Dois cosmonautas russos e um astronauta norte-americano decolaram nesta quinta-feira (9) para a Estação Espacial Internacional (ISS), deixando para trás um planeta que luta contra a pandemia de coronavírus.
O americano Chris Cassidy, da Nasa, e os russos Anatoli Ivanichin e Ivan Vagner, da Roskosmos, decolaram às 08H05 GMT (05h05 no horário de Brasília) do cosmódromo russo de Baikonur, no Cazaquistão. O voo deve durar seis horas.
"O Soyuz MS-16 foi colocado em órbita com sucesso", anunciou no Twitter a agência espacial russa Roskosmos.
Pouco antes da decolagem, a tripulação disse que "se sentia bem", de acordo com a televisão da Nasa, a agência espacial norte-americana, que transmitiu o lançamento ao vivo.
A missão de seis meses a bordo da ISS continua apesar da COVID-19, mas vários rituais foram cancelados para limitar o risco de propagação da doença.
Parentes e jornalistas não estiveram presente na quarta-feira (8) na tradicional conferência de imprensa antes da partida, realizada por videoconferência.
"Em vez de conversar com as câmeras, neste momento estaríamos conversando com as pessoas", comentou Cassidy, referindo-se às conversas que ocorrem nessas conferências de imprensa, sob outras circunstâncias.
O astronauta de 50 anos, que partiu pela terceira vez ao espaço, reconheceu que a tripulação foi "afetada" por essa falta de contato humano.
"Mas entendemos que o mundo inteiro também é afetado pela mesma crise", acrescentou.
Como em cada missão, os três homens e seus respectivos trajes espaciais foram colocados em quarentena, que desta vez começou mais cedo para impedir que contraíssem o vírus antes da decolagem.
Em 12 de março, a tripulação ficou confinada no centro de treinamento da Cidade das Estrelas, perto de Moscou, e não realizou a visita habitual ao túmulo do primeiro homem no espaço, o lendário russo Yuri Gagarin.
Naquele momento, Moscou, o principal foco da pandemia na Rússia, começava a contabilizar os primeiros casos de coronavírus.
O lançamento desta quinta-feira foi o primeiro a bordo de um foguete Soyuz-2.1a, já que a agência espacial russa abandonou no ano passado os Soyuz-FGs, mais antigos.
Esse novo modelo, usado para lançamentos não tripulados desde 2004, possui um sistema digital de controles e não analógico, como os foguetes anteriores.
Os três homens encontrarão na ISS o cosmonauta russo Oleg Skripotchka e os astronautas norte-americanos Andrew Morgan e Jessica Meir, que retornarão à Terra em 17 de abril.
- Conselhos de confinamento -
A ISS acomoda seis pessoas por vez e tem um volume habitável de 388 metros cúbicos, mais do que uma casa de seis quartos, de acordo com a Nasa.
Essas condições podem parecer invejáveis para mais de um terço dos terráqueos, que atualmente passam por rigorosas medidas de confinamento para controlar a propagação da COVID-19.
Isso não impede que os residentes da Estação Espacial Internacional sintam solidão ou desejem estar em casa.
Nas últimas semanas, vários deles, alguns ainda a bordo da ISS, compartilharam seus conselhos para um bom confinamento.
Em um artigo para o New York Times, Scott Kelly, da Nasa, declarou que o que mais sentia falta durante sua missão de quase um ano no espaço era a natureza: "o verde, o cheiro de terra fresca e a sensação quente do sol no meu rosto".
Ele recomendou que aqueles que podem tomem ar e estimou que não há nada errado em passar mais tempo na frente das telas durante o confinamento.
Durante seu tempo a bordo da ISS, entre 2015 e 2016, por exemplo, o astronauta admitiu ter assistido duas vezes a popular série Game of Thrones e filmes à noite com seus colegas.
O cosmonauta Serguei Riazanski, que completou duas missões espaciais, tornou-se o rosto de um desafio esportivo de 10 semanas apoiado pela Roskosmos.
Os participantes devem transmitir vídeos de si mesmos se exercitando em casa, como um astronauta em uma missão.