Tópicos | refugiados

Famílias que deixaram a Venezuela na crise humanitária mais recente da América do Sul e vieram ao Recife serão acolhidas por um convênio entre a Arquidiocese de Olinda e Recife e o Governo de Pernambuco. O projeto que visa garantir moradia aos imigrantes será assinado nesta quarta-feira (20), na Cúria Metropolitana, bairro das Graças, Zona Norte da capital.

A parceria promete assegurar alimentação, condições de higiene e moradia para cem refugiados no Recife e na cidade vizinha de Jaboatão dos Guarapapes. Segundo a Arquidiocese, uma equipe de profissionais vai ser definida para acompanhar as ações e mediar os processos que promovam benefícios para favorecer a integração dos estrangeiros.

##RECOMENDA##

O evento de cooperação contará com a presença do Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, do Secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Sileno Gomes, da Secretária da Cáritas Brasileira Regional Nordeste II, Neilda Pereira, e do Diretor-Presidente da Cáritas Arquidiocesana de Olinda e Recife, Pe. Joatan Vitorino dos Santos.

O papa Francisco retornará à ilha de Lesbos, na Grécia, conhecida como local de recepção de refugiados, onde esteve em 2016 no ápice da crise migratória, informou nesta quinta-feira (14) o arcebispo local e o Ministério de Migrações do país europeu.

Francisco tinha anunciado no início de setembro que visitaria Grécia, Chipre e Malta, mas sem detalhar a data de sua viagem.

Uma delegação do Vaticano esteve hoje no acampamento de migrantes de Mavrovouni, em Lesbos, para planejar a visita do papa, conforme constatou um correspondente da AFP.

Uma fonte local declarou à AFP que a visita estava prevista para o fim de novembro, ou início de dezembro, dependendo da situação sanitária.

Guiada pelo secretário-geral do Ministério de Migrações da Grécia, Manos Logothetis, a delegação percorreu as ruas do acampamento temporário de Mavrovouni, que foi erguido rapidamente há um ano, após o incêndio que atingiu o acampamento de Moria, onde o papa esteve em abril de 2016.

"Quando retornar à Grécia, o papa quer visitar Lesbos", declarou nesta quinta-feira o arcebispo dos católicos do Mar Egeu, Joseph Printezis, ao mencionar "a experiência positiva" do pontífice "em sua visita anterior".

O papa "quer ver a evolução do tema dos refugiados" e o "fruto dos esforços da Grécia", acrescentou o arcebispo aos jornalistas.

O religioso detalhou que o papa deseja fazer em Lesbos "uma declaração humanitária, segundo a qual a Igreja e todos os povos da Europa se preocupam com os refugiados, e também mencionar que os outros países europeus deveriam reconhecer o peso suportado pela Grécia".

Um número indeterminado de imigrantes haitianos poderia se somar aos 12.400 que já foram liberados em território americano, onde cerca de 5 mil continuam detidos após terem cruzado a fronteira com o México em busca de asilo, disse neste domingo (26) o Secretário de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

"O número pode ser maior", disse Alejandro Mayorkas à Fox News, em resposta a uma pergunta sobre a possível evolução da cifra de 12.400 migrantes que conseguiram sair dos acampamentos improvisados na fronteira entre o México e os Estados Unidos nos últimos dias e que terão que se apresentar perante um juiz de imigração para defender seu pedido de asilo.

##RECOMENDA##

O secretário de Segurança Nacional deu entrevistas em várias das principais emissoras americanas buscando desativar a crise que assola o governo de Joe Biden, acusado tanto de ser permissivo quanto de ter imposto deportações desumanas aos haitianos.

Os 12.400 imigrantes, a grande maioria procedentes do Haiti, foram liberados nos Estados Unidos "sob condições", disse Mayorkas, ao assegurar que seu gabinete se baseava na lei vigente na hora de determinar se deportaria ou não os migrantes.

Além desta cifra, cerca de 2.000 pessoas foram deportadas de avião para o Haiti, 8.000 voltaram voluntariamente ao México e 5.000 foram transferidas para centros de acolhida.

São estes 5.000 migrantes atualmente em detenção administrativa os que poderiam engrossar nos próximos dias a cifra dos 12.400, segundo Alejandro Mayorkas.

Em outra entrevista concedida neste domingo à NBC, o ministro também criticou as normas vigentes sobre o tema migratório nos Estados Unidos. "Estamos trabalhando em um sistema completamente quebrado (...) Nunca ouvi ninguém dizer que as leis de imigração estejam bem estruturadas", disse.

No começo da semana, o ministro detalhou que um total de 30.000 migrantes, a maioria haitianos, chegaram desde 9 de setembro à pequena cidade fronteiriça de Del Río (Texas), onde viviam expostos ao calor e à miséria após cruzar o Río Grande partindo de Ciudad Acuña.

A afluência maciça de imigrantes e o tratamento que alguns receberam, sendo repudiados pela patrulha fronteiriça a cavalo enquanto cruzavam o rio, provocaram uma enxurrada de críticas contra o governo Biden.

Todos os migrantes haitianos que se concentravam dos dois lados da fronteira entre os Estados Unidos e o México abandonaram seus acampamentos improvisados na noite de sexta-feira, segundo o governo americano e os jornalistas da AFP em campo. Mas nos próximos dias e semanas poderiam chegar mais.

