A Faculdade Maurício de Nassau (João Pessoa) realizou na noite desta terça-feira (23) uma palestra com o tema "Mídia e suicídio: A cobertura da mídia sobre a Baleia Azul".
O evento foi fruto de parceria entre os cursos de Comunicação Social e Psicologia. Foram convidados para palestrar o jornalista e doutor em Psicologia Luís Augusto Mendes; Thiago Aquino - que é psicólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); o voluntário do Centro de valorização da Vida (CVV), André Fagundes e Renata Maia, que é jornalista e suicidóloga.
##RECOMENDA##
Na ocasião foi discutido o papel da mídia na abordagem do tema suicídio, e de como esses fatos são divulgados pelos meios de comunicação.
Para o doutor em psicologia Luís Augusto, a mídia não influencia a prática do suicídio de forma direta. Isso ocorre se a veiculação ocorre de forma errada. "A mídia tem que ser cuidadosa em não romantizar ou espetacularizar o ato do suicídio, mas que ela trabalhe principalmente na questão da prevenção, dos cuidados e atenção com os jovens, já que estamos falando aqui do jogo baleia azul", disse ele.
A jornalista e suicidóloga Renata Maia diz que quem normalmente pratica suicídio é uma pessoa que se encontra vulnerável e carente. "Tem gente que está vulnerável, precisa de elogios nem que seja depois de morto, dizer que vai cometer suicídio não é chamar atenção, e sim um grito de socorro", afirmou.
Renata Maia iniciou sua palestra com a seguinte frase: "Sou sobrevivente de mim mesma", isso porque um familiar próximo dela cometeu suicídio, e a própria Renata tentou por diversas vezes tirar a própria vida.
Mas quais são os fatores que levam uma pessoa a atentar contra a própria vida? Segundo o psicólogo e professor da UFPB Thiago Aquino, o comportamento suicida é multifatorial, ou seja, envolvem fatores psíquicos, sociológicos e biológicos. "Podemos compreender o suicídio como contínuo, entre o pensamento ou ideação, o planejamento até chegar à morte em si, que seria o resultado final do comportamento suicida", explicou.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), jovens de 15 a 25 anos de idade são os que mais estão vulneráveis a cometer suicídio.
Existem alguns serviços gratuitos que realizam apoio emocional e prevenção do suicídio. Aqui na Paraíba, é disponibilizado o serviço do Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende de forma sigilosa por telefone, e-mail, chat e pelo aplicativo Skype 24 horas.
"Aqui em João Pessoa, recebemos uma média de 400 ligações por mês", disse André Fagundes, voluntário do CVV. Ainda segundo André, existem em torno de 22 voluntários, sendo esse número ainda insuficiente para manter o posto de atendimento funcionando 24 horas por dia.
Para falar com um dos voluntários do CVV, basta ligar para o numero 141, a ligação é gratuita e sigilosa.
O estudante de psicologia Joseb Roque, avaliou a palestra como sendo importante para a sua formação. "Nós temos que mudar a perspectiva com relação à educação. Os pais têm que ter um conhecimento maior da atividade de seus filhos, com quem seus filhos estão se relacionando nas redes sociais e com quem eles estão conversando, temos que voltar um pouco a dar uma atenção mais emotiva e não uma emoção objetal, porque hoje em dia os pais estão dando através de objetos, ou seja, estão amando menos e presenteando mais", declarou o aspirante a psicólogo.
Já para o estudante de jornalismo Jonathan Moura, esse debate é importante, pois, para ele, a mídia não sabe lidar com a relação do ser humano com o suicídio. "Geralmente a gente vê casos de suicídio sendo divulgado de forma extravagante demais, ou simplesmente levam o caso de maneira simples demais", completou.
Segundo a coordenadora do Curso de Comunicação Social da Faculdade Maurício de Nassau, Renata Escarião, a iniciativa de promover uma palestra com essa temática veio com o estouro dos casos envolvendo o joga da Baleia Azul. "Eu enquanto jornalista assistindo a uma dessas matérias, que incluía um caso aqui da Paraíba, me questionei se realmente a mídia, seja ela paraibana ou nacional, tratava o tema da maneira que deveria ser tratada, e também me questionei como nossos alunos hoje falariam sobre o tema", afirmou.
Para o psicanalista e professor do curso de Psicologia Sócrates Pereira, a parceria do curso de comunicação com o de psicologia é importante, porque a psicologia pode fornecer os subsídios necessários para que a mídia aborde o tema de maneira responsável.
[@#galeria#@]