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O advogado Frederick Wassef disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten foi o responsável por pedir para que ele recomprasse o relógio Rolex, dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma viagem oficial, e que havia sido vendido à loja Precision Watches, em Willow Grove, na Pensilvânia (EUA), pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência.

A PF já tem em mãos o histórico de ligações entre Wassef e Wajngarten às vésperas da operação nos Estados Unidos. O ex-secretário de Bolsonaro pressionou e insistiu para que o advogado cumprisse a determinação de repatriar o item de luxo.

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De acordo com informações publicadas pela revista Veja e confirmadas pelo Estadão, Wassef atendeu ao pedido de Wajngarten em março deste ano, após o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenar a devolução dos presentes que Bolsonaro ganhou do governo da Arábia Saudita. Estima-se que o valor arrecadado com a venda seria de US$ 68.000,00 (correspondente a R$ 346.983,60), segundo um comprovante de depósito identificado nos dados da nuvem de Cid pela PF no mesmo dia que o tenente-coronel esteve na Precision Watches.

De acordo com o depoimento de Wassef à PF, Wajngarten teria se comprometido a ressarcir o valor pago na recompra do relógio, o que não aconteceu.

A informação de que Wajngarten influenciou e foi o mandante da recompra do relógio chegou à PF após uma operação de busca e apreensão contra Wassef em agosto deste ano. Os agentes encontraram o histórico de mensagens e ligações entre os dois aliados de Bolsonaro e passaram a investigar a participação do ex-secretário de comunicação no caso.

A partir da apreensão, Wajngarten passou à condição de investigado pela PF e chegou a ser intimado em 31 de agosto a prestar esclarecimentos.

Segundo Wassef, em nota, "Fabio Wajngarten passou a ser um investigado criminal e foi intimado a depor na Polícia Federal em 31 de agosto, exatamente após a apreensão de meus celulares pela Polícia Federal, em 17 de agosto. Ele se manteve em silêncio na polícia".

"Sabedor dos fatos que constavam em meu celular, Fabio Wajngarten vem manipulando inúmeros jornalistas com matérias encomendadas e fatos inventados por ele, tudo para criar uma narrativa para favorecê-lo", diz Wassef.

Em nota publicada nas redes sociais, Wajngarten nega as acusações e diz que "quem mente será processado". Segundo o ex-secretário, "a PF está de posse dos ZAPs de todos os envolvidos e sabe exatamente quem fez o que e principalmente quem não fez o que".

"Agradeço a competente apuração da Polícia Federal que por razões mais do que óbvias já constata quando uma mentira tem perna curta. A PF está de posse dos ZAPs de todos os envolvidos e sabe exatamente quem fez o que e principalmente quem não fez o que. Quem mente será processado. Em respeito aos demais investigados, não mais tocarei no assunto", diz Wajngarten.

No depoimento prestado à PF, Wassef teria dito que tinha uma viagem programada para os EUA e que teria recebido, com insistência, o pedido de Wajngarten para que ele recomprasse o Rolex. Ele usou, segundo o depoimento, dinheiro em espécie para a operação.

A PF acionou o FBI para avançar as investigações sobre o esquema em agosto deste ano. Em outubro, o governo dos EUA permitiu que o órgão atuasse para investigar as transações feitas por aliados de Bolsonaro no país.

O advogado Frederick Wassef prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 31. Ele chegou à superintendência da PF, em São Paulo, por volta das 11h e saiu às 15h, após depor sobre o caso das joias. Ao deixar o prédio da PF, Wassef informou que não se manifestaria sobre o depoimento feito à PF, uma vez que as investigações estão sob segredo de justiça. No entanto, dizendo que falava apenas sobre o passado, reforçou a alegação de que comprou um relógio Rolex para devolver à União e disse que jamais mudou essa versão.

Wassef insistiu que ficou sabendo do episódio das joias por meio da imprensa, quando foi procurado pelo Estadão, que revelou a história em março deste ano . Ao falar com os jornalistas na sede da PF, ele também acusou parte da imprensa de persegui-lo. "Estou sendo perseguido por alguns jornalistas que não agem com compromisso com a verdade", disse sem apresentar provas ou fundamentos sobre as acusações.

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Antes do depoimento, Wassef já havia afirmado que tem "sido vítima de uma campanha covarde de fake news". "Estou absolutamente tranquilo, jamais cometi qualquer irregularidade ou ilícito".

Wassef, que se apresenta como o "advogado oficial" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é uma das oito pessoas intimadas a depor hoje no âmbito das investigações sobre o suposto esquema de venda ilegal de bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais.

O advogado, porém, foi o único a depor em São Paulo. Os demais intimados prestaram depoimento na sede da PF, em Brasília. Os depoimentos foram marcados de forma simultânea, uma estratégia utilizada pela Policia Federal para evitar a chance de uma combinação de versões entre os investigados.

Além de Wassef, foram interrogados pela PF o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro César Barbosa Cid, o general do Exército Mauro César Lourena Cid, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten e os assessores do ex-presidente Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti.

Em Brasília, Bolsonaro, Michelle e Wajngarten ficaram em silêncio no depoimento, argumentando que o caso deveria tramitar na 6ª Vara Federal de Guarulhos. Mauro Cid, por sua vez, divergiu da estratégia e falou aos policiais.

O objetivo da PF é apurar mais informações sobre os principais achados da Operação Lucas 12:2, que colocou o ex-chefe do Executivo no centro de uma investigação sobre supostos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Versão sobre recompra do relógio e dívidas na vida pessoal

Em março de 2023, depois de o Estadão revelar o primeiro escândalo de joias envolvendo Bolsonaro, o advogado Frederick Wassef viajou a Miami, nos Estados Unidos, para recuperar um relógio Rolex do ex-presidente, vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, braço-direito do ex-chefe do Executivo. Wassef teria pago o equivalente a R$ 346.983,60, com o objetivo de entregar o relógio ao Tribunal de Contas da União (TCU).

"Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e eu usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", afirmou o advogado em coletiva de imprensa.

No entanto, na última semana, o Estadão revelou que Wassef deve cerca de R$ 66 mil, sendo R$ 3.516,35 de IPTU para a prefeitura do município de Atibaia, R$ 46 mil de condomínio em um de seus imóveis em Tuiuti (SP), três parcelas de R$ 3.155,89 de IPTU em Brasília, e R$ 6,7 mil de IPVA do veículo Jetta, comprado em segunda mão, que ele usa para circular em Brasília.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que confia "100%" na lealdade do advogado Frederick Wassef. O criminalista é investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de recomprar um relógio Rolex que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou de presente da Arábia Saudita e foi vendido por auxiliares dele no exterior.

