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O número de adultos que consomem tabaco tem diminuído constantemente nos últimos anos em todo o mundo, informou nesta terça-feira(16) a Organização Mundial da Saúde (OMS), embora tenha alertado que a indústria do tabaco luta para inverter a tendência.

Em 2022, um em cada cinco adultos em todo o mundo era fumante ou consumia outros produtos do tabaco, em comparação com um em cada três em 2000, afirmou a OMS.

Um novo relatório que analisa as tendências do consumo de tabaco entre 2000 e 2030 revelou que 150 países conseguiram reduzir o consumo de tabaco.

Mas embora as taxas de tabagismo estejam diminuindo na maioria dos países, a OMS alertou que as doenças relacionadas ao tabaco poderão permanecer elevadas durante alguns anos.

O tabaco mata atualmente mais de oito milhões de pessoas por ano, incluindo 1,3 milhão de não fumantes que estão expostos ao fumo passivo, segundo a OMS.

"Os países que implementam controles rigorosos do tabaco podem esperar cerca de 30 anos entre a reversão da taxa de prevalência de aumento para queda, e ver uma reversão no número de mortes relacionadas ao tabaco", afirma o relatório.

- Não é hora de relaxar -

Embora o número de fumantes tenha diminuído, a OMS afirmou que o mundo ficará aquém do seu objetivo de uma redução de 30% no consumo de tabaco entre 2010 e 2025.

Há 56 países que podem atingir a meta, incluindo o Brasil, que já reduziu o consumo de tabaco em 35% desde 2010.

Entretanto, seis países registraram um aumento no consumo de tabaco desde 2010: República do Congo, Egito, Indonésia, Jordânia, Moldávia e Omã.

No geral, o mundo está a caminho de reduzir o consumo de tabaco em um quarto nos 15 anos até 2025, de acordo com o documento.

No entanto, a organização alertou que a indústria do tabaco pretende reverter os avanços.

"Houve avanços no controle do tabaco, mas não é hora de relaxar", disse Ruediger Krech, diretor do departamento de promoção da saúde da OMS.

"Surpreende-me até onde chegará a indústria do tabaco na busca de lucros à custa de inúmeras vidas", disse ele.

"Percebemos que assim que um governo acredita que ganhou a luta contra o tabaco, a indústria do tabaco aproveita a oportunidade para manipular as políticas de saúde e vender os seus produtos mortais".

A informação sugere que a indústria procura minar os esforços dos países para desencorajar os jovens de consumirem tabaco.

"É relatado o uso regular dos produtos entre os jovens, facilidade em adquiri-los e pouca preocupação em se tornarem viciados", afirma o relatório.

O aumento dos impostos sobre os derivados de tabaco tem sido uma ferramenta eficaz para reduzir o consumo e pode ser ainda mais, concluíram estudos da universidade federal do Uruguai com financiamento internacional.

Em 2005, com a ratificação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Uruguai se colocou na vanguarda ao implementar medidas para frear o tabagismo, mas ainda há espaço para aumentar a carga tributária, que resultaria em um consumo menor e em um atraso da idade de início.

Assim mostraram pesquisas do Departamento de Economia (Decon) da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República, realizadas com a equipe Tabaconomia da Universidade Adolfo Ibáñez do Chile e da Fundação Bloomberg dos Estados Unidos.

"O Uruguai teve uma campanha integral de políticas contra o tabaco, com uma aceitação rápida da população", destaca Patricia Triunfo, economista do Decon.

Os espaços públicos livres de fumo atingem 100% desde 2006, a propaganda de derivados de tabaco está proibida desde 2014 e as embalagens neutras têm uma apresentação única desde 2019.

Em 2006, 32% da população entre 15 e 64 anos fumava, percentual que caiu para 28% em 2018. Hoje, a prevalência nessa faixa etária é estimada em 24%, o que equivale a cerca de 560 mil fumantes.

A queda no consumo de tabaco foi especialmente pronunciada entre os jovens de 13 a 17 anos: passou de 27% em 2003 para 8% em 2021. Ainda assim, 15% das mortes que ocorrem no Uruguai ainda se devem ao consumo de tabaco, e o tratamento de doenças ligadas ao tabagismo representa 17% do gasto total com saúde (1,5% do PIB). Apenas 26% dessa despesa é coberta pela arrecadação de impostos sobre o tabaco.

- Aumento de imposto -

O Uruguai aplicou em 2007 o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) aos derivados de tabaco, até então tributados apenas com o Imposto Específico Interno (Imesi). Com isso, a carga tributária em relação ao preço do maço de cigarros da marca mais vendida passou de 39% em dezembro de 2005 para 65% em julho de 2007.

"No entanto, hoje temos o mesmo percentual de quando o IVA foi incorporado. O que propomos é atingir a recomendação mínima da OMS, de 75%, nos próximos cinco anos", diz Patricia.

Segundo os estudos, se o Imesi fosse aumentado 56% em termos reais entre 2024 e 2028, a população fumante cairia quase 21%, ou seja, haveria cerca de 70 mil fumantes a menos, e a arrecadação cresceria 5%.

Segundo Patricia, um aumento de 10% no preço do maço reduziria o consumo entre 6 e 7%. O maço de 20 cigarros custa hoje no Uruguai cerca de US$ 5 (R$ 24).

A pesquisadora do Decon Mariana Gerstenblüth destaca os benefícios de um aumento da carga tributária para 75%: o número de fumantes cairia, as pessoas adoeceriam menos, a arrecadação aumentaria e mais recursos seriam disponibilizados para políticas de saúde.

Os especialistas não ignoram a realidade do comércio ilegal, mas negam que um aumento de impostos levará fumantes para o mercado negro, como costuma alegar a indústria do tabaco.

"Há provas, dentro e fora da região, de que, mesmo com a presença do comércio ilegal, a redução do consumo acontece, assim como o aumento da arrecadação", disse ontem Wilson Benia, consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Uruguai, durante a apresentação das pesquisas.

Precisamos de comida, não de tabaco”, reforça o tema, em português, da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta quarta-feira (31). A campanha chama a atenção para a sobrevivência humana e para os impactos negativos do tabaco para o meio ambiente. Em entrevista à Agência Brasil, o diretor executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, reconheceu que esse é um desafio imenso ainda.

“Porque a gente sabe que o Brasil é um grande produtor de tabaco, principalmente na Região Sul. E é difícil sensibilizar aquela população do cultivo de que é importante mudar a cultura para outros tipos de plantio. Sobretudo porque naquela região existem incentivos por parte dos governos locais. Fica difícil mudar uma cultura que vem, muitas vezes, de gerações de famílias que cultivam tabaco. É um trabalho que ocorre não só no Brasil, mas no mundo todo e a OMS pegou isso como uma bandeira importante no contexto todo do controle do tabaco”, disse o médico.

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Além de causar dependência, o fumo provoca quatro vezes mais doenças coronarianas, acidente vascular cerebral (AVC); 12 vezes mais doenças de pulmão; no caso das mulheres, de 12 a 13 vezes mais câncer de pulmão; no caso do homem, mais 23 vezes câncer de pulmão. “A gente está cansado de saber o mal que o hábito de fumar traz para o organismo humano. Fora isso, a ideia este ano é chamar a atenção para o mal que faz para a natureza e a sociedade como um todo, a poluição que causa”. Na parte do cultivo, Maltoni destacou que o foco são os alimentos. “Vamos plantar coisas saudáveis, em vez de tabaco”, propôs.

A tarefa, entretanto, não é coisa simples. É um trabalho árduo, porque significa mudar uma cultura e hábitos de tantos anos, mas é preciso chamar a atenção para a necessidade de reversão desse quadro, assegurou o diretor executivo da Fundação do Câncer. “O que se arrecada em impostos com a indústria do tabaco é muito aquém dos gastos com a saúde, com tratamento e com as doenças decorrentes da utilização do tabaco. É preciso sensibilizar as pessoas para fazer mudança; mobilizar a sociedade, os governantes e os tomadores de decisão para que ajudem em mudanças de legislação, na questão dos subsídios legais, para que a gente possa ver isso acontecer de fato”.

