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O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa utilizou as redes sociais, no final da noite desse domingo (30), para parabenizar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial. O jurista, que já havia declarado apoio ao petista, celebrou a vitória e criticou o que chamou de "barbárie" do candidato opositor, Jair Bolsonaro (PL).

"Venceram a Democracia, a civilidade, a reverência às normas consensualmente estabelecidas para reger o bom funcionamento da sociedade. Parabéns a Lula, a Alckmin e aos governadores democraticamente eleitos neste domingo. E, claro, ao povo brasileiro", escreveu em seu perfil no Twitter. Lula venceu a disputa com 50,9% dos votos válidos ante 49,1% de Jair Bolsonaro.

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Barbosa também ressaltou que, com o resultado destas eleições, "saem de cena o grotesco, a barbárie e a intimidação como elementos indissociáveis do exercício cotidiano do poder", fazendo referência à gestão de Bolsonaro, que esteve à frente do País nos últimos quatro anos e que foi derrotado na votação deste domingo quando tentava a reeleição.

No final de setembro, o ex-ministro divulgou um vídeo de apoio à campanha de Lula. Na declaração, ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é visto como "um ser humano abjeto, desprezível, uma pessoa a ser evitada" e disse que era preciso votar em Lula já no primeiro turno.

Joaquim Barbosa foi indicado por Lula em 2003 à Corte. Anos depois, foi relator da ação penal movida pela Procuradoria-geral da República (PGR) contra petistas e deputados da base aliada em razão da participação no mensalão.

O ex-ministro chegou a ser alvo de críticas por parte da militância petista e representou alguns dos votos mais duros da ação penal que levou à condenação de antigos nomes do partido, como o ex-ministro José Dirceu e do ex-deputado José Genoino.

A estreia vitoriosa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas urnas lhe dará o comando do Estado mais rico do Brasil e, por isso, também um dos mais desiguais e carentes por uma oferta ampliada de serviços públicos de qualidade. Mas, além dos desafios diários de governar São Paulo para mais de 45 milhões de habitantes, o ex-ministro de infraestrutura terá de decidir se mantém-se fiel ao perfil moderado apresentado aos eleitores ou se assume o bolsonarismo diante da vitória nacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar de respaldado também por partidos que não compuseram a base oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao longo dos últimos quatro anos, como o PSDB e o PSD, Tarcísio vai ter de ser mais político do que técnico na montagem de seu governo. As pressões já começaram antes mesmo de as urnas serem fechadas, com indicados para manter sua influência ou avançar sobre novas pastas.

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Para o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV-SP, o primeiro desafio do ex-ministro é mesmo o político. Carioca, Tarcísio não tem base no Estado e deve delegar a articulação para aliados como o PL, de Valdemar da Costa Neto, além de depender de interlocutores para pautar sua agenda. "O arranjo de governabilidade vai ser crucial. E ele vai precisar aprender fazendo, já que nunca ocupou um cargo político no sentido estrito", aponta Teixeira.

Sem quadros próprios, Tarcísio repetiu ao longo da campanha que iria montar um secretariado técnico, especialmente em áreas que considera sensíveis e nas quais tem mais familiaridade, como Transporte e Logística e Habitação. Além de nomes como de Guilherme Afif, ex-governador de São Paulo que foi assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes; do médico Eleuses Paiva, que deve assumir a secretaria da Saúde; e de Rafael Benini, que atuou na Agência de Transporte do Estado de São Paulo; Tarcísio já indicou que a diretora executiva do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Martha Seillier, pode assumir uma das pastas da área.

O Estadão apurou que o economista Samuel Kinoshita, a engenheira Priscilla Perdicaris e o administrador Marcelo Branco, ligado a Gilberto Kassab, são outros nomes considerados para compor o governo. Após receber o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB), os tucanos também esperam espaço na máquina que comandaram por quase três décadas.

Transição

A transição de um governo para o outro vai exigir posicionamentos do novo governador em pautas encampadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que Tarcísio recuou ao longo da campanha, como o uso de câmeras corporais, a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a vacinação de servidores públicos.

Com sua vitória em São Paulo e a derrota de Bolsonaro na disputa nacional, o ex-ministro passa a ser o principal representante do bolsonarismo na chefia de uma estrutura do poder Executivo. O ponto-chave do início de seu governo, apontam especialistas, se baseia na capacidade política de Tarcísio de evitar que o Estado se torne uma ilha bolsonarista.

O cientista político do movimento Voto Consciente, Bruno Silva, argumenta que a aliança com Garcia no segundo turno pode ser fundamental para ocupar o campo que era dos tucanos no Estado.

"Tarcísio é uma liderança que se constituiu no Estado caminhando na rabeira de Bolsonaro, tanto é que nacionalizou (a disputa na campanha). Se fizer uma leitura política mais apurada do que está em suas mãos, pode tentar construir uma base e ocupar um campo que era dos tucanos", afirmou Silva.