"Eu confio 100% na capacidade e na lealdade do Wassef e não tenho absolutamente nada, nenhuma razão, para me preocupar com ele. Muito pelo contrário. Sempre deu demonstrações e provas da sua competência e da sua lealdade", disse o senador, nesta segunda-feira, 28, em vídeo publicado no Instagram.

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Wassef faz parte do círculo mais íntimo dos Bolsonaro. Já atuou como advogado da família, além de ter agido ativamente ao esconder em seu sítio em Atibaia (SP) o ex-assessor Fabrício Queiroz durante as investigações de um suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio - quando era deputado estadual. Na época, o advogado era responsável pela defesa do senador, mas deixou a posição após a descoberta do esconderijo de Queiroz vir à tona.

Segundo a investigação da PF, Wassef recomprou, nos Estados Unidos, o relógio da marca Rolex recebido pelo ex-presidente em viagem oficial. O objeto foi vendido pelo tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-chefe do Executivo, e pelo pai dele, general Mauro César Lourena Cid, e recuperado para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Após a operação da PF, Wassef admitiu ter comprado o relógio Rolex em junho do ano passado. "Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e eu usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", afirmou.

Como mostrou o Estadão, o advogado acumula R$ 66 mil em dívidas, que envolvem condomínio, impostos e multa de trânsito, mas, mesmo nessa situação, conseguiu recomprar o relógio que pode ter custado mais R$ 346 mil, segundo a investigação da PF. Diante dos novos fatos, congressistas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro afirmaram querer ouvir as explicações de Wassef.

No último dia 16, a PF apreendeu quatro aparelhos celulares do advogado. Ele estava em um restaurante no shopping Morumbi, em São Paulo, quando foi abordado pelos policiais. O carro de Wassef, que estava estacionado em uma vaga reservada para pessoas com deficiência, também foi revistado.

Wassef deve prestar depoimento na quinta-feira, 31, à Polícia Federal. Além dele, outros sete envolvidos no caso das joias serão ouvidos simultaneamente, como o ex-presidente Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.

Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro querem ouvir o advogado Frederick Wassef sobre a recompra do relógio Rolex avaliado em mais de R$ 300 mil, mesmo ele estando endividado. De acordo com os parlamentares do colegiado, a movimentação financeira de Wassef pode ajudar a esclarecer o que chamam de um "projeto de golpe de Estado", que envolveria o esquema das joias sob investigação.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou que a CPMI já pretendia chamar Wassef por causa de seu envolvimento no esquema suspeito de desvio e venda ilegal de presentes recebidos por Jair Bolsonaro enquanto ocupava a Presidência. Agora, na avaliação da senadora, a decisão sobre a convocação tende a ser acelerada. "Isso (informação de que Wassef acumula dívidas) nos dá uma pista e reforça a necessidade de ouvi-lo, nos traz mais indícios de que, sim, pode haver algo", disse Soraya.

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Atualmente, há seis requerimentos que pedem a convocação de Wassef como testemunha na CPMI do 8 de Janeiro, além de três pedidos de quebra de sigilo - todos na esteira da Operação Lucas 2:12, da Polícia Federal, sobre a venda de joias e presentes no exterior por aliados de Bolsonaro.

"Estamos analisando que muito dinheiro que transitou nesses últimos meses, principalmente após o segundo turno, foi para financiar o golpe de Estado" afirmou Soraya. Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a reportagem do Estadão reforça a necessidade de o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), colocar em votação os requerimentos.

VIAGEM

Em março deste ano, depois de o Estadão revelar que o governo Bolsonaro tentou trazer, de forma ilegal, joias recebidas do governo saudita, Wassef viajou para Miami, nos Estados Unidos, para recuperar um relógio Rolex doado para o ex-presidente e vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo. Para reaver o item, Wassef teria pago o equivalente a R$ 346.983,60, com o objetivo de entregar o relógio ao Tribunal de Contas da União (TCU), que havia determinado a devolução dos presentes.

"Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", afirmou o advogado, após ser alvo da Lucas 2:12. Wassef ainda ironizou que "o governo do Brasil" lhe "deve R$ 300 mil" e disse que o resgate do relógio não se deu a pedido de Bolsonaro.

Na semana passada, a PF intimou Wassef, Bolsonaro e outras seis pessoas a prestarem depoimento sobre o caso das joias no próximo dia 31.

"Você precisa de pessoas como eu, para que você possa apontar seus dedos e dizer: 'Esse é o cara mau'", dizia Tony Montana, o mafioso vivido por Al Pacino, no clássico de Brian de Palma Scarface. Em Atibaia (SP), na sala do sítio em que Frederick Wassef escondia o ex-policial militar Fabrício Queiroz, uma prateleira exibia miniaturas do personagem. Se a vida fosse um filme, o estilo, o penteado e as roupas de Wassef bem que poderiam vestir um dos malfeitores dos tempos da Lei Seca, perseguidos por Eliot Ness.

Na vida real, porém, o advogado está mais para um personagem saído das sombras, desses que, de vez em quando, aparecem em Brasília e fazem fama ligando seus nomes a de poderosos de plantão e desaparecem junto com eles. No caso de Wassef, para todos os efeitos, ele era "o advogado do presidente Bolsonaro".

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Nos últimos anos, conforme o freguês, Wassef montou seu perfil. Rico e bem-sucedido para uns, devedor contumaz para outros. Como explicar que o mesmo cidadão que recomprou um relógio Rolex do ex-presidente em Miami estimado em US$ 68 mil - o equivalente a R$ 346.983,60 - deva R$ 3.516,35 de IPTU para a prefeitura de Atibaia? Que justificativa dar para a vida milionária que Wassef ostentou nos últimos anos, ocultando contas atrasadas, processos por falta de pagamento de impostos e até o abandono da obra de sua mansão em Brasília?

O Estadão conversou com políticos, empresários, militares e advogados que conviveram com Wassef nos últimos anos. Em comum, a maioria passou a dizer que já não tem mais tanto contato com o advogado, que, após a Polícia Federal capturar seus quatro celulares, parece ter passado de "anjo" - codinome que ganhou no governo Jair Bolsonaro - a "demônio". A apreensão dos telefones foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apura suspeita de venda de presentes diplomáticos no governo Bolsonaro. Procurado, Wassef se disse vítima de "inverdades" (mais informações nesta página).