Atividades

Este ano, a Fundação do Câncer realiza algumas atividades no Dia Mundial sem Tabaco. Presencialmente, em vários pontos da cidade, como na Ecoponte, na Ponte Rio-Niterói, e em Magé, na EcoRodovia, serão feitas abordagens a motoristas. Placas de led transmitirão informações sobre a questão do cigarro, o controle do tabaco, a necessidade de se parar de fumar. A entidade está distribuindo também um cartão que remete direto a um manual para as pessoas pararem de fumar.

Palestras estão sendo feitas em empresas que demandam a fundação para falar tanto dos malefícios do cigarro convencional como do cigarro eletrônico para a natureza. “Porque essa chamada da OMS tem a questão do meio ambiente”. Maltoni explicou que o plantio do tabaco é muito ruim para o meio ambiente porque, além de exaurir a terra, polui a água da região onde tem plantio e contamina o meio ambiente. “É tudo de ruim; é o que a gente não quer. Se a gente for extrapolar o que o próprio cigarro convencional produz de lixo na sociedade, nos países, é um absurdo globalmente. São toneladas de lixo tóxico, com substâncias tóxicas, jogadas nos mais diversos lugares: praia, oceano, rio. É um volume gigantesco não só de material não reciclável, mas porque tem um volume grande de substâncias tóxicas”, alertou.

Conscientização

Relatório da OMS divulgado em 2022 e intitulado Tobacco: poisoning our planet? (Tabaco: envenenando nosso planeta?, em tradução livre), aponta a produção de tabaco como uma das principais causas de desmatamento, uso excessivo de água e poluição do ar e do solo em diversas regiões do mundo. Em entrevista à Agência Brasil, o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e do Instituto Oncoclínicas, reforçou que o tabagismo provoca grande impacto ambiental. O cultivo do tabaco gera degradação do solo; a produção química do cigarro gera poluição do solo e da água.

“E a gente tem subprodutos do cigarro. Os filtros do cigarro, por exemplo, são altamente poluentes porque, na verdade, são compostos por diversas substâncias químicas. O impacto ambiental do tabaco, em termos de danificar o ambiente, poluir, contaminar solo e água, é muito grande”. Lembrou também que as guimbas dos cigarros e os próprios pacotes do produto sujam as ruas, provocando poluição ambiental como um todo. “Provavelmente, o impacto para o meio ambiente e a humanidade é muito maior do que, até então, a gente levava em consideração”.

Além da dependência que a nicotina e o tabaco criam, os males para a saúde são imensos, assegurou Ferreira. Além de doenças cardiovasculares, citou doenças pulmonares inflamatórias, como enfisema e bronquite e, sobretudo, vários tipos de câncer, desde câncer de pulmão, até câncer de garganta, boca, pâncreas, entre outros, cuja causa está diretamente relacionada com a exposição ao tabaco. “É um grande impacto para a população em geral, para a economia global, pelas doenças que são causadas. E, quando você analisa de forma mais ampla e pensa na contaminação que acontece em termos de meio ambiente, de produtos químicos que, muitas vezes, não podem ser eliminados, fica difícil quantificar o custo de tudo isso para a humanidade.

Segundo Carlos Gil Ferreira, uma das maneiras de combater o tabagismo é através da divulgação e da conscientização. Iniciativas como a campanha da OMS, que muitos governos assumiram, tem impactos na conscientização e, especialmente hoje, na conscientização dos jovens. “Porque a nossa grande preocupação hoje, como médicos, é com o tabagismo na população jovem que, apesar das campanhas antitabagismo, vem crescendo muito, principalmente pelo uso do cigarro eletrônico”.

Esse tipo de cigarro abre as portas do tabagismo mais cedo, com malefícios ainda mais difíceis de serem medido a longo prazo. Os jovens têm começado a fumar cada vez mais cedo e, muitas vezes, começam através do cigarro eletrônico, até pelo mito de que esse tipo de cigarro traria menos malefícios do que o cigarro convencional. É provável também, segundo os especialistas, que devido à socialização e pelos dispositivos eletrônicos, esse tipo de cigarro cai muito mais no gosto da população adolescente e adulto jovem. “E do cigarro eletrônico para o cigarro convencional é um caminho mais rápido do que a gente pensa”, explicou o oncologista.

Mulheres

A diretora-geral do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), Aurora Issa, chamou a atenção para o fato de o tabagismo ter uma associação grande com as doenças cardiovasculares em mulheres. A cardiologista lamentou que apesar de haver uma conscientização grande atualmente para outras patologias, como câncer de mama, “não se vê tantas campanhas sobre doenças cardiovasculares como principal causa de morte em mulheres. As mulheres também devem se preocupar com as doenças cardiovasculares”, ressaltou, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com dados da OMS de 2020, as doenças cardiovasculares são responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano. As mulheres têm 50% mais probabilidades de sofrerem infarto do que homens, diz a OMS. As mulheres que fumam, percentualmente, acabam tendo mais doenças cardíacas do que os representantes do sexo masculino. Aurora Issa indicou que no próprio sistema de saúde como um todo, a doença cardiovascular não é vista como tendo acometimento grande nas mulheres.

“A gente vê uma associação grande do tabagismo trazendo uma doença cardiovascular como um evento maior associado, como infarto, angina”. Muitas mulheres precisam ser encaminhadas para procedimentos cardiológicos de alta complexidade, como angioplastia, cirurgia cardíaca. O importante é conscientizar as mulheres em relação aos fatores de risco, na medida em que as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de mortalidade. “Nesse contexto, o tabagismo é muito importante”. A diretora-geral do INC destacou que enquanto nos homens o tabagismo está mais associado ao prazer de fumar, nas mulheres há outras associações mais fortes, como controle de estresse ou de humor e controle de peso, apontam estudos.

O objetivo de Aurora Issa é conscientizar as mulheres de que existem outras formas de ajudar a parar de fumar, mostrando que a consequência são doenças cardiovasculares que podem levar à morte. Lembrou que existem tratamentos comportamentais, como psicoterapia, mudança de hábitos de vida e, inclusive, intervenções medicamentosas que podem motivar e ajudar as mulheres a pararem de fumar.

Recuperação

O pneumologista da Fundação São Francisco Xavier, Marcos de Abreu, explica que um dos principais males associados ao tabagismo é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada pela presença de enfisema pulmonar e bronquite crônica. Entre os sintomas, estão falta de ar, tosse e chiado no peito. Além da DPOC, mais de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. A nicotina aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, danifica os vasos sanguíneos e promove a formação de coágulos. Esses efeitos combinados podem resultar em obstruções das artérias e eventos cardiovasculares graves.

Marcos Abreu assegura, porém, que sempre é tempo para largar o vício e que os resultados positivos no corpo podem ser vistos com rapidez, mesmo em pacientes que fumam há longo tempo. Ao parar de fumar, a função pulmonar do paciente melhora, diminui a progressão de danos aos pulmões e o risco de desenvolver doenças respiratórias e câncer cai de forma gradativa. Para o médico, o Dia Mundial sem Tabaco visa alertar a população sobre os males à saúde do tabagista e promover a conscientização sobre os benefícios trazidos em largar o hábito de fumar.

Doença causada pela dependência química da nicotina, substância viciante presente no tabaco, o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas anualmente no mundo, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desse total, 7 milhões são fumantes ativos e cerca de 1,2 milhão são pessoas expostas à fumaça do cigarro, os chamados fumantes passivos.

Fumicultores

Procurado pela Agência Brasil, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, assegurou que as afirmações da OMS sobre o impacto do plantio do tabaco na natureza são “levianas, de quem desconhece a realidade do produtor de tabaco no Brasil”. Esclareceu que desde 1980, quando foi celebrado convênio com o então Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), a cadeia produtiva do tabaco se comprometeu a não utilizar floresta nativa para a cura do tabaco. “O compromisso está sendo cumprido. O produtor, desde então, ciente e consciente da necessidade de preservação da mata nativa, utiliza tão-somente floresta energética na secagem de seu produto”.

Do mesmo modo, qualificou de inverídica a afirmação de que o tabaco está envenenando o planeta. “Na cultura, são utilizados defensivos com somente 1,01 kg de ingrediente ativo por hectare, enquanto outras culturas, inclusive alimentícias, chegam a usar até 46,87 kg de ingrediente ativo por hectare”. Werner entende que o tema é polêmico. Afirmou, porém, que o produtor de tabaco precisa dessa atividade para garantir a sustentabilidade de sua propriedade, o conforto de sua família, o estudo dos filhos e a sua sucessão familiar.

Benefícios

Entre os benefícios do plantio de tabaco, o presidente da Afubra citou que na safra 2021/2022, a propriedade fumicultora alcançou receita bruta de R$ 18,5 bilhões. A participação do tabaco foi de R$ 9,5 bilhões; a produção animal, de R$ 5,5 bilhões; e a vegetal, de R$ 3,4 bilhões. “Assim, podemos afirmar que o produtor de tabaco é o que mais diversifica sua produção e apresenta a melhor distribuição de renda nas pequenas propriedades”.

Em 2022, o setor gerou tributos no montante de R$ 14,8 bilhões para os governos municipais, estaduais e federal. “Não fosse o mercado ilegal de cigarros, esse valor seria bem superior, próximo ao dobro, somente no Brasil”, estimou. Completou que o produtor de tabaco, além de gerar empregos na produção, também aumentar mão de obra nas indústrias de insumos agrícolas, nas empresas que produzem máquinas e equipamentos, no transporte, no comércio dos municípios onde é produzido. Mencionou, ainda, os empregos gerados nas próprias indústrias de processamento e de fabricação e distribuição de cigarros. “A cadeia produtiva do tabaco gera tributos aos governos, renda e empregos para muitas outras atividades”.

Para garantir o desenvolvimento sustentável e proteção ao meio ambiente, Benício Werner destacou que a cadeia produtiva do tabaco já faz inúmeras ações nesse sentido. “É pioneira em várias atividades”. Entre elas, apontou o recolhimento das embalagens vazias de defensivos agrícolas, não somente dos aplicados na cultura do tabaco, mas também dos utilizados em outras culturas; realização de campanhas de preservação de florestas e de fontes de água, entre as quais o Conheça o Verde é Vida.

Citou também a promoção de programas voltados à sustentabilidade e à sucessão nas propriedades, ao combate do trabalho infantil e ao incentivo à frequência de crianças e jovens nas  escolas. Um exemplo dessas ações é o Instituto Crescer Legal, citou. Em benefício da saúde, o presidente mencionou que a Afubra orienta sobre cuidados para garantir a saúde e segurança dos produtores e trabalhadores. As ações são realizadas através do Sistema Integrado de Produção.

Cerca de metade dos cânceres do mundo se devem a um fator de risco determinado, e o tabaco e o álcool estão no topo da lista, segundo um grande estudo divulgado nesta sexta-feira (19). As medidas de prevenção são essenciais, mas não são a panaceia, advertem os autores.

"Segundo nossa análise, 44,41% das mortes por câncer no mundo podem ser atribuídas a um fator de risco determinado", considera o estudo, publicado na revista "Lancet" como parte do projeto mundial Global Burden of Disease.

Milhares de pesquisadores em todo o mundo estão envolvidos nesse amplo projeto, financiado pela Fundação Bill Gates e de dimensão sem precedentes. O objetivo é aprofundar o conhecimento sobre os fatores de risco de câncer por região.

As primeiras conclusões confirmam que o tabaco é o principal fator que favorece o câncer (33,9%), seguido do álcool (7,4%), em todo o planeta. No entanto, aproximadamente metade dos cânceres não são atribuíveis a um determinado fator de risco, o que mostra que a prevenção não é suficiente.

O diagnóstico precoce e um tratamento eficaz devem ser os outros dois pilares de uma política de saúde inteligente. Dois epidemiologistas que não têm relação com o estudo - Diana Sarfati e Jason Gurney - concordam, na mesma edição da revista, com as conclusões do mesmo, embora alertem que os dados colhidos apresentam deficiências em alguns países.

O consumo de tabaco caiu de 28% em 2000 para 16,3% em 2020 nas Américas, e 96% da população está protegida por pelo menos uma medida de luta antitabaco. Contudo, os cigarros eletrônicos são uma ameaça, afirma a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo o relatório sobre o Controle do Tabaco para a Região das Américas 2022 da Opas, apresentado nesta segunda-feira (15) no Brasil, o consumo de tabaco caiu para 16,3% em 20 anos e espera-se que seja de 14,9% para 2025, com o qual a região cumpriria a meta de reduzi-lo em 30%, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até essa data.

O Chile é o país onde os adultos consomem mais tabaco (29,2%), seguido de Argentina, Estados Unidos, Uruguai e Cuba. O Panamá, por sua vez, é o que menos consome (5,0%).

Em termos gerais, a proporção é de 21,3% de homens e 11,3% de mulheres, "o que reafirma a necessidade de que, nas Américas, se fortaleça o aspecto de gênero" nas estratégias de controle, deduz o relatório.

Entre os jovens, Dominica registra o percentual de consumo mais alto, seguido de Argentina, México, Haiti e Guatemala. Os adolescentes de Canadá, Estados Unidos e Brasil são os que menos fumam.

Vinte e seis dos 35 países da região aplicam ao máximo pelo menos uma das seis medidas de controle de tabaco recomendadas pela OMS desde 2008.

Isso significa que 900 milhões de pessoas, ou seja, "96% da população da região, estão protegidos contra os danos do tabaco", 50% mais do que em 2007, segundo a Opas.

"O tabaco causa quase um milhão de mortes anuais na região e é o único produto de consumo legal que mata até metade dos que o consomem", afirma Anselm Hennis, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas, citado em nota.

"Diante desta enorme ameaça, a resposta deve ser igualmente agressiva", acrescentou.

No entanto, os progressos não têm sido homogêneos e, segundo a Opas, "nove países ainda não adotaram nenhuma medida", entre os quais se destacam Cuba, Nicarágua, República Dominicana e Haiti.

Segundo o relatório, em 2021, 24 países da região aplicavam medidas para proteger com a exposição passiva à fumaça de tabaco, 22 destacavam de forma importante os perigos do tabaco nos maços de cigarros, dez dispunham de sistemas de vigilância com dados recentes, seis proporcionavam ajuda integral para deixar de fumar e nove proibiam totalmente a publicidade da substância.

No entanto, apenas três - Argentina, Brasil e Chile - aplicam impostos indiretos sobre o tabaco que representam 75% ou mais de seu preço de venda.

A América do Sul se converteu na primeira sub-região sem fumaça de tabaco nas Américas, ou seja, onde está proibido fumar em locais fechados, públicos e de trabalho, e nos transportes públicos.

O consumo de tabaco é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas, diabetes e câncer. "Todas as formas de tabaco são prejudiciais e não existe um nível seguro de exposição", alerta a Opas.

O relatório adverte que os novos produtos, como os cigarros eletrônicos, "estão cada vez mais disponíveis e acessíveis, o que supõe uma ameaça para o controle do tabaco". Além disso, "a indústria do tabaco utiliza afirmações enganosas para ganhar consumidores e novos mercados", acrescenta o texto.

A Opas recomenda aos governos que intervenham para "evitar que os não fumantes comecem a consumir esses produtos, impedir que o consumo de tabaco volte a ser normalizado na sociedade e proteger as gerações futuras".

A nível mundial, o tabaco causa mais de oito milhões de mortes por ano, das quais por volta de 1,2 milhão de não fumantes, mas que estiveram expostos à fumaça do tabaco.

Uma jovem de 19 anos, de Cuiabá, Lívia Monteiro, teve que realizar uma cirurgia de lobocetomia nessa segunda-feira (14) após descobrir fungos que foram contraídos durante uso de narguilé.

Lívia passou dois dias internada na UTI após a cirurgia e agora já está se recuperando na enfermaria, mas sem previsão de alta. Em suas redes sociais, ela publicou um alerta para os amigos.

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“O pós-operatório não é fácil. É preciso ficar com um dreno o tempo inteiro durante uns cinco dias. Os fungos são silenciosos e se proliferam pelos órgãos, podendo causar morte ou até mesmo paralisação do órgão. A dor é tanta que estou à base de morfina e mesmo assim ainda sinto dor”, contou.

Em entrevista ao G1, Lívia contou que faz uso do narguilé desde os 16 anos, mas sem muita frequência. Ela veio passar mal a primeira vez em abril, sentindo falta de ar e febre.

"Fui ao hospital com falta de ar e febre achando que fosse Covid, mas fiz três testes e todos deram negativo. Depois, fiz tomografia e os médicos de plantão disseram que não era nada”, explicou.

Depois de continuidade nos sintomas, a mãe de Lívia desconfiou e levou o resultado de exames feitos a um pneumologista que diagnosticou aspergilose, uma infecção causada por fungos. Após passar por tratamento rápido ela foi encaminhada direto para a cirurgia, que demorou cerca de 6 horas.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fumaça do narguilé inalada por 20 a 60 minutos equivale a fumar cerca de 100 cigarros. Como o produto tem sabor adocicado, os usuários costumam passar mais tempo consumindo, o que pode acarretar problemas variados de saúde.

O Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, tem o intuito de conscientizar a população sobre a importância de hábitos saudáveis para prevenção da doença e mobilizar os governos para a criação de medidas de controle do câncer. Nesta data, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), alerta para um dos tipos da doença que mais acometem os brasileiros: o câncer de boca.

O câncer da cavidade oral aparece na 12º posição entre os tipos mais frequentes da doença no Brasil, sendo o 5º mais comum considerando apenas homens, que representam mais de 70% dos casos. Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que mais de 14 mil casos sejam registrados no país anualmente.

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Uma vítima fatal desse tipo de câncer é o locutor de rodeios Asa Branca, 57 anos. Ele estava internado desde 14 de dezembro de 2019 para se tratar de um câncer na boca e morreu nesta terça-feira (4).  

Segundo o cirurgião-dentista Celso Lemos, integrante da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, a faixa etária que mais sofre com a doença é a dos 50 aos 60 anos. Isso porque a incidência do tabagismo, uma das principais causas da doença, é bastante alta nesse grupo.  “Cerca de 80% dos pacientes diagnosticados nessa faixa etária fumam ou fumaram por muito tempo, além do consumo de álcool em excesso”, afirma o profissional.

Outros fatores estão relacionados com esse tipo de câncer, como maus hábitos de higiene oral e o vírus HPV. “Nos últimos anos foi detectada a relação entre o vírus HPV e os tumores de orofaringe (base da língua e garganta). Portanto, a recomendação é usar preservativo nas relações sexuais e vacinar meninas e meninos, a partir dos 8 anos de idade, contra o HPV”, alerta Lemos.

Diagnóstico

O diagnóstico tardio é um dos maiores problemas para quem enfrenta o câncer de boca, uma vez que, na maioria dos casos, a doença não apresenta sintomas nos estágios iniciais.  Por isso a importância de consultas regulares. “Visitas periódicas as(os) cirurgiãs(ões)-dentistas e a atenção a qualquer sinal de alteração nas mucosas da boca, aumentam as chances de um diagnóstico precoce, que poderá ser feito por uma (um) estomatologista”, diz Lemos.

Os primeiros sinais do câncer bucal incluem manchas brancas ou vermelhas na mucosa da boca, aumento de volume em regiões da boca, cabeça e pescoço e feridas semelhantes a aftas, que não cicatrizam após 15 dias.

*Da assessoria

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Nem sempre a gente se dá conta disso, mas o fato é que a vida é uma contagem regressiva. Desde o nascimento, nosso relógio biológico não para e é bom lembrar que algumas coisas podem acelerar o tique-taque. Imagine aquele reloginho digital que a gente vê nos filmes, a contagem regressiva de uma bomba. Agora pense em alguém com um cigarro na boca. À medida que o cigarro vai queimando, diminuindo de tamanho, a contagem regressiva acelera.

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É exatamente isso que acontece. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as três principais causas de mortes evitáveis no mundo são o tabagismo ativo, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo passivo. Não foi à toa que o 31 de maio foi escolhido como o Dia Mundial Sem Tabaco. Foi para conscientizar as pessoas sobre os malefícios do cigarro, um vício que traz muito sofrimento e encurta a vida.

O perigo é silencioso. Cerca de 80% dos efeitos do tabagismo podem permanecer “invisíveis” por muito tempo e, quando se revelam, já causaram grandes estragos. Quando um cigarro é aceso, além da fumaça tragada pelo fumante, 2/3 são lançados no ambiente. Essa fumaça possui cerca de quatro mil compostos; 200 são tóxicos e 40 cancerígenos. Fumar é o principal fator de risco para o câncer e para outras doenças graves, cardiorrespiratórias e cardiovasculares.

Muitos tipos de câncer não apresentam sintomas no início e quando são descobertos já estão em um estágio avançado, quando as chances de cura são menores. “É muito comum que pacientes com câncer de pulmão, por exemplo, descubram a doença ao fazer exames de rotina para outros problemas de saúde”, diz a oncologista clínica Paula Sampaio. “Muitas vezes, vão ao médico por causa de uma tosse que não para, dificuldades respiratórias, e descobrem um tumor”, explica.

Incidência

O câncer pode acometer qualquer pessoa, independentemente de gênero, etnia ou idade. “Segundo a OMS, cerca de 30% dos cânceres podem ser evitados se adotarmos hábitos saudáveis. Por ironia, o câncer de pulmão, que é o tipo mais letal, é um deles. Pode perfeitamente ser evitado, já que mais de 90% dos casos têm o cigarro como causa principal”, diz a médica.

A incidência global do câncer de pulmão pode chegar a 1,8 milhão de novos casos por ano. É o que mais mata no mundo, com 1,6 milhão de mortes. Para o Brasil, estimam-se 18.740 casos novos de câncer de pulmão entre homens e de 12.530 entre as mulheres para 2019. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pulmão em homens é o segundo mais frequente. Entre as mulheres é o quarto mais frequente.

O cigarro não causa apenas câncer de pulmão. “Várias pesquisas já comprovaram que o fumo está relacionado a pelo menos 17 tipos diferentes de câncer. Somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, destaca Paula Sampaio.

Vício

Nove em cada dez fumantes gostariam de largar o cigarro; 63% já tentaram fazer, mas não conseguiram. É o que diz uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). São pessoas que continuam fumando não porque querem, mas porque não conseguem se livrar do vício.

A médica alerta que, de todas as drogas, a nicotina é a mais difícil de largar, mesmo depois de um diagnóstico de câncer. “Um dado alarmante divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que mais de 50% dos pacientes com a doença continuam fumando durante o tratamento”, informa a médica.

Esta dificuldade é bem conhecida pela a aposentada de 70 anos que, entrevistada, preferiu não ser identificada. Ela fuma desde os 24. Começou “de brincadeira", diz. "Acendia o cigarro para o meu irmão e minha cunhada e, quando vi, já estava dependente”, lembra. Só conseguiu parar por um período, quando ficou grávida da única filha.

Em novembro de 2015, ela descobriu que estava com câncer quando fazia exames de rotina. O tumor em um dos pulmões estava com seis centímetros. Hoje, ela faz quimioterapia, mas quase três anos depois, e ainda em tratamento, ela não consegue abandonar o cigarro. “Sinto muita vergonha, mas não consigo parar de fumar. É mais forte do que eu. Tenho necessidade de ter sempre uma carteira de cigarros na bolsa”, conta ela.

O vício dificulta até atividades simples, como viajar com a família. A dependência é tão grande que uma viagem de avião pode se tornar um martírio. “No ano passado, nas férias com a família, viajamos para os EUA. O voo acabou demorando um pouco mais do que as seis horas previstas. Foi o suficiente para eu entrar em abstinência. Eu chorava, queria sair do avião de qualquer jeito para fumar”, lembra.

“Quando encontro outras pessoas fumando, principalmente jovens, sinto pena e abordo mesmo. Conto minha história e peço para parar de fumar enquanto é tempo”, afirma a aposentada. “É melhor que as pessoas não cometam o mesmo erro que eu e nem comecem a fumar”, aconselha.

A OMS classifica o tabagismo no grupo das doenças pediátricas porque cerca de 75% dos fumantes se tornam dependentes antes dos 18 anos; muitos o fazem aos 12 ou 13, e até antes. Somente 5% começam a fumar depois dos 25. Estudo veiculado na revista científica Pediatrics, por exemplo, mostrou que ambientes expostos à fumaça de cigarro estão impregnados por partículas cancerígenas, que podem permanecer no local por até dois meses e afetar principalmente as crianças.