O ex-ministro já disse que vai dar continuidade a algumas políticas no Estado, sem intenção de fazer uma "destucanização" na máquina, mas quer promover uma "aceleração" em outras áreas.

Silva cita que as políticas educacionais podem ficar à prova neste contexto. A base evangélica que o apoiou na campanha, e que sustenta o Republicanos, por exemplo, pode criar pressões para pautar temas dentro das escolas ou mesmo pleitear um aumento das escolas cívico-militares.

Teixeira também vê como um desafio para o novo governador conciliar a influência da Igreja Universal com os desafios do governo por área. "Quando você é governo, precisa equilibrar o técnico e o político. Temos um outro problema que tem a ver com esse arranjo do entorno dele, que defende o armamentismo, venda de armas. Vai vir muita coisa nesse segmento."

Líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse nesta segunda-feira (31) que os bolsonaristas estão frustrados com a derrota do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste segundo turno da corrida presidencial.

Utilizando o mesmo discurso usado durante essa campanha, o parlamentar disse que a derrota, por uma pequena margem de votos, se deve à "força" que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu ao petista e às pesquisas de intenção de voto, que erraram mais uma vez. "Boa parcela do eleitorado prefere votar em quem está na frente e isso nos prejudicou", destacou.

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As afirmações do deputado foram feitas em entrevista ao jornal da manhã da Rádio Jovem Pan. Mesmo com as críticas, Barros disse que o resultado da eleição será respeitado porque faz parte das regras da democracia.

Horas depois da confirmação do resultado do pleito, quebrando o protocolo da seara política na qual o derrotado cumprimenta o vencedor e reconhece o pleito, Bolsonaro não apareceu e não falou absolutamente nada, nem pelas redes sociais.

A informação da noite do domingo é que ele tinha ido dormir, por volta das 22 horas, e que não recebeu ministros e aliados no Palácio do Alvorada.

Indagado sobre o mandatário, Barros desconversou.

A emissora noticiou que por volta das 7h30 desta segunda-feira, o senador Flávio Bolsonaro chegou ao Alvorada. Mas até o fechamento deste texto não havia nenhuma notícia, manifestação ou pronunciamento de Bolsonaro e de seus filhos, que sempre foram muito presentes nas redes sociais.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu à 0h18, desta segunda-feira (31), pelo horário de Brasília, a apuração dos votos do segundo turno das eleições brasileiras para o Palácio do Planalto. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 60.345.999 votos (50,90% dos votos válidos). Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 58.206.354 votos (49,10%).

Às 19h56, Lula foi matematicamente eleito, uma hora e doze minutos depois de virar a apuração contra Bolsonaro.

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Lula derrotou Bolsonaro nas urnas pela margem mais apertada de votos desde a redemocratização.

Foi também a primeira vez que um presidente não conseguiu se reeleger.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se mantém em silêncio há mais de 12 horas após a derrota no segundo turno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Até as 8 horas desta segunda-feira (31), o presidente não havia se pronunciado em público ou em suas redes sociais.

Bolsonaro recebeu a visita do filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por volta das 7h40. O parlamentar chegou ao Palácio da Alvorada, em Brasília, dirigindo seu carro. O coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente, também chegou cedo à residência oficial.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou Lula eleito às 19h57. Bolsonaro não se pronunciou sobre o resultado na noite de domingo (30), nem sequer cumprimentou o presidente eleito.

Isolado

Isolado no Palácio do Alvorada, em Brasília, o presidente ficou inacessível para a maior parte dos aliados e atendeu apenas alguns interlocutores por telefone. O chefe do Executivo se recusou a receber ministros, parlamentares e pastores que tentaram se encontrar com ele após a derrota.

Os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) Fábio Faria (Comunicações) e Adolfo Saschida (Minas e Energia) tentaram falar com o presidente, mas não foram recebidos. O mesmo ocorreu com o assessor do gabinete pessoal dele no Palácio do Planalto, José Vicente Santini, e o publicitário da campanha Sérgio Lima.

Depois do fechamento das urnas, às 17 horas, um comboio de veículos saiu do Alvorada e foi até a Granja Torto, outra residência oficial em Brasília, onde fica o ministro da Economia, Paulo Guedes. Os carros voltaram às 21 horas para o Alvorada e a bandeira do Brasil foi erguida, sinalizando que o presidente estava no local. Às 22 horas, as luzes do palácio foram apagadas.

Um dos principais derrotados no primeiro turno, com destaque para a perda de São Paulo, o PSDB sai como principal vencedor do segundo turno, levando 3 dos 12 dos governos em disputa: Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Isso apesar de a maior parte das disputas regionais espelhar a acirrada eleição federal entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite teve 57,12% dos votos válidos, ante 42,88% de Onyx Lorenzoni (PL). A campanha foi marcada pela animosidade e pela troca de acusações, com os candidatos nem se cumprimentando antes e após os debates. O tucano buscou certa neutralidade da disputa nacional, apesar de receber o apoio "crítico" do PT. "Agradecemos o voto crítico do Partido dos Trabalhadores. A campanha foi de convergência. Com democracia e respeito", disse, após ser reeleito. "Tenho consciência de que as motivações de eleitores são diversas."

