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A Ibatiba Assessoria, Consultoria e Intermediação de Negócios, citada em delação de um ex-executivo da Andrade Gutierrez como empresa utilizada para repassar propina ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), recebeu R$ 30 milhões de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal, os repasses foram feitos pela própria Andrade, Mendes Júnior e OAS de 2010 a 2012.

Em sua delação premiada homologada em abril deste ano, o ex-diretor de Energia da Andrade Gutierrez Flávio Barra afirmou que Jucá indicou como a propina deveria ser repassada.

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Alvo de três inquéritos relacionados à Lava Jato, o senador peemedebista foi um dos principais articuladores políticos do presidente em exercício Michel Temer. Ele deixou o cargo de ministro do Planejamento em maio, após divulgação de conversa gravada com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Na conversa, o senador sugere um pacto para deter o avanço das investigações da operação.

Em depoimento que cita Jucá, o ex-executivo da Andrade Gutierrez disse aos procuradores de Curitiba que a Ibatiba operava como uma das empresas de fachada utilizadas para escoar propina paga pela empreiteira em razão da construção da Usina Angra 3, no Rio.

O montante movimentado nas contas da Ibatiba foi identificado após a Procuradoria da República solicitar a quebra de sigilo de um grupo de empresas apontadas como de fachada e ligadas à Mendes Júnior.

No pedido, os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apontam que, "não obstante os vultosos recebimentos, a Ibatiba, no período de 2010 e 2012, não declarou possuir qualquer funcionário e não efetuou qualquer pagamento a contribuintes individuais, sejam pró-labore ou autônomos, conforme se verifica a partir do exame de suas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)". Os procuradores consideram que essa é uma evidência de que a empresa foi usada para repassar propina.

Sociedade

A Ibatiba tem como sócios o empresário José Augusto Ferreira dos Santos e seus filhos, Fabio Augusto e Felipe Guimarães. Santos é mais conhecido por ter sido um dos acionistas do Banco BVA, alvo de intervenção e posterior liquidação judicial pelo Banco Central.

Em um de seus depoimentos aos investigadores, o ex-executivo da Andrade Gutierrez afirmou que Jucá pediu para que a empreiteira procurasse Santos "para viabilizar o pagamento da propina". Em um primeiro momento, o banqueiro sugeriu que a construtora fizesse um investimento no BVA e, "do rendimento, seria retirado o dinheiro para o pagamento das vantagens indevidas".

A operação, no entanto, foi negada pela empreiteira. Foi então que Santos indicou a Ibatiba para celebrar contratos fictícios, segundo relato de Barra. "É manifestamente improvável que a Ibatiba efetivamente tenha prestado os serviços pelos quais foi contratada pelas empreiteiras Mendes Júnior, Andrade Gutierrez e OAS, que motivaram transferências de milhões de reais", afirma o Ministério Público Federal no trecho do relatório em que trata dos pagamentos à empresa.

Citações

Atual presidente em exercício do PMDB, Jucá já foi citado em outras delações premiadas na Operação Lava Jato.

Ele foi apontado por executivos da Camargo Corrêa e pelo ex-presidente da Transpetro como um dos parlamentares que recebiam parte da propina destinada ao PMDB por obras da Petrobras e por contratos no setor elétrico.

O peemedebista ainda foi apontado pelo ex-executivo do grupo Hypermarcas Nelson Mello como um dos beneficiários de propina de cerca de R$ 30 milhões enviada a senadores do PMDB por meio do lobista Milton Lyra. Em outra operação, a Zelotes, o senador é alvo de investigação sobre suposta venda de medida provisória.

Banco BVA

Na Lava Jato, o Banco BVA já foi citado na 21.ª fase da operação, a Passe Livre, que levou à prisão o pecuarista e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai. No despacho em que autorizou a detenção provisória, o juiz federal Sérgio Moro destacou que o pecuarista "recebeu empréstimos vultosos do Banco BVA meses antes da intervenção por este sofrida da parte do Banco Central".

"Embora os créditos não estejam esclarecidos, foi possível identificar pelo menos um empréstimo tomado por José Carlos Bumlai do Banco BVA no valor de R$ 3.817.000 em 25 de julho de 2012", registrou Moro.

O BVA aparece também na delação premiada do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

Segundo ele, "entre 2009 e 2010", houve uma ordem do então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), para atender o Banco BVA na participação da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

Segundo Cerveró, José Ferreira dos Santos era amigo de Lobão. O delator relatou que o negócio foi feito e, alguns anos depois, o banco faliu e a Petros perdeu o dinheiro investido.

Defesas

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa os ex-ministros Romero Jucá e Edison Lobão, disse que as afirmações dos delatores são "falsas". Segundo o criminalista, Jucá "jamais teve intimidade" com José Augusto Ferreira dos Santos, da Ibatiba. Já Lobão, segundo o advogado, "não tinha amizade" com o empresário. O criminalista Marcelo Leonardo, que defende a Mendes Júnior, disse que não tem informação sobre negócio da empreiteira com a Ibatiba.

A Hypermarcas, na época em que a delação de Nelson Mello foi divulgada, disse que o ex-funcionário autorizou despesas por iniciativa própria. O Estado procurou a defesa de Santos, mas não obteve resposta. A defesa da OAS não quis comentar. A Andrade Gutierrez tem afirmado que colabora com a Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu nesta quarta-feira, 5, o reajuste dos servidores federais já aprovados pela Câmara dos Deputados. Segundo ele, se todas as despesas da União aumentassem em um ritmo dentro da meta de inflação - como é a proposta de reajuste -, o problema fiscal do governo seria resolvido mais rapidamente.