O governo de Joe Biden anunciou nesta segunda-feira (20) que os Estados Unidos vão receber 125 mil refugiados em 2022, o dobro deste ano, em meio à forte pressão pela chegada de migrantes de América Central e Haiti, além de outros que fogem de países como o Afeganistão.

Biden causou polêmica em abril ao se recusar, em um primeiro momento, a aumentar o limite de 15 mil refugiados estipulado por seu antecessor, Donald Trump.

O magnata republicano fez da luta contra a imigração ilegal uma das bandeiras de sua Presidência.

Diante das críticas que recebeu dentro de seu próprio campo político, Biden aumentou o limite em maio para 62.500 pessoas que podem se estabelecer território americano com status de refugiado em 2021.

Para o ano fiscal de 2022, no entanto, essa cifra será aumentada para 125 mil.

"Hoje (20), o Departamento de Estado reafirma o nosso compromisso de receber refugiados segundo a nossa longa tradição de oferecer um refúgio seguro e uma oportunidade às pessoas que fogem da perseguição", afirmou o porta-voz Ned Price.

"Com o mundo enfrentando deslocamentos globais e necessidades humanitárias sem precedentes, os Estados Unidos estão comprometidos em liderar os esforços para oferecer proteção e promover soluções duradouras às crises humanitárias", acrescentou Price em nota.

O anúncio acontece no momento em que Washington se propõe a ajudar milhares de pessoas que trabalharam para as forças americanas no Afeganistão a fugirem do país para serem reassentadas nos Estados Unidos.

Alguns deles poderiam entrar no país amparados pelo programa de refugiados, enquanto outros seriam acolhidos pelo programa de "vistos especiais de imigrante".

O anúncio também chega enquanto as autoridades americanas tentam repatriar milhares de migrantes que cruzaram a fronteira dos Estados Unidos a partir do México e se instalaram em Del Rio, Texas, nas últimas semanas.

Muitos desses migrantes são haitianos que fogem da instabilidade política, de terremotos, furacões e da insegurança.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão cobrou do governo Jair Bolsonaro um posicionamento urgente sobre a crise humanitária no Afeganistão, quanto ao recebimento de refugiados. Em nota pública, o órgão do Ministério Público Federal ressaltou que data anunciada para a retirada do exército estadunidense é esta terça-feira, 31 de agosto, sendo que, após tal marco "há riscos de que os indivíduos não tenham condições de se deslocar do país".

O texto foi publicado no sábado, 28, e encaminhado, por ofício, ao ministro da Justiça e Segurança Pública, ao ministro das Relações Exteriores e ao presidente do Comitê Nacional para Refugiados (Conare).

##RECOMENDA##

No documento, o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, e o procurador regional da República, André de Carvalho Ramos - coordenador do Grupo de Trabalho Migração e Refúgio - destacam que é necessária ação conjunta do governo federal, ao menos, com a participação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Ministério das Relações Exteriores e do Comitê Nacional para Refugiados (Conare). Eles citam notícias sobre a falta de resposta do governo aos pedidos de asilo e da não concessão de vistos humanitários a 270 juízas afegãs.

Os procuradores sugerem três medidas de acolhida humanitária aos afegãos: edição de portaria para definir procedimento de concessão de visto humanitário e autorização de residência às pessoas afetadas pelo conflito no Afeganistão; adoção de estratégia para garantir o encontro de membros de famílias que já estão em território brasileiro; notificação das autoridades competentes alertando para a garantia da não devolução de indivíduos afegãos que ingressem no território brasileiro, mesmo que de forma irregular ou sem documentação.

A nota lembra que o Brasil tem obrigações de acolhimento de migrantes, decorrente da assinatura de tratados internacionais, em especial a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951, e de legislações, como a que define as obrigações e diretrizes ao Estado brasileiro para acolhimento desses indivíduos.

Os procuradores destacam ainda a Lei de Migração que prevê a possibilidade de concessão de visto temporário para ‘acolhida humanitária de qualquer país em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento’.

O Airbnb "começará a acolher 20.000 refugiados afegãos gratuitamente em todo o mundo" em resposta a "uma das crises humanitárias mais graves da nossa época", anunciou nesta terça-feira (24) Brian Chesky, co-fundador da plataforma de aluguéis turísticos.

A empresa "pagará pelas estadias", mas "não poderá [fazer isso] sem a generosidade de [seus] anfitriões", explicou Chesky em um tuíte, solicitando àqueles que desejarem acolher uma família de refugiados de forma gratuita que entrem em contato com a plataforma.

Desde 2012, o grupo americano permite aos anfitriões dispobilizarem quartos para alojar solicitantes de asilo ou refugiados gratuitamente, por meio de sua plataforma "Open Homes".

"O deslocamento e reinstalação de refugiados afegãos nos Estados Unidos e outras partes do mundo representa uma das crises humanitárias atuais mais graves", continuou Chesky, que considera que é crucial agir, e espera poder "inspirar outros empresários a fazer o mesmo".

A queda de Cabul nas mãos dos talibãs em 15 de agosto provocou o deslocamento de milhares de pessoas até o aeroporto da capital afegã, única saída do país. Milhares já foram evacuados desde julho.