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Há quatro anos, Leite havia obtido 3.128.317 votos na disputa contra José Ivo Sartori (MDB); neste domingo, 30, tinha 3,68 milhões apurados até 20h30. A expectativa no início do ano, era que ele buscasse a reeleição. Mas confrontos internos no PSDB, sobretudo com o grupo do ex-governador paulista João Doria, o levaram a renunciar e, posteriormente, a retomar os planos estaduais.

Também Raquel Lyra, em Pernambuco, conseguiu vitória tucana com folga, buscando manter certa neutralidade da disputa entre Lula e Bolsonaro e angariando apoios de todos os lados. Isso permitiu que lideranças de esquerda, rivais a Marília Arraes (SD), se reunissem no seu palanque. Parte do PT, que oficialmente apoiava Marília, esteve com a tucana, assim como a maioria do PSB e alguns políticos da Rede Sustentabilidade. No fim, ela obteve 58,70% dos votos válidos, ante 41,30% de Marília.

"Vamos precisar dar as mãos, não enxergar as cores partidárias, que eventualmente podiam nos dividir, de buscar construir as pontes que Pernambuco tanto sonha entre os municípios, seu povo, entre o Brasil e com o futuro'', disse Raquel Lyra.

Em Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel teve 56,90% dos votos válidos, superando o Capitão Contar (PRTB), com 43,10%. Empresário do agronegócio, ele destacou ontem ter um projeto para o Estado - "de desenvolvimento, distribuição de renda, inclusão e qualificação para pessoas entrarem nas oportunidades oferecidas". "Agora é arregaçar as mangas."

Mas vale registrar que não houve só vitórias para os tucanos: Pedro Cunha Lima teve 47,49% dos votos válidos na Paraíba, perdendo para o governador João Azevêdo (PSB), que teve 52,51% dos votos válidos. "Obrigado, Paraíba. Obrigado por confirmar que nosso trabalho vai continuar e nosso Estado seguirá avançando, mudando verdadeiramente a vida das pessoas."

OUTROS ESTADOS

Entre os locais mais afetados pela polarização, o destaque fica para a vitória de Tarcísio de Freitas em São Paulo, com 55,27% dos votos válidos, ante 44,73% de Fernando Haddad. Apesar de líderes históricos do PSDB anunciarem voto em Lula, o governador Rodrigo Garcia rapidamente anunciou apoio irrestrito ao ex-ministro de Bolsonaro no fim do primeiro turno. Interlocutores de Tarcísio disseram não esperar uma "destucanização" do governo.

Já no bloco da atual oposição, a principal vitória ocorreu na Bahia, onde Jerônimo teve 52,78% dos votos válidos, ante 47,22% de ACM Neto. O petista não compareceu a debates e buscou manter a distância obtida no início do mês. Em seu discurso de vitória, agradeceu ao atual governador Rui Costa (PT) e ao ex-governador Jacques Wagner (PT). "A palavra a partir de agora é avançar, nas políticas públicas de saúde, de estradas, de juventude. Teremos de governar em mutirão com Lula no Brasil."

No entanto, mesmo em um Estado em que Lula venceu por ampla vantagem, Sergipe, houve derrota do PT. Rogério Carvalho teve 48,30% dos votos válidos, ante 51,70% de Fábio Mirtidieri, do PSD - "Nós mostramos a força desse agrupamento", disse, em Aracaju.

Em Alagoas, mesmo após ser alvo de uma ação policial federal e chegar a ser afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça, Paulo Dantas (MDB) foi reeleito com 52,33% dos votos válidos, superando Rodrigo Cunha, do União Brasil, que teve 47,67%. Ele havia assumido o posto após eleição indireta em maio. "Vencemos no voto. Obrigado a todos", postou no Instagram.

Ainda no Sudeste, em outra disputa no bloco mais polarizado, Renato Casagrande (PSB) teve 53,80% dos votos válidos, ante 46,20% de Manato, do partido do presidente Bolsonaro (PL). O Estado foi o primeiro a concluir a totalização de votos. "Meus adversários não existem mais com o fim da eleição e se quiserem ajudar serão muito bem-vindos", disse ao site G1, após a vitória.

Por regiões, Norte e Sul, aliás, consolidaram o avanço do bloco denominado Centrão. Wilson Lima (União Brasil) foi reeleito no Amazonas, com 56,67% dos votos válidos, ante 43,33% de Eduardo Braga do MDB. O governador reeleito disse no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) local que manterá "o compromisso de continuar trabalhando pelo povo, fazendo entregas que mudam a vida das pessoas".