"Aumentar em 5% os salários dos servidores ao ano é um bom negócio", afirmou, em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. "Se depender de mim, vamos aprovar esses aumentos, que estão dentro do limitador de despesas que propomos para os próximos anos", afirmou.

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Jucá chegou a bater boca com o senador Armando Monteiro (PTB-PE), ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) até o afastamento de Dilma Rousseff, que questionou o fato de o governo do presidente em exercício, Michel Temer, estar apoiando medidas de aumento de gastos públicos, apesar do discurso de austeridade. "Temos apenas 45 dias de governo Michel Temer. O governo atual não vai fazer receita (do ex-ministro da Fazenda) Joaquim Levy. Não vamos jogar para o mercado e fazer superávit de ocasião, queremos uma ação sustentável", completou.

Após críticas à política econômica do governo da presidente afastada Dilma Rousseff, Jucá foi confrontado pelos senadores petistas por ter feito parte da base governista na ocasião. O senador peemedebista respondeu chamando a bancada do PT na Casa de "Walking Dead". "Parecem a caminhada dos mortos", afirmou.

Questionado pela reportagem sobre o teor da delação de Nelson Mello, o advogado do Grupo Hypermarcas, José Luís Oliveira Lima, não se manifestou.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou qualquer tipo de recebimento de vantagens indevidas. Em nota, Renan reiterou nunca ter recebido "vantagens de quem quer que seja".

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"É de zero a chance de se encontrar recursos sem origem justificada do senador", diz a nota enviada pelo presidente do Senado.

Procurada, a assessoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR) solicitou que a reportagem procurasse seu advogado. O Estado entrou em contato com Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, mas ele não respondeu às ligações da reportagem.

O senador Eduardo Braga (PMDB), por meio de sua assessoria, informou não conhecer ou manter qualquer tipo de relação com os lobistas Lúcio Funaro e Milton Lyra. O senador informou nunca ter recebido valores da Hypermarcas ou de seu ex-diretor Nelson Mello.

--> Delação cita propina de R$ 30 milhões a Renan, Jucá e Eduardo Braga

Acesso

O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira, que representa Lúcio Funaro, disse que não comentaria o caso porque não teve acesso à delação.

Milton Lyra e sua defesa não foram localizados ontem.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), citado por Mello como próximo a Funaro, afirmou que desconhece completamente o assunto da delação premiada do ex-diretor do Grupo Hypermarcas.

Indagado sobre o motivo da citação, o presidente afastado da Câmara dos Deputados disse não ter "qualquer relação com esse assunto" e desmentiu as afirmações do delator.

Procurado, o advogado Luiz Francisco Carvalho, que defende Nelson Mello, não respondeu às ligações da reportagem.

Um relatório da Polícia Federal no âmbito da Operação Zelotes aponta que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) alterou a Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau. A informação consta em reportagem deste sábado, 25, do jornal Folha de São Paulo.

O texto, do qual Jucá era relator, trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior. De acordo com a reportagem, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

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O deputado Jorge Côrte Real disse ter sido pego de surpresa com a citação do seu nome no relatório da PF. O documento cita uma emenda à MP 627 apresentada por Real. "Minha proposta apenas concedia o prazo de 30 dias para adesão ao sistema proposto pela MP. Isso atendia o interesse geral, não de uma companhia em especial", disse.

Também citado no documento, Alfredo Kaefer diz que a emenda que apresentou atende a pedido que havia sido feito pela Confederação Nacional da Indústria. "Minha atuação parlamentar é marcada pela preocupação em apresentar propostas importantes para o setor industrial. Sempre fui o interlocutor de empresas para assuntos tributários", disse. "Uma rápida pesquisa demonstra o que digo." Ele afirmou ter encontrado poucas vezes o presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, Jorge Johannpeter Gerdau. "Por um azar, uma pessoa da empresa passou no gabinete, elogiando minha emenda, e pegou o cartão do meu assessor. É só". Ele disse não se lembrar do teor da emenda, mas acrescenta que ela não foi nem sequer aprovada.

A Gerdau afirmou que participou "de forma legítima e em conformidade com a legislação brasileira" de discussões sobre a bitributação de lucros provenientes do exterior. Segundo a companhia, o debate foi liderado por entidades de classe e em conjunto com outras empresas de atuação internacional.

O senador Romero Jucá não atendeu as ligações da reportagem. A assessoria de imprensa do parlamentar também tentou fazer o contato, mas não conseguiu localizá-lo.

A defesa do ex-presidente José Sarney e dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA) rebateu a delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que se tornou pública nessa quarta-feira, 15. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, questiona as circunstâncias da delação.

"Os senadores Romero Jucá e Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney negam peremptoriamente terem recebido qualquer montante, a qualquer título, do delator Sérgio Machado", escreveu Kakay para a reportagem.

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De acordo com o advogado, a delação tem que ser vista com muita ressalva, "dada às circunstâncias em que foi feita, para impedir a prisão dos filhos do delator", argumenta. A defesa alega ainda que o delator não apresenta nenhuma prova do que disse.

A delação de Machado foi liberada pelo Supremo Tribunal Federal nessa tarde. Na colaboração, Machado afirma que repassou propina para mais de 20 políticos, entre eles, o presidente em exercício Michel Temer. De acordo com o delator, a cúpula do PMDB, os senadores Jucá, Lobão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney teriam indicado Machado para a presidência da Transpetro.

Pouco antes de receber o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, nesta quinta-feira, 9, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversou rapidamente com a imprensa e negou que haja um acordo para evitar a sua prisão e a do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Após a notícia de que a Procuradoria-geral da República (PGR) enviou um pedido prisão ao Supremo Tribunal Federal (STF) dos membros da cúpula do PMDB, parlamentares da base e da oposição estariam articulando um plano para evitar as prisões. Se a Corte determinar, Renan e Jucá só podem ser mantidos presos após aprovação do plenário da Casa.