 Mais um voo com 195 afegãos aterrissou na Itália neste sábado (21), elevando para quase mil o número de refugiados evacuados por via aérea pelo país europeu desde o fim de semana passado.

O primeiro avião pousou no aeroporto de Fiumicino, nos arredores de Roma, na última segunda-feira (16), com 74 pessoas, incluindo aproximadamente 20 afegãos. O segundo chegou na quarta, com 85 refugiados, enquanto o terceiro aterrissou no dia seguinte, com 202.

##RECOMENDA##

Já o quarto, o quinto e o sexto voos pousaram na Itália na sexta-feira (20), carregando, respectivamente, 194 e 104 e 103 afegãos.

A operação de evacuação coordenada pela Força Aérea italiana envolve 12 aeronaves e 1,5 mil militares. Os refugiados são levados de Cabul, capital do Afeganistão, para o Kuwait em aviões C-130 da Aeronáutica e depois viajam até Roma em Boeings KC-767, que têm maior capacidade.

As Forças Armadas italianas mantiveram até junho passado uma base militar em Herat, como parte da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no país asiático.

A retirada das tropas ocidentais, no entanto, permitiu o rápido avanço do Talibã, que havia sido destituído pela invasão americana em 2001 e reconquistou o país no último fim de semana, quase sem enfrentar resistência. 

Da Ansa

Angelina Jolie finalmente se rendeu ao Instagram. A atriz decidiu criar uma conta com a finalidade de ser uma espécie de porta-voz da população do Afeganistão, após o país ter sido ocupado pelo Talibã. Em poucas horas, a artista já havia acumulado mais de cinco milhões de seguidores em seu perfil.

Em sua primeira postagem, Angelina publicou uma carta escrita por uma menina afegã. Na legenda, ela disse estar muito preocupada com a situação no país e que não vai poupar esforços para ajudar como pode. “Vim para o Instagram para compartilhar as histórias e vozes daqueles que estão do outro lado do globo e que estão lutando por seus direitos humanos básicos. Não vou recuar, continuarei procurando por meios de ajudar e espero que você se junte a mim”. 

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Angelina está trabalhando em conjunto com a Refugees, agência da ONU que desenvolve ações em prol de refugiados. A atriz se dedica à causa há 20 anos e, agora, vai passar a usar as redes sociais como aliada na busca por melhorias para a vida dessas pessoas. 

O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, que ordenou a invasão do Afeganistão após os ataques de 11 de setembro de 2001, pediu ao atual governo americano que ajude os afegãos que fogem do país por medo de um novo regime talibã.

"Os afegãos que estão correndo risco agora são os mesmos que estiveram na vanguarda do progresso em sua nação", disse W. Bush em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira, no qual pediu ao presidente Joe Biden para acelerar as retiradas.

"O governo dos Estados Unidos tem a autoridade legal para reduzir a burocracia para os refugiados durante as crises humanitárias urgentes. E temos a responsabilidade e os recursos para garantir uma saída segura para eles agora, sem demoras burocráticas", afirmou.

O 43º presidente dos EUA disse que ele e a ex-primeira-dama, Laura Bush, assistiram com "profunda tristeza" ao rápido colapso do governo afegão, após o fim da missão internacional no país liderada pelos Estados Unidos e estão "prontos" para oferecer seu "apoio e assistência neste momento de necessidade".

W. Bush liderou a invasão do Afeganistão para derrubar o regime talibã que protegia o então líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, depois dos atentados do 11 de Setembro, nos EUA. Os ataques deixaram 2.977 mortos.

O governo W. Bush foi criticado por desviar sua atenção do Afeganistão nos primeiros anos do conflito para invadir o Iraque, permitindo que a luta com os talibãs se prolongasse sem um propósito claro.

O ex-presidente alegou que o conflito afegão não foi em vão e disse que as tropas americanas eliminaram "um inimigo brutal", enquanto, ao mesmo tempo, construíam escolas e forneciam atendimento médico.

O Afeganistão caiu nas mãos dos talibãs após uma ofensiva meteórica, antes mesmo do fim do prazo estabelecido por Biden para a retirada dos últimos soldados americanos em 31 de agosto.

Agora, os Estados Unidos tentam retirar seus cidadãos e os afegãos que trabalharam para as Forças Armadas americanas.

Muitos afegãos temem que os talibãs imponham a mesma versão ultrarrigorosa da lei islâmica adotada quando governaram o país entre 1996 e 2001.

A atriz americana Angelina Jolie, enviada especial da Agência da ONU para os Refugiados (Acnur), visitou neste domingo um campo de refugiados em Burkina Faso que abriga milhares de malineses que fugiram da violência jihadista.

Angelina chegou de helicóptero ao campo de Goudebou, acompanhada pelo chanceler de Burkina Faso, Alpha Barry, para lembrar o Dia Mundial do Refugiado. “Celebro esse dia todos os anos há 40 anos com refugiados em diferentes países e nunca me preocupei tanto com a situação dos deslocamentos no mundo quanto hoje", declarou a atriz após visitar o acampamento, localizado a uma centena de quilômetros da fronteira com o Mali.