Em Rondônia, numa disputa dentro do mesmo espectro político, o União também se manterá no poder, com a reeleição de Marcos Rocha, que teve 52,47% dos votos válidos, ante 47,53% de Marcos Rogério (PL). Rocha não se pronunciou até as 21 horas de ontem.

VITÓRIA AMPLA

No Sul, em Santa Catarina, Jorginho Melo teve a maior vitória do segundo turno, com 70,69% dos votos válidos, superando o petista Décio Lima - 29,31%. O senador ligou diretamente toda a sua campanha a Bolsonaro, se apresentando como o candidato do presidente no Estado. Ele não se pronunciou até as 21 horas de ontem.

CENTRÃO

A exemplo do que se viu no Legislativo, o bloco de partidos do chamado Centrão sai como grande vencedor também das eleições para os governos estaduais. PP, PL e Republicanos terão seis governadores: Gladson Cameli (AC), Antonio Denarium (RR), Wanderlei Barbosa (TO), Jorginho Mello (SC), Cláudio Castro (RJ) e Tarcísio de Freitas (SP).

Por partidos, a maior vitória estadual ficou para o União Brasil, que governará Amazonas (Wilson Lima), Rondônia (Coronel Marcos Rocha), Goiás (Ronaldo Caiado) e Mato Grosso (Mauro Mendes) e para o PT, que governará Bahia (Jerônimo Rodrigues), Ceará (Elmano de Freitas), Piauí (Rafael Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra).

Aparecem na sequência, com três vitórias para o Executivo estadual, MDB (AL, PA e DF), PSDB (PE, RS e MS) e PSB (PB, MA e ES).

O PSD governará Sergipe e Paraná, enquanto o Solidariedade elegeu o chefe do Executivo no Amapá e o Novo teve a reeleição de Zema em Minas. No total, foram reeleitos 18 governadores em 2022.

A fumaça amarela que recepcionava os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) para a apuração dos votos em frente ao Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, deu lugar a uma névoa de decepção, lamentos e nervos à flor da pele conforme a contagem de votos chegava ao fim - e a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República se confirmava.

Gente passando com celular ao ouvido e aos gritos de irritação se misturava a pessoas sentadas em muretas e calçadas, algumas com a cabeça entre os joelhos. As camisas verde-e-amarelas, muitas delas da Seleção e que eram vestidas por muitos dos que estavam por lá, tornavam a atmosfera como se fosse de perda de final de campeonato.

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Alguns foram embora chorando, outros simplesmente de cabeça baixa. Mas houve quem preferiu subir ao carro de som para dizer que não aceitaria "a fraude eleitoral" - ainda que a resposta tenha sido um silêncio constrangedor e meia dúzia de aplausos.

"Eu não aceito esse resultado, quem aí aceita?", indagou o mesmo ativista de cima do carro de som. Três pessoas levantaram a mão fazendo sinal negativo.

Na rua, uma mulher garantiu a quem estava ao seu lado que "vai ter intervenção", mas não recebeu nenhuma sinalização de concordância.

Com a confirmação da derrota, ninguém quis opinar sobre o resultado. "Não tenho emocional para isso", disse uma mulher. "Não falo com jornal responsável por isso", declarou outro.

Petista comemorou infiltrada

Quem falou com um sorriso que nada combinava com o público presente em frente ao Vivendas da Barra foi a estudante universitária Juliana, que pediu para não ter o sobrenome publicado para não arrumar briga com a família.

"Eu sou 13, eu sou 13!", confidenciou ela à reportagem, mas apenas depois de se certificar que ninguém por perto ouvia o que dizia. "Eu vim aqui pra secar mesmo. Estava louca para ver os bolsonaristas chorando. Estou me divertindo muito."

Para fazer sua festa particular infiltrada, a jovem usou roupa amarela e até aceitou colar um adesivo com o número de Bolsonaro.

"Minha família é toda bolsonarista. Foi muito difícil conviver nesse período. Minha mãe votou no Bolsonaro (em 2018), mas mudou agora. Nós decidimos não contar para não arrumar briga em casa. É um fanatismo muito complicado. Eu anulei em 2018 e não gostava do Lula. Mas, entre Lula e Bolsonaro, eu sou de esquerda", sustentou Juliana.

A equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, prevê uma transição de governo difícil, com sonegação de informações e risco de Jair Bolsonaro criar tumulto até 31 de dezembro. Aliados de Lula avaliam que a tendência de Bolsonaro é imitar o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e não passar a faixa presidencial. Há receio de que bolsonaristas radicais também criem confusão no dia da posse, em 1.º de janeiro de 2023, na tentativa de reproduzir em Brasília cena semelhante à invasão do Capitólio, em Washington, no ano passado.

O assunto foi discutido em conversas reservadas entre emissários de Lula e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) antes mesmo do resultado das eleições. A cúpula do PT teme ainda que Bolsonaro, com a caneta na mão e poder de editar medidas até o fim do ano, deixe a conta de novas despesas para o sucessor pagar.