GRAVAÇÕES E ARMA

São tantas histórias mal contadas sobre Wassef que, no fim, pouco se sabe do homem que, segundo seus interlocutores, grava todas as conversas que mantém e anda armado. Até seus casamentos e separações são controversos, aconteceram em clima de disputas judiciais. Wassef, há alguns anos, enfrentou um câncer que deixou uma sequela física.

No ano passado, quando concorreu a uma vaga de deputado federal e perdeu, Wassef declarou um patrimônio de R$ 18 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo um apartamento em Miami avaliado em R$ 4,96 milhões. Entre 2013 e 2021, as taxas do imóvel foram pagas, majoritariamente, pela empresária Maria Cristina Boner, ex-mulher de Wassef. O boleto de 2022, no valor de US$ 12.847,59 (ou R$ 62.621,72), está em aberto.

Durante a campanha, Wassef publicou mensagens de apoio do então candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O filho mais velho de Bolsonaro gravou dois vídeos. Em um deles se referiu ao advogado como "meu amigo". Em outro, afirmou: "Frederick Wassef é o nosso advogado e, como advogado, demonstrou sua competência e lealdade". O Estadão não localizou vídeo de Bolsonaro pedindo voto para ele e os santinhos que mostram os dois lado a lado são montagens de fotografias.

O jingle escolhido por Wassef tinha uma mensagem clara sobre a atuação com a família Bolsonaro que o advogado queria passar aos eleitores. "Todo mundo já sabe, o Wassef resolve, resolve", dizia a música. O "advogado de Bolsonaro", como ele se identificou na campanha, recebeu 3.628 votos.

Em julho, cerca de um ano depois de informar seu patrimônio à Justiça Eleitoral, Wassef fez um gesto inusitado: voltou a procurar a Corte sob alegação de que estava "buscando a plena transparência". Assim, apresentou lista com três novos bens que disse ter adquirido. Uma casa em Brasília, um jet ski e um carro usado.

Em São Paulo, Wassef disse ter um veículo Silverado de 1995, estimado em R$ 24 mil, e uma Ranger de R$ 112 mil. Em Brasília, circula em um Jetta que comprou de segunda mão, cujo valor declarado ao TSE foi R$ 125 mil. Ele deve R$ 6,7 mil do IPVA do veículo referente a 2022 e 2023.

OBRA PARADA

Um dos bens mais valiosos do patrimônio de Wassef se tornou um canteiro de obras parado. O Estadão esteve no local. A casa no Setor de Mansões Dom Bosco foi comprada em março do ano passado por R$ 3,7 milhões, segundo o registro, pagos via transferência bancária.

"A obra está parada há bastante tempo e depende de ele voltar ou não", afirmou o empresário Almir Pereira Filho, ligado à empresa responsável pela obra. Essa casa também está com o IPTU atrasado. Três parcelas no valor de R$ 3.155,89 já venceram e há outras três para serem pagas nos próximos meses. Por enquanto, os impostos podem ser pagos em boletos. Outras dívidas de Wassef, contudo, já chegaram ao Judiciário. O advogado foi acionado em dois processos que correm no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Em um deles, um condomínio em Tuiuti (SP) cobra R$ 46 mil de Wassef. No outro, a prefeitura de Atibaia cobra R$ 3.516,35 em dívidas de IPTU de uma casa que fica próxima a outro imóvel do advogado. Neste segundo - onde ele mantém os bonequinhos de Tony Montana - Wassef deu guarida a Queiroz.

HERANÇA

Neto de imigrantes libaneses, Wassef deve aos pais e avós parte dos bens adquiridos ao longo da vida. O advogado declarou ao TSE, em 2022, 12 imóveis registrados em São Paulo e no Distrito Federal e um em Miami. Os imóveis representam 55% dos R$ 18 milhões declarados por Wassef ao tribunal. O imóvel mais recente comprado pelo advogado foi o apartamento em que mora, de 189 metros quadrados, no Morumbi, por R$ 1.610.200, em agosto.

DEFESA

Por meio de nota enviada pela assessoria do senador Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef se disse vítima de "inverdades, maldades e covardias". Segundo ele, a obra na casa em Brasília está parada por razão técnica, não financeira. "Ninguém da minha relação fala com jornalistas e menos ainda sobre minha pessoa."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal (PF) apreendeu, no final da noite desta quarta-feira (16), o celular do advogado Frederick Wassef. Ele estava em um restaurante no shopping Morumbi, em São Paulo, quando foi abordado pelos policiais.

A apreensão do telefone foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na investigação sobre o desvio e venda de presentes diplomáticos no governo Jair Bolsonaro, mas não havia sido cumprida. Isso porque o criminalista não foi localizado quando a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2, na semana passada.

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A Polícia Federal afirma que o advogado recomprou um relógio da marca Rolex que havia sido vendido no exterior por auxiliares de Bolsonaro para devolvê-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Em um primeiro momento, Wassef negou ter participado do que os investigadores chamam de "operação resgate". Em coletiva de imprensa nesta semana, ele mudou a versão e admitiu ter comprado o relógio de volta, mas negou ter agido a pedido de Bolsonaro. "Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos", afirmou na entrevista.

Defesa

A reportagem pediu manifestação ao advogado Frederick Wassef. O espaço está aberto.

O advogado Frederick Wassef admitiu nesta terça-feira, 15, ter comprado, nos Estados Unidos, o relógio Rolex vendido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em junho do ano passado. A declaração foi dada em coletiva em São Paulo, após a revelação de que há, inclusive, um recibo da compra. Segundo Wassef, ele usou seus próprios recursos, com o objetivo de devolver a peça ao governo brasileiro, após ordem do Tribunal de Contas da União (TCU).

"Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e eu usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", afirmou ele.

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O advogado ainda ironizou que "o governo do Brasil" lhe "deve R$ 300 mil" e afirmou que a recompra não se deu a pedido de Bolsonaro, mas após a determinação do TCU.

As investigações da Polícia Federal apontam que Wassef foi escalado para recomprar o relógio após o TCU determinar sua devolução. Na decisão que autorizou as diligências de busca e apreensão da sexta-feira, consta que Wassef teria recuperado o relógio no dia 14 de março. O objeto estava em posse da empresa Precision Watches. O advogado teria retornado ao Brasil com o Rolex no dia 29 do mesmo mês.