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"Não existe e não existirá (acordão), porque o Senado praticará sempre a separação dos Poderes. Nós não sabemos nem o conteúdo das delações, imagina fazer acordo, quem está dizendo isso é porque quer mais uma vez embaçar, deturpar as coisas", declarou Renan.

O presidente do Congresso evitou comentar o caso, pois considera ser "mais prudente aguardar a decisão do STF". "Eu mais do que qualquer um tenho total interesse nos esclarecimentos dos fatos. Já fiz da minha parte o que era preciso fazer, compareci, fiz depoimento, entreguei todos os meus sigilos e estou à disposição para continuar colaborando. Tenho conduzido isso tudo com tranquilidade e serenidade", disse.

O tema da reunião entre Renan e Cedraz, que deve começar no início desta tarde, não foi divulgado.

Líderes da base aliada e da oposição no Senado articulam um grande acordo para barrar no plenário da Casa eventual ordem de prisão provisória do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Os pedidos de prisão foram feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e serão avaliados pelo Supremo Tribunal Federal. Se a Corte determinar, os senadores só podem ser mantidos presos após aprovação do Senado.

O mesmo procedimento ocorreu com o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS). No caso dele, o plenário decidiu, em novembro de 2015, mantê-lo preso após a determinação do STF. Abandonado pelo comando do PT, na época sua legenda, Delcídio não contou também com gesto de solidariedade de nenhum integrante da bancada durante a votação.

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Desta vez, porém, com Renan e Jucá a tendência é de que o plenário se comporte de maneira diferente. O argumento, segundo líderes ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, é que o conteúdo que veio a público das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não é suficiente para levar um parlamentar à prisão.

Além disso, há receio na Casa com os desdobramentos da delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht. As revelações do empresário podem levar a novos pedidos de prisões. Segundo fontes, há mais de 30 senadores envolvidos, quase metade da Casa, composta por 81 integrantes. Além disso, já são 12 os senadores investigados na Operação Lava Jato com inquéritos em tramitação no STF.

O discurso oficial, contudo, é o de que com o que foi publicado até agora, a autorização de prisão não passa na Casa. "Fizemos o pedido para ter acesso à delação e gravações do Sérgio Machado. O procurador-geral que prove que teve e qual foi o flagrante", disse o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB). "Não é uma questão de dar uma resposta institucional, porque pode parecer corporativismo, mas é uma questão constitucional. Quem tem que mostrar o ônus da prova é ele (Rodrigo Janot)."

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), também faz ressalvas aos pedidos baseados apenas no conteúdo que já foi publicado sobre as conversas gravadas por Machado. "Na minha opinião, não é suficiente com o que tem. Pode ser que tenha havido coisas que eu não conheça, mas para mim, até aqui, é uma mera especulação de conversas reservadas, sem nenhuma consequência prática", disse o tucano.

Para o líder do PDT, Acyr Gurgacz (PDT-RO), o ministro do Supremo, Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato, não chegará nem a pedir as prisões. "Se for aquilo que vimos, é fraco. Temos de aguardar. Só com o que tem, o próprio Teori barra. Sem flagrante, o ministro não vai mandar para cá", afirmou.

Petistas

Integrantes da cúpula do PT no Senado também não pretendem causar constrangimentos a Renan e Jucá. Gestos de afagos foram feitos no mesmo dia em que veio a público o pedido de prisão de Janot. "Eu queria cumprimentar vossa excelência pela serenidade, firmeza e senso de responsabilidade com que vossa excelência, ainda há pouco, se dirigiu à Nação e a todos nós, seus colegas aqui no Senado", afirmou em plenário o senador Jorge Viana (PT-AC) - que assumiria a presidência do Senado caso Renan fique impedido.

Horas antes, Viana foi à residência de Renan prestar solidariedade. Além dele, a presidente afastada Dilma Rousseff também ligou para o peemedebista num gesto de apoio.

O PT não firmou posição sobre os pedidos de prisão feitos por Janot. Seus principais dirigentes se calam sobre o tema, mas alguns falam em "arbitrariedade". A página do partido na internet ignorou o assunto. O PT, porém, tem tratado de forma distinta Renan e Sarney, com os quais ainda mantém pontes, de Jucá e Cunha, considerados inimigos. Ainda assim, os petistas nem sequer reagiram ao arquivamento do pedido de cassação de Jucá no Conselho de Ética da Casa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) criticou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha pedido sua prisão ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota, o senador disse "lamentar" que ocorra "vazamento seletivo" de informações. "Venho sendo acusado e agredido e não tenho o conhecimento do material a que tenho direito de ter acesso para me defender. Lamento esse tipo de vazamento seletivo que expõe as pessoas sem nenhum tipo de contraditório", escreveu Jucá.

A informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria pedido a prisão de Jucá foi divulgada nesta terça-feira, 7, pelo jornal O Globo e confirmada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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O senador considerou o pedido de prisão "absurdo" e afirmou que já se colocou à disposição para prestar esclarecimentos sobre os diálogos entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Jucá disse que foi "vítima" da gravação de Machado, mas que pediu afastamento do Ministério do Planejamento no mesmo dia e solicitou à PGR a cópia da delação de Machado para que pudesse se defender. O senador critica o fato de não ter tido acesso aos documentos.

O senador alega ainda que não atuou em nenhum momento no sentido de confundir as investigações, em referência às atividades da Operação Lava Jato. Ele informou que, diferentemente do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ele defende que investigados presos possam fazer delação premiada e também defende a prisão com julgamento em segunda instância, caso a Justiça entenda que seja necessária.

O pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do segundo vice-presidente, Romero Jucá (PMDB-RR), por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abre espaço para que o petista Jorge Viana (AC), primeiro vice-presidente do Senado, venha a assumir a presidência da Casa interinamente, caso o Supremo Tribunal Federal aceite o pedido da PGR.

De acordo com o regimento interno e a assessoria técnica da Casa, os postos seriam preenchidos interinamente e as funções acumuladas. No seu artigo 59, o regimento prevê que, em caso de "vaga definitiva" para os cargos da Mesa Diretora, o preenchimento será feito em até cinco dias úteis com a realização de novas eleições. Os membros da mesa são eleitos em votação secreta.

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A interpretação da assessoria técnica do Senado, no entanto, é de que, caso Renan venha a ser afastado do cargo de presidente, ou preso preventivamente, isso não caracterizaria afastamento "definitivo". Ele poderia, em tese, retornar tão logo o prazo da prisão preventiva terminasse ou quando o afastamento fosse revertido.

Não existe um substituto para o senador Romero Jucá, que é o segundo vice-presidente do Senado. Nesse caso, a assessoria técnica da Casa defende que não é necessário que nenhum senador assuma o seu posto de forma interina. As suas funções e tarefas poderiam ser acumuladas por outro senador da Mesa Diretora, que conta ainda com quatro secretários e três suplentes.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, evitou responder, em entrevista coletiva ao final de uma reunião ministerial na manha desta terça-feira, 7, perguntas sobre o impacto dos pedidos de prisão de caciques peemedebistas feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e disse que apenas o procurador poderia falar sobre o tema. "Em um outro momento, talvez comente os pedidos. Agora, aqui, é Olimpíada. Só quem pode responder é o Dr Janot, ele sabe por que fez, o que fez, o que escreveu e o que pediu. Eu não sei nada", disse, após coordenar reunião que tratou dos Jogos Olímpicos. O presidente em exercício, Michel Temer, chegou apenas para o encerramento do encontro.

Questionado sobre as implicações dos pedidos para o governo, Padilha respondeu: "Não sei nada, absolutamente nada." O ministro encerrou a coletiva diante da insistência para que comentasse o tema e fizesse uma avaliação dos pedidos de prisão no governo em exercício de Michel Temer. "Hoje é dia de avaliação das Olimpíadas e Paraolimpíadas. Muito obrigado, senti que esse tema (Olimpíada) está satisfeito. Fico muito feliz, obrigado", afirmou Padilha aos jornalistas.

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Janot pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador e ex-ministro do planejamento de Temer Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), por tentativa de barrar a Operação Lava Jato. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo, nesta terça-feira, 7. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, também estaria na lista, de acordo com a TV Globo.

Apesar de a reunião comandada por Padilha ter começado às 9 horas, a coletiva foi marcada de última hora, assim como a participação de Temer já no fim do encontro, que não estava previsto na agenda. Questionado sobre a participação do presidente, Padilha afirmou que ele veio trazer uma mensagem positiva à nova equipe ministerial. "O presidente veio trazer a todos a grande esperança que o mundo tem em relação ao evento, que será visto por 5, por 6 bilhões de pessoas", afirmou.

Olimpíada

Padilha disse que na reunião com os ministros foi feita uma avaliação ministério por ministério e disse que não há "nenhum risco para o efetivo sucesso do evento". "Queremos dar uma palavra de otimismo que estamos no caminho certo e vai ser um sucesso, assim como foi a Copa do Mundo", destacou.

O ministro da Casa Civil disse que a reunião foi de nivelamento de informações e monitoramento dos jogos e que o evento "é oportunidade ímpar para o Brasil" e destacou o legado para o País. "Vamos ter herança material, com todas essas instalações que estão sendo feitas", disse, reforçando que também "vamos aumentar e muito o potencial turístico". "Temos certeza que esse evento vai nos dar franquia internacional", afirmou.

Questionado sobre o ponto mais sensível dos Jogos, o interino do Esporte afirmou que "segurança é sempre uma preocupação". "Todo o processo exige atenção, com segurança, energia e funcionamentos dos equipamentos", disse, ressaltando que também acredita no sucesso do evento.

Ao menos dois executivos da Andrade Gutierrez, delatores da Operação Lava Jato, apontaram propina aos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA). O ex-diretor da empreiteira Clóvis Primo declarou que "com relação aos pagamentos de propinas ajustados com o PMDB", foram feitos repasses correspondentes a 0,5% dos valores das obras da Usina de Angra 3 a Romero Jucá e 0,5% a Lobão.

O senador por Roraima foi ministro do Planejamento, no governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) por 12 dias. A divulgação de suas conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado levou à queda de Jucá. No diálogo, o senador peemedebista propõe um "pacto" para acabar com a Lava Jato.

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Um dos anexos da delação de Clóvis Primo traz um capítulo intitulado "pagamento de propinas". Anexo é termo preliminar aos depoimentos frente o Ministério Público Federal.

"Com relação aos pagamentos de propinas ajustados com o PMDB, o colaborador esclarecerá que não foram diretamente ajustados ou realizados por ele, mas mediante pagamentos a intermediários indicados pelo então Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, realizados em espécie, correspondentes a 0,5% dos valores das obras; e mediante contratos com empresas indicadas pelo senador Romero Jucá que realizavam os repasses a este, também correspondentes a 0,5% dos valores das obras", aponta o anexo.

Clóvis Primo relatou sobre "pagamentos de propinas ajustados com o PT" que não foram diretamente negociados ou realizados por ele, mas sim feitos por meio de "doações ao diretório nacional do partido, tendo sido a interlocução feita por outros executivos da AG".

