UTIs, reforçou.

Tania Cavalcante insistiu que a ideia é aproveitar o Dia Mundial sem Tabaco para chamar a atenção para o tabagismo, considerado uma pandemia desde 1986, pela Assembleia Mundial de Saúde. “E é uma pandemia que agrava a pandemia da covid-19 porque as pessoas têm a saúde frágil e maior propensão às complicações da doença e por isso, se contraírem o vírus, isso vai aumentar a demanda por atendimento, inclusive UTI e respirador mecânico”, insistiu.

Disse, ainda,que o tabagismo é uma doença altamente evitável. “O que precisa é impedir essas práticas de mercado quer fazem com que crianças e adolescentes experimentem, se tornem dependentes e não consigam mais parar de fumar, como se vê hoje”. O tratamento das doenças causadas pelo tabagismo provoca gastos da ordem de R$ 57 bilhões, contra arrecadação de impostos da ordem de R$ 13 bilhões, informou.

Impacto positivo

Entre os impactos positivos que o ato de deixar de fumar traz ao organismo, Tania Cavalcante destacou o ganho em termos de fôlego que a criatura vai passar a ter. “A pessoa já ganha fôlego, já vai ter, no curto prazo, melhoria do paladar e do olfato”. Também o cheiro da fumaça que penetra no corpo do fumante vai sumir aos poucos. “A família toda vai ganhar por conta do tabagismo passivo e quem não fuma se expõe a essa fumaça que é altamente tóxica e corre o risco de desenvolver câncer de pulmão”. O risco de ter doenças cardiovasculares, infarto, trombose, vai se igualar ao de não fumantes no prazo de um a dois anos após parar de fumar.

O risco de câncer de pulmão também cai à metade em cinco anos. Mesmo quem tem enfizema pulmonar, parando de fumar vai paralisar a evolução da deterioração do pulmão. Não vai evoluir para um quadro extremamente grave, onde a pessoa precisa ficar em oxigêncio e até em UTI. “Todo mundo mundo tem a ganhar, mesmo que já tenha algum dano causado pelo tabaco”.

Sensibilização

O diretor executivo da Fundação do Câncer, oncologista Luiz Augusto Maltoni, salientou a importância da sensibilização dos jovens, “para que eles não se iniciem no tabagismo e estejam atentos à propaganda enganosa do cigarro, em especial a questão do cigarro eletrônico que no Brasil é proibido, embora a gente saiba que existe o comércio ilegal”.

A entidade, em conjunto com outras instituições, como a Associação Médica Brasileira (AMB), vem trabalhando no sentido de alertar a população sobre os malefícios do cigarro e sua relação com a pandemia do novo coronavírus. Nas mídias sociais das entidades, os jovens, principalmente, podem ter acesso a perguntas e respostas e a vídeos que alertam para as consequências negativas do tabagismo no organismo humano, informou Maltoni.

 

O Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, tem o intuito de conscientizar a população sobre a importância de hábitos saudáveis para prevenção da doença e mobilizar os governos para a criação de medidas de controle do câncer. Nesta data, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), alerta para um dos tipos da doença que mais acometem os brasileiros: o câncer de boca.

O câncer da cavidade oral aparece na 12º posição entre os tipos mais frequentes da doença no Brasil, sendo o 5º mais comum considerando apenas homens, que representam mais de 70% dos casos. Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que mais de 14 mil casos sejam registrados no país anualmente.

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Uma vítima fatal desse tipo de câncer é o locutor de rodeios Asa Branca, 57 anos. Ele estava internado desde 14 de dezembro de 2019 para se tratar de um câncer na boca e morreu nesta terça-feira (4).  

Segundo o cirurgião-dentista Celso Lemos, integrante da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, a faixa etária que mais sofre com a doença é a dos 50 aos 60 anos. Isso porque a incidência do tabagismo, uma das principais causas da doença, é bastante alta nesse grupo.  “Cerca de 80% dos pacientes diagnosticados nessa faixa etária fumam ou fumaram por muito tempo, além do consumo de álcool em excesso”, afirma o profissional.

Outros fatores estão relacionados com esse tipo de câncer, como maus hábitos de higiene oral e o vírus HPV. “Nos últimos anos foi detectada a relação entre o vírus HPV e os tumores de orofaringe (base da língua e garganta). Portanto, a recomendação é usar preservativo nas relações sexuais e vacinar meninas e meninos, a partir dos 8 anos de idade, contra o HPV”, alerta Lemos.