"No dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid, que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro", diz o documento da Polícia Federal que embasou a operação da qual Wassef foi um dos alvos, junto com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; seu pai, general Mauro César Lourena Cid; e o tenente do Exército Osmar Crivelatti, outro auxiliar de Bolsonaro.

O advogado criminalista Frederick Wassef, um dos alvos da operação Lucas 12:2 da Polícia Federal na última sexta-feira, 11, disse estar sendo vítima de uma "uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos". A Polícia Federal aponta para o defensor do clã Bolsonaro como um dos envolvidos no suposto esquema de venda de joias e presentes de alto valor recebidos durante agendas oficiais.

De acordo com o que a corporação apurou, Wassef teria recomprado um relógio da marca Rolex para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU). O objeto teria as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente durante uma agenda nos Emirados Árabes e que, posteriormente, Mauro Cid teria vendido.

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Na decisão que autorizou as diligências de busca e apreensão da sexta-feira, consta que Wassef teria recuperado o relógio no dia 14 de março. O objeto estava em posse da empresa Precision Watches. O advogado teria retornado ao Brasil com o Rolex no dia 29 do mesmo mês.

"No dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid , que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro", diz o documento.

Na nota deste domingo, 13, Wassef diz que só tomou conhecimento "pela imprensa" do suposto esquema de venda de joias recebidas em agendas oficiais. "Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda."

No entanto, ele não responde diretamente às acusações da Polícia Federal que indicam que ele teria recomprado o Rolex dado a Jair Bolsonaro e vendido por Cid. Ele declara ter sido "acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias", mas em nenhum momento de sua nota, menciona ou refuta o possível papel secundário de readquirir o item, deixando claro apenas não ter participado da venda ou tido posse de alguma joia.

A operação Lucas 12:2 da PF vasculhou quatro endereços em São Paulo, Brasília e Niterói - um deles do advogado. "A Polícia Federal efetuou busca em minha residência no Morumbi, em São Paulo, e não encontrou nada de irregular ou ilegal, não tendo apreendido nenhum objeto, joias ou dinheiro. Fui exposto em toda televisão com graves mentiras e calúnias", disse Wassef em nota.

O nome dado à operação é referência a um versículo bíblico, que diz "não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido".

Leia a íntegra da nota do advogado Frederick Wassef:

Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, mais uma vez, estou sofrendo uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação.

A primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa. Quando liguei para Jair Bolsonaro, ele me autorizou, como seu advogado, a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa. Antes disso, jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda.

A Polícia Federal efetuou busca em minha residência no Morumbi, em São Paulo, e não encontrou nada de irregular ou ilegal, não tendo apreendido nenhum objeto, joias ou dinheiro. Fui exposto em toda televisão com graves mentiras e calúnias.

O advogado criminalista Frederick Wassef, alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (11), faz parte do círculo mais íntimo da família Bolsonaro. Ele defendeu o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho mais velho, Flávio, e escondeu o ex-assessor Fabrício Queiroz durante as investigações de um suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do "01".

Denominada Lucas 12:2, a operação da PF desta sexta vasculhou quatro endereços em Brasília, São Paulo e Niterói atrás de provas dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. A suspeita da corporação é de que Wassef estaria envolvido nesses delitos por meio da venda de joias recebidas como presentes durante agendas oficiais no exterior.

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Wassef recomprou Rolex para entregar ao TCU

O general da reserva do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, e o tenente Osmar Crivelatti também estão entre os alvos da operação.

A autorização da ordem de busca e apreensão veio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das milícias digitais, que apura um suposto esquema de ofensivas virtuais feitas por apoiadores do ex-presidente contra adversários políticos.

De acordo com as investigações, Wassef recomprou, nos Estados Unidos, o Rolex recebido de presente por Bolsonaro e vendido por Lourena Cid para poder entregar o item ao Tribunal de Contas da União (TCU). O advogado teve de pagar um valor maior do que aquele obtido na venda.

Relação de Wassef com a família Bolsonaro

Conhecido como Fred, o advogado é considerado bolsonarista "raiz". Crítico do que chama de "indústria dos radares", defensor de "ações mais efetivas da polícia" no combate à violência, católico praticante e adversário da esquerda.

O primeiro contato entre o ex-presidente e Wassef foi em 2014. Wassef ganhou de presente um smartphone quando estava internado para tratamento de câncer, clicou no ícone do YouTube e assistiu a um discurso do então deputado federal Jair Bolsonaro sobre controle de natalidade. No dia seguinte Fred telefonou para o gabinete de Bolsonaro na Câmara. Depois de mais de uma hora de conversa, marcaram um encontro pessoal.

A atuação de Wassef ao lado do clã Bolsonaro ultrapassa a relação entre advogado e cliente. Em 2019, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na mira da Polícia Federal suspeito de ter dentro do seu gabinete, quando era deputado pelo Rio, um esquema de "rachadinha". O assessor responsável por movimentações atípicas em contas vinculadas ao parlamentar, Fabrício Queiroz, ficou meses foragido da Justiça.

Em junho de 2020, Queiroz foi encontrado em uma casa de Wassef, no município de Atibaia, quando foi preso pela PF. No dia seguinte, o advogado deixou o caso.

Além disso, Wassef costumava frequentar o Alvorada quando Jair Bolsonaro era presidente. Em novembro de 2022, depois que o ex-presidente foi derrotado nas urnas, o criminalista apoiou os acampamentos feitos por apoiadores do ex-chefe do Executivo perto dos quartéis do Exército em todo o País.

"Gente, isso vai muito além do que simplesmente uma eleição ou um presidente. Isso é uma semente que nasceu, o nosso herói Jair Bolsonaro foi quem começou no Brasil o despertar de uma consciência coletiva política de amor ao Brasil, à pátria, à bandeira", disse Wassef na época.

Nas últimas eleições, o advogado se candidatou a deputado federal pelo PL em São Paulo. Ele obteve 3.628 votos e ficou como suplente. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Wassef declarou um patrimônio de R$ 18 milhões, composto de vários imóveis no Brasil e no exterior.

A nova etapa da investigação das joias e presentes ocultados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (11), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas casas do general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro -, do próprio Cid e de Frederick Wassef, advogado da família do ex-presidente

As buscas foram autorizadas por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorrem em imóveis em Niterói, no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo.