A Andrade Gutierrez tem 11 executivos como delatores na Lava Jato. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou no início de abril, 34 termos de colaboração. A empreiteira, que também fechou acordo de leniência, vai pagar multa de R$ 1 bilhão.

O ex-diretor do grupo Flávio Gomes Machado Filho declarou que a partir do momento em que o contrato de Angra 3 entrou em execução, "o assunto passou a ser tratado pela diretoria responsável pelo tema na AG, e a partir daí houve demandas do PMDB e do PT para pagamento de percentuais vinculados ao valor da obra".

"O colaborador relatará que chegou a fazer um pagamento dirigido a Edison Lobão, entregue a um intermediário por ele indicado, em data e local que detalhará posteriormente. E também que foram efetuados pagamentos dirigidos a Romero Jucá, através de canais por este indicados, que serão detalhados e comprovados posteriormente", informa o anexo.

Um terceiro dirigente ligado à empreiteira, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia Flávio David Barra, relatou que entrou no projeto um pouco antes da licitação da parte de montagem da obra de Angra 3.

"O colaborador também confirmará a existência de doações de campanha vinculadas a percentuais de obra para o PT (representado por João Vaccari, então tesoureiro do partido) e pagamentos para o PMDB, na pessoa de Edison Lobão", afirma o documento.

Defesa

Por meio de nota, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que defende Romero Jucá e Edison Lobão, afirmou que "todas estas delações não apresentam nenhum rastro de qualquer prova. São acusações desprovidas de qualquer valor".

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR), disse em entrevista à Rádio Estadão, na manhã desta terça-feira, 7, que preferia não acreditar que houve os pedidos de prisão dos peemedebistas, conforme noticiado pela imprensa. Segundo ele, as gravações a que teve acesso não implicam em nenhuma tentativa de barrar a Operação Lava Jato. "Quem vai decidir é o STF, quero ver o fundamento do pedido, mas pelo que saiu na imprensa, nada justifica medida tão drástica e espero que o STF não determine uma medida como esta (prisão)", destacou.

Na entrevista à radio, Kakay classificou o atual momento de "dramático", destacando que as opiniões emitidas sobre a Lava Jato podem ser interpretadas como tentativa de obstrução da operação policial. "Dois homens divergirem sobre a Lava Jato não é crime. Eu mesmo sou crítico dos excessos dessa operação e repito, não vi nessas conversas (de seus clientes) qualquer tentativa de interferência. Hoje tudo passou a ser tentativa de interferência." E continuou com as críticas: "Depois da Lava Jato, prisão preventiva virou regra. Essa banalização da prisão me assusta, enquanto advogado e enquanto cidadão."

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Para Kakay, a delação premiada é um instituto importante para se combater o crime organizado, contudo, ele avalia que este instrumento está sendo "desvirtuado" na atual conjuntura. "A palavra do delator passa a ser vista como verdade", disse, numa referência às gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que dão conta de que distribuiu R$ 70 milhões em propina para Renan, Jucá e Sarney. "Todos meus clientes negaram peremptoriamente esses recursos e dizem que não sabem do tal fundo gerido pelo filho do Sérgio Machado (Expedito, responsável pela gestão de um fundo que seria abastecido com dinheiro de propina em Londres".

O ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, estaria debruçado há mais de uma semana sobre os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para prender o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), do ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento do governo o presidente interino Michel Temer.

A informação foi divulgada nesta terça-feira, 7, pelo jornal O Globo e atribuída a um interlocutor dos ministros do STF. De acordo com informações da Globonews, também foi pedida por Janot a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

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Sarney, Renan e Jucá foram flagrados em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que, para os investigadores, contêm indícios de conspiração para derrubar todas as apurações em curso sobre o esquema de corrupção da Petrobras.

Segundo a reportagem, caso Machado não tivesse gravado a trama, a legislação seria modificada para impedir que presos pudessem firmar acordos de delação premiada. O instrumento vem sendo usado como chave para a descoberta de novas linhas de investigação desde o início da operação, tendo exercido papel central em pedidos de inquéritos no STF inclusive contra o presidente do Senado.

Nas gravações, Sarney sugere que dois advogados de sua confiança, Cesar Asfor Rocha, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e Eduardo Ferrão, conversem com Teori para tentar barrar a Lava Jato na Suprema Corte.

Segundo a matéria do jornal carioca, para a Procuradoria-Geral da República, está claro que Renan, Jucá e Sarney tinham o objetivo de obstruir as investigações. O plano do trio seria mais amplo e grave que a tentativa executada pelo ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), que foi preso por tentar impedir uma delação premiada.

Machado informou ao Ministério Público Federal que desviou cerca de R$ 70 milhões da estatal e dividiu a quantia entre Renan, Sarney e Jucá. Os valores teriam pago o apoio político dado pelo trio para manter Machado a frente da subsidiária da Petrobrás.

Renan, Sarney e Jucá são considerados políticos de grande influência no Congresso. O ex-presidente da República, mesmo sem mandato, controla bancadas na Câmara e no Senado. Jucá é um dos principais avalistas do governo Temer e, alçado ao cargo de ministro, caiu após o vazamento das escutas do ex-presidente da Transpetro em que ele sugere um "acordão" para "estancar a sangria da Lava Jato".

Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Senado manteve o apoio para a permanência dele no cargo até o ano passado, mesmo depois da acusação de outro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, de que Machado teria recebido R$ 500 mil em propina.

O ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em seus depoimentos na delação premiada que fechou com a Procuradoria-Geral da República na Lava Jato que arrecadou e pagou mais de R$ 70 milhões desviados da estatal para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), para o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do PMDB.

