Tópicos | 2º turno

A Eurasia Group aumentou nesta sexta-feira, 28, a probabilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições brasileiras, de 60% para 65%, num movimento inverso ao que anunciou no último dia 24 (diminuição de 65% para 60%).

Segundo a consultoria, um dos motivos da avaliação é que a liderança de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro parece estável em relação à semana passada, olhando para a média de todas as pesquisas eleitorais. "O PT aprimorou sua campanha esta semana", diz, acrescentando que houve uma "sequência mais negativa" de eventos prejudicando Bolsonaro na fase mais crítica da corrida.

##RECOMENDA##

No entanto, pondera, como ainda há incerteza sobre o tamanho real da vantagem de Lula, variando de 0 a 6 pontos, "é preciso cautela quanto ao grau de convicção de que Lula está de fato caminhando para a vitória neste domingo".

Na semana anterior, a avaliação da Eurasia era que havia algumas evidências de aperto nas pesquisas, com a aproximação de Bolsonaro. "Uma coisa é certa - o fato de a liderança de Lula ter se mantido estável é uma boa notícia para ele esta semana. Mas o fato de haver um potencial para a liderança ser realmente mais apertada do que a média dá ao Eurasia Group uma pausa para não aumentar muito as probabilidades de Lula vencer", complementa a consultoria.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer, nesta sexta-feira (28), que não tem controle sobre o orçamento secreto. Em entrevista ao canal "O Primo Rico", de Thiago Nigro, o chefe do Executivo afirmou que, se tivesse "nas mãos" os R$ 19 bilhões previstos para as emendas de relator-geral no ano que vem, seria o "presidente mais feliz do mundo".

No começo desta semana, o chefe do Executivo chegou a dizer que, se reeleito, poderia negociar o fim do orçamento secreto. Por meio do esquema, revelado pelo Estadão, o Palácio do Planalto negocia apoio no Congresso com a destinação de emendas, sem critérios e transparência, a parlamentares principalmente da base governista.

##RECOMENDA##

"Se eu tivesse R$ 19 bilhões nas mãos, eu seria o presidente mais feliz do mundo e saberia onde melhor aplicar esses recursos. Não quero generalizar", afirmou o presidente, ao dizer que a decisão sobre a alocação das verbas do orçamento secreto é do relator-geral. "Nós não temos controle disso", emendou.

Adversário de Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já prometeu acabar com o esquema, se eleito. Na entrevista, contudo, o presidente afirmou que os petistas foram favoráveis ao orçamento secreto.

O chefe do Executivo ainda sugeriu que as emendas de relator-geral foram uma reação ao fato de ele ter supostamente negado em 2019 ao então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a recriação do Ministério das Cidades. Segundo Bolsonaro, Maia queria "acomodar seu pessoal" na pasta.

O presidente disse também que vetou o orçamento secreto, sem mencionar que, depois disso, recuou e enviou um projeto próprio ao Congresso para criar o esquema, gestado no gabinete do então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto.

Na segunda-feira, 24, em entrevista ao site Metrópoles, Bolsonaro disse que pretende negociar o fim do orçamento secreto em um eventual segundo mandato. "O novo Parlamento ficou muito mais para a centro-direita e pretendo negociar no ano que vem, se eu for reeleito, obviamente, a extinção desse dito orçamento secreto", declarou o presidente.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) sugeriu o adiamento do 2º turno das eleições para que o seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), tenha as inserções que, segundo ele, não foram veiculadas em algumas rádios do país, reestabelecidas. O clã Bolsonaro acusa, sem provas, a supressão de inserções eleitorais em rádios do Nordeste.

"Se fosse dado todo o direito de resposta a Jair Bolsonaro, seria necessário tanto tempo que seria necessário adiar essa eleição", disse Eduardo em entrevista à BNews TV, da Bahia. O deputado insiste no tema com o objetivo de provocar comoção entre os apoiadores do presidente.

##RECOMENDA##

"Cabe a nós fazer a denúncia para que seja feita uma comoção popular em favor dessa investigação", afirmou. "Tem um candidato que está sendo depreciado e tem um que está sendo favorecido. Isso é democracia? Não, isso está ferindo a democracia", complementou.

Na quarta-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, indeferiu a petição apresentada pela coligação Pelo Bem do Brasil, de Bolsonaro, que pedia a suspensão da veiculação de peças de propaganda eleitoral da coligação Brasil da Esperança, de Lula, no rádio, e extinguiu o processo sem julgamento do mérito. 

Um processo administrativo também deve ser instaurado para apurar a responsabilidade em possível desvio de finalidade na utilização de recursos do Fundo Partidário por parte da campanha do presidente Jair Bolsonaro. 

Moraes concluiu que “não restam dúvidas de que os autores – que deveriam ter realizado sua atribuição de fiscalizar as inserções de rádio e televisão de sua campanha – apontaram uma suposta fraude eleitoral às vésperas do segundo turno do pleito sem base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova”, o que viola a legislação eleitoral.

As campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) tratam o debate presidencial, desta sexta-feira (28), como o principal fato político antes da eleição e investem todos os esforços na preparação dos candidatos para o último enfrentamento direto. Enquanto o QG petista considera que Lula não pode escorregar, para manter a liderança conquistada no primeiro turno, o time bolsonarista aposta na estratégia de "tudo ou nada" e deposita na aparição em rede nacional as últimas expectativas de uma virada na disputa eleitoral.

Lula diminuiu o ritmo da campanha nesta semana e cancelou viagens para fora de São Paulo, com intuito de descansar e se preparar para o evento. O petista passou parte do dia de seu aniversário de 77 anos treinando com seus aliados, na sede da produtora onde as peças da campanha são gravadas, em São Paulo. Participaram do treinamento o coordenador de comunicação da campanha Edinho Silva, o marqueteiro Sidônio Palmeira, o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, e a preparadora de candidatos Olga Curado.

##RECOMENDA##

A campanha petista considera que Bolsonaro iniciou o segundo turno na ofensiva, mas desde a metade da semana passada ficou acuado por uma série de fatos que devem ser explorados por Lula. Por isso, os aliados do ex-presidente argumentaram desde o último fim de semana que ele deveria se resguardar para evitar erros na reta final, poupar a voz, e se preparar para o debate.

A avaliação do QG de Lula sobre o debate passado foi a de que o ex-presidente se saiu bem no início, mas errou no controle do tempo durante o bloco final, o que permitiu que Bolsonaro falasse por quase 6 minutos sem ser interrompido. Um dos focos do treinamento desta vez, portanto, foi o uso do tempo de resposta. O tema da corrupção, considerado uma fragilidade nas respostas de Lula, também foi objeto de preparo.

Lula tem na manga quatro fatos que petistas consideram negativos para Bolsonaro - e que, na leitura do PT, fizeram a campanha adversária ficar desorientada na reta final do segundo turno: a fala do presidente sobre meninas venezuelanas, o ataque de Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal e dois estudos do Ministério da Economia, sobre desindexação do salário mínimo da inflação do ano anterior e sobre fim da dedução de gastos com saúde e educação do Imposto de Renda.

A ideia da campanha petista, no entanto, é concentrar o discurso em questões econômicas e mostrar propostas para um eventual novo governo. Também por isso, Lula divulgou na véspera do debate uma carta aberta com ideias e compromissos, como a defesa da responsabilidade fiscal e promessas sociais de campanha.

Fichas

Em público e nas redes sociais, aliados de Bolsonaro desdenham das pesquisas de intenção de voto que mostram Lula na liderança, mas, em conversas privadas, integrantes do comitê tratam o cenário ao menos como "empate técnico" e dizem que apostam todas as fichas no debate da Rede Globo. O presidente está sendo treinado pelos dois Fábios - Faria e Wajngarten - que eram desafetos quando estavam no governo, mas se reaproximaram e comandam a estratégia no 2° turno.

As pesquisas qualitativas da campanha bolsonarista apontam que os dois episódios que mais causaram desgaste e exigiram uma mobilização para redução de danos foram o "pintou um clima", fala de Bolsonaro sobre meninas venezuelanas associado a pedofilia pela campanha de Lula, e o "fogo amigo" das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre salário mínimo.

A questão do salário mínimo, que preocupa os bolsonaristas, deve ser foco de uma fala enfática de Bolsonaro. O presidente pretende aproveitar a audiência da Globo para repetir a promessa de que irá garantir aumento real do salário mínimo e das aposentadorias, algo que já disse após as declarações de Guedes. Já o caso Roberto Jefferson é minimizado pelos bolsonaristas. O candidato á reeleição levará ao debate argumentos para ligar Lula a Jefferson e, no caso do salário mínimo, pretende dizer que o Lula não tem maioria no Congresso para garantir aumento real indexado à inflação.

O Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) mandou bloquear o perfil do senador Renan Calheiros (MDB) no Instagram até o final do segundo turno da eleição. Ele também foi condenado a pagar uma multa de R$ 700 mil.

As punições foram impostas porque o senador descumpriu uma decisão anterior, que o obrigou se retratar após divulgar um vídeo com críticas ao candidato ao governo de Alagoas Rodrigo Cunha (União Brasil). Calheiros é padrinho político do atual governador, Paulo Dantas (MDB), que busca a reeleição.

##RECOMENDA##

O direito de resposta deveria ter sido publicado na conta do senador no Instagram. Ele já havia ficado sem acesso ao perfil por 24 horas por descumprir a determinação.

O desembargador Felini de Oliveira Wanderley disse que a "recalcitrância" justifica o endurecimento da multa e do bloqueio de acesso à rede social. "Todo esse quadro de recalcitrância em cumprir sentença judicial devidamente fundamenta e proferida por juiz competente merece glosa deste Tribunal, por ser uma conduta incompatível com o postulado Republicano", escreveu.

O senador foi condenado depois de publicar um vídeo em que acusa Rodrigo Cunha de se "envolver em desvio de combustível no Senado, de defender orçamento secreto, de se recusar a assinar a CPI, de enviar dinheiro para compras superfaturadas (tratores e caminhões de lixo), de empregar a namorada na prefeitura de Maceió, de mandar custeio da saúde para Rio Largo". A publicação foi removida pelo Instagram após ordem judicial.

COM A PALAVRA, O SENADOR

A reportagem entrou em contato com a assessoria do senador e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.

O candidato do PT ao governo de São Paulo deixou como "carta na manga" para o último bloco do debate promovido pela TV Globo o episódio envolvendo seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cujo um auxiliar de campanha pediu para que um cinegrafista apagasse imagens do tiroteio no bairro de Paraisópolis que interromperam a agenda do ex-ministro na região.

Haddad acusou o ex-ministro de não ser transparente e afirmou que a atitude gera "suspeição". "Não se destrói provas, evidências, se confia na autoridade policial", disse o petista, durante debate. Ele declarou que as imagens poderiam ser úteis para investigação, e que não deveriam ser apagadas.

##RECOMENDA##

Em resposta, Tarcísio afirmou que "lamenta" que o adversário faça "sensacionalismo com uma coisa séria". "Primeira coisa: você sabe onde foi feito esse pedido? Foi feito dentro do nosso escritório na Vila Mariana. E sabe por que a gente estava lá com o cinegrafista? Porque a gente não deixou ninguém ficar pra trás", disse Tarcísio ao se defender sobre o tema.

Segundo o ex-ministro, foi pedido para que as imagens fossem apagadas foram feitas por preocupação com pessoas.

Nesta semana, a Folha de S.Paulo publicou um áudio em que mostra que um integrante da campanha do Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio de Paraisópolis, no dia 17. Já na noite de quarta-feira, 26, o jornal revelou que, logo após a publicação da matéria, a equipe de Tarcísio teria pedido o desligamento do funcionário e que a emissora teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.

Na justificativa, Tarcísio explicou que o funcionário mandou apagar o conteúdo por causa da "preocupação com a segurança das pessoas" que estavam presentes no incidente.

Em nova tentativa de associar o PT aos governos de esquerda de Venezuela e Cuba, na linha do presidente Jair Bolsonaro (PL), o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a sigla deixou "um cemitério de obras paralisadas" e só concluiu projetos nos países vizinhos.

"No campo da infraestrutura, o que PT nos deixou de legado foi um cemitério de obras paralisadas, 14 mil obras do PAC inacabadas. Metade delas nós concluímos no último período. Mas seria uma injustiça eu dizer que PT é ruim de obra. PT é bom de obra, afinal, terminou o Porto de Mariel, só que ele fica em Cuba. Não fez o metrô de Belo Horizonte, mas fez o metrô de Caracas", provocou Tarcísio durante debate da TV Globo.

##RECOMENDA##

"Vocês são bons de obras, só não fizeram obras aqui. Fizeram obras para os companheiros ditadores da Venezuela, de Cuba", continuou o ex-ministro. A mesma narrativa é usada por Bolsonaro para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Haddad voltou criticar Tarcísio ao dizer que ele "já está nomeando secretário" sem ao menos ter sido eleito. O ex-ministro já sinalizou que se vencer, Eleuses Paiva e o ex-vice-governador de São Paulo Guilherme Afif Domingos, ambos do PSD, devem integrar o seu secretariado.

No segundo bloco do confronto entre os candidatos ao governo de São Paulo na TV Globo, a nacionalização do debate se manteve no foco. Ao atacar o adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Fernando Haddad (PT) criticou o corte de verbas em programas sociais promovido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que "vocês entendem é de orçamento secreto".

"Para onde vai o dinheiro ninguém sabe, mas para remédio, para casa e para merenda, não vai", provocou. "O mundo do Bolsonaro não existe nem em São Paulo e nem no Brasil, as pessoas estão passando necessidade, temos que falar sério com elas", disse Haddad a Tarcísio.

##RECOMENDA##

Em crítica ao adversário, Haddad afirmou que o ex-ministro não abordou, durante a campanha, pautas como salário mínimo e redução do ICMS sobre alimentos. "Agora quer colar nas minhas propostas para aparecer que você conhece São Paulo? Você não conhece São Paulo", reforçou. Tarcísio voltou a repetir que Haddad ganhou o título de "pior prefeito de São Paulo".

O senador Cid Gomes (PDT-CE) está fazendo campanha aberta para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de evitar o que chama de "mal pior". Ao contrário de seu irmão Ciro Gomes, que foi candidato ao Palácio do Planalto pelo PDT e, após ser derrotado, anunciou apoio apenas protocolar a Lula, Cid quer restabelecer a aliança com o PT no Ceará.

Na sua avaliação, a ausência de Ciro na campanha de Lula, nesse segundo turno, é uma estratégia para que o ex-ministro não se transforme em linha auxiliar do petista. "Ele considera que, para ocupar um espaço nacionalmente, tem de se distanciar do PT", afirmou o senador.

##RECOMENDA##

Ciro disputou o primeiro turno da eleição com fortes críticas ao PT. Cid, por sua vez, argumentou que apoia Lula por considerar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem "tendências ditatoriais". O senador contou não ter conversado com o irmão após a derrota dele. "A última vez que falei com o Ciro foi em setembro", disse.

A falta de diálogo ocorre na esteira de um racha entre os irmãos Ferreira Gomes, motivado por divergências em relação à continuidade da aliança de 16 anos com o PT no Ceará. Com o divórcio, o PDT perdeu para o PT o comando do governo do Estado.

O PDT e o PT ainda podem se unir no âmbito nacional ou estadual?

O PDT tomou uma posição nacional e o presidente Lupi (Carlos Lupi, presidente do PDT) está integrado na campanha do Lula. A nível estadual (no Ceará), eu estou me esforçando para unir todo o PDT em apoio à candidatura do Lula. Mais do que isso, com o objetivo de restabelecer uma aliança que tem aqui um projeto comum há 16 anos.

O sr. tem falado com Ciro? Ao contrário do sr., ele optou por um apoio mais tímido a Lula.

Não falei, não. O Ciro há um bom tempo tem procurado… Ele considera que, para ocupar um espaço nacionalmente, tem de se distanciar do PT. Nessa eleição, ele manifestou o apoio seguindo a orientação partidária. Virou muito uma eleição do Lula contra o Bolsonaro. Uma eleição de um apelo pela garantia da democracia, respeito às instituições, pelo respeito à boa política. É tudo o que o Bolsonaro nega. O apoio do Ciro, imagino que da forma como ele explicitou, é um diferencial. Ele vai votar no Lula porque o Bolsonaro é pior para o Brasil. Estou fazendo suposição sobre a posição dele. A última vez que falei com o Ciro foi em setembro. Não falei mais com ele, não.

Ciro ainda é uma opção para ser candidato a presidente em 2026?

Cada coisa ao seu tempo. O partido tem um projeto, lançou um candidato. Nós temos convicção de que o nosso candidato era o mais preparado, era o que tinha publicamente mais projeto para o Brasil. Mas, infelizmente, o momento nacional é hiperpolarizado, com duas forças individuais fortes - cada uma com entre 20% e 30% de preferência já de partida - que, por conta dessas personalidades fortes, atraíram também o voto da rejeição. Quem não queria o Bolsonaro só enxergava no Lula a possibilidade de derrotar o Bolsonaro. Quem não queria o Lula só enxergava no Bolsonaro a possibilidade de derrotar o Lula. Ficou sem espaço para um projeto, uma proposta fora desse radicalismo. É a primeira vez também que se tem no País um presidente, que, mesmo no auge da sua impopularidade, conseguiu fidelizar um público contra um ex-presidente que saiu com aprovação de 80%. Foi difícil, nessas condições, ter uma terceira candidatura.

Diferentemente do que ocorreu em 2018, o PT conseguiu agora o apoio de diversos nomes distantes do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique e o senador Tasso Jereissati, do PSDB. O que mudou?

Não se trata de preferir o Lula. Trata-se de uma opção em que um candidato não guarda respeito à democracia, tem tendências ditatoriais, não respeita as instituições. O Bolsonaro não tem nem característica de uma pessoa séria que pensa no Brasil. É espalhafatoso, é um tipo ridículo. Nessas horas, para evitar o mal pior, você apoia a candidatura do Lula. Tenho certeza de que é esse o pensamento do Ciro, do Tasso, do Fernando Henrique, do Caetano (Caetano Veloso, que sempre apoiou Ciro, resolveu ficar com Lula já no primeiro turno) e também de vários outros.

O seu comportamento também mudou. Há quatro anos, o sr. discutiu com petistas e disse que Lula estava preso.

O fato aconteceu em uma situação. Naquela época, a reunião marcada para a gente celebrar uma aliança nacional para o segundo turno não foi precedida de outras falas que dissessem que queriam nosso apoio. Eu disse isso: "Estou estranhando me botar em primeiro para falar. Acho que o natural era alguém dizer que queria o apoio nosso aqui no Ceará." Aí começaram a vaiar e citaram o Lula. Eu disse que o Lula estava preso, não poderia fazer nada. Não foi nada além. (Neste ano), disse, brincando: "Vou falar pouco para não correr o risco de levar uma vaia e de novo repetir aquele fato." E brincaram: "Vai não".

A três dias do segundo turno das eleições, e após uma série de desgastes na área econômica na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu apostar em uma medida provisória (MP) para ampliar de 48 para 72 meses o prazo para pagamentos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o candidato à reeleição também falou em um acordo assinado na Advocacia-Geral da União (AGU), pela Secretaria da Pesca, para incluir 400 mil pescadores artesanais no seguro defeso, benefício pago aos profissionais durante o período de reprodução de algumas espécies de peixes, quando a pesca é proibida.

##RECOMENDA##

"O nosso governo tem o que falar de boa notícia, não só do passado, como do presente. O outro não tem. Então, tem que caluniar, tem que mentir", declarou o presidente. "Mais uma boa notícia, o pessoal que está no Pronampe... será estendido o prazo de pagamento das operações do programa para até 72 meses. Uma boa notícia para o pessoal que fez uso do Pronampe lá em 2020 por ocasião da pandemia", emendou.

A MP saiu em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) hoje. Atualmente, o prazo para pagamento no Pronampe é de 48 meses, sendo 11 de carência e 37 para pagamento. Os empréstimos têm juros anuais máximos correspondentes à taxa Selic, atualmente em 13,75%, acrescida de 6%. Com isso, a taxa chega a 19,75% ao ano. As operações de crédito podem chegar a até 30% do faturamento anual da empresa informado pela Receita Federal, limitado a R$ 150 mil por CNPJ, conforme capacidade de pagamento.

Na live, Bolsonaro também anunciou a inclusão de novos beneficiários no seguro defeso. "Acabamos de assinar um acordo lá na Advocacia-Geral da União, onde entrou também a Secretaria da Pesca. Então, 400 mil pescadores artesanais que tiveram seu seguro defeso suspenso em 2015 por Dilma Rousseff agora acabam de ganhar o direito de se habilitarem, na época certa", afirmou o presidente.

Na última semana, a campanha de Bolsonaro teve que "apagar incêndios" na área econômica após o vazamento de medidas estudadas pelo Ministério da Economia para financiar as promessas eleitorais feitas pelo presidente. Uma delas é a desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários, como mostrou o jornal Folha de S. Paulo. Outro estudo prevê o fim das deduções no Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) dos gastos com saúde e educação, como revelado pelo Estadão.

Como mostrou o Broadcast Político, aliados de Bolsonaro começaram a culpar o ministro da Economia, Paulo Guedes, pelos desgastes. Tanto Guedes quanto Bolsonaro tiveram de ir a público prometer o aumento real, ou seja, acima da inflação do salário mínimo, das aposentadorias e dos salários do funcionalismo público.

Ao longo do segundo turno da eleição, Bolsonaro fez uma série de anúncios na área econômica para tentar ganhar votos e ultrapassar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as principais pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto. O presidente anunciou o pagamento do 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a implementação do empréstimo consignado vinculado ao programa social, além de uma nova etapa do programa de negociação de dívidas com a Caixa.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um comício em Campo Grande, na zona oeste do Rio, para atacar o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD). Bolsonaro chamou o prefeito de "vagabundo" - por quatro vezes - e "mentiroso". Paes revidou pelo Twitter. Chamou o mandatário e candidato à reeleição de "desqualificado incompetente"

Paes tem se empenhado na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O prefeito organizou e participou de atos de campanha do petista em comunidades pobres da cidade. Nos últimos dias, tem feito diversas postagens nas redes sociais pedindo voto em Lula e provocando apoiadores de Bolsonaro para apresentarem qualquer coisa que o atual presidente tenha feito pela cidade nos últimos quatro anos.

##RECOMENDA##

"O Eduardo Paes é um vagabundo sem caráter", disparou Bolsonaro. "Ele recebeu recursos federais, encheu os cofres públicos com dinheiro nosso. Fica dizendo que vou maltratar trabalhador e aposentado; vagabundo mentiroso."

Paes revidou em uma série de postagens . O prefeito definiu Bolsonaro como "um desqualificado incompetente" e "rei da rachadinha".

"Quem tem medo de processo é você, Rei da rachadinha. Se prepara que a sua hora (Bolsonaro) vai chegar", disse Paes. "Você (Bolsonaro) apoiou o juiz safado para governador, o bispo incompetente para prefeito e não fez nada pelo Rio", continuou, em referência aos apoios do presidente ao ex-governador afastado Wilson Witzel e ao ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

Nas mensagens, Paes lembra que derrotou a chapa de Bolsonaro na cidade nas eleições municipais de 2020 e o desafia para 2024, se ele for candidato a prefeito do Rio, após eventual derrota no pleito presidencial.

O ataque de Bolsonaro aconteceu na metade final de um discurso de cerca de 15 minutos, dividido em três partes. Na primeira delas, Bolsonaro exaltou ações de seu governo, como Auxílio Brasil e Auxílio Emergencial. Ele disse mais uma vez que criou o Pix - na verdade, uma obra do Banco Central - e que, em seu governo, são criados 250 mil empregos todos os meses.

Ataques a Lula

Na outra parte de sua fala, Bolsonaro também criticou Lula - a quem chamou de "ladrão, ex-presidiário e condenado" e o PT.

"Alguns poucos dizem que não vão votar em mim porque falo palavrão. De vez em quando, falo palavrão, sim; mas não sou ladrão!", discursou.

Segundo Bolsonaro, boa parte de seus ministros deixou o cargo este ano para concorrer a cargos eletivos. "(Enquanto) os ministros e secretários do Lula, quando saíram do governo, foi para ir pra cadeia."

De acordo com Bolsonaro, o candidato do PT se nega a anunciar antecipadamente nomes de seu eventual ministério porque "o outro lado se nega a dizer um só nome do Ministério, porque só tem bandido do lado dele".

A poucas horas do último debate do segundo turno para o governo de São Paulo, os candidatos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) utilizarão o espaço para esclarecer polêmicas que envolveram suas campanhas e defender seus nomes. Ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, as equipes dos candidatos destacaram a relação de ataque/defesa envolvendo o tiroteio em Paraisópolis, no último dia 17, que paralisou a campanha de Tarcísio.

De acordo com membros da campanha de Haddad, o tema, que já foi abordado na propaganda eleitoral de TV, será trazido à tona do debate desta noite. Na ocasião, será adotada a narrativa de que houve destruição de provas por parte do adversário e fraude processual.

##RECOMENDA##

"Essa é uma história mal contada. Quando você apaga o vídeo do crime, você destruiu provas. No caso, por policiais que deveriam preservar a cena do crime", disse uma fonte ligada à campanha de Haddad. Instigado se o tema foi testado em pesquisas qualitativas e se causa preocupação nos eleitores, a fonte afirmou que "as pessoas estão querendo saber, estão curiosas". "Ficou com cara de atentado fake e as pessoas se indignam com isso", reforçou.

Nesta semana, a Folha de S.Paulo publicou um áudio que mostra que um integrante da campanha do Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio de Paraisópolis, no dia 17, que flagraram membros da equipe. Já na noite de quarta-feira (26), o jornal revelou que, logo após a publicação da matéria, a equipe de Tarcísio teria pedido o desligamento do funcionário e que a emissora teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.

Haddad também deve associar a defesa de Tarcísio sobre o fim das câmeras corporais dos policiais ao ocorrido em Paraisópolis. "Pode seguir a linha de que Tarcísio não gosta de imagens, quer esconder as coisas", disse a fonte da campanha petista.

O candidato do Republicanos, em entrevista recente, reiterou que as câmeras inibem a ação do policial, mas argumentou que, se eleito, vai chamar especialistas para avaliar a política do ponto de vista técnico. Antes, ele era mais contundente sobre o tema e dizia que iria acabar com o uso do equipamento em São Paulo, se eleito.

Por outro lado, a campanha de Tarcísio, líder na disputa do segundo turno, avalia que o debate desta noite representará uma oportunidade para esclarecer as acusações envolvendo o tiroteio. De acordo com a equipe, o candidato está sendo "muito atacado" por Haddad, mas nega que entrará no mesmo tom. "Não é a linha dele", diz.

"Está se criando uma narrativa fantasiosa em uma situação em que fomos vítimas. É bom poder esclarecer isso", declarou a campanha do ex-ministro. No entanto, mesmo com as acusações de interferência na investigação do tiroteio, a equipe ressaltou que Tarcísio deve manter a mesma "linha propositiva" que teve nos últimos debates.

Pesquisa Ipec divulgada na terça-feira (25) mostra Tarcísio com 46% dos votos totais contra 43% de Haddad no segundo turno. O resultado aponta que os candidatos estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro do levantamento, de dois pontos percentuais, na reta final da corrida eleitoral.

No primeiro turno, Tarcísio obteve 9,9 milhões de votos, ou 49,45% do contabilizado pela Justiça Eleitoral. Haddad recebeu 8,3 milhões de votos, ou 35,7% do total. O debate será transmitido pela Globo a partir das 22h.

Relatório elaborado pelo Polling Data, site agregador de pesquisas, disponibiliza uma previsão do segundo turno da eleição presidencial em cinco cenários distintos, com base em modelos estatísticos. Em três deles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresenta maior probabilidade de levar a corrida. Nos outros dois, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece na liderança e com maior chance de vitória. O documento foi divulgado nesta quinta-feira (27).

No cenário denominado "presidente", no qual há uma previsão atualizada de todas as eleições acompanhadas pelo site Polling Data - de presidente nacional e estaduais, de governador e senador - Lula aparece com 51,3% dos votos válidos e Bolsonaro, 48,7%. A probabilidade do petista vencer neste caso é de 79,5%.

##RECOMENDA##

No cenário "após primeiro turno", que faz uma previsão atualizada considerando as pesquisas publicadas após a primeira rodada da disputa, Lula tem 51,1% dos votos válidos e Bolsonaro, 48,9%. A probabilidade do petista vencer nesta situação é de 65,6%.

No cenário definido como "volátil", Bolsonaro aparece na liderança com 51,4% e Lula, 48,6%. A probabilidade do presidente é de 59,3%. Este cenário usa um modelo matemático que permite que as estimativas variem muito e ainda capta qualquer indício de subida ou de alteração do desempenho dos candidatos.

No cenário que compila todas as pesquisas realizadas de forma presencial com entrevistados, Lula tem maior probabilidade de vencer: 78,6%. Ele aparece com 51,6% dos votos válidos e Bolsonaro, 48,4%. Já no agregado de pesquisas telefônicas, Bolsonaro leva vantagem e tem 61,5% de chances de levar a corrida. Neste caso, o presidente soma 50,5% dos votos válidos e Lula, 49,5%.

De acordo com o diretor de pesquisas e fundador do site, Neale Ahmed ElDash, a escolha do modo de entrevista (presencial ou telefônica) pode ter impacto nos resultados por duas razões principais: uma pela forma de seleção das pessoas que respondem as perguntas e a outra pela logística da coleta das respostas.

"O mais óbvio aspecto (que explica a diferenciação entre as pesquisas) é o que chamamos de viés de cobertura. São pessoas que não podem ser entrevistadas por um método ou por outro. A telefônica não consegue falar com quem não tem telefone, que representa mais ou menos 10% da população adulta e são as pessoas mais pobres", explicou ElDash.

"A presencial também não fala com algum grupo de pessoas, que são pessoas que moram em local onde tem porteiro, como condomínio de luxo, apartamento e favelas com crime organizado. É mais difícil entender o viés da presencial, porque ele está um pouco espalhado, porém vai depender da geografia do voto", continuou o diretor.

Os dados usados para a produção do relatório são públicos e registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O estudo utiliza todas as pesquisas que foram publicadas e que consideram votos totais, e não apenas votos válidos.

O juiz da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Josué Vilela Pimentel, deu uma liminar na tarde desta quinta-feira, 27, determinando ao governo do Estado de São Paulo que conceda "gratuidade do transporte público coletivo urbano sobre trilhos" no segundo turno das eleições, no próximo domingo, 30. Em nota, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) afirma que os ônibus da EMTU também não cobrarão tarifa.

A decisão foi dada em uma ação popular ajuizada nesta manhã pela Professora Bebel (PT), deputada estadual paulista. São réus o Governo do Estado de São Paulo, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

##RECOMENDA##

Pimentel faz referência à recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o assunto, que reconheceu a legitimidade da medida. Contudo, o magistrado declara que é "necessária a adoção de providências pelo poder público e demais réus para dar efetividade à medida". Com isso, ele reconhece a existência do "perigo de dano", um dos requisitos jurídicos para a concessão de liminares.

Em outro momento da decisão, Pimentel nega a existência de "caráter partidário" na medida, pois ela seria uma "garantia de gratuidade a todo e qualquer cidadão, indistintamente". Ele também afirma que a isenção na tarifa colaboraria com a "lisura das eleições", por desincentivar "o conhecido e famigerado transporte clandestino de eleitores financiado por interesses partidários".

Embora o processo tenha sido ajuizado contra o Governo de São Paulo, são rés empresas que fornecem o serviço de transporte público na região metropolitana da capital. Pouco após o meio-dia, a deputada apresentou uma emenda ao pedido inicial limitando a liminar pretendida aos "trens urbanos de transporte intermunicipais, transportes coletivos de ônibus intermunicipais e transporte através das linhas do metro, inclusive a linha 4 amarela".

A decisão não menciona as empresas de ônibus que atendem a capital paulista. Em nota divulgada nesta tarde, Garcia afirma que os ônibus da EMTU não cobrarão tarifa.

Leia a nota do Governo do Estado de São Paulo:

O Governo de São Paulo informa que não haverá cobrança de passagem no Metrô, CPTM, EMTU e ônibus intermunicipais de todo o estado no domingo (30), dia das eleições. A decisão do governador Rodrigo Garcia foi tomada após análise dos impactos financeiros da medida para o Estado. A gratuidade no transporte público estadual custará R$ 11,5 milhões. "Domingo é o dia da democracia, por isso é justo que todos tenham acesso ao transporte público e possam votar com igualdade de condições. Portanto, catraca livre", afirma Rodrigo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a disputa eleitoral em Minas Gerais com 48% votos totais contra 43% de Jair Bolsonaro, a três dias do segundo turno.

Os números são da pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 27. Brancos e nulos somam 5%. Indecisos são 3%. Segundo o instituto, o resultado indica cenário de empate técnico entre os candidatos dentro da margem de erro do levantamento, de três pontos porcentuais para mais ou para menos.

##RECOMENDA##

Segundo maior colégio eleitoral do País, Minas é tratado como Estado-chave para as campanhas de Bolsonaro e Lula por seu simbolismo. Desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos venceram também em Minas. O Estado também é considerado como o que melhor espelha a eleição nacional.

No primeiro turno, Lula ganhou de Bolsonaro por 48,29% dos votos válidos, contra 43,60% do adversário. Na segunda etapa da disputa, a campanha do ex-presidente concentrou agendas no Estado na tentativa de ampliar ou pelo menos manter a vantagem obtida em 2 de outubro. Já Bolsonaro apostou no apoio do governador reeleito Romeu Zema (Novo) para reverter a liderança do petista.

A pesquisa, contratada pela TV Globo e pela Folha de S.Paulo, ouviu 1.009 pessoas em Minas Gerais, de terça, 25, até esta quinta, 27. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 04208/2022.

Em carta aberta divulgada nesta quinta-feira, 27, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT, se compromete em combinar "política fiscal responsável" com "responsabilidade social e desenvolvimento sustentável". A carta fala em seguir "regras claras e realistas" na política fiscal. O documento, chamado de "Carta para o Brasil de amanhã", tem 13 pontos.

"A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação. O sistema tributário não deve colocar o investimento, a produção e a exportação industrial em situação desfavorável, nem deve penalizar trabalhadores, consumidores e camadas de mais baixa renda. É possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável - e é isso que vamos fazer, seguindo as tendências das principais economias do mundo", diz a carta assinada por Lula.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Três dias antes do segundo turno, a campanha petista decidiu divulgar o documento com o compromisso fiscal e informações sobre o que Lula pretende, em um futuro governo Lula 3, em diversas áreas. Os temas já foram apresentados por Lula em momentos da campanha - seja nas diretrizes de governo apresentadas em junho ou em declarações durante reuniões com empresários e comícios. O documento organiza as informações já divulgadas e as apresenta por escrito, em forma de compromisso.

Houve divisão interna na campanha de Lula sobre a necessidade de divulgar a carta. Aliados do ex-presidente passaram a eleição inteira dizendo que não seria necessário apresentar algo parecido com a célebre "carta aos brasileiros" de 2002, na qual Lula fez um aceno ao mercado financeiro. O argumento era de que o petista tem o histórico de seus dois mandatos como garantia de compromisso com a responsabilidade fiscal. Aliados que aderiram a campanha no segundo turno, no entanto, como a senadora Simone Tebet (MDB), se mostraram favoráveis à ideia de detalhar planos de governo.

Lula foi cobrado, durante a campanha, por não divulgar, por exemplo, qual âncora fiscal pretende colocar no lugar do teto de gastos - que já anunciou que pretende revogar. Apesar do compromisso com a responsabilidade fiscal, Lula não indica na carta qual instrumento deve usar para conter os gastos públicos.

O petista também fala, no texto, que teve responsabilidade fiscal quando governou o Brasil. "Com responsabilidade fiscal, reduzimos a dívida pública, controlamos a inflação e acumulamos um expressivo volume de reservas cambiais que até hoje são fundamentais para a estabilidade da economia. Essas condições foram essenciais para o Brasil crescer o dobro da média internacional em nosso governo e enfrentar a maior crise financeira mundial da história recente", afirma Lula.

Como já havia registrado em seu plano de governo, Lula afirma que debaterá com empresários, governos e trabalhadores a construção de "uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos - tanto trabalhistas como previdenciários - e salários dignos, assegurando a competitividade e os investimentos das empresas". "Vamos também criar o Empreende Brasil, com crédito a juros baixos para os batalhadores das micro, pequenas e médias empresas. Nosso Brasil será o país da inovação".

A carta é recheada de compromissos com programas sociais e de investimento em infraestrutura que envolvem gastos públicos. Como mostrou a colunista Adriana Fernandes, as promessas para economia do PT custariam até R$ 150 bilhões até 2023. No documento, a campanha prevê a retomada de "obras paradas" e a estruturação de um novo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, para "reativar a construção civil e a engenharia pesada", com foco em "demandas sociais como habitação, transporte e mobilidade urbana, energia, água e saneamento".

Lula promete ainda definir a retomada das obras paradas em alinhamento com os governadores, para estabelecer prioridades. "Vamos investir em serviços públicos e sociais, em infraestrutura econômica e em recursos naturais estratégicos. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e empresas indutoras do crescimento e inovação tecnológica, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo", diz o documento.

Na área social, Lula promete o reajuste anual do salário mínimo acima da inflação. O Bolsa Família terá valor de R$ 600, somados a R$ 150 para cada criança de ate seis anos, em eventual governo Lula 3. A carta menciona a criação de um programa para renegociar dívidas com descontos e juros baixos e imposto de renda zero para quem ganhar até R$ 5 mil, além de uma reforma tributária. Estes itens tem sido divulgados nas propagandas de rádio e televisão da campanha petista.

O ex-presidente também faz menção à proposta de Simone Tebet, sobre igualdade salarial para homens e mulheres que exerçam os mesmos cargos. Outra proposta encampada pela senadora emedebista aglutinada na carta de Lula é o fim das filas de consultas, exames e cirurgias que não foram realizados na pandemia.

Lula também afirma que vai descontinuar medidas da política armamentista de Jair Bolsonaro. "Vamos revogar decretos e portarias que permitiram o acesso irrestrito às armas, especialmente aqueles que estão armando o crime organizado. Enfrentaremos o aumento alarmante de casos de feminicídio e a violência contra a juventude negra, especialmente nas periferias".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 49% das intenções de voto e lidera a corrida pelo Palácio do Planalto ante o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 44%, segundo a pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira, 27. É o penúltimo levantamento do instituto antes do segundo turno.

Segundo a amostra, 5% declaram voto em branco ou nulo e 2% não souberam responder. Os votos válidos, que excluem brancos e nulos, apontam Lula com 53% ante 47% de Bolsonaro.

##RECOMENDA##

O presidente oscilou negativamente um ponto em comparação ao último levantamento, do dia 19 de outubro, enquanto o petista manteve o mesmo número. A alteração foi o suficiente para resgatar a vantagem de Lula, que estava empatado tecnicamente no limite da margem de erro no índice.

O mesmo acontece nos votos válidos. O ex-presidente tinha 52% ante 48% do chefe do Executivo.

Contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, a pesquisa divulgada nesta quarta-feira foi realizada entre 25 e 27 de outubro e entrevistou 4.580 eleitores presencialmente em 252 cidades. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-04208/2022. A margem de erro é dois pontos para mais ou para menos.

Pesquisas eleitorais

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos válidos, ou 48,43% do contabilizado pela Justiça Eleitoral. Bolsonaro, candidato à reeleição, recebeu 51 milhões de votos, ou 43,20% do total. Os números foram divergentes com os dados divulgados na véspera do primeiro turno por parte de pesquisas.

"A gente não pode dizer que houve erro. A pesquisa não prevê acertar resultados, não é prognóstico", disse a diretora do Datafolha, Luciana Chong, em entrevista à GloboNews, um dia depois da realização do primeiro turno.

Após a eleição do dia 2 de outubro, o ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu à Polícia Federal para que investigue os institutos de pesquisa. No dia 6, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) apresentou pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os institutos de pesquisa de intenção de voto.

Na quinta-feira, 14, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro, determinou a abertura de um inquérito para investigar as empresas Datafolha, Ipec e Ipespe, sob o argumento de haver indícios de que os institutos de pesquisa atuaram "na forma de cartel" para "manipular" as eleições, cometendo o mesmo erro sobre o resultado da votação do último dia 2 para escolher quem vai comandar o País nos próximos quatro anos, a partir de 2023.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, suspendeu as investigações abertas. Moraes pediu para a Corregedoria-Geral Eleitoral e a Procuradoria-Geral Eleitoral investigarem se houve abuso de autoridade e de poder para favorecer candidatura do presidente Jair Bolsonaro.

Na reta final da campanha presidencial, casos de constrangimento para forçar eleitores a escolherem um ou outro candidato cresceram em todo o Brasil. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) apontam que somente as denúncias de assédio eleitoral contra trabalhadores da iniciativa privada e servidores aumentaram 2.577% entre o primeiro e o segundo turnos da eleição. O órgão afirmou que não classifica as denúncias de acordo com os partidos políticos.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam que as pressões extrapolam o mundo do trabalho e são mais graves que a simples manifestação de apoio, se tornando, inclusive, um motivo de sofrimento emocional para muitos eleitores. A promotora Ana Laura Lunardelli, assessora eleitoral do procurador-geral de Justiça de São Paulo, por exemplo, disse que são muitas as denúncias de coação eleitoral, que não se restringem ao ambiente laboral.

##RECOMENDA##

Segundo Ana Laura, os casos, que chegam por "várias portas", estão sob investigação de acordo com a atribuição de cada órgão: enquanto o MPT se concentra em apurar se as relações empregatícias foram afetadas, a Promotoria Eleitoral investiga se houve prática criminosa relacionada às eleições. São situações independentes, com consequências distintas, afirmou a promotora.

Ela mencionou o artigo 301 do Código Eleitoral, que estabelece pena de reclusão de até quatro anos para quem "usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos", o que não se restringe às relações trabalhistas. No caso do setor público, gestores investigados também podem sofrer afastamento provisório de suas atividades enquanto corre o processo legal.

Com a experiência de ter atuado em outros quatro pleitos, a promotora afirmou que o cenário atual não tem paralelo na história recente. "Estamos retrocedendo e vendo o coronelismo." Ana Laura disse acreditar que "o absurdo está sendo normalizado". Segundo ela, uma parcela da sociedade trata ilícitos como aceitáveis.

REGISTROS

O MPT recebeu até agora 1.633 denúncias de 1.284 empresas diferentes. Ao menos 1.572 delas ocorreram após o dia 2 de outubro. O número é quase oito vezes maior do que os casos que chegaram ao MPT ao longo de todo o período eleitoral de 2018, quando foram registrados 212 relatos.

A Procuradoria-Geral do Trabalho instalou um gabinete de crise para lidar com a demanda exacerbada de denúncias de assédio eleitoral. Segundo o procurador-geral José de Lima Ramos Pereira, o órgão tem reunido dados e divulgado duas vezes ao dia, para manter o panorama atualizado.

Para ele, o aumento exponencial na quantidade de denúncias de assédio eleitoral é fruto do acirramento no segundo turno. "As pessoas têm essa percepção de que estão ferindo o direito de voto. De outro lado, há uma banalização de ilícitos, com empresários fazendo postagens em redes sociais, talvez pensando que o Estado não vai fazer nada", disse Pereira.

Os casos do MPT são encaminhados também ao Ministério Público Eleitoral. Potenciais responsabilizações podem ocorrer mesmo depois do pleito. Nesta quarta-feira, 26, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) afirmou em plenário que os parlamentares já reuniram assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar abusos.

COERÇÃO

Para o cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antônio Teixeira, a coerção é um fenômeno antidemocrático, que viola o princípio da liberdade do voto e atenta contra a democracia. "A gente poderia estar em um quadro muito mais grave. Já temos notícia de pessoas que votaram coagidas no primeiro turno. Isso tem um efeito psicológico ruim, e isso de certa forma representa uma forma de coação pelo poder econômico", disse.

Nesta quarta, o ruralista Adelar Eloi Lutz assinou um termo de ajustamento de conduta com o MPT no qual se compromete a pagar indenização de R$ 150 mil por danos morais coletivos. Ele exigiu que funcionárias colocassem celular no sutiã para provar que iriam votar em Jair Bolsonaro (PL), neste próximo domingo. Um dia após a abertura do inquérito, ele escreveu em redes sociais que se tratava de uma "brincadeira" e que não houve ameaça de demissão. O empresário não foi localizado.

MINAS

Estado central na disputa presidencial, Minas lidera a lista de assédio eleitoral, com 449 denúncias. Lá, circulou entre os moradores de Caratinga um áudio enviado pelo prefeito Wellington Moreira de Oliveira (PSD) no qual ele "convida" servidores a participarem de um ato pró-Bolsonaro. "Aqueles que disserem que não vão estar ou disserem que vão estar e não comparecerem, é um direito deles. Mas a gente vai ter uma conversa com eles depois", disse Oliveira.

Um funcionário da prefeitura, que pediu anonimato, confirmou ter recebido o áudio e comparecido à passeata. Segundo ele, houve tom de retaliação do chefe direto. Para o psicólogo Alexandre Coimbra, esse cenário leva ao sofrimento e à ansiedade. "Por mais que as pessoas digam que ‘o voto é secreto’, o medo não é votar nesse ou no outro. O medo é que se tal candidato ganhar (o chefe diga): 'Eu vou fechar a fábrica, vou demitir muita gente'." Procurada, a prefeitura de Caratinga, que foi notificada pelo MPT, não quis se manifestar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, fará um pronunciamento à Nação no próximo sábado (29), véspera do segundo turno das eleições deste ano. A mensagem gravada pelo magistrado tem aproximadamente quatro minutos de duração. Ele deve abordar temas como a gratuidade do transporte público no dia da votação e a defesa do comparecimento dos eleitores, inclusive daqueles que não votaram no primeiro turno.

Na última sessão de julgamento do TSE antes do segundo turno, nesta quinta-feira, 27, Moraes antecipou alguns dos temas que devem estar presentes no seu pronunciamento. O ministro agradeceu aos mais de 123 milhões de eleitores que compareceram às urnas no primeiro turno e destacou que, nas eleições deste ano, a Justiça Eleitoral registrou o menor número de votos brancos e nulos das últimas cinco eleições. Somente 6% dos eleitores que foram às urnas não escolherem nenhum candidato. Segundo Moraes, o baixo percentual de votos nulos e brancos revela que o "eleitor foi consciente escolher o seu candidato".

##RECOMENDA##

"Mais de 156 milhões de eleitores e eleitoras voltarão no próximo domingo para o segundo turno para escolher definitivamente o presidente e o vice-presidente da República e mais 12 governadores. Para isso, o Tribunal Superior Eleitoral trabalhou incessantemente", afirmou. "Graças à atuação deste tribunal e do Supremo Tribunal Federal, diferentemente do primeiro turno em que só 12 capitais ofertaram transporte gratuito, neste segundo turno as 27 capitais oferecerão esse serviço e muitas outras cidades", destacou.

Na última terça-feira, 25, os ministros do TSE aprovaram resolução que proíbe prefeitos e gestores públicos de reduzir a oferta de transporte público coletivo no segundo turno das eleições. A Corte também definiu as regras que autorizam essas mesmas autoridades a adotar a gratuidade dos serviços de mobilidade, assim como a possibilidade de expandir a frota para atender os eleitores, em todo o País.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) gravou vídeo recomendando voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O candidato do PT divulgou o conteúdo em suas redes sociais nesta quinta-feira (27). O tucano diz que a vida do eleitor que se beneficiou com o plano Real, executado em seu governo, "vai melhorar mais ainda" se o petista for eleito no próximo domingo (30). "Não tem dúvida, vote no 13", afirma.

"Meus amigos e minhas amigas, você, que melhorou de vida com o Real e acredita no Brasil, nestas eleições, não tem dúvida, vote no 13, vote no Lula, porque ele vai melhorar mais ainda a sua vida", diz o tucano.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso é adversário histórico de Lula e disputou duas eleições contra o petista, em 1994 e 1998, saindo vitorioso em ambas. Nas eleições deste ano, ele declarou voto no candidato do PT no segundo turno para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apoiada oficialmente pelo PSDB no primeiro turno, a senadora Simone Tebet (MDB) aderiu à campanha do petista na segunda rodada de votação. Após a derrota de Tebet, o PSDB nacional formou neutralidade na disputa presidencial. A grosso modo, o partido se divide entre os "velha guarda", que inclui José Serra, FHC e José Aníbal, por exemplo, e declara voto em Lula; e a "nova guarda", cujo apoio ao presidente Jair Bolsonaro é encabeçado pelo governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando