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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se irritou ao ser questionado por jornalistas sobre uma eventual proposta para instituir uma moeda única no Mercosul.

"Não existe moeda única, não existe essa proposta, vai se informar primeiro", declarou Haddad, homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando da economia brasileira, na última quinta-feira (5).

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Dois dias antes, o embaixador da Argentina em Brasília, Daniel Scioli, disse que havia discutido com o ministro da Fazenda a criação de uma moeda comum no Mercosul, mas não única.

"Não significa que cada país não tenha a sua moeda, significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial", afirmou.

A diferença entre uma moeda comum e uma moeda única é que a primeira não necessariamente substitui as divisas existentes em cada nação do bloco.

*Da Ansa

Na primeira fala após tomar posse, o ministro da Economia, Fernando Haddad, acenou com uma retomada forte do processo de integração do Mercosul e outros países da América do Sul. Haddad disse que é um "alívio" para a região saber que os países agora estarão mais unidos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o ministro, Lula tem "obsessão" pelo Mercosul. "O presidente já fez muito pelo Mercosul e vai voltar a fazer". Ele criticou a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento e Social (BNDES) no financiamento das exportações para o bloco. Segundo ele, o BNDES, o Eximbank brasileiro, assistiu a queda das vendas de produtos manufaturados sem fazer nada.

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A maior integração dos países da região é um dos temas de interesse do novo ministro. Junto com o novo secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, Haddad escreveu um artigo defendendo a criação de uma moeda única para os países da América do Sul. Iniciativa para acelerar a integração regional fortalecer a soberania monetária dos países do continente.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, participou da posse de Lula e deve ter uma reunião amanhã com Lula com a presença de Haddad. O ministro confirmou que vai acompanhar Lula na viagem à Argentina prevista para janeiro.

Na cerimônia de posse, Haddad foi um dos novos ministros mais cumprimentado pelos convidados, mas evitou dar declarações para a impressa brasileira. A desculpa dada por ele foi para não "tirar o brilho" da posse de Lula.

Haddad só falou sobre o Mercosul a pedido de uma repórter argentina que interrompeu uma sessão de fotos que o ministro fazia na rampa do Palácio após a cerimônia com a família e amigos, entre eles o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, criado por ele e amigos em 2014 para discutir o avanço da Operação Lava Jato, que teve Lula como um de seus principais alvos.

O Uruguai apresentou nesta quinta-feira (1º) o termo de adesão ao Acordo Trans-Pacífico, tratado de livre-comércio que agrega países da Ásia, Oceania e América, ignorando o alerta de Brasil, Argentina e Paraguai sobre uma possível retaliação ao país em caso de negociação de termos comerciais fora do Mercosul.

A formalização do pedido de ingresso no tratado econômico, que reúne potências mundiais como Austrália, Canadá e Japão, foi anunciada pelo presidente Luis Lacalle Pou, que disse na quarta-feira (30) que não recuaria do plano de internacionalização para atender a pressão dos vizinhos continentais.

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Na quarta-feira, as chancelarias de Brasil, Argentina e Uruguai divulgaram uma nota conjunta advertindo Montevidéu de que buscariam todas as medidas jurídicas e comerciais possíveis caso o governo uruguaio apresentasse o pedido de adesão ao acordo fora do Mercosul, sem a participação dos países integrantes do bloco nas negociações.

Na visão dos vizinhos sul-americanos, o Uruguai estaria violando o Tratado de Assunção, acordo que fundou o Mercado Comum do Sul, e o artigo 1.° da resolução que reafirma o compromisso dos países-membros de "negociar de forma conjunta acordos de natureza comercial com terceiros países ou blocos de países extrazona nos quais se outorguem preferências tarifárias".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Missão Internacional de Observação Eleitoral do Parlamento do Mercosul afirmou que a jornada de votação das eleições gerais no Brasil foi "tranquila" e pediu que os atores políticos e a sociedade brasileira aguardem os resultado oficial das eleições com "calma e respeito".

O representante do Parlamento do Mercosul, Nicolás Viera, afirmou, em conversa com a imprensa, que não houve "sobressaltos" durante toda a jornada de votação neste domingo. "Os cidadãos puderam emitir seu voto com tranquilidade. Não notamos nenhum sobressalto ou situação fora do lugar", disse Viera.

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A missão do Parlamento do Mercosul acompanhou a votação em sete cidades brasileiras. Segundo Viera, o objetivo da missão é fortalecer o movimento democrático no continente.

Em nota, o presidente do órgão e chefe da missão, Tomas Bittar, saudou os brasileiros que "compareceram às urnas de forma ordenada, pacífica e democrática". "Por isso, a Missão pede aos atores políticos e cidadãos que aguardem a totalização e a divulgação dos resultados oficiais pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com total calma e respeito", completou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou ao presidente da Bolívia, Luis Arce, que apoiaria a aceleração da integração do país ao Mercosul, caso seja eleito, durante uma reunião a portas fechadas em um hotel de São Paulo nesta segunda-feira, 5.