As informações foram reveladas pelo jornal ‘O Globo’ nesta sexta-feira, 3. A reportagem afirma ainda que a soma mais expressiva, R$ 30 milhões, foi destinada a Renan, o principal responsável pela indicação de Machado para a presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobrás e maior empresa de transporte de combustível do País.

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A delação foi homologada no dia 24 de maio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki e, com isso, pode ser utilizada para novas investigações e até complementar as investigações já em curso da Lava Jato.

Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e manteve apoio para a permanência dele no cargo até ano passado, mesmo depois de ter sido acusado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, de receber propina.

De acordo com a reportagem, Sarney também recebeu uma soma significativa, conforme a contabilidade do ex-presidente da Transpetro. Machado disse que repassou aproximadamente R$ 20 milhões para o ex-presidente durante o período que esteve à frente da estatal.

Romero Jucá, que ficou uma semana como ministro do Planejamento do governo do presidente em exercício Michel Temer, teria sido destinatário de quantia similar a de Sarney, cerca de R$ 20 milhões. Machado disse ainda, segundo a reportagem, que abasteceu também contas dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PR).

O ex-presidente da Transpetro também teria falado sobre as somas repassadas aos padrinhos políticos dele e, como se não bastasse, indicou os contratos e os caminhos percorridos pelo dinheiro até chegar aos destinatários finais.

Todos os políticos citados por Machado negam o recebimento de valores ilícitos.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que seu encontro com o presidente em exercício, Michel Temer, ontem foi para manifestar sua preocupação como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a saída do senador Romero Jucá do ministério do Planejamento. Segundo ele, as conversas de liberação de verbas para o pleito deste ano estavam em andamento. "Eu tinha avançado nas conversas com o ministro Jucá e a minha equipe estava discutindo com ele, mas aí houve esse incidente e aí ontem ele me ligou se colocando à disposição e eu aproveitei e fui lá para conversar", disse Mendes. Gilmar tomou posse no TSE no dia 12 de maio, mesmo dia em que Temer começou a exercer a presidência. Após dar posse aos ministros e fazer seu primeiro pronunciamento no cargo, Temer fez questão de prestigiar a cerimônia da Mendes no TSE.

Jucá deixou o cargo, no último dia 23, após divulgação de áudios em que ele supostamente sugere ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um pacto para deter as investigações da Operação Lava Jato. Tanto Jucá quanto Machado são alvos da Lava Jato. Na ocasião, Mendes disse que não entendeu a conversa entre os dois como uma tentativa de interferir na Operação Lava Jato e afirmou ainda não acreditar que a saída de Jucá do ministério do Planejamento prejudicaria o governo Temer. "São problemas da realidade política, com os quais se tem que lidar", afirmou.

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Gilmar Mendes lembrou que já havia solicitado cerca de R$ 250 milhões ao Ministério do Planejamento para complementar o orçamento do TSE. Segundo ele, como há a dependência de uma Medida Provisória para a liberação da verba, Temer disse que "daria orientação positiva aos órgãos competentes para que deliberassem". "Fui ressaltar a importância da celeridade neste processo", disse. "Os setores técnicos do tribunal e do Ministério do Planejamento já vinham conversando. Eu só fiquei um pouco preocupado com a saída do ministro Jucá, porque não podemos retardar muito essa providência porque temos a fabricação de urnas em andamento", reforçou.

Segundo Gilmar Mendes, as eleições municipais de outubro são as maiores do País. "São 580 mil candidatos estimados e precisamos fazer 90 mil urnas", disse. "É um assunto normal, nenhuma novidade."

O ministro disse que não conversou com Temer a respeito dos processos em andamento no TSE que podem levar à cassação da chapa eleita em 2014, na qual Temer era o vice da presidente afastada Dilma Rousseff. "Não falamos nada sobre isso. Até porque esse processo não está maduro para ser julgado. Ele está na fase de perícia", afirmou, destacando que o processo só será "contemplado quando tiver condições".

Gilmar Mendes é o relator da prestação de contas da presidente afastada Dilma Rousseff referente às eleições de 2014. No ano passado, o ministro pediu a investigação de suposta prática de atos ilícitos na campanha que reelegeu Dilma mesmo após as contas da petista terem sido aprovadas com ressalvas pelo TSE. A determinação teve como base informações reveladas pela Operação Lava Jato de que a campanha foi financiada com recursos da Petrobras.

Além da prestação de contas do partido, tramitam no TSE quatro ações questionando supostas irregularidades nas contas da chapa eleita em 2014 e que pedem a cassação do mandato de Dilma e do presidente em exercício, Michel Temer, e que estão sob a relatoria da ministra Maria Thereza de Assis Moura.

A juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho, do Tribunal Regional Federal da 1.ª região, acatou pedido de habeas corpus dos advogados da médica Suzete Macedo, mulher do senador Telmário Mota (PDT-RR). Suzete, considerada foragida desde sábado, se apresentou ontem à Polícia Federal em Boa Vista. A médica, acusada de participar da "máfia dos gafanhotos", que desviou R$ 70 milhões da saúde em Roraima, não chegou a passar a noite na cadeia.

O senador, que acompanhou a mulher até a PF, disse que Suzete é alvo de perseguição política por parte de seus adversários no Estado. Na véspera ele apresentou um pedido de cassação do ex-ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ao Conselho de Ética do Senado.

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Segundo Mota, a mulher não se apresentou antes à PF porque aguardava o julgamento sobre o pedido de habeas corpus. "Ela não se apresentou antes porque os advogados consideraram melhor aguardar e evitar esse constrangimento. Reafirmo que a prisão não é jurídica, é política", disse o senador.

