Os Correios devem fechar 2017 com prejuízo de R$ 1,3 bilhão, segundo projeção do presidente da estatal, Guilherme Campos, apresentada em uma reunião na última terça-feira (13), no Palácio do Planalto. Se confirmada, será o quinto ano consecutivo em que a companhia, que foi palco inaugural do mensalão há mais de dez anos, fechará no vermelho. Nos primeiros quatro meses deste ano, o prejuízo acumulado é de R$ 800 milhões.
Para tentar reverter a crise, Campos propõe alterar o plano de saúde dos funcionários. A ideia é que a empresa, que hoje custeia, em média, 93% dos planos de funcionários, estendendo o benefício a cônjuges, filhos e pais, concentre-se em pagar 100% do benefício, porém apenas para funcionários ativos e aposentados, excluindo parentes.
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"A única proposta hoje na mesa é essa: assumimos 100% do custo dos funcionários na ativa e dos aposentados e 15% do resultado do lucro da empresa iria para a folha de pagamentos para que os empregados optem por contratar com desconto o plano de parentes", afirmou Campos ao Estado.
Ao ser questionado sobre quando os Correios passarão a ter lucro para que a proposta seja concreta, o presidente da estatal disse que não há como calcular, mas destacou que tem "trabalhado para que o lucro venha o quanto antes". Do déficit de R$ 800 milhões dos quatro primeiros meses do ano, R$ 600 milhões foram referentes ao custo do plano de saúde dos funcionários. Do rombo de R$ 2 bilhões registrados em 2016 - o balanço ainda não foi divulgado -,R$ 1,8 bilhão, segundo o presidente, é consequência do custo dessa cobertura estendida do plano de saúde.
Acordo
Campos defende um acordo com funcionários para resolver a situação. "[SEM ACORDO]O plano de saúde vai representar a morte da empresa", afirmou. A explicação para o alto custo do plano de saúde era justamente a inclusão dos pais dos empregados na cobertura. A proposta da estatal representaria economia de um terço do déficit da empresa, ou cerca de R$ 600 milhões, segundo o executivo.
O presidente dos Correios destacou que o processo de mudanças nos benefícios está sendo feito "por etapas" e que, durante as negociações do dissídio coletivo, foi destacada a necessidade de ajustes no custeio do plano de saúde. Segundo ele, como o sindicato dos trabalhadores não fez propostas, a estatal levou o tema ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), que está mediando uma solução.
Na reunião com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Dyogo Oliveira (Planejamento) e funcionários técnicos da assessoria jurídica do governo, segundo informações obtidas pela reportagem, Campos fez relatos de que, se o plano de saúde não for extinto ainda neste ano, a "reestruturação" dos Correios fica comprometida.
Segundo uma fonte, a ideia é aguardar uma resposta do TST, mas, se o Tribunal não autorizar, "eles vão extinguir mesmo assim e deixar judicializar". O presidente da estatal, porém, nega que tenha a intenção de deixar que os funcionários recorram à Justiça para ter a garantia da cobertura do plano aos parentes. "É uma cláusula trabalhista, não posso fazer isso de forma unilateral", ponderou. Propostas.
Na apresentação obtida pela reportagem, há uma série de propostas apresentadas, inclusive uma que prevê o aumento da participação do empregado no plano de Saúde dos atuais 7% para 50%, além da exclusão dos pais. Campos nega: "Temos apenas uma proposta, o restante são apenas conversas".
Outro objetivo que consta na apresentação, elaborada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas estatais (Sest) e pelo Ministério do Planejamento, é acelerar o desenvolvimento de parcerias estratégicas com o setor privado com "diversas alternativas", como oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) ou joint venture.
Na apresentação, há ainda a edição de uma Medida Provisória (MP), que já está em análise no Ministério de Ciência e Tecnologia, para viabilizar a substituição de agências próprias por franquias, entre elas o Microempreendedor Postal, como antecipou o Estado em fevereiro. Outra medida é o apoio para a substituição de 3.696 agências próprias (fechamento) por agências franqueadas, o que, segundo a estatal, representaria uma redução de custos da ordem de R$ 800 milhões por ano.
As agências franqueadas são selecionadas por meio de uma oferta pública e remuneradas com um porcentual das receitas dos serviços. Atualmente, oferecem quase todos os serviços postais das agências próprias, mas não atuam como correspondentes bancários.
A apresentação feita por Campos aos ministros e técnicos destaca ainda a "baixa adesão" de 5.544 empregados ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), o que deve garantir uma redução de R$ 645 milhões por ano. Segundo a proposta, é preciso continuar as medidas de redução de custo, principalmente em estrutura organizacional. A direção estima que haja 17 mil funcionários que se encaixem no perfil do PDV - com mais de 55 anos ou mais de 15 anos de tempo de serviço. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.