##RECOMENDA##

“A verdade é que não fazemos metade do que poderíamos e deveríamos para encontrar soluções que permitam aos refugiados voltar para casa, ou para apoiar os países que os acolhem”, acrescentou, pedindo apoio a esses Estados.

O acampamento, localizado perto de Dori, já foi alvo de múltiplos ataques. Em março de 2020, um novo ataque ao posto de segurança do local, que abrigava até 9.000 refugiados, levou à fuga dos que haviam permanecido, resultando no fechamento efetivo de Goudebou.

Desde dezembro, autoridades de Burkina Faso e o Acnur levam os refugiados novamente para esse acampamento, após terem reforçado o sistema de segurança com militares e patrulhas. Está prevista a construção de um quartel.

Entre dezembro e junho, quase 11.000 pessoas de cidades do norte de Burkina Faso retornaram a Goudebou, de acordo com o Acnur. "Os refugiados estão angustiados, porque o contexto de segurança se deteriora dia após dia, apesar dos esforços das autoridades de Burkina Faso, de seus parceiros e das forças de defesa e segurança na região do Sahel", declarou o representante dos refugiados de Goudebou, Wanadine ag Mohamed.

Desde 2012, 22.000 refugiados de várias nacionalidades se abrigaram em Burkina Faso, incluindo malineses que fogem da violência de grupos jihadistas no norte e no centro de seu país. Mas desde 2015, Burkina é alvo de ataques jihadistas, que já causaram mais de 1.400 mortes e forçaram 1 milhão de pessoas a fugir de casa.

A pouco menos de 50 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 - adiados em um ano por causa da pandemia do novo coronavírus -, marcada para 23 de julho, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta terça-feira a lista do time de refugiados para o evento no Japão. São 29 atletas convidados, um número quase três vezes maior do que o da estreia da delegação, com 10 representantes no Rio-2016.

"Parabéns a todos. Falo em nome de todo o Movimento Olímpico quando digo que mal podemos esperar para conhecê-los pessoalmente e vê-los competir em Tóquio. Quando você, a Equipe Olímpica de Refugiados do COI e os atletas de comitês olímpicos nacionais de todo o mundo, finalmente reunidos em Tóquio em 23 de julho, enviarão uma mensagem poderosa de solidariedade, resiliência e esperança ao mundo. Você é parte integrante de nossa comunidade olímpica e damos as boas-vindas de braços abertos", disse o alemão Thomas Bach, presidente do COI, aos refugiados selecionados.

##RECOMENDA##

O time é para o COI uma mensagem de solidariedade aos 80 milhões de refugiados em todo o mundo. A entidade dá suporte a 55 atletas com status de refugiados reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas), sendo que 29 deles foram selecionados para competir em Tóquio.

O time de refugiados vai estar presente em 12 modalidades: atletismo, badminton, boxe, canoagem, ciclismo, judô, caratê, tae kwon do, tiro, natação, levantamento de peso e wrestling (luta olímpica). Entre os selecionados está o judoca congolês Popole Misenga, que mora no Brasil e pela segunda vez vai ser acolhido pela delegação brasileira. Ele também esteve na estreia nos Jogos do Rio-2016.

A delegação do time de refugiados vai ser a segunda a desfilar na abertura da Olimpíada, no estádio Nacional, em Tóquio, logo depois da Grécia, fundadora dos Jogos na antiguidade. Os atletas refugiados vão competir sob a bandeira do COI e vão escutar o hino olímpico no pódio caso sejam campeões.

O papa Francisco fez uma saída incomum neste domingo (11) para fora do Vaticano para celebrar uma missa sobre a "misericórdia divina" com presos, refugiados e profissionais da saúde.

A missa foi realizada em uma igreja próxima à Praça de São Pedro, diante de um público reduzido de cerca de 80 pessoas, devido às restrições pelo coronavírus.

Entre elas, havia presos de dois presídios de Roma e de um centro de detenção de jovens, assim como refugiados da Síria, Nigéria e Egito e profissionais da saúde de um hospital próximo.

O líder espiritual dos 1,3 bilhão de católicos do mundo destacou a importância para os cristãos de servir os demais.

"Não podemos permanecer indiferentes. Não podemos viver uma meia fé, que recebe mas não dá (...). Fomos misericordiados, sejamos misericordiosos", pediu Francisco.

O papa, que tem 84 anos e foi vacinado contra o coronavírus antes de sua viagem ao Iraque no início de março, não usou máscara durante a missa.

Os que fizeram as leituras da Bíblia também não usaram máscaras, enquanto todos os outros na igreja, incluindo os coroinhas e outros sacerdotes, usaram corretamente.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) recebe inscrições, até 31 de março, para a seleção de ingresso em cursos de graduação, semestre letivo 2021.2, direcionado a índios aldeados, moradores de comunidades quilombolas e pessoas trans. Também podem participar do processo seletivo refugiados em situação de vulnerabilidade e imigrantes.

De acordo com a instituição de ensino, os estudantes devem escolher uma opção de curso e requerer inscrição até 17h do dia 31, por meio do site da seleção. Os candidatos devem ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019 ou 2020; esse requisito, porém, será opcional para refugiados e imigrantes. As candidaturas não cobram taxa de participação.