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A CPMI da tentativa de golpe de 8 de janeiro teve acesso a e-mails em que Mauro Cid negocia um relógio Rolex, avaliado em cerca de R$ 300 mil, recebido em viagem oficial. A Polícia Federal investiga os crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

O dinheiro em espécie com a venda do Rolex se tornaria patrimônio dos suspeitos por meio de terceiros, sem passar por bancos e, assim, a origem dos valores permaneceria oculta.

O nome da operação é "Lucas 12:2", uma referência ao versículo bíblico que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

 

O advogado Frederick Wassef, que defende a família Bolsonaro, afirmou, nesta sexta-feira (24), que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro usou o nome do presidente Jair Bolsonaro "sem consentimento". Em escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, Ribeiro disse que recebeu uma espécie de alerta do presidente sobre a Operação Acesso Pago.

"Ele usou o nome do presidente sem conhecimento, sem autorização. Cada um se explique pelo que fala", disse Wassef, em entrevista no Palácio do Planalto. "Compete ao ex-ministro explicar por que ele usa o nome do presidente de forma indevida."

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O grampo motivou a remessa ao Supremo Tribunal Federal do inquérito da Operação Acesso Pago, que investiga o esquema do gabinete paralelo de pastores revelado pelo Estadão.

"Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa", diz o ex-ministro em telefonema com a filha Juliana Pinheiro Ribeiro de Azevedo, no último dia 9. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quarta-feira (22). A Polícia Federal prendeu Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, a cúpula do esquema. No entanto, eles foram libertados por ordem do desembargador Ney Bello e aguardam o desenrolar das investigações em liberdade.

O Estadão teve acesso à conversa interceptada pela Polícia Federal. O ex-ministro afirma ter sido procurado por Bolsonaro. "Hoje o presidente me ligou… Ele tá com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe?", conta Milton Ribeiro.

A filha do ex-ministro, então, pergunta se Bolsonaro pediu ao pai para parar de mandar mensagens. "Eu não sei se ele (Bolsonaro) tem alguma informação. Eu estou ligando do meu celular normal, viu pai?", diz ela.

O advogado do presidente afirmou que a divulgação do áudio é um "vazamento criminoso de um material em segredo de justiça". O Ministério Público Federal, em manifestação judicial, citou a existência da gravação e classificou como "possível interferência ilícita" de Bolsonaro na investigação, com o vazamento da investida da PF.

Segundo o advogado, Bolsonaro está "tranquilo porque não tem nada a ver com a história". Apesar do telefonema relatado por Ribeiro, o advogado diz que o presidente não mantém contato com o ex-ministro.

"O presidente não tem nenhuma informação sobre a investigação, não tem acesso a informação privilegiada, não interfere na PF", alega Wassef.

O advogado repetiu o discurso de aliados do presidente de que a máquina pública está sendo usada com fins políticos para prejudicá-lo, às vésperas das eleições.

Ele também negou que o presidente tenha intercedido junto à PF para evitar a transferência de Ribeiro de Santos para Brasília, como ordenara a Justiça, onde seria interrogado pelo delegado Bruno Calandrini. O chefe da investigação afirmou que houve interferência superior no caso, o que o deixou sem autonomia para investigar. Segundo o delegado, Ribeiro recebeu tratamento privilegiado.

"O que está se cobrando é que as pessoas sejam presas e em questão de duas horas transferidas em aeronave particular. Por que isso não ocorreu vamos dar o nome de interferência? Mentira para atingir o presidente Bolsonaro", disse Wassef.

Em meio ao plantão judiciário, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, suspendeu a ação penal contra a empresária Maria Cristina Boner na Operação Caixa de Pandora, que investigou o esquema conhecido como "Mensalão do DEM", no governo do Distrito Federal. Ex-mulher do advogado do clã Bolsonaro, Frederick Wassef, ela é acusada de corrupção e lavagem de dinheiro. A decisão abre caminho para que o processo seja trancado antes do julgamento.

O ministro levou em consideração a absolvição de Cristina em uma ação de improbidade referente aos mesmos fatos pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Segundo ele, a decisão da corte evidencia a necessidade. E, afirmou que há "riscos reais de restrição da liberdade e/ou patrimônio da paciente na ação penal, sendo certo que, com o arquivamento da ação civil, a situação processual sofreu significativa alteração, mostrando-se injusta e ilegítima a persecução penal".

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A decisão acolheu um pedido da defesa da empresária, que a investigação mostra "de forma incontestável e inequívoca que Cristina Boner e sua empresa no passado, jamais participaram do referido esquema delatado". Os advogados ainda afirmaram que Barbosa "simplesmente mentiu do início ao fim em absolutamente tudo o que disse" sobre a empresária.

O caso caiu com o ministro Humberto Martins em razão do recesso do Judiciário, em que o presidente do STJ decide demandas urgentes na ausência do relator natural da causa. Caso o entendimento seja confirmado no mérito, poderá levar ao trancamento da ação penal antes de seu julgamento.

Após o fim do período, o caso passará novamente para apreciação do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, responsável por julgar o pedido da defesa. O ministro julga casos relacionados a Cristina por prevenção por ter sido relator de um outro habeas corpus, em que a defesa da empresária pedia o desbloqueio de R$ 9 milhões da empresária bloqueados na Suíça em meio às investigações da Caixa de Pandora.

Ação penal

Cristina é acusada de pagar propina de R$ 1 milhão, na forma de doações eleitorais, ao ex-governador José Roberto Arruda (DEM) em troca de contratos sem licitação na área de informática. À época, a investigação ficou marcada pela delação do ex-secretário Durval Barbosa, que filmou a entrega de propinas a políticos. Cristina também foi gravada em uma conversa em que o secretário prometia a ela um contrato com o governo. "Cê tá feliz?", perguntou o delator. Tô muito!", disse Cristina. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios pede a condenação da empresária a 15 anos de prisão.

Absolvição

Na esfera civil, Cristina havia sido condenada ao lado de Durval e do ex-presidente da estatal Codeplan, ligada ao governo do DF. Em junho do ano passado, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal decidiu excluir somente a empresária da condenação, em um julgamento que durou menos de cinco minutos na 2ª Turma Cível. Segundo a relatora, Sandra Reves, havia indícios de que os agentes públicos agiram para favorecer Cristina.

No entanto, segundo a desembargadora, não ficou comprovado pelo vídeo que Cristina e sua empresa "incutiram os agentes públicos ao estado psíquico de forjarem situação de emergência para promoverem o direcionamento da contratação emergencial". "Do mesmo modo, não se consubstancia que as particulares auferiram algum benefício, haja vista que, repise-se, não houve qualquer pagamento à sociedade empresária em razão da nulidade do contrato declarada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal e reconhecida pela Codeplan", anotou.

Nesta quinta-feira (19), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovou a quebra de sigilo fiscal do líder do Governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), e do ex-advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Ao todo, 187 requerimentos foram aprovados pelos senadores.

Já investigado pela CPI, Barros é suspeito de ser um dos representantes do Governo Federal na negociação suspeita de superfaturamento de doses da Covaxin. Ele prestou seu primeiro depoimento na quinta (12).

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A Comissão também quer saber se Wassef tem envolvimento na compra de imunizantes através de intermediários. Por isso, solicitou à Receita Federal o histórico de empresas que os dois fizeram parte nos últimos cinco anos, incluindo possíveis sociedades anônimas.

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Com acesso ao material, os senadores terão detalhes sobre o faturamento das empresas, emissões de notas fiscais e a relação de clientes e fornecedores. Os pedidos foram feitos por "indícios de crimes, fraudes, irregularidades ou comportamentos e movimentações atípicas".

Perfis bolsonaristas também são alvos

Após denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, líder do canal Terça Livre, também terá os sigilos fiscal e bancário quebrados. O apoiador do presidente nas redes sociais é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Outros seis perfis de apoio a Jair Bolsonaro vão precisar transferir o sigilo telemático nas redes sociais. São eles Verdade dos Fatos; Movimento Conservador; Farsas do Covid-19; Patriotas; Brasil de Olho e Alemanha Comentada.

O intuito dos 187 requerimentos aprovados é analisar a aquisição de vacinas com empresas intermediárias. O desvio de recursos em hospitais federais do Rio de Janeiro e o financiamento de notícias falsas sobre a pandemia do coronavírus também são investigados.

Além de julgar ilegal o Relatório de Inteligência Financeira produzido pelo antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações suspeitas envolvendo Frederick Wassef, advogado que atendia à família do presidente Jair Bolsonaro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) determinou que a Polícia Federal (PF) abra inquérito para apurar se houve desvios na elaboração do documento. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo.

O relatório foi gerado dias após a operação que colocou o nome de Wassef no centro da cobertura do Caso Queiroz - o ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi preso na casa do advogado em Atibaia, no interior de São Paulo, em junho do ano passado.

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Na avaliação dos desembargadores, em julgamento em dezembro, não havia hipótese legal para a expedição do documento. O entendimento unânime foi o de que se tratou de "geração espontânea", injustificada. O Coaf, por sua vez, disse ao tribunal que seguiu padrão e se baseou em comunicações de origens distintas. O Ministério Público Federal recorreu da decisão que anulou o relatório.

O inquérito da PF é para identificar os agentes responsáveis pela eventual quebra de sigilo ilegal do advogado assim como os responsáveis pelo vazamento do documento.

O Coaf funciona como um órgão de inteligência financeira do governo federal que atua sobretudo na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro. Na gestão Bolsonaro, foi transferido do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia, respondendo ao Banco Central. Com a mudança estrutural, o órgão foi rebatizado e passou a se chamar Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

Antes disso, o conselho foi alvo de disputa interna no governo, travada entre o presidente e o então ministro Sergio Moro, que queria manter o órgão sob seu guarda-chuva. Moro chegou alçar para a chefia do Coaf o servidor da Receita Federal Roberto Leonel, colaborador da Operação Lava Jato nos tempos de auditor em Curitiba.

Como o relatório do Coaf foi anulado, o inquérito sobre Wassef aberto a partir do documento foi suspenso. A investigação mira em pagamentos de R$ 9 milhões da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, a Wassef entre 2015 e 2019. Apurações que começaram de outras formas e que contam com outras provas estão autorizadas a seguir.

Em setembro, o advogado virou réu, ao lado de outras quatro pessoas, em um processo por peculato e lavagem de dinheiro supostamente desviados das seções fluminenses do Serviço Social do Comércio (Sesc), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e da Fecomércio-RJ, como denunciou a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio.

O advogado Frederick Wassef, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das 'rachadinhas', foi alvo de uma queixa por injúria racial. Segundo o boletim de ocorrência, Wassef teria chamado de 'macaca' uma funcionária da franquia Pizza Hut, em Brasília. O episódio teria ocorrido no último domingo (8).

Na noite dessa quinta (12), Wassef afirmou que foi vítima de 'denunciação caluniosa' e prestou queixa no 5º Distrito Policial do Distrito Federal. "São mentiras, isso é um crime de denunciação caluniosa e o Brasil foi induzido ao erro por tais mentiras", afirmou, em vídeo.

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À Polícia, a funcionária do Pizza Hut relatou que foi chamada de 'macaca' após Wassef reclamar que a pizza 'não estava boa'. Ele chegou a questionar se a funcionária havia comido a pizza, e funcionária respondeu que não. Wassef então teria dito em voz alta: "Você é uma macaca! Você come o que te derem!".

A funcionária então diz a Wassef que ele 'não é melhor do que ninguém' e que foi o único cliente a reclamar da pizza. O advogado rebateu dizendo: "De onde eu venho, serviçais não falam com o cliente". O gerente do estabelecimento teria acompanhado o episódio e foi listado como testemunha.

Wassef era responsável pela defesa de Flávio Bolsonaro nas investigações que miram peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete do senador quando ele era deputado estadual no Rio. Ele deixou o caso após a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, localizado pela Polícia Civil de São Paulo em sítio de propriedade de seu escritório, em Atibaia (SP).

Wassef divulgou vídeo em que afirma ter feito um boletim de ocorrência contra a funcionária do Pizza Hut, a quem disse 'não ser negra' e estar sendo 'orientada e treinada por terceiros' para difamá-lo.

"Eu sou vítima do crime de denunciação caluniosa", afirmou. "Trata-se de uma fraude arquitetada para destruir minha imagem e reputação".

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio denunciou nesta sexta-feira, 25, o advogado Frederick Wassef, ex-defensor da família Bolsonaro, a sócia dele, Marcia Zampiron, o empresário Marcelo Cazzo, a advogada Luiza Nagib Eluf e o ex-presidente da Federação do Comércio do Rio, Orlando Diniz, por peculato e lavagem de R$ 4,6 milhões supostamente desviados das seções fluminenses do Serviço Social do Comércio (Sesc), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e da Fecomércio.