Além dos fumantes – cerca de 21 milhões de brasileiros, segundo dados do Ministério de Saúde –, outro grupo que também sofre com as consequências do consumo do tabaco são os fumantes passivos.

Quem convive em ambientes fechados com fumantes também fica exposto aos componentes tóxicos e cancerígenos gerados pela queima do tabaco e tem praticamente os mesmos riscos de desenvolver câncer. Conforme o Ministério da Saúde, mais de 14 milhões de brasileiros são fumantes passivos.

A notíia boa: o Ministério da Saúde divulgou, na última pesquisa Vigitel (2017), que o hábito de fumar caiu 36% entre os brasileiros de 2006 a 2017. A pesquisa também constatou que o Brasil conta hoje com mais ex-fumantes do que fumantes ativos: são 26 milhões contra 21 milhões.

Risco para fumantes passivos

1) Em bebês - Um risco cinco vezes maior de morrerem subitamente sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil); maior risco de doenças pulmonares até 1 ano de idade, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.

2) Em crianças - Maior frequência de resfriados e infecções do ouvido médio; risco maior de doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e intensificação da asma. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os filhos de fumantes têm capacidade pulmonar duas vezes menor do que os filhos de gestantes que não fumaram durante a gestação.

3) Em adultos não fumantes - Maior risco de desenvolver doenças por causa do tabagismo, proporcionalmente ao tempo de exposição à fumaça; um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão e 24% maior de infarto do que os não fumantes que não se expõem. (Fonte: Blog da Saúde)

Benefícios de parar de fumar

1) Em 20 minutos a frequência cardíaca fica próxima do normal.

2) Em 12 horas o nível de monóxido de carbono do sangue volta ao normal.

3) Em 24 horas o risco de ataque cardíaco diminui.

4) Entre dois a três meses a circulação sanguínea e função pulmonar melhoram.

5) Em até nove meses é percebida melhora na capacidade respiratória.

6) Em um ano o risco de ataque cardíaco diminui em 50%.

7) A partir de cinco anos o risco de derrame cerebral é igual ao de alguém que nunca fumou.

8) A partir de dez anos o risco de câncer de pulmão é quase igual ao de alguém que nunca fumou.

9) A partir de 15 anos o risco de doenças cardíacas é quase igual ao de alguém que nunca fumou. (Fonte: Oncoguia)

Por Dina Santos, especialmente para o LeiaJá.

Há 32 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 31 de maio – esta sexta-feira – como o Dia Mundial sem Tabaco. O objetivo é alertar sobre o risco de doenças cardiovasculares, já que anualmente o consumo da substância é responsável por cerca de sete milhões de mortes, das quais mais de 600 mil são por exposição involuntária à fumaça. No Recife, o hábito de fumar registrou uma queda de 37,4% entre 2006 e 2017. A diminuição conta com o auxílio de políticas públicas de redução e disponibilidade de tratamento gratuito através dos cinco Centros de Atenção Psicossocial (Caps AD) espalhados pelo município.

De acordo com a OMS, existem mais de um bilhão de fumantes no mundo que consomem cerca de seis trilhões de cigarros ao ano. “Em um momento de nervoso, você pode fumar uma carteira em um só dia”, declarou o artista plástico Rafael Silva. Aos 38 anos, ele revela que começou a fumar aos 13 anos através da influência publicitária e da cultura de massa, “existia muita propaganda, além disso tem a questão da elegância. Eu comecei vendo em filmes e novelas”, explicou. É válido pontuar que desde 1996, o Brasil vetou a produção e a veiculação de anúncios relacionadas ao tabagismo.

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"Nicotina é uma droga muito forte"

A nicotina, presente no cigarro, altera o sistema nervoso central e chega ao cérebro entre sete e nove segundos, resultando em uma variação do estado emocional e comportamental. Tais modificações induzem a dependência, caracterizada pela necessidade física e psicológica da substância. Mesmo sem o desejo de parar, Rafael sente os problemas acarretados em 25 anos de cigarro na respiração e faz inalação com soro fisiológico duas vezes por semana. “A gente tanta reduzir, pois sabe que o cigarro é ruim. Todos tentam, mas nicotina é uma droga muito forte. Ela é uma das piores”, confessou.

Influenciada pelo marido – que morreu pelo uso abusivo de tabaco - a contadora Clêci Reis começou a fumar aos 19 anos. Hoje com 65, ela se orgulha de ter vencido a nicotina. “Iria fazer 52 anos e me conscientizei que, com a idade, ia vir problemas de saúde. Hoje eu odeio cigarro”. Para a contadora, o dia 2 de janeiro de 2005 é um troféu, já que esta foi a data que decidiu não fumar mais e até hoje mantém a decisão.

Em relação ao tratamento, desde 1989, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) articula a Rede de Tratamento do Tabagismo através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com os Estados e municípios. Na capital pernambucana, os Caps AD de Afogados, Rosarinho, Ipsep, Cordeiro e Tamarineira oferecem tratamento e acompanhamento gratuitos, além de medicamentos - adesivos de nicotina e Cloridrato de Bupropiona, para minimizar os sintomas das crises de abstinência.

A OMS aponta que em 20 minutos sem cigarro, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal                 Foto: Pixabay

O tratamento

O principal centro em combate ao tabagismo é o de Prevenção Tratamento e Reabilitação de Alcoolismo (CPTRA), na Tamarineira, Zona Norte do Recife. A unidade realiza acompanhamento terapêutico com profissionais especializados através de dinâmicas em grupo formados por cerca de 20 fumantes, a cada 4 meses. "Na abordagem grupo, a gente trabalha tanto questões objetivas inerentes ao uso, que são as possibilidades e recursos para a redução da quantidade, a identificação de gatilhos que disparam [o consumo], e também questões subjetivas. Você entende que as pessoas que procuram, geralmente, têm problemas graves com o cigarro, muitas vezes usam mais de 30 por dia, realmente são fumantes graves", explicou o gerente do CPTRA Luiz Carlos. Ele acredita que a ansiedade, desamparo e sentimento de solidão levam as pessoas a fumar. "O cigarro ocupa de certa forma um espaço significativo na vida dessas pessoas além da questão química", afirmou.

O tratamento tem a finalidade de apresentar um novo comportamento aos fumantes, através de desconstruções comportamentais relacionadas ao ato de fumar, combinadas a intervenções cognitivas com treinamento de habilidades. O INCA adverte que, à princípio, deve-se evitar café e bebidas alcoólicas, pois estimulam à vontade. "A pessoa bebendo, a mente vai pedindo mais nicotina e você chega a fumar duas carteiras em um fim de semana", declarou o artista plástico. Clêci concorda que o tabaco é facilmente atrelado ao consumo de álcool. "As vezes eu passava 15 dias sem fumar. Chegava fim de semana, eu pegava duas cervejas e já dava vontade. Eu acho que era mais para alcoólatra do que para fumante", brincou. 

Menos cigarro, mais saúde 

Independente da idade, parar de fumar é uma opção que maximiza os cuidados com a saúde e com o bolso. Hoje, o dinheiro que a contadora gastava com carteiras de cigarro é revertido na mensalidade da hidroginástica. A OMS aponta que em 20 minutos sem cigarro, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; em duas horas, a nicotina é extinta do sangue; em oito horas, o nível de oxigênio no sangue é normalizado; entre 12 horas e um dia, os pulmões já apresentam uma melhora no funcionamento; após dois dias, o olfato já identifica melhor os cheiros e desperta o paladar; após um ano, o risco de morte por infarto é reduzido pela metade, e em 10 anos, o risco é igual ao de pessoas que nunca fumaram.

Serviço

Confira os endereços dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps AD)

CPTRA - Avenida Conselheiro Rosa e Silva, 2130, Tamarineira;

Caps AD do Rosarinho - Estação Vicente Araújo- Rua Couto Magalhães, 480;

Caps AD de Afogados - Espaço Travessia René Ribeiro, Rua Jacira, 210;

Caps AD do Ipsep - Professor José Lucena, Rua Santos Cosme e Damião, 186;

Caps AD Cordeiro - Rua Rondônia, 100.

Dúvidas ou informações podem ser obtidas através do telefone 3355-2821 ou pelo e-mail saúdementalal@gmail.com.