O encontro fez parte da agenda de campanha do petista. A passagem de Arce pelo Brasil é marcada também pela ausência de agendas com o presidente Jair Bolsonaro (PL), ou com integrantes de seu governo.

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Filiado ao Movimento ao Socialismo, o presidente boliviano foi ministro das finanças de Evo Morales, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019, e apoia Lula abertamente. Quando eleito, em 2020, Arce foi cumprimentado por todos os líderes de países latinos, exceto Bolsonaro.

Da reunião, também participaram o ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-prefeito Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de São Paulo, e o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

Na saída do evento, Amorim, o único a conversar com jornalistas, disse que Lula assumiu o compromisso de ajudar a Bolívia a se integrar ao bloco econômico. "Não tenho a menor dúvida que (um eventual governo Lula) fará esse esforço", disse.

O Protocolo de Adesão da Bolívia ao bloco econômico sul-americano foi assinado pela totalidade dos Estados membros em 2015 e se encontra, agora, em processo de incorporação pelos Congressos dos países. De acordo com Amorim, a informação mais recente é de que a última etapa pendente é a aprovação pelo Congresso brasileiro.

De acordo com o ex-chanceler, a integração da Bolívia é importante para relações internacionais com países da Europa e China, por exemplo. Amorim disse ainda que a nação boliviana funciona como ponto de união na comunidade andina que, segundo ele, vem se fortalecendo com a possibilidade de entrada da Argentina e do retorno do Chile e da Venezuela.

"A Bolívia é o único país da América do Sul que participa dos três grandes ecossistemas: Amazônia, Prata e Andina - nem o Brasil, que é grande, nós não estamos nos Andes. Então, falou-se muito da integração e de trabalho na região, das possibilidades de investimento em infraestrutura", disse Amorim.

Questionado se o presidente boliviano se queixou, durante a reunião, a respeito da atual relação com o governo Bolsonaro, Amorim desconversou. "Queixa? De que? Pergunte a eles", disse.

Amorim comentou ainda sobre a rejeição à nova proposta de Constituição do Chile. Segundo ele, o presidente Gabriel Boric "reconheceu com humildade" a derrota. "Há de certa maneira lá (...) duas decisões: uma decisão que foi tomada lá atrás que era necessário começar um processo constituinte. E houve uma segunda decisão depois que foi rechaçar o resultado. Não pode abandonar nenhuma das duas instruções. E acho que isso que vai acontecer", avaliou Amorim.

Neste domingo, 4, os chilenos rejeitaram em referendo o novo texto constitucional. A nova Constituição substituiria a Carta de 1980, imposta na época da ditadura de Augusto Pinochet. Ela era crucial para as reformas propostas pelo presidente Boric, que fez campanha pela aprovação - e perdeu. Ele prometeu promover um novo e rápido.

Em vídeo enviado à 60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que ocorreu nesta quinta-feira (21), no Paraguai, o presidente da República Jair Bolsonaro declarou que o Brasil tem atuado para que o bloco sul-americano tenha um “papel importante no enfrentamento dos atuais choques externos.” 

Referindo-se à alta inflacionária global em consequência dos reflexos da pandemia da covid-19 e da invasão russa à Ucrânia, Bolsonaro disse que o mundo vive “um momento desafiador” e, portanto, “precisa de mais comércio e investimentos.” 

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Por isso, ao longo do último semestre, trabalhamos com afinco para a conclusão de acordo moderno com Singapura”, disse o presidente brasileiro, referindo-se a uma das iniciativas anunciadas durante a cúpula: a conclusão das negociações para a assinatura de um acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e Singapura, no sudeste asiático. 

O Brasil também apoiou outra das iniciativas aprovadas ontem (20), durante a reunião ordinária do Conselho do Mercado Comum, evento que precedeu a Cúpula de Chefes de Estado: um acordo para reduzir em 10% a alíquota da Tarifa Externa Comum (TEC), tributo que, salvo exceções acordadas, incide sobre mercadores importadas de outras nações de fora do bloco sul-americano e varia conforme o produto. 

“O Brasil tem atuado para que o Mercosul tenha papel importante no enfrentamento dos atuais choques externos. Por isso, defendemos a redução da Tarifa Externa Comum, o que dará uma importante contribuição ao combate à inflação [regional]”, comentou Bolsonaro antes de assegurar que o Brasil tem conferido prioridade às negociações com grandes parceiros comerciais do Mercosul e região. 

“Nosso entorno regional é prioritário. Ainda mais no atual cenário. Precisamos continuar ampliando nossos fluxos de comércio e de investimentos na América Latina e Caribe, fortalecendo as cadeias regionais de valor e reduzindo nossas vulnerabilidades externas a crises”, acrescentou o presidente, que finalizou o vídeo parabenizando o Paraguai pelos resultados alcançados durante os seis meses em que o país ocupou a presidência rotativa do bloco sul-americano – posição que, pelos próximos seis meses, será ocupada pelo Uruguai

Principal ausência na 60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro enviou um curto vídeo que finalmente foi transmitindo na reunião de presidentes do bloco. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, representa o governo brasileiro no encontro.

"O mundo vive um momento desafiador, que nos obriga a intensificar os nossos esforços para garantir os postos de trabalho, o poder de compra e a qualidade de vida dos nossos cidadãos. Temos assegurado suprimento de fertilizantes para nossa agricultura, que é fundamental para a segurança alimentar de parte do mundo. Também trabalhamos internamente para combater as causas dos aumentos preços de combustíveis e energia", discursou o presidente, em vídeo gravado.

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Bolsonaro citou o aumento temporário do Auxílio Brasil para R$ 600 a partir de agosto. "As famílias de baixa renda continuam a ser o foco prioritário das nossas ações. Desde o início da pandemia temos trabalhador para garantir comida na mesa", completou.

Segundo o presidente, o Brasil atua para que Mercosul tenha papel relevante contra os atuais choques externos, reforçando a defesa da redução da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pelo bloco. "O mundo de hoje precisa de mais comércio e investimentos, por isso trabalhamos pela aprovação do acordo moderno com Cingapura", afirmou. "Precisamos continuar ampliando nossos investimentos na América Latina e no Caribe, para fortalecer cadeias regionais de valor", concluiu Bolsonaro.

Os países que integram o Mercosul chegaram a um acordo para reduzir em 10% a alíquota da Tarifa Externa Comum (TEC), tributo que, salvo exceções, é uniforme, incide sobre mercadorias importadas de outras nações de fora do bloco sul-americano e varia conforme o produto.

A medida foi anunciada nesta quarta-feira (20), durante a reunião ordinária do Conselho do Mercado Comum, evento que precedeu a 60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que acontece esta manhã, em Assunção.

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Na quarta-feira (20), ao anunciar a decisão conjunta, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Júlio César Arriola, disse que a medida ajudará a “melhorar a competitividade” dos países-membros do bloco e no “acesso, em melhores condições, de nossos setores produtivos a insumos e bens de capital”.

Em nota divulgada hoje, os ministérios da Economia e das Relações Exteriores do Brasil detalham que a redução de 10% das alíquotas se aplica a “maior parte do universo tarifário, resguardadas as exceções já existentes no bloco”. Pelas normas do Mercosul, cada país-membro pode eleger até um limite pré-acordado de produtos sobre os quais as regras tarifárias conjuntas não se aplicam.

“O entendimento alcançado considera as diferentes necessidades dos países-membros, demonstrando a capacidade do Mercosul de avançar com vocação construtiva em direção à atualização e à adaptação de sua estrutura tarifária às atuais condições do comércio regional e mundial, de forma equilibrada no que diz respeito às capacidades produtivas do bloco”, explica o Ministério da Economia. A medida vale para cerca de 80% do universo tarifário e aproxima os níveis tarifários praticados pelo Brasil e demais sócios do bloco da média praticada internacionalmente.

“Trata-se de passo importante para aumentar a competitividade dos países do bloco e para o fortalecimento dos processos produtivos regionais, de maneira a promover uma inserção benéfica da produção do Mercosul nas cadeias globais de valor”, disse a pasta.

Ainda durante a 60ª Reunião Ordinária, o Conselho do Mercado Comum anunciou a conclusão do processo de negociações para assinatura de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Singapura.

Além da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o bloco sul-americano é formado pela Venezuela, ainda que o país esteja suspenso desde 2007. Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname são considerados estados associados do Mercosul.

A Suécia lidera um movimento na União Europeia (UE) para tentar salvar o acordo comercial com o Mercosul, paralisado em meio a insatisfações com a política ambiental do governo brasileiro. Os esforços, no entanto, esbarram na oposição da França, que insiste que o tratado não deve ser implementado sem garantias "sólidas" sobre o cumprimento do Acordo de Paris.

No início deste mês, a Bloomberg informou que um grupo de pelo menos dez países prepara uma carta à Comissão Europeia defendendo o desbloqueio de pactos de livre comércio, por causa da guerra da Ucrânia. Ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Estadão, o Ministério das Relações Exteriores francês enfatizou que o acordo não será ratificado sem salvaguardas na área ambiental.

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Finalizado em 2019 após duas décadas de negociações, o tratado entre os dois blocos foi celebrado como a primeira grande vitória do presidente Jair Bolsonaro na política externa. O projeto precisa receber o aval de cada um dos Parlamentos nacionais das duas regiões, mas a tramitação empacou diante da crescente repercussão na Europa da gestão ambiental em Brasília.

Em abril, os alertas de desmate na Amazônia superaram mil quilômetros quadrados e renovaram o recorde para o mês, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O documento do acordo tem um capítulo específico que prevê diretrizes ambientais, mas opositores consideram o dispositivo insuficiente. Em 2020, o Parlamento Europeu aprovou uma moção simbólica que indicava que o tratado comercial não poderia ser aprovado nas condições atuais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Além de zerar o imposto para os 11 produtos que pressionam a inflação, o governo brasileiro também estuda uma nova redução nas tarifas cobradas para importações de fora do Mercosul. Pelas regras do bloco, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai deveriam cobrar uma mesma alíquota de importação - a Tarifa Externa Comum (TEC) -, salvo exceções negociadas.