Diagnóstico

O diagnóstico tardio é um dos maiores problemas para quem enfrenta o câncer de boca, uma vez que, na maioria dos casos, a doença não apresenta sintomas nos estágios iniciais.  Por isso a importância de consultas regulares. “Visitas periódicas as(os) cirurgiãs(ões)-dentistas e a atenção a qualquer sinal de alteração nas mucosas da boca, aumentam as chances de um diagnóstico precoce, que poderá ser feito por uma (um) estomatologista”, diz Lemos.

Os primeiros sinais do câncer bucal incluem manchas brancas ou vermelhas na mucosa da boca, aumento de volume em regiões da boca, cabeça e pescoço e feridas semelhantes a aftas, que não cicatrizam após 15 dias.

*Da assessoria

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A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou nesta quarta-feira a proibição do fumo em eventos esportivos, incluindo estádios de futebol e ginásios. Relatada pelo senador Romário (Podemos-RJ), a proposta segue agora para a Câmara dos Deputados. O projeto é de autoria do senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

Se aprovada na Câmara, a proposta permitirá pela primeira vez a restrição do fumo em locais abertos. Inicialmente, a proposta previa a proibição nos eventos esportivos. Mas, durante a votação, a medida foi estendida para repartições públicas, salas de aula, bibliotecas, recintos de trabalho coletivo.

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Essa ampliação, porém, não tem efeitos práticos, uma vez que já existe uma lei federal proibindo fumo em ambientes fechados.

Ao defender o projeto, Eduardo Girão observou os gastos expressivos do SUS (Sistema Único de Saúde) para o tratamento de pessoas com doenças relacionadas ao tabaco e os perigos provocados pelo fumo passivo. Paula Johns, diretora da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT-BR), elogiou a aprovação. "Se transformada em lei, será um avanço, pois estamos falando de ambientes onde há uma grande concentração de pessoas", disse.

Uma nova lei entrou em vigor no Japão para prevenir a disseminação dos efeitos do fumo passivo e proibir o fumo em ambientes fechados e em locais públicos.

A lei revisada de promoção da saúde tem o objetivo de reduzir os riscos à saúde da inalação de fumaça do fumo passivo. Os lugares onde será proibido fumar incluem escolas, hospitais e escritórios dos governos locais e nacional.

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A lei permite que esses estabelecimentos designem áreas a céu aberto para fumantes em seus arredores. A partir de abril do ano que vem também será proibido fumar em restaurantes e em empresas.

Da Ansa

Um homem, identificado como William Eric Brown, 24 anos, morreu após um cigarro eletrônico explodir em seu rosto. No hospital, foi constatado que uma das peças do eletrônico cortou o lábio do jovem e se alojou em sua garganta, causando um derrame ao danificar a artéria carótida, que fica no pescoço e fornece sangue para o cérebro.

O caso aconteceu no estacionamento de uma loja do Texas, Estados Unidos. Segundo publicação do site CBS DFW, quando os médicos constataram o pedaço do cigarro na garganta do William, colocaram a vítima em coma induzido, mas ele morreu antes de ser operado.

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A avó do William Eric Brown reforçou que os investigadores acreditam que a bateria foi o motivo da explosão do cigarro eletrônico. Os fabricantes do aparelho não serão processados pela família "porque não o trará de volta", finalizou a avó.

Entre os dez tipos de câncer de maior ocorrência no Brasil, o tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amídalas e paredes laterais – é um dos tumores com maior incidência entre os brasileiros de até 40 anos. “O vírus HPV possui alta associação com este cenário precoce, em conjunto com outros fatores como o tabagismo e o alcoolismo”, alerta o oncologista Marcelo Salgado. Esse hábito pode resultar no desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço. Além dessa união, a falta de preservativo na hora do sexo também corresponde para o desenvolvimento da doença.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de casos relacionados à infecção pelo vírus vem aumentando em homens e mulheres e a sua transmissão ocorre por meio da prática sexual sem proteção, principalmente no sexo oral. É importante destacar que as células encontram-se na superfície da pele e em superfícies úmidas como a vagina, ânus, colo uterino, vulva, cabeça do pênis, boca, garganta, traqueia, brônquios e pulmões.