##RECOMENDA##

A previsão é que sejam selecionados até quatro concorrentes além da quantidade de vagas definida para cada graduação. Haverá uma vaga para índios aldeados, uma para moradores de comunidades quilombolas, uma oportunidade para pessoa trans que tenha estudado o ensino médio em escola pública, além de uma vaga para imigrante/refugiado em situação de vulnerabilidade social, que tenha cursado o ensino médio ou equivalente em outra nação.

Ainda no que diz respeito aos imigrantes e refugiados, essa condição deverá ser comprovada por meio de visto humanitário permanente ou temporário emitido pelo Conselho Nacional de Imigração. Já as condições de quilombola e índio aldeado serão comprovadas por meio da Fundação Cultural Palmares e da Fundação Nacional do Índio (Funai), respectivamente.

Segundo a UFBA, a condição de pessoa trans poderá ser comprovada por meio de documento de autodeclaração disponível no próprio site da instituição de ensino. Confira os cursos disponíveis na Universidade e, para mais informações, acesse o edital do processo seletivo.

A vacinação contra a Covid-19 entre refugiados provavelmente se prolongará para além de 2022 por causa da lenta distribuição de doses em alguns países, informou a ONU nesta quinta-feira (18).

Diante das dificuldades adicionais que os refugiados sofrem devido à pandemia, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lançou um apelo em dezembro para arrecadar 455 milhões de dólares (382 milhões de euros).

"Agora a briga é por causa das vacinas", afirmou Sajjad Malik, diretor da Divisão de Resiliência e Soluções da ACNUR, em uma entrevista coletiva.

"2021 é apenas o começo", ressaltou, destacando que as campanhas de vacinação devem "continuar em 2022 e além, já que as vacinas chegam muito lentamente" em alguns países.

No ano passado, o número de refugiados, deslocados internos e requerentes de asilo no mundo ultrapassou o total de 80 milhões de pessoas, um recorde, em meio à pandemia da covid-19, de acordo com a ACNUR.

Sua situação, muitas vezes precária, não melhorou durante a pandemia. Nas cidades, muitas pessoas perderam seus empregos e empobreceram, enquanto em áreas rurais remotas, o acesso a exames e aos tratamentos continua difícil.

"Em um período muito curto, eles caíram em uma espiral de pobreza. Isso está começando a comprovar-se agora", anunciou Malik.

Os fundos solicitados pela ACNUR também permitirão investir na educação das crianças. Cerca de 48% das crianças refugiadas não estão indo à escola por causa da pandemia, e as meninas são as mais afetadas, segundo a agência. "Muitas dessas crianças correm o perigo de não voltar para a escola depois de um ano sem assistir às aulas", observou Malik.

No início da pandemia, as organizações humanitárias expressaram receio sobre as altas taxas de contaminação entre os refugiados. Porém, em última análise, eles são semelhantes às dos países de acolhida, esclareceu Malik.

De acordo com Marian Schilperoord, sua vice-diretora, até agora cerca de 63.000 refugiados foram infectados pela covid-19 em todo o mundo.

No entanto, o número real seria muito maior, uma vez que muitos não foram testados e alguns países não diferenciam os refugiados em suas estatísticas oficiais.

De acordo com a ACNUR, um total de 106 países incluíram refugiados em sua resposta nacional de imunização. "Eles sabem que se deixarem de lado uma parte da população, todos estarão em perigo", acrescentou Malik.

Representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram para a situação de refugiados em meio à pandemia de coronavírus. Em sessão de perguntas e respostas nesta quarta-feira, o diretor de Emergências da entidade, Mike Ryan, afirmou que a crise intensifica a vulnerabilidade de alguns grupos sociais e exortou a comunidade internacional a agir para atenuar a exposição dessas pessoas à covid-19.

Ryan também instou os governos a garantirem acesso de refugiados ao programa de vacinação contra a doença.

##RECOMENDA##

Ele ainda comemorou o início da distribuição de imunizantes a países pobres pelo programa Covax. "Embora esteja sendo mais lento do que queremos, nós coletivamente desenvolvemos vacinas em menos de um ano", destacou.

“Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a esse regressar.” A frase é do artigo 13 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento histórico adotado pelas Nações Unidas (ONU) em 1948 e que delineou as prerrogativas básicas de uma pessoa, de qualquer pessoa, independentemente de sua origem, cor, etnia, religião ou classe social.

Ignorada sistematicamente em muitos países ao longo dos últimos 72 anos, essa premissa se viu diante de uma barreira inédita em 2020: a pandemia do novo coronavírus, que levou governos mundo afora a fecharem fronteiras para conter um agente infeccioso que, até agora, segue incontrolável.

##RECOMENDA##

Segundo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em meados de julho mais de 2,75 milhões de migrantes estavam “presos” no meio de suas viagens por causa da Covid-19, sem conseguir voltar para casa e muitas vezes com vistos e permissões de estadia vencidos.