A denúncia foi apresentada no âmbito da Operação E$quema S, deflagrada no início do mês para investigar suspeitas de irregularidades na relação entre escritórios de advocacia e o Sistema S do Rio. Na ocasião, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, colocou 26 pessoas no banco dos réus por suposta participação no mesmo esquema.

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As investigações apontaram contratos supostamente falsos firmados entre as bancas e o Sesc, Senac e Fecomércio. "Os serviços arrolados não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz para, por exemplo, a perseguição de adversários pessoais", diz a Lava Jato.

O ponto de partida as apurações foi a delação premiada do próprio Orlando Diniz. Em depoimento, o ex-presidente da Fecomércio do Rio contou que buscava 'comprar uma solução política' e se 'blindar das consequências dos desvios de recursos que vinham sendo praticados' por ele. Para isso, firmava os contratos de fachada como estratégia para justificar pagamentos de vantagens indevidas disfarçadas de serviços que, na verdade, não eram prestados ou eram superfaturados.

O grupo denunciado hoje foi alvo de buscas na fase ostensiva do inquérito. No caso de Wassef, a Procuradoria vasculhou um endereço residencial e outro comercial ligado ao advogado na capital paulista e ainda em seu escritório em Atibaia, no interior de São Paulo, - local onde o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, apontado como suposto operador financeiro do esquema de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto deputado estadual no Rio, foi preso no âmbito da Operação Anjo.

Segundo a Lava Jato, Frederick Wassef, Marcia Zampiron e Luiza Nagib Eluf entraram no esquema em 2016 por indicação de Marcelo Cazzo que, na época, era o responsável pelas contratações de serviços jurídicos pela Fecomércio/RJ. O escritório Eluf e Santos teria sido usado como intermediário de pagamentos a Wassef e sua sócia.

A quebra de sigilo bancário do grupo indicou que, entre dezembro de 2016 e junho de 2017, o escritório de Luiza Nagib Eluf transferiu R$2,6 milhões ao escritório de Wassef e R$751 mil diretamente a Marcia.

Em delação, Orlando Diniz contou que precisaram de um escritório interposto, uma vez que a então companheira de Frederick Wassef, Maria Cristina Boner Leo, tinha pendências judiciais, 'o que poderia atrair holofotes indesejados para a contratação'.

Oficialmente, os contratos indicavam a prestação de assessoria jurídica na realização de sindicâncias administrativas para apurar vazamentos de informações do Sistema S. Mas, segundo a Lava Jato, o verdadeiro objeto dos serviços foi o monitoramento pessoal de Daniele Paraíso, funcionária do Senac e recém-separada de Orlando Diniz.

"(Daniele) havia recém se separado dele, pessoa a quem o colaborador imputava a pecha de persegui-lo, razão pela qual ele desejava responsabilizar por suspeitas de vazamentos", sustenta a denúncia. "Por tabela, a deflagração dessas apurações internas também tinham o objetivo de garantir que os contratos milionários e que instrumentalizaram outros desvios não viessem à tona", completa a Lava Jato do Rio.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO FREDERICK WASSEF

A reportagem entrou em contato com Wassef e aguarda resposta. Após ser alvo da Operação Esquema $, ele divulgou a seguinte nota:

"No dia de hoje foi cumprido um mandado de busca e apreensão em minha residência no Morumbi assustando meus pais idosos que moram comigo e não podem ter contato com ninguém pela questão da pandemia . Nenhuma irregularidade foi encontrada e, por consequência, não houve a apreensão de nada . O mesmo se sucedeu em meu escritório de advocacia: nada foi apreendido.

"Não fui denunciado como os demais advogados e nada tenho que ver com nenhum esquema de Fecomércio . Jamais fui contratado pela Fecomércio ou recebi pagamentos desta entidade . Fui contratado por um renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo que tem como dona uma conhecida procuradora do Ministério Público de SP e que sua biografia é um exemplo de integridade , retidão e honestidade, além de ter dedicado sua vida no combate ao crime como atuante promotora e procuradora de justiça que foi .

Todos os meus serviços , de todos os clientes, foram prestados. Meus honorários foram declarados à Receita Federal e todos os impostos pagos na totalidade . Após dois anos e meio de investigação não fui denunciado . Jamais em minha vida pratiquei qualquer irregularidade e nunca fui investigado ou respondi a qualquer processo . Sou aprovado pelo rigoroso compliance de todos os Bancos e de meus clientes .

O delator Orlando Diniz está deliberadamente mentindo a meu respeito a mando de advogados inescrupulosos que estão usando-o como míssil teleguiado para me atingir visando atender o interesse de um outro cliente em comum.

Denunciei no ano passado a uma autoridade pública o esquema e uma engenharia criminosa que estava sendo montada para usar o delator para me atingir e já existe uma investigação em curso apurando tais fatos."

COM A PALAVRA, OS DEMAIS DENUNCIADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem havia buscado contato com a defesa dos demais denunciados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

A Força-tarefa Greenfield apresentou pedido em processo cautelar nessa sexta-feira, 4, para que a Justiça Federal determine que a J&F Investimentos e a JBS apresentem documentos que esclareçam a relação do grupo, ou de suas empresas, com o advogado Frederick Wassef. Os procuradores querem saber o motivo do pagamento de R$ 9 milhões ao advogado.

A FT considera a informação de extrema importância já que os fatos noticiados pela imprensa, se ilícitos, podem trazer consequências para o acordo de leniência celebrado com a holding. É que o ajuste possui cláusulas explícitas sobre a cessação da prática de condutas criminosas, a omissão e sonegação de informações relacionados a fatos que o grupo se obrigou a cooperar, bem como estabelece claramente o princípio da boa-fé contratual.

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Em 21 de agosto, o MPF encaminhou ofícios à J&F e à JBS solicitando informações e documentos que comprovassem o caráter lícito da relação profissional e dos serviços prestados por Wassef ao grupo e suas empresas. A J&F, na ocasião, afirmou não ter qualquer relação contratual com o escritório do advogado. Já a JBS se negou a fornecer os documentos sob o argumento do sigilo assegurado na relação entre advogado e cliente.

Os procuradores esclarecem na petição que não houve solicitação de documentos relativos à comunicação, correspondência, relacionamento ou estratégia de defesa entre advogado e cliente, estes protegidos pelo sigilo profissional. O que a Força-tarefa quer são documentos que comprovem a efetiva relação contratual, como notas fiscais, TEDs, procurações ad judicia, lista de inquéritos nos quais o escritório tenha atuado, cópias das petições assinadas por Wassef e outros documentos que provem a licitude da prestação de serviços.