Um dia antes o ex-governador de Roraima Neudo Campos, marido da governadora Suely Campos, outro foragido, se apresentou à PF. Ele é condenado a mais de 13 anos de prisão também por integrar a "máfia dos gafanhotos" e, segundo a PF, tentou fugir para a Venezuela com apoio de policiais militares lotados na Casa Militar do governo. Em audiência de custódia, o ex-governador revelou estar com câncer e solicitou prisão domiciliar. O pedido ainda não foi julgado.

PT, PDT, Rede, PCdoB e PPS entraram nesta terça, 25, com uma representação contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR) na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a instauração de procedimento investigatório para apurar a gravação onde o peemedebista conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em outra frente, os petistas pedirão nesta quarta, 25, a paralisação dos trabalhos da comissão especial do impeachment no Senado até que o caso seja esclarecido.

Para os 15 senadores que assinam o pedido, Jucá agiu para obstruir a Operação Lava Jato e buscou influenciar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Pedimos que a PGR dê celeridade a esse processo. A conversa deixa muito claro de que ele constrói todo um ambiente para viabilizar o impeachment da senhora presidente e, ao mesmo tempo, para impedir o andamento das investigações pela Lava Jato", disse o senador José Pimentel (PT-CE). Diferentemente do PSOL da Câmara, os senadores não sugerem a prisão preventiva do peemedebista. "A prisão é um desdobramento por parte do procurador-geral", justificou Pimentel.

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No pedido de investigação, os parlamentares pedem que Jucá seja impedido de voltar a ocupar o Ministério do Planejamento e que, ao voltar a circular no Senado, Jucá seja impedido de frequentar lugares, ter contado com pessoas ou usar da função parlamentar para criar obstáculos à Lava Jato. A representação é assinada por 10 senadores do PT, mais os senadores Cristovam Buarque (PPS-DF), Reguffe (sem partido-DF), Telmário Mota (PDT-RR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O pedido é uma ação paralela dos parlamentares à representação do PDT no Conselho de Ética no Senado, mas segundo Pimentel, os pedidos têm a mesma fundamentação.

"Bandidos"

Os senadores acreditam que o caso de Jucá é mais grave do que a gravação do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) porque vai além da tentativa de cerceamento da Justiça, atinge o afastamento da presidente Dilma Rousseff e fala em "acordo" com todos os setores. "Jucá era o maior articulador do impeachment no Senado. Era Eduardo Cunha na Câmara e ele no Senado", disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que fará uma questão de ordem na reunião da comissão do impeachment pedindo a suspensão dos prazos.

Lindbergh lembrou as críticas feitas pelos jornais internacionais ao processo de impeachment e disse que o País se transformou em "republiqueta". "Parece uma quadrilha parlamentar tentando afastar uma presidente honrada, honesta", emendou.

O senador ironizou as declarações do presidente em exercício, Michel Temer, sobre sua experiência em "tratar com bandidos" quando foi Secretário da Segurança Pública de São Paulo. "Nós estranhamos a declaração, foi quase que uma autoconfissão", comentou.

O petista disse que o atual governo é fraco, vacilante e que se desgasta há 12 dias. "Na minha avaliação esse governo não se sustenta por mais três meses. A gente só está esperando os novos fatos", afirmou.

A denúncia contra Romero Jucá (PMDB-RR) no Conselho de Ética resultou em uma troca pública de farpas com o rival regional, Telmário Mota (PDT-RR). O pedetista foi o responsável por protocolar o processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar contra Jucá.

Na tribuna do Congresso Nacional, já exonerado do cargo de ministro do Planejamento, o senador Jucá chamou Telmário de "bandido" e "desqualificado". No Senado, ao protocolar o a denúncia, Telmário rebateu. "O Jucá pensa que todo mundo é do grupo dele. Nunca fui do grupo dele, porque sempre tive o cuidado de não andar com más companhias", disse.

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Jucá também atacou a esposa de Telmário, Suzete Macedo de Oliveira. A Justiça de Roraima pediu a prisão de Suzete e outras cinco pessoas por envolvimento no chamado "escândalo dos gafanhotos", que desviou R$ 70 milhões em convênios oriundos da União em 2002.

Telmário não negou as acusações contra a esposa e disse que ela vai responder. "Ela responde por um processo por causa do caso gafanhotos, mas nunca se escondeu por isso. Ela responde como uma cidadã comum e quando a justiça achar que ela tem que pagar, ela vai pagar", disse. E aproveitou para atacar Jucá que, segundo ele, usa cargos públicos para proteger as ex-esposas.

O último ato que levou à cassação do ex-senador Delcídio Amaral veio de Romero Jucá, o ministro do Planejamento que foi oficialmente exonerado nesta terça-feira, 24. Acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato, Delcídio teve sua cassação acelerada após uma cartada de Jucá, que apresentou um requerimento de urgência para a realização da votação. Agora, é o ministro quem foi flagrado em uma gravação tentando travar as mesmas investigações.

"Depois da gravação do Mercadante, Lula e Dilma e essa agora do Jucá, com todo respeito, a minha conversa é uma Disney, uma grande brincadeira", afirmou Delcídio, em referência aos recentes grampos que tornaram públicas supostas tentativas de impedir o funcionamento da Justiça.

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O ministro Mercadante foi flagrado pelo próprio assessor de Delcídio, enquanto supostamente oferecia vantagens para comprar o silêncio do senador. Dilma e Lula foram grampeados em diálogo rápido que sugere que a nomeação do ex-presidente à Casa Civil era uma manobra. Jucá sugere para Sérgio Machado uma mudança no governo para "estancar" a Lava Jato. Já Delcídio foi pego tramando um plano de fuga para o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

As comparações foram muitas. Em protesto, durante a vinda de Temer e Jucá ao Senado na tarde de segunda, 23, deputados petistas e servidores do Congresso trouxeram placas com os dizeres "Jucá = Delcídio: Prisão e Conselho de Ética Já!".