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“O risco do desenvolvimento do tumor maligno entre jovens é grande por conta da liberdade sexual adquirida nos últimos anos”, explica Marcelo. Ainda segundo o especialista, a população feminina é a mais atingida pelo vírus. As pesquisas indicam que cerca de 75% das brasileiras sexualmente ativas terão contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus ocorre na faixa dos 25 anos.

Como detectar?

Os primeiros sinais do tumor podem surgir por meio de feridas na boca que não cicatrizam nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dor para mastigar ou engolir. O doutor Marcelo Salgado alerta que estes fatores, ligados ao aparecimento de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível diagnóstico com associação ao HPV. Outros sintomas podem estar relacionados à rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos lábios e dificuldade na fala. 

Jovens e adultos com menos de 40 anos nasceram após o “boom” do HIV e, apesar da divulgação massiva sobre os riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, este grupo continua apresentando índices elevados de contágio pelo chamado papiloma vírus humano – conhecido como HPV. “Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções virais que também podem ser transmitidas em relações sexuais sem precauções", corrobora Marcelo.

Como descrito, o tabagismo e o alcoolismo são, também, principais responsáveis pelo câncer de cabeça e pescoço. Marcelo Salgado aponta que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca fumavam tabaco. Unir esses dois hábitos num só pode piorar ainda mais, aumentando as chances do desenvolvimento da doença. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

Com informações da assessoria

A França anunciou nesta quinta-feira (25) que irá reduzir a penalização para as pessoas que forem flagradas fumando maconha no país.

A partir de agora, ao invés de serem sentenciadas a prisão ou levarem multas pesadas, as autoridades francesas vão aplicar sanções no local em que o fumante for flagrado, com valores que vão de 150 a 200 euros. A medida visa economizar o tempo dos policiais.

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"Vamos simplificar as multas para esse delito, não haverá uma descriminalização do uso da maconha", disse o ministro francês do Interior, Gérard Collomb.

No entanto, Collomb afirmou que o presidente da França, Emmanuel Macron, não seguirá os mesmos passos da Holanda e da Espanha, que liberaram o uso da maconha para pessoas adultas, e nem do Uruguai, que permite o uso recreativo.

O país possui uma das legislações sobre drogas mais rigorosas do continente europeu. As pessoas que eram flagradas fumando maconha, poderiam sofrer multas de até 3,7 mil euros (cerca de R$ 13 mil), ou inclusive pegar um ano de prisão.

Com cerca de 700 mil usuários diários da cannabis, a França é um dos países da Europa que mais possui consumidores da droga, segundo estudos do Observatório Francês de Drogas e Toxicomanias (OFDT).

De acordo com dados da polícia francesa, todo ano, cerca de 140 mil usuários de drogas são investigados. No entanto em 2015, somente 3 mil foram condenadas a penas de prisão.

Da Ansa

Até maio, as embalagens dos cigarros vendidos em todo o País terão advertências ainda mais diretas sobre os males causados pelo tabaco: "Você brocha", "Você adoece", "Você envelhece", "Você enfarta" e "Você morre". É o que determina resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada nesta sexta-feira, 15.

São nove imagens de advertência padrão, na parte posterior das embalagens, e um maior destaque para as mensagens de proibição de venda para menores de 18 anos. Também foi adotado um fundo amarelo, que torna ainda mais chamativas as imagens. Da advertência lateral, passa a constar "Perigo: produto tóxico" e a relação das doenças causadas pelo seu uso, afetando até as pessoas no entorno.

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Os temas escolhidos são câncer de boca, cegueira, envelhecimento, fumante passivo, impotência sexual, enfarte, trombose e gangrena morte e parto prematuro. A norma é válida para todos os produtos fumígenos derivados do tabaco, tais como: cigarros, cigarrilhas, charutos, fumos de cachimbo, fumos de narguilé, rapé, entre outros. As mudanças entrarão em vigor em 25 de maio de 2018, mas as empresas que já quiserem poderão se adequar antes deste prazo.

Após a referida data, as embalagens que não estiverem de acordo com a nova resolução não poderão ser produzidas, distribuídas, expostas à venda ou comercializadas. Também deverão ser recolhidas pela empresa detentora do registro.

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