Depois de tentar que o bloco todo baixasse as alíquotas em geral, sem sucesso, o Brasil resolveu fazer o movimento unilateralmente no ano passado.

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Em novembro, os ministérios da Economia e das Relações Exteriores anunciaram a redução em 10% das alíquotas de 87% da pauta comercial, mantendo de fora bens como automóveis e sucroalcooleiros, que já têm tratamento diferenciado pelo bloco.

Pelas regras do Mercosul, a TEC só poderia ser alterada em comum acordo pelos quatro países. Mas o Brasil deve, novamente, recorrer a um dispositivo que permite a adoção de medidas voltadas à "proteção da vida e da saúde das pessoas".

Em novembro, o governo brasileiro justificou a medida após a alta de preços gerada com a pandemia do coronavírus. Agora, a justificativa é de que a guerra no Leste Europeu tem sido responsável pelo aumento global dos preços, o que permitiria o corte de tarifas.

Desde que assumiu, em 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende uma redução da TEC como forma de abrir o mercado brasileiro e integrar a produção interna a outras cadeias produtivas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES) participaram nesta segunda-feira (4) da sessão ordinária do Parlamento do Mercosul (Parlasul), em Montevidéu, Uruguai. A sessão, que reuniu parlamentares dos países que compõem o bloco, foi a primeira totalmente presencial desde o início da pandemia, em 2020. No encontro, os parlamentares brasileiros denunciaram o uso político da justiça e criticaram casos recentes de corrupção no governo. 

Durante a sessão, os parlamentares aprovaram uma proposta de declaração sobre o chamado lawfare na região. Essa expressão é usada para definir o uso do sistema jurídico como parte de uma estratégia contra adversários, ou seja, o uso das leis como uma arma política. Para Fabiano Contarato, o lawfare viola os  direitos humanos. 

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 "Entendo que o lawfare viola a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O juiz tem que estar equidistante entre as partes. Quando um juiz pode violar o principio de imparcialidade estamos diante de uma situação muito grave", disse o senador, na sessão plenária. 

Contarato fez um apelo aos colegas para que o Parlasul aprovasse a recomendação aos países integrantes para a adoção de leis contra essa prática. Ele questionou se algum dos colegas gostaria de ser julgado pro um juiz parcial. 

Corrupção

Em sua fala, Humberto Costa citou denúncias sobre a existência de um orçamento secreto, que teria usado emendas parlamentares para contemplar aliados do governo em troca de apoio no Congresso. O senador também falou sobre as denúncias de um esquema irregular de distribuição de verbas do ministério a Educação, que culminaram com a saída do então ministro Milton Ribeiro da pasta. 

"O governo tenta se vender ao povo brasileiro como um governo não corrupto e honesto, mas é, na verdade, a expressão maior da violência, mas também da corrupção que precisa ser enfrentada no nosso país", disse o senador. 

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) fez um apelo para que os países integrantes indiquem observadores internacionais para o processo eleitoral no Brasil. Para ele, a democracia no País segue sob risco. Esses riscos também foram apontados pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) que citou manifestações a favor da ditadura e ataques a jornalistas. 

Outras propostas

Os parlamentares também debateram questões de integração regional, como a incorporação da Bolívia como membro pleno do Mercosul. O vice-presidente do Parlasul, deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), assegurou que fará gestões junto ao governo brasileiro para agilizar a incorporação da Bolívia como membro pleno do bloco. 

Foi aprovada uma proposta para a criação de subcomissão da verdade e justiça da Guerra da Tríplice Aliança (conhecida no Brasil como Guerra do Paraguai). Para o deputado Odair Cunha (PT-MG), a criação do colegiado é  fundamental para consolidar a história dos países do Mercosul. A Subcomissão funcionará no âmbito da Comissão permanente de Direitos Humanos e Cidadania do Parlasul. 

Outra proposta aprovada trata da recomendação ao Conselho do Mercado Comum da construção de uma barragem de compensação no rio Paraná na zona fronteiriça entre Paraguai e Argentina. 

Falando sobre integração regional, o deputado Heitor Schuch (PSB-RS) afirmou que o bloco busca há 30 anos elementos fundamentais, como a livre circulação de bens e pessoas. Ele propôs que o Parlasul discuta soluções para os países do bloco no que diz respeito a insumos para a próxima safra, já que o setor foi afetado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. 

*Da Agência Senado/com informações do Parlasul 

O comércio digital se expande em ritmo acelerado no Brasil, mesmo como o país saindo da pandemia, disse, nesta segunda-feira (8), o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele enalteceu a marca de R$ 35 bilhões em vendas no segmento digital de janeiro a março, com aumento de 72% em relação ao mesmo período de 2020.

"Essa economia digital regional tem enorme potencial de desenvolvimento. Expande-se no Brasil em ritmo muito acelerado, é o quarto país do mundo e o segundo do hemisfério sul", afirmou Guedes em seu discurso de abertura no seminário "O papel do Mercosul na promoção do comércio eletrônico transfronteiriço e na construção do mercado digital regional".

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O ministro também celebrou a sétima colocação do Brasil no índice GovTech Maturity 2020, do Banco Mundial, que avaliou a maturidade em governo digital de 198 economias globais. No ranking, o País ficou atrás de Coreia do Sul, Estônia, França, Dinamarca, Áustria e Reino Unido. "É o único país grande com essa maturidade digital atingida, à frente de Estados Unidos, Canadá", disse Guedes.

OPORTUNIDADE

A transformação digital dá ao Mercosul uma segunda grande oportunidade na corrida de integração global, disse Paulo Guedes. Ele destacou que o bloco foi criado como ferramenta para auxiliar a integração competitiva da região antes de iniciativas como a zona do euro, a área norte-americana de livre comércio ou a Aliança do Pacífico, mas depois ficou atrás.

"Temos agora a segunda grande oportunidade de relançamento de nossas plataformas no digital. Essa oportunidade para modernização do Mercosul tem de incluir a pegada digital, que transforma nosso mercado em extraordinariamente atraente, e ao mesmo tempo moderno, para que sigamos no projeto de integração global", afirmou o ministro em seu discurso de abertura no seminário.

Guedes acrescentou que a modernização do Mercosul também passa por ajustes tarifários, e ressaltou que teve apoio dos parceiros do bloco para reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC), ainda que de forma temporária. "É importante ter atenção às necessidades internas, de forma a reduzir custos de itens essenciais para a população brasileira", justificou.

Com dificuldades em avançar nas negociações com os parceiros do Mercosul para a redução das taxas para importar produtos de fora do bloco, o Brasil decidiu fazer isso por conta própria. Em nota conjunta, os Ministérios da Economia e Relações Exteriores anunciaram a redução em 10% as alíquotas do Imposto de Importação de 87% dos produtos do universo tarifário, mantendo de fora bens como automóveis e sucroalcooleiro, que já têm um tratamento diferenciado pelo Bloco.

Como as regras do Mercosul proíbem a redução de tarifas de forma unilateral, ou seja, sem o aval de todos os integrantes do bloco, o Brasil vai recorrer a um dispositivo que permite a possibilidade de adoção de medidas voltadas à proteção da vida e da saúde das pessoas.

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"O recurso a esse dispositivo justifica-se pela situação de urgência trazida pela pandemia de Covid-19 e pela necessidade de poder contar, de forma imediata, com instrumento que possa contribuir para aliviar seus efeitos negativos sobre a vida e a saúde de população brasileira", afirmaram as pastas em nota.

A redução foi adotada por decisão do Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e será temporária, até 31 de dezembro de 2022. O tamanho de redução foi ao encontro do que ficou acertado com a Argentina no início de outubro, durante visita de ministros do país vizinho ao Brasil.

Os brasileiros tinham na Argentina a principal resistência à redução da TEC. Ao conseguir chegar a um acordo com eles, porém, encontraram outro obstáculo, justamente de um parceiro mais alinhado no objetivo de modernizar o Mercosul: o Uruguai.

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou que os Uruguaios condicionaram o apoio à proposta brasileira de cortar impostos ao aval do bloco à negociações de acordo de forma bilateral, ou seja, sem a participação de todos os países do Mercosul. Isso emperrou novamente as conversas, porque a Argentina é contra essa flexibilização.

"O governo brasileiro tem trabalhado intensamente, no âmbito do Mercosul, para promover a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC), que, em seus mais de vinte e cinco anos de existência, jamais sofreu um processo de reforma integral", afirma a nota. "O Brasil permanece plenamente engajado nas negociações em curso no Mercosul. Os Ministérios da Economia e das Relações Exteriores reiteram o caráter excepcional e temporário da presente resolução, ao mesmo tempo em que reafirmam seu compromisso com o Mercosul."

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgaram neste sábado (5) uma nota assinada em conjunto contra a proposta de redução tarifária unilateral por parte do Mercosul. O texto apoia a posição de Alberto Fernández, presidente da Argentina, que é contrária à medida defendida pelo governo brasileiro.

"Concordarmos com a posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco", diz o texto.

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O governo de Jair Bolsonaro defende a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) em pelo menos 20% a partir deste ano. Essa é a taxa cobrada por todos os países do Mercosul na importação de produtos de fora do bloco. A proposta é defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como um caminho para abrir e dinamizar a economia brasileira.

Em abril, uma reunião de ministros dos países que compõem o Mercosul terminou com trocas de farpas entre os representantes dos ministérios da Economia do Brasil, Guedes, e da Argentina, Martín Guzmán, e sem acordo. O governo argentino chegou a apresentar uma alternativa mais complexa, para que cada país escolhesse alguns setores econômicos e produtos para reduzir tarifas. Porém, negociadores afirmaram que o Brasil tinha pressa para encerrar a discussão.

Na nota, os ex-presidentes também defendem a manutenção da "integridade do bloco", por meio do desenvolvimento industrial e tecnológico. "Concordamos também que é necessário manter a integridade do bloco, para que todos seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo na economia mundial contemporânea", escrevem.

Esta é uma nova etapa da reaproximação entre FHC e Lula. No final de maio, eles almoçaram juntos, em um encontro promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim. O movimento faz parte da estratégia do ex-presidente petista de se apresentar como um pré-candidato moderado, mirando as eleições de 2022.