Se as restrições a deslocamentos nacionais e internacionais se tornaram uma ação consagrada e amparada pela ciência para enfrentar a pandemia, há quem veja o uso da Covid-19 por governos como desculpa para impedir a entrada de refugiados e migrantes forçados, cujo direito de “procurar e de gozar asilo em outros países” é estabelecido no artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

“Tanto migrantes voluntários como refugiados sofreram impactos na pandemia. Na fronteira dos Estado Unidos com o México, pessoas que antes ficavam esperando o pedido de refúgio ou migração, mas tinham uma resposta no horizonte, mesmo no governo Trump, hoje não têm horizonte. Estão lá e não sabem até quando vão esperar”, diz Luís Renato Vedovato, pesquisador associado do Observatório das Migrações em São Paulo, grupo ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Já na América do Sul, o governo Bolsonaro proibiu a entrada de estrangeiros no Brasil por via terrestre, embora tenha ignorado a via aérea, reconhecidamente aquela por meio da qual o coronavírus se espalhou por quase todos os países do mundo.

Uma portaria de 12 de novembro ainda diz que o descumprimento da proibição pode causar a “inabilitação de pedido de refúgio”, trecho que mira sobretudo venezuelanos.

“O interessante é que o governo fechou a fronteira terrestre, mas não a aérea, e o vírus se dissemina mais na aérea do que na terrestre. A ideia talvez fosse fechar a fronteira para diminuir a pressão sobre o sistema de saúde, mas a conduta do governo federal até agora não é a de reconhecer a existência de uma pandemia que preocupe”, acrescenta Vedovato.

Itália

Na Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia em todo o mundo, o número de chegadas de migrantes forçados e refugiados via Mediterrâneo cresceu quase 200% até 24 de dezembro de 2020 (11.439 em 2019 e 34.001 neste ano), mas isso se deve sobretudo ao aumento no contingente de tunisianos, já que ONGs sofreram severas restrições para operar no mar.

Segundo o Ministério do Interior italiano, a Tunísia, que fica a pouco mais de 100 quilômetros da ilha de Lampedusa em linha reta, responde por quase 40% dos desembarques de migrantes forçados no país europeu em 2020, contra 23% em 2019.

Por outro lado, as ONGs que atuam no Mediterrâneo reclamam de restrições impostas pelo governo da Itália durante a pandemia. “No período de lockdown [março a maio], paramos todas as nossas operações. Utilizamos aquele tempo para criar protocolos de contenção para continuar fazendo socorro no mar. Infelizmente, ações de nível institucional não ajudaram, e algumas atrapalharam ainda mais”, diz à ANSA Giorgia Linardi, porta-voz da entidade alemã Sea Watch na Itália.

Em 7 de abril, um decreto do governo estabeleceu que os portos italianos não podiam mais ser enquadrados como “lugares seguros” para náufragos - convenções internacionais determinam que uma missão de resgate marítimo é concluída somente com o desembarque dos sobreviventes no porto seguro mais próximo, função que, por questões geográficas, recai sobretudo em Itália e Malta no Mediterrâneo Central.

“O decreto de 7 de abril é um emblema do uso da pandemia como desculpa”, afirma Linardi. Além disso, o governo passou a colocar migrantes, refugiados e tripulantes de navios de ONGs em quarentena obrigatória de 14 dias após missões de socorro.

“Nenhum outro tipo de navio teve de fazer quarentena ao entrar na Itália”, ressalta a porta-voz da Sea Watch, acrescentando que, na visão da entidade, o país também nunca deixou de ter os requisitos para ser considerado “porto seguro”.

A quarentena obrigatória é realizada em balsas comerciais alugadas pelo governo italiano justamente para esse fim. Para a ONG, essa prática comporta uma limitação do direito à liberdade de movimento, já que é aplicada exclusivamente em migrantes e refugiados salvos no mar. “Teria sido possível organizar o acolhimento em terra”, diz Linardi.

A Sea Watch voltou ao mar em junho, logo após o fim do lockdown, mas fez uma única missão com o navio Sea Watch 3, que acabou apreendido pela Guarda Costeira italiana. Já a embarcação Sea Watch 4 foi interditada pelas autoridades em setembro.

O argumento da Guarda Costeira é de que esses navios apresentam “diversas irregularidades de natureza técnica e operacional que comprometem a segurança da tripulação e das pessoas resgatadas a bordo”.

No entanto, de acordo com Linardi, as autoridades italianas cobram um certificado para operar em áreas “SAR” (sigla em inglês para “busca e salvamento”), algo que não é exigido na Alemanha, país de origem da ONG. “A Itália se esquece ou decidiu não considerar que nossos navios têm bandeira estrangeira, então não estão sujeitos à jurisdição de outro país”, diz a porta-voz.

Outras entidades, como a SOS Méditerranée, enfrentaram o mesmo problema: o navio Ocean Viking ficou cinco meses apreendido na Sicília e só recebeu autorização para voltar ao mar em 21 de dezembro.

“As nossas equipes trabalharam dia e noite para que o navio pudesse zarpar e salvar vidas novamente. Enquanto isso, centenas de pessoas morreram no mar. [...] Repentinamente, os navios de ONGs não são mais considerados suficientemente seguros pelas autoridades italianas”, comentou Frédéric Penard, diretor de operações da SOS Méditerranée, em nota oficial.

Hábito

Para o professor Luís Renato Vedovato, o fechamento de fronteiras acabou sendo “naturalizado” durante a pandemia, e “quem mais sofre são migrantes e refugiados”.

“As consequências mais preocupantes vão recair sobre as pessoas que migram porque precisam. A tendência é que a gente veja cada vez mais preocupação sanitária nas fronteiras. Para entrar em um país, vou ter de apresentar uma lista de vacinas e exames”, afirma.