Cerca de 15 toneladas de cigarros apreendidos neste mês de janeiro foram destruídos pela Alfândega do Aeroporto Internacional de Brasília, nesta sexta-feira (25). O valor da mercadoria, segundo a Receita Federal, é de aproximadamente R$ 3,7 milhões.

Caixas de cigarro, contendo 500 maços cada, foram esmagadas por um trator de esteira até romper as sete camadas das embalagens que os protegem. A Receita Federal confirma que depois de esmagado, o resíduo é misturado ao lixo orgânico já existente no local da destruição.

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Além dos cigarros, foram destruídos charutos e tabaco para narguilé. A destruição dos produtos aconteceu em parceria com a prefeitura de Planaltina de Goiás, possibilitando a destruição dos cigarros e o descarte, em aterro sanitário.

Os fabricantes de cigarro dos EUA começaram ontem a veicular campanhas publicitárias alertando sobre os riscos do tabagismo. A medida foi imposta pela Justiça do país em 2006 e as empresas conseguiram escapar dessa obrigação por meio de recursos. O processo teve início após o Departamento de Justiça afirmar que as empresas não estavam sendo claras com os consumidores sobre os riscos.

Além de propagandas no rádio, as empresas terão que pagar anúncios de página inteira em pelo menos 50 grandes jornais americanos e pagar por 260 peças veiculadas nos canais de televisão aberta de alcance nacional, como ABC, CBS e NBS. Os anúncios terão que alertar as pessoas para que não comecem a fumar. Há 45 anos que as fabricantes não têm a obrigação de fazer campanhas educativas na TV.

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O Departamento de Saúde afirma que o tabagismo é a principal causa de morte no país. O cigarro mata em média 1.200 pessoas por dia; 480 mil anualmente nos Estados Unidos, mesmo com o número de fumantes em queda: nos anos 60 o montante representava 42% da população, em 2015 uma pesquisa mostrou que o número caiu para 15%.

Em virtude do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado nesta quarta-feira (31), a Comissão de Fiscalização e Direito do Consumidor (CTFC) vai analisar um Projeto de Lei (PL) para controlar o consumo do fumo no Brasil. O texto da medida proíbe qualquer tipo de propaganda envolvendo cigarros, além de implementar um tipo de embalagem específica e impede que as empresas usem substâncias que alterem o sabor ou odor do cigarro.

O relator do PL é o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) que, além do projeto, defende a adoção de mais medidas educativas que desencorajem o consumo. “Não vamos proibir, mas não vamos fazer publicidade. A melhor maneira de controlar o uso desses venenos é a educação”, declarou o parlamentar.

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A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde para alertar a população sobre os efeitos danosos do cigarro. Cerca de seis milhões de pessoas morrem por ano em todo o planeta por doenças causadas pelo fumo, das quais, 600 mil são fumantes passivos.

O consumo de tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, alertou nesta terça-feira (30) a Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende a proibição da propaganda e o aumento dos preços e impostos sobre o produto.

Por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, a OMS publicou um relatório no qual avalia os custos do cigarro para a saúde e a economia e, pela primeira vez, o impacto ambiental.

"O tabaco é uma ameaça para todos. Agrava a pobreza, reduz a produtividade econômica, afeta negativamente a escolha dos alimentos consumidos nas residências e polui o ar em ambientes fechados", afirmou a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em um comunicado.

O consumo de tabaco mata mais de sete milhões de pessoas a cada ano - contra quatro milhões no início do século XXI - e custa às residências e governos mais de 1,4 trilhão de dólares em gastos com saúde e perda de produtividade, de acordo com a OMS.

Atualmente, o tabaco - principal causa evitável de doenças não transmissíveis - mata metade das pessoas que consomem o produto. O tabagismo afeta principalmente pessoas pobres e constitui uma causa importante de disparidades de saúde entre ricos e pobres, segundo a OMS.

- Estragos no meio ambiente -

"Ao adotar medidas firmes de luta antitabagismo, os governos protegem o futuro de seus países porque protegem toda a população, com independência se consomem ou não este produto letal. Além disso, geram recursos para financiar os serviços de saúde e outros serviços de sociais e evitam os estragos que o tabaco provoca no meio ambiente", destacou Chan.

O relatório da OMS, que tem como título "O tabaco e seu impacto no meio ambiente: uma visão de conjunto", o primeiro sobre os efeitos do produto na natureza, apresenta alguns dados reveladores.

Os resíduos de tabaco contêm mais de 7000 substâncias químicas tóxicas que envenenam o meio ambiente, algumas delas cancerígenas para o ser humano.

Além disso, a fumaça do tabaco libera milhares de toneladas de produtos cancerígenos para o ser humano, substâncias tóxicas e gases do efeito estufa.

Os resíduos dos produtos de tabaco são o tipo de lixo mais numeroso. Quase 10 bilhões dos 15 bilhões de cigarros vendidos diariamente no mundo são jogados no meio ambiente. As pilhas de cigarros representam entre 30% e 40% dos objetos recolhidos nas atividades de limpeza da costa e urbana.

De acordo com a a OMS, o tabaco poderia provocar no século XXI o total de um bilhão de mortes em todo o planeta.

Para acabar com esta praga a OMS, agência especializada da ONU, defende "medidas fortes", como a proibição da publicidade e do marketing, a proibição de sua venda em locais fechados e ambientes de trabalho, assim como o aumento do preço e dos impostos.

O médico Oleg Chestnov, subdiretor geral da OMS para Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental, explica: "Muitos governos estão tomando medidas contra o tabaco, desde a proibição da publicidade e comercialização até a adoção do pacote neutro e a proibição de fumar nos espaços públicos e locais de trabalho".

"No entanto, uma medida de luta antitabagismo menos utilizada que resulta muito eficaz é a aplicação de políticas tributárias e de preços, que os países podem aplicar para satisfazer suas necessidades de desenvolvimento", conclui.

Na região Norte, de acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente entre os homens e o quinto entre as mulheres. Uma pesquisa do Datafolha, encomendada pela biofarmacêutica Bristol-Myers Squibb, mostrou que 3 em cada 10 brasileiros conhecem alguém que tem ou já teve câncer de pulmão. Ainda assim, há uma desinformação grande em relação à doença: 76% dos brasileiros nunca conversaram com um médico sobre câncer de pulmão e apenas 39% se consideram bem informados sobre a doença.

Cerca de 4.720 substâncias estão presentes na fumaça dos derivados do tabaco e tornam o hábito de fumar o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão e outros tipos de tumores. O risco de infarto é 24% maior para o fumante (comparando com quem não fuma e não está exposto à fumaça).

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A especialista em oncologia clínica, Paula Sampaio, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), explica que a incidência da doença é proporcional ao tempo de exposição aos fatores de risco. “Por isso, pessoas que fumam ou estão expostas à fumaça do cigarro durante muitos anos correm um risco maior de ter câncer de pulmão”, diz ela. Paula Sampaio lembra que, "comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver a doença".

As crianças que vivem próximas a fumantes têm resfriados e infecções do ouvido médio com maior frequência, um risco maior de doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e exacerbação da asma. Em bebês, a possibilidade de morrer subitamente sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil) é 5 vezes maior e o risco de doenças pulmonares até 1 ano de idade também é maior, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.

Questionados se sabem que a chance de cura no caso do diagnóstico da doença em estágio inicial é maior, 95% dos entrevistados pelo Datafolha disseram que sim. Sobre as chances de contrair o câncer de pulmão, os entrevistados disseram:

- 83% concordaram que os fumantes são mais propensos;

- 95% concordaram que os fumantes passivos têm chances de ter câncer de pulmão;

- 85% concordaram que os não fumantes também podem contrair a doença. Apesar disso, 39% dos entrevistados afirmaram que não se preocupam com a doença porque não são fumantes.

Cerca de 50 doenças diferentes estão diretamente relacionadas ao consumo de derivados do tabaco (cigarro, charuto, narguillé). Além do câncer de pulmão, o cigarro também é fator de risco para tumores no colo do útero, cavidade oral, esôfago, bexiga, laringe, ovário e de cólon e reto. É causa dos problemas cardiovasculares (infarto, angina), doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite), hipertensão arterial, aneurismas arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, trombose vascular, osteoporose, catarata, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa precoce e complicações na gravidez.