Leia, a seguir, a íntegra da nota assinada por Fernando Henrique Cardoso e Lula.

"Concordarmos com a posição do Presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco. Concordamos também que é necessário manter a integridade do bloco, para que todos seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo na economia mundial contemporânea."

Após renovar suas críticas ao Mercosul, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfatizou nesta sexta-feira, 23, que o Brasil está em um momento decisivo de reavaliação do bloco. Ele defendeu a liberdade para que os países membros tenham ritmos diferentes de negociação com outros governos.

"A primeira dimensão é garantir uma liberdade de negociação para os seus membros. Claro que juntos somos mais fortes, mas achamos importante que haja liberdade de negociação para que os membros possam achar o que for mais conveniente. A ideia é que cada membro possa ser um pioneiro e fazer um acordo lá fora diferente. Se tiver bom, o conjunto dos membros do Mercosul avança naquela direção", afirmou, em sessão temática do Senado que celebra os 30 anos do Tratado de Assunção, com o tema: "Mercosul, avanços, desafios e perspectivas".

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Guedes citou o acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia - que ainda depende de aprovação por todos os países membros dos dois blocos - e citou outros acordos em negociação. "Queremos avançar na modernização do Mercosul. Avançar significa permitir velocidades diferentes para quem está mais preparado ou disposto", completou.

O ministro lembrou que o governo brasileiro insiste na abertura econômica, apesar dos atuais problemas fiscais do País. "Essa reavaliação do Mercosul não é para recuar ou com qualquer pensamento de rejeição. Mas é perfeitamente compreensível que em momento de crise alguns países recuem um pouco e hesitem em fazer esse movimento abertura", explicou.

TEC

Além da liberdade para que países membros do Mercosul possam negociar acordos com outros governos, Guedes defendeu a redução imediata da Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco.

"Até compreendemos a situação de membros que possam ter dificuldade de baixá-la no momento, mas gostaríamos de propor o movimento. Para o Brasil, é importante reduzirmos. Fizemos uma proposta de reduzirmos em 10%, ou seja, baixar a tarifa de um determinado produto de 30% para 27%. Isso não machuca ninguém, é só para mandar um sinal de que não estamos fechando a economia", afirmou, em sessão temática do Senado que celebra os 30 anos do Tratado de Assunção, com o tema: "Mercosul, avanços, desafios e perspectivas".

Guedes deixou claro que não é a intenção do governo brasileiro abrir a economia de uma só vez, mas argumentou que essa redução de 10% na TEC seria um primeiro passo nessa direção.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (4) que deve viajar para Buenos Aires, capital da Argentina, em 26 de março. O compromisso no país vizinho ocorrerá em celebração aos 30 anos do Mercosul, bloco formado pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Bolsonaro disse que na viagem deve ter a primeira conversa com o presidente argentino, Alberto Fernández. O encontro deve ocorrer de forma "reservada" para tratar de interesses dos dois países.

"Vou estar agora, está previsto, dia 26 de março estar em Buenos Aires, nossa querida Argentina, estaremos lá celebrando 30 anos da criação do Mercosul", informou em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta noite. No início de fevereiro, após receber o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, Bolsonaro já havia antecipado que em março os presidentes dos países membros do bloco iriam se encontrar.

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"Será a primeira vez que iremos conversar com o presidente da Argentina, logicamente (caso) ele queira, eu quero. Uma conversa reservada, nós dois num canto e publicamente vamos tratar das questões econômicas dos nossos países", disse.

Fernández tomou posse em 10 de dezembro de 2019. Bolsonaro não foi à cerimônia, em seu lugar, compareceu o vice-presidente Hamilton Mourão. Na última disputa eleitoral argentina, Bolsonaro apoiou a reeleição do então presidente Mauricio Macri, derrotado no primeiro turno por Fernández. Na live de hoje, Bolsonaro destacou que a covid-19 "causou dificuldades econômicas em todo o mundo", o que afetou a situação financeira da Argentina.

"Nós torcemos para que a Argentina tenha sucesso nas suas negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que a situação financeira da Argentina está bastante complicada", comentou. "O êxito econômico de países aqui na América do Sul, entre eles a Argentina, é interessante para todos nós da América do Sul, o Brasil obviamente é um dos grandes interessados", afirmou.

Israel

O chefe do Executivo também afirmou que deve acompanhar a partida da comitiva brasileira para Israel no próximo sábado (6). O grupo será liderado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e tem como missão negociar a adesão do Brasil à terceira fase de estudos de um medicamento contra a Covid-19. A ideia é assinar um acordo para que o Brasil participe dos testes do spray nasal EXO-CD24.

Bolsonaro citou que a "documentação" do medicamento ainda deve passar pela análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele avaliou que pelo spray não ser "invasivo" tem chances de receber o aval da agência para a participação nos estudos.