“A indevida ausência de resposta apenas alimenta as graves suspeitas veiculadas pela imprensa envolvendo a JBS. É necessário que a empresa aja de fato para afastar efetivamente todo o contexto de mora no cumprimento do acordo apresentado nestes autos, em vez de continuar protelando e agindo com o intuito de cumprir apenas aquilo que lhe convenha, no momento que bem entender”, entende a Greenfield.

Na cautelar, a FT manifesta-se, também, contrária à realização de nova audiência enquanto as informações não forem apresentadas pela J&F e pela JBS ao MPF e à Justiça Federal.

Da assessoria do MPF

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao empresário Joesley Batista e demais delatores da J&F que expliquem pagamentos de R$ 9,83 milhões da JBS S.A. - empresa que faz parte do grupo - ao advogado Frederick Wassef entre 2015 e 2020.

As movimentações financeiras foram detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em um relatório de inteligência financeira encaminhado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que investiga o esquema de rachadinha no gabinete do ex-deputado estadual do Rio de Janeiro e hoje senador Flávio Bolsonaro, ex-cliente do advogado.

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A apuração na PGR não é sobre a conduta de Wassef, que sequer será ouvido neste momento. O que procuradores buscam esclarecer é se houve omissão por parte de delatores do grupo J&F por deixarem de ter informado os pagamentos em seus acordos de colaboração.

A PGR já rescindiu (encerrou) os acordos dos colaboradores Joesley Batista Wesley Batista, Ricardo Saud, Francisco Assis e Silva, desde 2017, mas o Supremo Tribunal Federal ainda não decidiu pela homologação (validação judicial) da rescisão. Assim, o acordo ainda está vago. Advogados dos delatores tentam salvar os acordos por meio de uma repactuação, que até agora não foi aceita pela PGR.

Caso a PGR conclua que as explicações dos pagamentos a Wassef não são satisfatórias e que houve nova omissão por parte dos delatores, será um motivo a mais para manter a rescisão dos acordos de colaboração. A leitura interna na PGR é que seria mais uma bola nas costas, como no episódio da contratação do procurador Marcelo Miller.

O advogado de Joesley Batista, André Callegari, disse ao Estadão que "os colaboradores nunca outorgaram poderes para Frederick Wassef trabalhar em nome deles nem perante o Supremo Tribunal Federal, na PET 7003 (processo que trata do acordo de colaboração), nem perante a Procuradoria-Geral da República".

A reportagem questionou à assessoria de imprensa do grupo J&F se os executivos comentam a medida da PGR, e ainda não houve resposta.

Em nota na semana passada, a JBS disse que "o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da Companhia junto à PGR". "A empresa informa que os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019", disse a nota da JBS.

Investigado pelo Ministério Público por conta das "rachadinhas" em seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (Republicanos) admitiu pela primeira vez que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava, sim, as suas contas pessoais. No entanto, o senador aponta que esse dinheiro não vinha dos desvios investigados, mas de recursos próprios.

Flávio também afirma que o dinheiro vindo dos depósitos de outros assessores eram usados por Queiroz para contratar informalmente mais funcionários nos redutos eleitorais onde ele era forte, mas ele garante que isso acontecia sem seu conhecimento. 

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"Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é óbvio que, se soubesse que ele fazia isso, jamais concordaria. Até porque não precisava, meu gabinete sempre foi muito enxuto, e na Assembleia existia a possibilidade de desmembrar cargos", afirma ao O Globo.

Flávio aponta que a investigação contra ele é "desproporcional" e o Ministério Público faz isso com ele porque ele é o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - se não fosse isso, o senador acredita que as investigações já teriam sido arquivadas "pelo princípio da insignificância".

Fabrício Queiroz foi encontrado no dia 18 de junho na casa de Frederick Wassef, advogado de Flávio e amigo da família Bolsonaro. Sobre isso, o senador garante que nem ele, nem seu pai sabiam da estadia do ex-assessor. 

"O Fred (Wassef) teve quatro cânceres, né? O Queiroz estava tratando de um câncer também. Se ele (Wassef) se sensibilizou e deixou o imóvel para ele (Queiroz) usar, não tem crime nenhum nisso, nada de errado. Agora, é óbvio que isso não podia ter acontecido nunca. Foi um erro. Se (Wassef) tivesse comentado comigo, diria que ele estava sendo imprudente", salienta.

Lava Jato

O filho mais velho do presidente também falou na entrevista ao jornal sobre a Lava Jato. Flávio, que antes era só elogios a operação, hoje tece críticas. "Qualquer investigação tem que acontecer dentro da lei e os excessos precisam ser investigados. Não dá para a gente jogar uma partida de futebol, um time fazer gol de mão e o outro aceitar", disse.  Além disso, o senador pontuou não achar que a operação é hegemônica e considera que algumas pessoas que atuam na Lava Jato "têm interesse político ou financeiro".

Mesmo assim, para Flávio, não há um desmonte das investigações no Brasil e a Polícia Federal ganhou mais força com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. "Moro saiu do governo porque percebeu que não havia um alinhamento ideológico, no tocante às armas, por exemplo". O senador nega que o ex-juiz tenha deixado o governo Bolsonaro por interferências na Polícia Federal.

Mensagens encontradas no celular de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, revelam que ele e seu filho teriam usado a casa de Maria Cristina Boner, ex-esposa do advogado Frederick Wassef. As informações são do jornal O Globo.

O Ministério Público havia descoberto dois endereços de Wassef ligados a Queiroz: o sítio em Atibaia, onde o ex-assessor foi preso, e o apartamento no Guarujá. Segundo a matéria, as mensagens encontradas confirmam a localização.

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As conversas registram que no dia 24 de novembro de 2019, Queiroz escreveu para Márcia Oliveira Aguiar, sua esposa, que estava a caminho da “casa do anjo”, codinome que vem sendo associado a Wassef nas investigações. Pouco tempo depois, ele envia uma foto de seu filho sentado em um sofá branco com uma sala ao fundo.

Posteriormente, é a vez de seu filho fazer alguns registros de si mesmo no ambiente e encaminhá-los para um amigo, tecendo elogios ao ambiente. O celular, então, registra que os dados foram emitidos da Rua Jerônimo da Veiga, à altura da esquina com a Rua Emanuel Kant, em Itaim Bibi, São Paulo.

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