Nesse contexto, populações forçadas a sair de seus territórios podem enfrentar ainda mais problemas para se recolocar. “Vejo consequências devastadoras nessa área, mas, ao mesmo tempo, pode ser que haja um fortalecimento de organismos internacionais que trabalham com migrantes forçados”, ressalta Vedovato. 

Da Ansa

Cerca de 27 entidades e núcleos assistenciais assinaram, nesta quinta-feira (3) uma carta-denúncia, que cobra respostas imediatas do Governo de Pernambuco e da Prefeitura do Recife sobre a situação do povo indígena de etnia Warao, que tem migrado de forma expressiva para a capital e cidades do interior desde 2019. No documento, representantes chamam de xenofóbica e despreparada a gestão local, responsável pelas políticas públicas de manutenção da diversidade étnica e cultural.

Os tópicos de denúncia vão da solução habitacional à segurança alimentar dessa população. O povo Warao está distribuído pelo Brasil, e atualmente tem maior concentração no Nordeste, estando, em Pernambuco, na capital e nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Garanhuns e Caruaru.

##RECOMENDA##

Vivendo em ocupações irregulares e com pouca ou nenhuma assistência sanitária, essas pessoas estariam em espaços insalubres, prejudiciais ao desenvolvimento social, à qualidade de vida e adaptação à cidade. O documento também lembra que, além das diferenças culturais próprias da etnia, os Warao também possuem dialeto próprio homônimo e enfrentam dificuldades de comunicação. 

“Diante do exposto, é revelado que, para além dos casos graves e emergentes que vêm assolando os migrantes indígenas Warao, é notória a paulatina falta de atenção estatal que acarreta em fome, desnutrição, habitações insalubres, mortes precoces e a inexistência de políticas públicas específicas para migrantes internacionais em condição de vulnerabilidade e/ou com necessidades culturais próprias”, diz um dos trechos finais da carta.

Em lista, as organizações cobram, primeiramente, a aplicação dos recursos federais repassados para a oferta de ações socioassistenciais a migrantes e refugiados, instituído pela Portaria nº 468/2020, para a locação de imóveis destinados ao alojamento dos migrantes indígenas Warao.

A portaria de 13 de agosto de 2020 se refere ao repasse emergencial de R$ 288 mil, feito pelo Ministério da Cidadania ao Poder Público do estado para ser aplicado em soluções socioassistenciais específicas para 120 imigrantes e refugiados no município do Recife.

Em consequência de uma determinação da Defensoria Pública da União (DPU), foi firmado um acordo extrajudicial em que a PCR teria se comprometido a realizar, mensalmente, depósitos bancários, em valor equivalente a 15 benefícios eventuais, totalizando R$ 3 mil, a serem destinados ao custeio de aluguéis de imóveis que oferecessem condições adequadas de habitação até dezembro de 2020. Essa ação, segundo as entidades, “ocorreu de forma mitigada e incipiente, pois não contempla a integralidade dos migrantes indígenas Warao”.

A carta-denúncia cobra também a criação de um Plano de Ação com foco na assistência social inclusiva, e que leve em conta as particularidades do povo suportado em questão. Além disso, os Warao têm necessidade de atendimento inclusivo em unidades de saúde, sobretudo com a presença da Covid-19, que expõe a essa população riscos agravantes.

Sobre a proteção à vida, as entidades expõem a morte de duas menores Warao. Segundo os representantes, os óbitos poderiam ter sido evitados com a intervenção do Poder Público. 

“Recentemente, ganhou grande notoriedade o falecimento de uma adolescente por tuberculose pulmonar em uma das casas que alojam os migrantes indígenas Warao na cidade do Recife, o que enfatiza a grave ineficiência do sistema público em proporcionar um acompanhamento médico adequado às pessoas e acarreta, nos casos mais extremos, a perda de uma vida por uma doença curável. É de se destacar também o caso de internação de uma criança três anos de idade, já no pregresso mês de novembro, em estado gravíssimo com meningite meningocócica”, argumentam.

A carta destaca a urgência das situações expostas e lembra que o programa assistencial, supostamente não cumprido da forma acordada, só contempla essa população até o mês de dezembro.

Procurada pelo LeiaJá, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) do Estado de Pernambuco disse não estar ciente das denúncias e que precisaria apurar os fatos. Até o momento desta publicação, não houve atualização por parte da secretaria.

Abdelaziz al-Hassan e sua família montaram sua barraca entre paredes de pedra e colunas desabadas. O isolamento das ruínas bizantinas e romanas pareceu uma boa alternativa aos acampamentos lotados de refugiados da guerra no noroeste da Síria.

Assim como eles, uma dezena de famílias vivem há meses entre os vestígios do povo de Baqirha, que faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco.

Eles fogem da ofensiva lançada no final de 2019 pelo governo sírio e seu aliado russo contra o último grande bastião jihadista e rebelde de Idlib (noroeste da Síria).

"Escolho este local por sua tranquilidade, longe dos acampamentos lotados onde as doenças proliferam", justifica Hassan, pai de três filhos, nesses tempos de pandemia.