Depois de se reunir nesta quarta-feira, 3, com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que uma possível reunião com os presidentes de países membros do Mercosul deve ocorrer no final de março. Bolsonaro e o chefe de Estado uruguaio defenderam uma "flexibilização" nos negócios de membros do bloco com outros países. A integração nas áreas de infraestrutura e energia também foi debatida.

"O Uruguai é um parceiro nosso, é um país importante que integra o Mercosul. Conversamos sobre a possibilidade de flexibilizar para cada país os seus negócios com outros países, falamos um pouco de energia também e infraestrutura", afirmou em declaração à imprensa junto de Lacalle Pou.

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Em sua fala, Lacalle Pou avaliou a reunião como "muito boa" e também falou sobre a necessidade de flexibilização do Mercosul. Ele destacou que o bloco completa 30 anos em 2021 e, por isso, disse ser preciso "revê-lo". "O próximo passo neste mundo moderno é a flexibilização para que cada país, ainda pertencendo, possa avançar", disse.

A reunião entre os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, países membros do Mercosul, deve ocorrer em Foz do Iguaçu (PR), segundo Bolsonaro. Sobre o assunto, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comentou que Brasil e Uruguai compartilham "uma visão muito semelhante" e que na reunião de março devem abordar "o que pode ser feito para redinamizar o Mercosul".

O ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, destacou dois projetos em andamento para buscar promover a integração regional sul-americana. Segundo ele, a dragagem da Lagoa Mirim, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, "vai fazer com que a hidrovia do Mercosul se torne uma realidade". Ele também citou o projeto da ponte sobre o rio Jaguarão, também em área de fronteira com o Uruguai.

Sobre a cooperação energética, o ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, ressaltou que desde outubro o Brasil importa energia do Uruguai e da Argentina por conta da crise hídrica. "Isso mostra que essa integração é importante para a segurança energética dos países e nós estamos trabalhando para que ela cada vez aumente mais, chamando outros países do Mercosul a participar", disse.

Encontro

O encontro com Lacalle Pou foi chamado de uma "visita informal" por Bolsonaro, que o recebeu para um almoço no Palácio da Alvorada. Lacalle Pou é o primeiro presidente sul-americano que Bolsonaro recebe desde o início da pandemia. Antes, em seu primeiro ano de governo, recebeu os presidentes do Paraguai e do Chile, em ocasiões diferentes. Em março de 2019, Bolsonaro se encontrou com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, no Palácio do Planalto.

No ano passado, os dois chefes de Estado voltaram a se reunir no dia 1º de dezembro em Foz do Iguaçu (PR) durante visita às obras da Ponte da Integração Brasil-Paraguai. Além de Benítez, Bolsonaro também recebeu em agosto de 2019 o presidente chileno, Sebastián Piñera, para um café da manhã no Palácio da Alvorada.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (16) que o governo vê no Mercosul “um aliado na promoção da agenda de reformas estruturais” que estão sendo levadas adiante no Brasil. Segundo ele, as diferenças entre os países integrantes do bloco não devem resultar em impasses que coloquem em risco a agenda comum de seus integrantes.

A declaração foi feita durante o discurso do presidente na 57ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. “Ressalto que as diferenças entre nossos governos, na condução da agenda econômica e comercial, não devem levar a impasses que poderiam colocar em risco o andamento de nossa agenda comum”, disse o presidente ao defender que o bloco dê seguimento às ações focadas em pontos de convergência.

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De acordo com Bolsonaro, a busca pelo consenso no Mercosul “não significou inércia ou estagnação”. “Atuamos com flexibilidade e pragmatismo para que nossos pontos de convergência prevalecessem sobre nossas diferenças. Isso é o que continuaremos a fazer em 2021”.

“Ao continuar fiel a seus propósitos originais de abertura econômica e inserção positiva no cenário internacional, o Mercosul fortalece os esforços que estamos fazendo para aprimorar o estado brasileiro. Nesse mundo em constante mudança, a capacidade de adaptação de nosso bloco é fundamental para mantermos nossa relevância”, acrescentou.

Para o presidente brasileiro, além de promover a integração regional, o Mercosul é “instrumento crucial” para que seus integrantes alcancem o crescimento econômico sustentado, aprofundando a inserção internacional de suas economias e melhorando a qualidade de vida de seus povos.

Pandemia

Bolsonaro elogiou os esforços de integrantes do bloco no combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). “Este foi um ano totalmente atípico. Tivemos crise sanitária sem precedentes em escala global, e precisamos socorrer nossas populações”, disse Bolsonaro ao defender que, em 2020, o sucesso do Mercosul seja medido “pela resiliência e perseverança do bloco de nossos governos em salvar vidas e proteger nossas economias”, e não apenas pela quantidade de normas e acordos concluídos.

Acordos

Bolsonaro elogiou a conclusão do acordo do comércio eletrônico do Mercosul. Segundo ele, “essa é mais uma demonstração de que o bloco pode funcionar com agilidade para atender os interesses de nossas sociedades”.

“No âmbito comercial, não posso deixar de manifestar preocupação com o ressurgimento de entraves pontuais entre os estados partes. Devemos deixar de lado essas discordâncias que pertencem a um passado já superado. Precisamos trabalhar juntos para não sermos ultrapassados por outros mecanismos que almejam objetivos similares aos nossos”, disse.