Para o ex-senador, a ação de Jucá foi muito mais explícita e comprometedora. "Ele fala de tudo, e por muito menos eu fui pro saco. Ele cogita uma mudança de governo para se fazer um pacto contra a Lava Jato. É absurdo!". Delcídio cobrou que seja feito o pedido de cassação de Jucá, que reassume seu cargo no Senado, mas que seja dado a ele o direito de defesa que, segundo Delcídio, ele próprio não teve.

O ex-líder do governo Dilma no Senado também analisa que o diálogo entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado demonstra mais do que uma atuação solo, mas uma ação "institucionalizada".

"O que essas gravações provam é que há uma obstrução de justiça institucionalizada, à nível presidencial e no Legislativo. Uma obstrução de justiça em cima de um pacto que passa pelo afastamento de uma presidente, isso é muito grave!" Para o ex-senador, a gravação de Jucá transmite a ideia de que não havia argumento constitucional para o impeachment de Dilma e que os motivos eram outros.

Ministério

Delcídio não quis se comprometer em dizer se Jucá deveria ou não ser preso, dada a semelhança do caso com o seu. Mas apostou que o senador licenciado não volta mais ao Ministério. "Ele não devia nem ter sido nomeado. Ele não volta mais para o Ministério, não tem condições. Com essa gravação, o Romero se inviabilizou", disse.

O ex-senador relembrou que Jucá já teve outra curta passagem pelo posto de ministro, à frente da Previdência em 2005, na gestão Lula. Sob pressão de denúncias, ele deixou a pasta em menos de quatro meses. "Essa indicação também foi um equívoco e durou muito pouco. Romero, o Breve", brincou Delcídio.

Impeachment

Na avaliação do ex-líder do governo, a revelação do diálogo de Jucá tem o seu peso, mas não será suficiente para reverter o processo de impeachment em curso no Senado. "A gravação deu munição, é um discurso muito forte para a base parlamentar da Dilma, mas não reverte o impeachment por questões absolutamente práticas", analisa. Para Delcídio, o governo Dilma está inviabilizado politicamente, sem condições gerenciais.

A divulgação da gravação do diálogo do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre a tentativa de barrar a Operação Lava Jato criou a primeira grande crise interna do governo interino de Michel Temer. Junto com o áudio, veio a preocupação de que outras pessoas da cúpula do PMDB, próximas ou não ao Planalto, possam ser atingidas em partes da conversa gravada que ainda não foram reveladas.

De acordo com interlocutores diretos de Temer, o presidente em exercício não teme ser citado, mas afirmam que há preocupação com relação a outros nomes do partido. Caso haja novas suspeitas, a solução tende a ser a mesma: afastamento imediato.

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Com a saída de Jucá, Temer agora tem cinco ministros com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Ele questionou todos, quando foram convidados, se teriam alguma pendência judicial. A resposta de Jucá teria sido tranquilizadora, assim como dos demais, segundo interlocutores. Temer, então, teria avisado a cada um e repetiria isso, na primeira reunião ministerial, de que não aceitaria qualquer tipo de desvio de "ordem moral", dizem. Reiterou ainda que, se houvesse problemas, o titular da pasta seria afastado.

Um dos casos que preocupam, por exemplo, é o de Henrique Eduardo Alves (Turismo). A casa do ministro foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal em dezembro do ano passado em uma das fases da Lava Jato.

Apesar de lamentar a perda de uma peça fundamental do seu governo, considerado um operador político importante neste momento de articulação para a aprovação de medidas no Congresso, Temer e seus auxiliares respiraram aliviados com a decisão de Jucá de se afastar do cargo. O ministro comunicou sua decisão a Temer assim que ele chegou ao Congresso para se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Bastidores

Na manhã desta segunda-feira, 23, Jucá foi ao Palácio do Jaburu, residência do presidente em exercício, e disse a Temer que, se a gravação saísse integralmente, todos veriam que não haveria problemas. Pediu ainda que o presidente permitisse que ele se explicasse publicamente, o que foi feito em uma coletiva, no início da tarde.

Mas o estrago já estava feito e o governo precisava agir rápido. Temer informou que a defesa da Operação Lava Jato é ponto de honra para ele, assim como o combate à corrupção. Jucá ponderou que, da forma como estava sendo apresentada a gravação, todos ficavam em único balaio e que ele queria mostrar que, quem deve, precisa pagar, mas quem não deve precisava se defender. O ministro salientava ainda que queria se explicar e que, depois, então, Temer decidiria. O presidente em exercício disse que iria avaliar. "Vamos esperar o decorrer do dia", afirmou Temer a seus interlocutores, já tendo certeza de que manter um ministro sob investigação e sob tiroteio, em um momento em que seu governo precisa mostrar força no Congresso para aprovação de medidas econômicas, seria muito prejudicial.

A avaliação era de que a permanência de Jucá no posto contaminaria o governo Temer e a sua busca por credibilidade, por causa do seu discurso de posse, quando defendeu a Operação Lava Jato.

Caciques

O entendimento dentro do PMDB é o de que Machado, para se livrar das acusações das quais é alvo na Lava Jato, entregou caciques do partido, como o ex-presidente José Sarney e os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA).

Segundo relatos, Machado, cearense que tem relação com o grupo há pelo menos 20 anos, chegou a tentar realizar um encontro com Jader em São Paulo, que só não foi possível em razão de o senador, na ocasião, estar internado no Hospital Sírio Libanês. Apesar de não ter conseguido falar com Jader, integrantes da cúpula do Senado têm como certo que Renan e Sarney não escaparam das gravações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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