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O gabinete da transição deve ser coordenado pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, que comandou o programa de governo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello também integrarão a equipe a ser instalada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Interlocutores de Lula preveem que, diferentemente de 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso mandou que todas as repartições prestassem informações detalhadas, o petista vai encontrar uma "caixa preta" nesse terceiro mandato. "Nós não sabemos como estarão as contas públicas em 31 de dezembro", disse o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que participou de várias conversas com empresários e representantes do mercado financeiro durante a campanha.

Em 2016, quando o vice Michel Temer assumiu a Presidência após o impeachment de Dilma Rousseff, houve muitos problemas na transição de governo. Embora Temer, que é do MDB, tenha dito que a foto emoldurada de Dilma seria mantida "em todos os recintos", funcionários de gabinetes do Planalto e da Esplanada dos Ministérios tentaram retirá-la. Ao deslocar a imagem emoldurada, encontraram a seguinte mensagem atrás do quadro: "Conspiradores e golpistas, a História não os absolverá". À época, o MDB de Temer acusou o PT de Dilma de "apagar" informações contidas em computadores do governo para prejudicar o novo presidente.

RITO

Pela Lei 10.609, de dezembro 2002, os integrantes da equipe de transição são indicados pelo presidente eleito para ter acesso a informações relativas às contas públicas, aos programas e projetos do governo. Considerada símbolo do amadurecimento democrático, a lei foi concebida no governo Fernando Henrique sob o argumento de que era necessário evitar riscos de descontinuidade de ações e serviços.

O presidente eleito pode indicar até 50 pessoas para ocupar cargos especiais de transição governamental, com salários que vão de R$ 2.701,46 a R$ 17.327,65. Cabe ao ministro da Casa Civil nomeá-las e, em tese, os titulares dos órgãos e entidades da administração pública são obrigados a fornecer os dados solicitados pelo coordenador da equipe.

É a primeira vez, desde a promulgação da lei, que o chefe do Executivo terá de passar o bastão para seu ferrenho opositor, após uma disputa voto a voto, embalada por um clima de violência política.

Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas) será o responsável por abrir diálogo com a equipe de Lula e encaminhar a troca de governo. Líder do Centrão, Nogueira já foi aliado do PT. Em 2017, disse que Lula havia sido "o melhor presidente da história" do Brasil e chegou a classificar Bolsonaro como "fascista". Em julho do ano passado, porém, foi nomeado para a Casa Civil e, em dobradinha com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), conseguiu alargar a base de sustentação do governo no Congresso, criando uma barreira de contenção ao impeachment.

Desde então, o ministro se tornou um dos mais poderosos do governo e virou adversário do PT. Uma ala do partido, no entanto, aposta que o pragmatismo de Nogueira falará mais alto, fazendo com que ele se reaproxime de Lula.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, parabenizou o presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pela vitória no segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto no domingo.

Em publicação no Twitter nesta segunda-feira (31), Zelensky afirmou que confia na colaboração com o "amigo da Ucrânia de longa data" e no reforço das relações bilaterais, com objetivo de assegurar "democracia, paz, segurança e prosperidade".

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Em maio, Lula opinou à revista Time que Zelensky é tão culpado pela guerra russa no país quanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A declaração levou Kiev a colocar o petista em uma lista de figuras internacionais acusadas de promover a propaganda do Kremlin, mas o nome dele foi removido do grupo dias depois.

Durante a campanha, Lula prometeu que dialogaria com russos e ucranianos para tentar uma solução para o conflito que já dura oito meses.

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Em seu primeiro pronunciamento oficial após a vitória, o governador eleito do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que buscará um alinhamento entre o governo estadual e federal, sob a liderança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ele, o resultado das urnas é "soberano".

Com 99,98% das urnas apuradas, Tarcísio venceu o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) por 55,27% contra 44,73%. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a disputa presidencial para Lula, o governador eleito deve acomodar aliados bolsonaristas que ficarão desalojados no Estado. Dessa forma, Tarcísio torna-se a maior expressão do bolsonarismo após vencer em São Paulo. Apesar disso, o governador eleito promete um governo "técnico".

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Tarcísio ressaltou a importância de São Paulo para o Brasil e, portanto, é preciso que o Estado esteja alinhado com o governo federal. Questionado se ele fará uma ligação para o presidente eleito, o agora governador evitou responder, mas disse que buscará alinhamento assim que houver uma convocação. Ele, contudo, enfatizou que falou com Haddad e que o candidato petista se mostrou disposto a ajudar em Brasília.

O novo governador anunciou que irá tirar uma semana de recesso para descansar, mas que dará início à transição estadual logo após. Segundo ele, os 100 primeiros dias de governo serão focados na questão social, em especial moradores de rua e dependentes químicos, educação e saúde. "Somos governador de todos; vamos tirar projetos do papel, investir no social", declarou.

Dentre as primeiras ações do governo, Tarcísio também elenca a retomada de algumas obras, geração de emprego e políticas de transferência de renda. "A gente vai planejar bem a questão dos 100 primeiros dias", garantiu. Segundo ele, sua equipe de transição deve permanecer igual a que foi sua equipe de campanha, citando a liderança de Guilherme Afif Domingos (PSD). O secretário de Governo, Marcos Penido, vai representar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na transição. O governador eleito deixou em aberta a oportunidade de ter seu vice, Felício Ramuth (PSD) também como secretário.

Tarcísio reafirmou que pretende acabar com a obrigatoriedade das vacinas aos servidores públicos, dizendo acreditar na conscientização das pessoas. Segundo ele, se houver conscientização, os servidores devem se vacinar. Ele também citou que irá avaliar a permanência das câmeras dos uniformes dos policiais militares e a privatização da Sabesp.

Para os primeiros dias, ele disse que irá se mudar para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, mas reafirmou sua vontade de mudar a sede para Campos Elíseos.

Tarcísio chegou a um hotel na zona sul de São Paulo por volta das 18h30 para acompanhar o restante da apuração, mas esperou o resultado presidencial para fazer o pronunciamento oficial. Acompanhado do governador eleito estavam, dentre a equipe de apoio, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, presidente do Republicanos, Marcos Pereira, prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Vinícius Poit (Novo). Tarcísio também assistiu à votação ao lado de familiares e amigos em uma suíte.

A partir de segunda-feira (31), inicia-se a transição do governo estadual. Durante a transição, a gestão Garcia estima deixar em caixa cerca de R$ 30 bilhões ao ex-ministro, o que equivaleria a seis folhas de pagamento. Um recorde, segundo os tucanos, que destacam a austeridade fiscal como um legado do partido em São Paulo. Habituado a números, Tarcísio ainda pode ter a sorte de administrar o Estado com um orçamento superior a R$ 317 bilhões no próximo ano, de acordo com projeção da Lei Orçamentária Anual (LOA) em debate na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Mais cedo, Garcia parabenizou Tarcísio pela vitória e desejou sucesso em seu governo. "Faremos a transição que o povo de São Paulo espera, com transparência e diálogo. Entregarei um Estado pronto, para um inédito salto de desenvolvimento, contas em dia e mais de R$ 30 bilhões para investimentos", declarou o tucano, em publicação no Twitter.

Com a vitória do candidato do Republicanos, quebra-se a hegemonia do PSDB no Estado, que dura quase 30 anos. Garcia ficou em terceiro lugar na corrida estadual. Tarcísio tem dito que não vai "destucanizar" o governo, mas promete colocar nomes estratégicos em pastas de grande relevância, como Transporte, Saúde e Educação.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou no seu primeiro pronunciamento após vencer as eleições a volta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como Conselhão em seu primeiro governo, com participação de empresários e representantes da sociedade civil. A ideia é o colegiado discutir decisões políticas. Ele também afirmou que a economia vai voltar a girar com os pobres dentro do Orçamento.

"A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra", disse Lula, que reiterou a promessa de reajustar o salário mínimo acima da inflação e estabeleceu o combate à fome como o compromisso número um do seu governo.

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Lula se comprometeu com a reindustrialização do País e com um comércio internacional mais justo. "Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do País, para que os investidores - nacionais e estrangeiros - retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar nosso País como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental", declarou o presidente eleito.

"Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo", acrescentou, ao dizer que o mundo sente saudades do Brasil que fortaleceu o Mercosul e falava com o mundo "de igual para igual".

Ao final, Lula disse que o Brasil e o povo são a causa de sua vida e que a luta por um País mais justo vai acompanhá-lo até seu último dia. "Vamos construir um País do tamanho dos nossos sonhos. O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este País, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos - com oportunidades para transformá-los em realidade", finalizou.

Tebet

Cabo eleitoral do agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que o petista sabe que o Brasil não elegeu o PT, mas o campo democrático. "Não será fácil governar um País tão dividido, mas Lula tem experiência e maturidade", afirmou Tebet após o discurso de vitória de Lula. "Recuperamos a democracia graças a cada voto", frisou a senadora.

Simone Tebet ressaltou mais uma vez que não precisa de ministério no governo Lula. "Jogo em qualquer posição", afirmou. "Ditadura nunca mais, democracia é grande guarda chuva a abrigar nossos direitos. prevaleceram três valores, democracia, verdade e a vida", seguiu.

Ao deixar o auditório em que Lula discursou, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) seguiu o discurso de união nacional do presidente eleito. "Só tem um Brasil, uma nação", afirmou, rapidamente. "Demos a volta por cima", acrescentou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Pelo Twitter, a deputada federal Marina Silva (Rede-SP) elogiou Fernando Haddad, candidato pelo PT ao governo de São Paulo, derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) neste domingo (30).

"Engana-se quem acha que SP derrotou @Haddad_Fernando. Sua postura e suas propostas na campanha são legados para o exercício da crítica que qualifica o debate político", escreveu.

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Segundo Marina, a contribuição do petista para a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da democracia "foi primordial". "O Brasil tem um novo líder", postou.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram produtores rurais e caminhoneiros interditando rodovias após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL). As manifestações ocorrem no interior de Mato Grosso e de Santa Catarina - como Criciúma e Itajaí. Em alguns dos vídeos, manifestantes pedem intervenção do Exército e afirmam que só irão sair das rodovias com o Exército.

Em Mato Grosso, a concessionária Rota do Oeste informou manifestações com fechamento da BR-163 em Nova Mutum, km 594, sentido sul; Lucas do Rio Verde, no km 691; Sorriso, km 746; e Sinop, no km 835. "A concessionária segue acompanhando, sem interferência, as manifestações com foco na segurança viária", informou. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Estado disse ter várias equipes operacionais em deslocamento para o Norte de Mato Grosso.

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Questionada, a PRF não havia se pronunciado até a publicação desta matéria.

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Em discurso na Avenida Paulista no final da noite deste domingo (30) após a vitória na eleição presidencial, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou preocupação com a governabilidade de seu governo, que toma posse em 1º de janeiro de 2023.

"Estou metade alegre e metade preocupado, a partir de amanhã tenho que me preocupar como é que a gente vai governar esse país", declarou o petista em carro de som. "Eu preciso saber se o presidente vai permitir que haja uma transição", acrescentou. De acordo com Lula, ele vai descansar pelos próximos dois dias antes de montar o governo de transição.

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Sob aplausos e gritos da militância em um ato político lotado na capital paulista, Lula dedicou sua vitória à democracia e ao povo brasileiro. "Essa, de todas as vitórias que eu tive, é a mais consagradora porque nós derrotamos o autoritarismo", afirmou o presidente eleito, que reconheceu o papel do povo nordestino em seu sucesso eleitoral.

"Foi uma campanha muito difícil, não foi do Lula contra Bolsonaro, foi da democracia contra barbárie", seguiu o petista, que também agradeceu o papel de Fernando Haddad (PT), candidato derrotado ao governo de São Paulo, e de Simone Tebet (MDB-MS). "Essa foi vitória de mulheres e homens que amam a democracia".

Lula disse ser preciso "escolher bem" cada pessoa que vai participar de seu governo, chamado por ele de "nova democratização do País. "Vou governar para todos, sem distinção, mas são os mais necessitados que irão receber a política mais influente do meu governo", declarou o presidente eleito. "Voltar aos 77 anos e ganhar só pode ser obra de Deus e do povo brasileiro".

O petista condenou o racismo. "Somos iguais. O que precisamos é de oportunidades iguais", afirmou.

Lula também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), até agora, não ligou para ele reconhecendo sua derrota. "Em qualquer lugar do mundo, presidente derrotado já teria ligado para mim se reconhecendo derrotado. Ele até agora não ligou, não sei se vai ligar", declarou o presidente eleito.

De acordo com Lula, seu governo será montado "com a cara da vitória". "Com partidos que participaram, com gente da sociedade que pode contribuir", afirmou. "A gente vai ter que ter governo para conversar com gente que está com raiva", acrescentou. "Vamos recuperar o direito de sorrir e ser alegre nesse país."

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou na noite deste domingo (30) ter ligado para os presidentes eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o atual, Jair Bolsonaro (PL), para lhes cumprimentar pela participação "por terem participado do momento mais importante da democracia: as eleições".

Ele afirmou ainda não acreditar em contestações, mas que o TSE analisará caso elas ocorram dentro "das regras dos jogos eleitorais".

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"Liguei para ambos por ser uma praxe do TSE para cumprimentar na participação, do jogo democrático e avisei que iria proclamar o resultado. Não acredito que haverá contestação. Se houver contestações dentro das regras do jogos eleitorais, elas serão analisadas normalmente", disse.

Moraes também cumprimentou o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e lhe agradeceu por "sempre ter estado ao lado da democracia".

Questionado em seguida, o ministro afirmou ainda não vislumbrar "nenhum risco real de contestação". "O resultado foi proclamado e os eleitos serão diplomados em 19 de dezembro e tomarão posso em 1º de janeiro. Quanto a eventuais fissuras, fazem parte do jogo democrático e agora compete muito mais aos vencedores unir o país. Aqueles que são eleitos governarão para todos os brasileiros, não só para todos os eleitores", completou Moraes.

O comboio do presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou por volta das 21h deste domingo ao Palácio da Alvorada, sem parar no local onde se encontra a imprensa. Antes, as viaturas oficiais fizeram uma parada em um edifício do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), depois de terem deixado a Granja do Torto, residência do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Após ser derrotado na disputa pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro segue sem se manifestar. A campanha do presidente, questionada pela reportagem, também evita comentários sobre o resultado do segundo turno.

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Com mais de 99% dos votos apurados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já está matematicamente eleito, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Assessores não confirmam se Bolsonaro vai ou não se pronunciar hoje. Havia a possibilidade de o presidente ir para a Esplanada dos Ministérios caso vencesse a eleição, o que não ocorreu.

O presidente da França, Emmanuel Macron, comemora a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições à Presidência.

"Parabéns, caro Lula, por sua eleição que dá início a um novo capítulo da história do Brasil. Juntos, vamos unir nossas forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países", escreveu Macron em publicação no Twitter.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassumiu a liderança na corrida presidencial em Minas Gerais. Com 93,16% das seções totalizadas, o petista tinha 50,02% dos votos válidos. A diferença é menor que 5 mil votos. Minas tem um peso simbólico na disputa pela Presidência da República.

Desde a eleição de Juscelino Kubitschek, em 1955, todo candidato vencedor no Estado também é quem comanda o País.

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O ex-secretário Jerônimo Rodrigues (PT) está matematicamente eleito governador da Bahia. Ele disputa o segundo turno com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). Com a vitória de Jerônimo, que nunca cumpriu mandato eletivo, a Bahia terá o quinto mandato consecutivo do PT.

Jaques Wagner governou o Estado de 2007 a 2015, enquanto Rui Costa comandou o Palácio de Ondina de 2015 até o momento.

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Além do ministro Alexandre de Moraes, outros cinco ministros que integram o Supremo Tribunal Federal exaltaram, neste domingo (30), a democracia e o trabalho da Justiça Eleitoral no pleito deste ano. A presidente da Corte máxima, Rosa Weber, apontou que, a cada vez que o povo vai às urnas e escolhe seus dirigentes, 'reafirma-se a democracia e o Estado Democrático de Direito'. Seu vice, Luís Roberto Barroso, apontou como o voto é uma 'oportunidade que ninguém deve desperdiçar'. "Quem não vota está deixando que outras pessoas decidam pela sua vida", afirmou.

Barroso também afirmou que, em um ambiente democrático, 'não há espaço para derrotados não aceitarem o resultado das urnas'. "O Brasil vive há 34 anos com estabilidade institucional, e nunca considero hipóteses que não sejam as previstas na Constituição", ponderou. "Ganhe quem ganhar, o resultado será respeitado. É assim que se faz nas democracias, é assim que se vive a vida civilizada".

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O vice-presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski ressaltou que 'as urnas eletrônicas constituem um instrumento de facilitação da expressão da vontade popular': "Brasil ingressou definitivamente no rumo da democracia". As declarações foram divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Os outros ministros que se pronunciaram após votarem neste segundo turno foram Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Dos seis magistrados citados, quatro votam em Brasília - Rosa, Toffoli, Lewandowski e Barroso. O decano, Gilmar, se dirigiu a Diamantino, em Mato Grosso, para votar. Já Alexandre votou na capital paulista.

Na avaliação do ministro Ricardo Lewandowski, a participação dos eleitores 'com convicção e tranquilidade demonstra que o Brasil ingressou definitivamente no rumo da democracia'. O ministro Dias Toffoli afirmou que trata-se do sistema que permite a todo cidadão decidir o seu destino. "Por esse motivo, é preciso sempre lembrar que as eleições são a celebração da democracia, e todos devem defendê-la", afirmou.

O tema também foi abordado pela ministra Rosa Weber, que afirmou: "É um lugar comum, mas é preciso sempre reiterar: as eleições constituem a festa da democracia. Agora, é só esperar até as 17 horas para que todos possamos juntos, ao final, mais uma vez, celebrar".

Lewandowski ainda destacou o trabalho da Justiça Eleitoral 'como elemento garantidor da paz social e da tranquilidade dessas eleições'. "A atuação do TSE mostra que a opção do legislador, feita em 1932, de entregar a arbitragem das eleições para o Poder Judiciário, um poder neutro, foi uma decisão sábia", afirmou.

Na mesma linha, Toffoli diz que este domingo, 30, é o dia de 'celebrar o esforço' de todas as pessoas que trabalham no processo eleitoral. Segundo o ministro, as eleições brasileiras são as mais bem organizadas do mundo. "Quem diz isso não sou eu, mas os próprios observadores de vários grupos e de organismos internacionais diferentes".

Zambelli

Tanto Barroso como Lewandowski foram questionados sobre a conduta da deputada Carla Zambelli neste sábado, 29, em São Paulo. O vice presidente do TSE disse que a corte 'tomou todas as medidas para evitar o uso de armas durante as eleições'. "A população deve permanecer desarmada e deve confiar nas forças de segurança". Já Barroso indicou que 'os fatos devem ser apurados pelas instâncias próprias para gerar as responsabilizações eventualmente devidas'.

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