Estudos mostram que o tabagismo é responsável por:

- 200 mil mortes por ano, no Brasil (23 pessoas por hora);

- 25% das mortes causadas por doença coronariana;

- 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa abaixo dos 60 anos;

- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa abaixo de 65 anos;

- 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;

- 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);

- 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer tabaco-relacionados (boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo do útero);

- 25% das doenças vasculares (derrame cerebral, trombose).

Médicos indicam que, ao parar de fumar, o indivíduo tem ganhos significativos em qualidade de vida. Tais como:

- Após 20 minutos sua pressão sanguínea e pulsação voltam ao normal;

- Em 2 horas não tem mais nicotina no seu sangue;

- Em 8 horas sem cigarro, o nível de oxigênio no sangue se normaliza;

- Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar readquire a capacidade de identificar sabores;

- Em apenas 3 semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação melhora.

Com informações da assessoria de comunicação do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).


Crianças expostas ao tabaco antes e após o nascimento teriam praticamente duas vezes mais riscos de ter problemas de comportamento, como serem mais medrosos, raivosos ou briguentos - é o que diz um estudo feito com mais de 5.200 crianças em idade escolar.

Os malefícios do tabaco nas crianças são velhos conhecidos: a substância favorece a ocorrência de asma nos pequenos, ou o nascimento de bebês com baixo peso quando a mãe fuma durante a gravidez.

Mas o papel potencial da fumaça ambiente sobre os comportamentos é muito menos conhecido, ressaltou o Instituto Nacional de Pesquisa Médica e Saúde da França (Inserm), responsável pela pesquisa.

"A exposição ao tabaco durante a gravidez e após o nascimento praticamente dobra os risco de problemas comportamentais entre as crianças escolarizadas no ensino fundamental, com média de idade de 10 anos", disse à AFP Isabella Annesi-Maesano (diretora de pesquisa do Inserm/Universidade Pierre e Marie Curie).

As crianças expostas ao tabaco seriam mais agressivas: coléricas, desobedientes, briguentas e mais frequentemente inclinadas às mentiras e às trapaças, até mesmo aos pequenos furtos.

Este aumento do risco é grosseiramente refletido pela proporção das crianças expostas ao tabaco em pré e pós natal (18%) que têm este tipo de condutas anormais (18%) comparadas àquelas que não têm fumantes nas proximidades (9,7%).

Para os problemas emocionais, eles desenvolveriam mais facilmente medos, problemas psicossomáticos (dores de cabeça e na barriga), e não ficariam à vontade em situações novas ("criança que fica grudada nos pais", neste caso).

No estudo, 13% das crianças têm problemas de conduta e 15% problemas emocionais - quer tenham sido expostos ou não ao tabaco, explicou a pesquisadora.

Ao todo, 20% das crianças estudadas foram expostas ao tabaco tanto durante a gravidez (mãe fumante) e nos primeiros meses de vida, neste estudo feito em parceria com hospitais de seis cidades francesas.

Os pais das crianças preencheram um questionário especializado, o "SDQ" (questionário pontos fortes e dificuldades/Strengths and Difficulties Questionnaire) indicando especialmente se a criança tinha sido exposta ao tabaco até a idade de um ano.

Os impactos destes problemas comportamentais na escolaridade não foram estudados, mas devem ser analisados numa próxima etapa.

- Efeito neurotóxico -

Os fatores habituais (nível social, prematuridade, nível de educação, etc.) que poderiam influenciar nos resultados foram levados em conta, com exceção do estado mental dos pais (depressão).

Trabalhos anteriores já apontavam para uma relação entre a exposição à fumaça do cigarro e uma taxa acentuada de problemas comportamentais.

Mas o novo estudo, publicado na revista norte-americana PloS One, é o primeiro a mostrar num número tão grande de crianças, uma "associação" entre a exposição pós-natal ao tabaco e os sintomas emocionais e de conduta, notaram os autores.

Para aquelas crianças expostas apenas durante a gravidez (mãe fumante), "a associação aparece apenas para problemas emocionais", explicou Annesi-Maesano. Mas poucas crianças pertencem a este grupo no estudo (cerca de quarenta), notou.

Para a epidemiologista, "o estudo traz um motivo a mais para evitar o tabagismo passivo em função dos problemas comportamentais que podem ser provocados nas crianças".

Estas observações parecem confirmar as realizadas nos animais, segundo as quais a nicotina da fumaça do tabaco poderia ter um efeito neurotóxico sobre o cérebro, em particular sobre o crescimento neuronal nos primeiros meses de vida.

Os usuários de cigarros e produtos derivados de tabaco só poderão consumir o produto em estádios de futebol em locais autorizados e com arejamento. A determinação partiu de um Projeto de Lei 1606 aprovada na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). De autoria do deputado estadual e líder do PT na Casa, Odacy Amorim, a proposta proíbe o uso de cigarros, charutos, cigarrilhas, cachimbos ou qualquer outro produto derivado do tabaco em estádios de futebol.

Substitutivo da Lei Estadual nº 12578 de 13 de maio de 1978, a matéria aprovada foi apresentada pelo petista desde 2013 e a Alepe, no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça desarquivou o texto encaminhando o substitutivo ao Plenário, onde teve aprovação e se tornou em lei.

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“Fico feliz por fazer essa alteração na legislação estadual, visto que hoje em dia as leis têm sido bastante rígidas nesta questão do uso de cigarros em ambientes coletivos. A minha proposta veio para que quem frequenta os estádios e que não fuma, possa também dispor das mesmas regras já exigidas em outros espaços onde existem aglomeração”, esclareceu o parlamentar.

Conforme o PL, os produtos derivados do tabaco nos estádios pernambucanos só estarão autorizados em áreas determinadas e com espaço de arejamento conveniente. 

A diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu, nesta quarta-feira, uma reação internacional para forçar a indústria do tabaco a "fechar as portas", comemorando o progresso na luta contra o tabagismo em vários países.

Falando na conferência mundial sobre "o tabaco ou a saúde" em Abu Dhabi, Margaret Chan, diretora da OMS, saudou medidas tomadas por diversos países - como a Austrália, pioneira na adoção de embalagens neutras para os cigarros - e convidou outros países a seguirem estes exemplos.

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Os fabricantes de tabaco "usam todo tipo de tática, como o financiamento de partidos e políticos para que eles trabalhem em seu favor", disse Chan a jornalistas.

"Este vai ser um combate difícil [...], mas nós não devemos desistir até que a indústria do tabaco feche as portas", ressaltou Margaret Chan, já que quase metade dos fumantes atuais morrerão em decorrência de doenças ligadas ao tabagismo, segundo os organizadores da conferência.

De acordo com a OMS, o tabagismo mata uma pessoa a cada seis segundos - quase seis milhões de pessoas mortas em todo o planeta todos os anos. Ao todo, o tabaco poderia matar um bilhão de pessoas ao longo do século XXI, estima a organização.

Apesar da diminuição no número de fumantes em diversos países, ainda há muito a ser feito na luta anti-tabaco para atingir ao objetivo de reduzir em 30% o consumo até 2025, informaram os participantes da reunião.

"Graças especialmente a medidas legislativas, o tabagismo caiu em diversos países", disse Chan, citando o último relatório da OMS, segundo o qual a proporção de homens fumantes diminuiu em 125 países.

Os não fumantes "passaram a ser a regra", comentou a diretora, dizendo-se "muito contente de ver este progresso em muitos países".

Ela convidou os países produtores de folhas de tabaco a "agirem mais rapidamente" para combater o tabagismo, em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a OMS.

A conferência de Abu Dhabi, iniciada na noite desta terça-feira, deve discutir durante cinco dias as relações entre tabagismo e doenças não-transmissíveis (câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas).

"O tabaco é um dos maiores fatores de risco [para estas doenças], em particular para o câncer", insistiu Chan.

Em matéria de prevenção, ela afirmou que as "embalagens neutras funcionam", parabenizando as medidas adotadas por Austrália, Irlanda e Reino Unido, apesar "das ameaças [da indústria] de travar longas e caras batalhas judiciais".

"Mais de dez países estudam" tomar medidas similares, ressaltou Chan, citando Burkina Fasso, Nova Zelândia, Chile, França, Panamá, Noruega e Turquia.

A nova lei antifumo está em vigor desde o último dia 3 de dezembro. Bem mais rígida, ela não permite mais a existência de fumódromos, nem que as pessoas consumam tabaco e similares em estabelecimentos como bares, clubes e restaurantes. 

Nesta quarta-feira (17), a Vigilância Sanitária do Recife se reuniu com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE) para esclarecer as mudanças contidas na lei. Segundo a gerente da Vigilância Sanitária do Recife, Adeilza Ferraz, os comerciantes mostram certa apreensão com as mudanças. “Eles estão preocupados com relação à abordagem. Nesses estabelecimentos as pessoas ficam bêbadas e podem ficar agressivas”, explica.

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O presidente da Abrasel-PE, Walter Jarocki, destacou também que outra situação incomoda a entidade. É que, se alguém for flagrado fumando nesses estabelecimentos, de acordo com a lei nacional, a multa seguirá para o estabelecimento e não para o fumante, nos valores que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.  Como o Recife já possui lei para os processos administrativos sanitários, os valores são mais brandos, variando de R$ 40 a R$ 400 mil. “São penalidades pesadas, mas se está na lei a gente tem que se adequar”, lamenta Jarocki.

Sobre a evasão de clientes, Jarocki diz que ainda é cedo para prever alguma mudança. "Com a Lei Seca, o movimento baixou em 20%. Já com os fumantes não dá para saber, porque apesar de haver um percentual muito grande, ele tem diminuido", explica. 

A Vigilância Sanitária do Recife deu o prazo de 30 dias para que os comércios desmontem suas áreas para fumantes. Os clientes também não poderão fumar em varadas ou áreas com muro, grades ou qualquer tipo de restrição de espaço. 

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Para o segurança Linaldo Camilo, 32 anos, fumante, a lei é exagerada. “Tudo bem proibir em local fechado, mas eu acho que um local como um toldo não deveria ser proibido. A pessoa vai ter que fumar no sol, na chuva...”, critica. A cozinheira Ticiane Prieto, 29, já apoia a decisão. “Quem não fuma não é obrigado a sentir o cheiro. É incômodo até para mim que fumo”, comenta ela, que diz já possuir o costume de ir para calçada quando queria fumar. O desenvolvedor Ilton Prazeres, 23, também se compadece dos não fumantes e aprova as mudanças. “Eu sei que incomoda muita gente”, conclui.

A nova lei antifumo foi sancionada em dezembro de 2011 e estava regulamentada desde maio de 2014. Ela também proíbe propagandas de cigarros nos pontos de venda. 

Levantamento feito pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com pacientes da instituição mostra que 65% dos pacientes fumantes não conseguem largar o cigarro mesmo após receber o diagnóstico da doença. O coordenador de Apoio ao Tabagista do instituto, Frederico Fernandes, disse que o resultado da pesquisa foi surpreendente. “Nós imaginávamos, justamente, que uma pessoa que fumasse, na hora de receber o diagnóstico de câncer ficasse motivada a parar, pelo fato de ter desenvolvido uma doença relacionada ao tabagismo”, ressaltou em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o médico, apesar da vontade dos pacientes de largar o tabaco, o vício é muito forte. “Quando a gente conversa com esses pacientes, vemos que eles têm vontade, estão motivados, mas, pelo fato de ter um nível alto de dependência da nicotina, não conseguem parar ou reduzir”, contou.

A situação se agrava, de acordo com Fernandes, pelo fato de o cigarro ser uma válvula de escape de grande parte dessas pessoas ao lidar com situações difíceis. “E, muitas vezes, quando a pessoa recebe um diagnóstico como esse, acentua os traços de ansiedade. Com isso, ela acaba não conseguindo largar o cigarro por não conseguir canalizar a ansiedade contra a doença em outra coisa”, explica o médico.

Além de ser um fator que contribui para o surgimento do câncer, Fernandes destaca que o cigarro pode atrapalhar o tratamento. “Alguns tipos de quimioterapia têm menor eficácia quando a pessoa continua fumando e recebendo o tratamento”, enfatiza. Fumar também interfere na cicatrização e recuperação de cirurgias. “Se uma pessoa é submetida a uma cirurgia, parando de fumar ela tem uma cicatrização melhor e um pós-operatório menos complicado”, acrescenta.

Há ainda, segundo o médico, o problema da fragilização do sistema respiratório. “Uma das principais complicações que ocorrem no tratamento de câncer são as infecções respiratórias. E a pessoa que fuma tem chance maior de contrair uma infecção durante o tratamento do câncer”.

Por isso, o Icesp montou uma equipe para apoiar os pacientes que querem deixar o cigarro. “Nós temos uma equipe multiprofissional, composta por psicólogos, enfermeiros, nutricionistas e médicos, que vai dar um tratamento baseado tanto em medidas comportamentais, quanto em medicações, para tentar diminuir o vício”, detalha Fernandes.

Uma das principais linhas de atuação do grupo é, justamente, ajudar os fumantes a lidar com a ansiedade sem o tabaco. “Ensinar como lidar com as situações de problema, com o stress do dia a dia, sem precisar recorrer ao cigarro, coisa que muitos deles estão acostumados a recorrer desde a adolescência”, explica o médico.

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje (29), a conscientização sobre os males do fumo passivo ganha força após pesquisas recentes sobre o tema. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o fumo é responsável por mais de 200 mil mortes por ano no Brasil. Doenças respiratórias e cardiovasculares são as principais enfermidades causadas pelo cigarro e, em muitos casos, as vítimas sequer são fumantes.

Estudo feito por pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, e divulgado no mês passado mostra que partículas da fumaça do tabaco no ambiente podem causar problemas de saúde e até câncer em não fumantes. As novas constatações lançam luz sobre a questão e demandam campanhas específicas sobre o assunto, de acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Daniel Knupp.

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“Hoje, a imagem geral do fumo na sociedade é mais negativa, mesmo os não fumantes têm conhecimento da dimensão do malefício do cigarro no convívio com o fumante, mas não uma dimensão clara da magnitude desse risco”, comentou Knupp. “É importante que os não fumantes tenham ciência de que a incidência de certas doenças pode ser tão elevada para eles quanto para o próprio fumante e tenham autonomia para cobrar o direito de um ambiente livre de tabaco”, disse o médico.

Para a diretora clínica do Centro Paulista de Oncologia (CPO), Mariana Laloni, o que  surpreendeu nos dados da pesquisa foi o fato de que mesmo em casas de não fumantes há um grau de substâncias tóxicas oriundas do cigarro capaz de causar câncer. “Já sabemos que o maior prejudicado é o fumante e já há vários estudos que mostram o impacto do efeito do tabaco para o fumante passivo no mesmo ambiente [do fumante]. Mas esse estudo mostra que a fumaça exalada dos fumantes persiste no ambiente e aumenta o risco de doenças para não fumantes”, comentou Mariana.

Uma divulgação maior de informações sobre o assunto, segundo ela, pode contribuir para uma atitude mais responsável por parte de fumantes em locais públicos e privados.

A coordenadora de Vigilância de Agravo e de Doenças não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, explicou que as ações em curso para inibir o fumo em locais fechados têm obtido resultados significativos na queda da prevalência do fumo passivo. “Já verificamos uma redução do fumo passivo no domicílio, de 12,7% [em 2009] para 10,2% [em 2012]. No local de trabalho, caiu de 12,1% para 9,8%”, acrescentou. Os dados são do estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2013.

A regulamentação da Lei Antifumo Nacional, cujas regras passam a valer a partir de 2 de dezembro, terá impacto ainda maior na queda do número de não fumantes, que hoje são obrigados a inalar fumaça de cigarro. Entre os pontos mais relevantes está a proibição do fumo em locais de uso coletivo, públicos ou privados (como hall e corredores de condomínio, restaurantes e clubes, mesmo que o ambiente esteja só parcialmente fechado por uma parede, divisória, teto ou até toldo). A norma também extingue os fumódromos e acaba com a possibilidade de propaganda comercial de cigarros até mesmo nos pontos de venda.

“Além disso, o decreto prevê que o espaço de advertência nos maços seja ampliado em 30%. Já temos 100% no espaço frontal, 100% na lateral e após 2015 teremos mais 30% no espaço dos maços”, lembrou Deborah.

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