O presidente se disse convicto de que os projetos de integração são ancorados não apenas em premissas econômicas, mas em “princípios e valores democráticos dos quais não podemos abrir mão”.

“A democracia está na essência do Mercosul. Precisamos reforçar ainda mais a natureza democrática do Mercosul e atuar de forma proativa em favor da liberdade em nossa região. Estou confiante de que podemos tornar o bloco novamente um ator relevante nessa temática”, afirmou.

 

Em 9 de dezembro de 1994, durante a Cúpula das Américas, em Miami (EUA), o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, apresentou a proposta da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que eliminaria as barreiras comerciais dentro dos continentes americanos e permitiria a transição de mercadorias, capitais e serviços entre os países.

Uma das intenções do projeto era reduzir as taxas cobradas pelos produtos que cruzam as fronteiras de cada um dos 34 países das Américas, com exceção de Cuba. Embora tenha sido bastante debatida, a proposta não saiu do papel e foi encerrada em novembro de 2005.

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Hoje, 26 anos depois, como o projeto impactaria o Brasil? Ao integrar 34 países em um único bloco econômico, o advogado especializado em direito internacional da Toledo e Advogados Associados, Daniel Toledo, analisa que o tratado poderia acarretar o maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, que estaria por volta de US$ 20 trilhões, e facilitaria o comércio entre as Américas, o que inclui o Brasil.

Outra possibilidade seria a negociação com outros países, aos quais, atualmente, o Brasil não possui acordo econômico. "Ocorre que, naquela época, o presidente Bush teve críticas pesadas dos presidentes Lula e Hugu Chávez, que foram os que mais criticaram esse projeto por ser totalmente contra os interesses comunistas, que não aceitavam a abertura de um mercado, e sim o fechamento dentro de um bloco socialista", comenta Toledo.

Caso implementada, o Brasil também poderia ter facilidades em aberturas de mercado, importações, exportações, além de menores tarifas. "O Brasil hoje tem grandes problemas de produção, e importa insumos de diversos produtos da China. Hoje poderíamos estar realizando as importações de países mais próximos. A criação de um bloco como esse, poderia fazer frente a um cenário muito maior do que o mercado chinês", afirma o advogado.

O mercado internacional nos dias de hoje

Muitos países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) enfrentam dificuldades financeiras. É o caso da exportação de carros do Brasil para a Argentina, que foi limitada por causa das políticas cambiais. Em junho de 2020, mais de 10 mil veículos foram restringidos nos portos argentinos, o que incomodou diversas montadoras como Ford e Chevrolet.

Países como Portugal e Itália, que são da União Europeia e não faziam parte do bloco econômico da Alca, dispõem de parcerias com o Brasil. A França tentou barrar a comercialização da soja brasileira. "Mesmo que a França pare de comprar a soja do Brasil, isso não nos faria nem cócegas, já que eles consomem muito pouco, perto do número de exportações para outros países", explica Toledo.

Na visão do advogado, é pouco provável que ocorra o estreitamento de negociações de um bloco econômico, como a União Europeia. "Não apenas pela situação política que vemos o mundo hoje, que tornaria a proposta inviável, mas também pelos interesses regionais em muitos países europeus. O Brasil seria um grande risco para a economia desses países", afirma Toledo.

Caso a Alca fosse implantada, ela já teria englobado todos os países do Mercosul, e não traria problemas para os integrantes desse bloco. O mesmo não pode ser dito para a União Europeia, pois o Brasil teria dificuldades em compor outros grupos econômicos. "A ideia de um bloco econômico é aquecer o comércio de uma determinada região e fortalecê-la. Eu acredito que se o Brasil entrasse para a Alca, seria um grande negócio, mas ele teria que abrir mão de outros interesses, junto a outros blocos", finaliza o advogado.

O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira, 7, uma resolução que manifesta oposição à ratificação do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul por preocupações com a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.

Aprovado por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções, o texto diz que o Brasil vai contra os "compromissos feitos no Acordo de Paris, particularmente no combate ao aquecimento global e na proteção da biodiversidade".

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O alerta consta em emenda a um relatório de 2018 sobre as políticas comerciais do bloco. O documento concluía que a integração com os sul-americanos teria o potencial de diversificar as cadeias produtivas da Europa e poderia criar um mercado conjunto de aproximadamente 800 milhões de habitantes.

Com o trecho referendado nesta quarta por parlamentares, a análise passa a incluir que o pacto "não pode ser ratificado como está". A rejeição, no entanto, é simbólica e o acordo ainda precisa ser analisado pelo plenário da Casa, bem como em cada um dos parlamentos nacionais dos dois blocos.

Conforme mostrou reportagem do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, autoridades europeias consideram improvável que a matéria consiga superar os tramites burocráticos, a não ser que haja uma considerável reversão do avanço do desmatamento na Amazônia. Na semana passada, o eurodeputado português José Manuel Fernandes, que chefia a delegação responsável pelas relações com o Brasil, pediu que as duas partes dialoguem para solucionar o impasse.

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