Atrás dele, apenas três paredes de pedra branca se mantêm em pé. Uma corda serve de linha e os restos das colunas adornam o chão entre capitéis coríntios e rodapés esculpidos.

A barraca de lona de Hassan é erguida a céu aberto entre os muros de um templo romano. Um painel solar fornece energia.

Segundo os historiadores, o templo de Baqirha, chamado de Zeus Bomos, foi construído no século II para receber os peregrinos. Naquela época, a região era rica graças à produção de azeite de oliva.

Para o ex-diretor de antiguidades sírias de Damasco, Maamun Abdel Karim, Baqirha se destaca pelo "bom estado de conservação" dos vestígios.

Víboras e escorpiões

Embora a família Hassan esteja mais tranquila aqui do que nos acampamentos lotados de refugiados, o local apresenta outras inconveniências.

Para ir à escola da aldeia, as crianças precisam caminhar cerca de 1,5 km e a área está infestada por víboras e escorpiões. "A cada dois dias mato um escorpião", contou este homem de 30 anos .

Abdelaziz al-Hassan, natural do sul da província de Idlib, chegou aqui há um ano junto com seu cunhado, fugindo de um bombardeio do governo.

As operações do governo e de seu aliado russo, suspensas em março de 2020 após a trégua negociada entre Moscou e Ancara, levaram cerca de um milhão de pessoas ao exílio, que atualmente vivem em acampamentos informais no norte de Idlib.

"Para onde mais ir?"

O cunhado de Hassan, Saleh Jaur, também mora com seus filhos nas ruínas, após abandonar sua aldeia depois da morte de sua esposa e de um de seus filhos em um bombardeio.

"Escolhi este local porque fica perto da fronteira turca. Se acontecer algo, podemos cruzar a pé", afirma este homem de 64 anos.

"Nos falaram dos acampamentos e fui vê-los com meus próprios olhos, estão prestes a explodir", disse Jaur.

Na encruzilhada de várias civilizações, desde os cananeus da Bíblia até os otomanos, a Síria possui vestígios arqueológicos de romanos, mamelucos e bizantinos; mesquitas, igrejas e castelos cruzados povoam seu território.

Desde o início do conflito em 2011, muitos desses lugares foram vítimas de saques e bombardeios.

Os responsáveis da aldeia vizinha, encarregados de vigiar o sítio arqueológico, pediram às famílias que saíssem do templo, o que elas se negam a fazer até que lhes ofereçam outro alojamento.

"Para onde mais ir, a não ser morar na rua?", indaga Hassan.

O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, anunciou, nesta quarta-feira (7), que seu teste foi positivo para Covid-19 e que ele apresenta sintomas leves.

"Tive uma troca com o Comitê Executivo do ACNUR e sou forçado ao isolamento, após ter testado positivo para #covid19", anunciou em sua conta no Twitter o chefe de uma das agências mais importantes da ONU, que ajuda milhões de refugiados no mundo.

"Tenho sintomas leves e espero me recuperar rapidamente", disse ele, lembrando a importância de se lavar as mãos, manter a distância e usar máscara.

Os desejos de uma recuperação rápida não demoraram a chegar em resposta ao tuíte, por parte da missão francesa na ONU em Genebra (@FranceONUGeneve) e deo secretário de Estado sueco para Cooperação Internacional e assuntos humanitários (@thinkper), Per Olsson Fridh.

O governo do presidente Donald Trump anunciou uma nova redução da cota de refugiados admitidos nos Estados Unidos, com o limite de 15.000 pessoas em 2021, uma medida adotada com o pensamento voltado para a eleição de novembro.

O Departamento de Estado fez o anúncio na quarta-feira (30) à noite, 30 minutos antes do início do ano orçamentário de 2021, no dia 1 de outubro, respeitando no limite o prazo estabelecido pela lei.

Nos próximos 12 meses, o máximo de 15.000 refugiados poderão ser admitidas no país, exceto em caso de mudança na administração, contra os 18.000 refugiados autorizados este ano.

Este é o menor número autorizado em um ano e representa uma quantidade ínfima na comparação com as 100.000 pessoas recebidas anualmente durante a administração do presidente anterior, Barack Obama.

Donald Trump, que transformou a luta contra a migração em uma de suas prioridades, já suspendeu as admissões de refugiados durante meses em 2020, com o pretexto da pandemia de covid-19.

Ao apresentar a medida, o Departamento de Estado argumentou que Washington busca ajudar os refugiados "o mais próximo possível de suas casas", para que possam retornar.

"Ao nos concentrarmos em primeiro lugar em acabar com os conflitos que provocam os deslocamentos e em fornecer ajuda humanitária no exterior para proteger e ajudar as pessoas deslocadas, podemos prevenir os efeitos desestabilizadores dos deslocamentos nos países afetados e em seus vizinhos", afirma um comunicado.

O Departamento de Estado mencionou a necessidade de uma "solução diplomática" na Venezuela, onde Washington tenta retirar do poder o presidente Nicolás Maduro, por considerar fraudulenta sua reeleição em 2018.

Quase cinco milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2015 devido à crise política e econômica.

Em uma viagem pela América do Sul na semana passada, o secretário de Estado, Mike Pompeo, visitou refugiados venezuelanos e elogiou o fato de que Colômbia e Brasil recebam estas pessoas.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando