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O governo afegão e os talibãs iniciaram neste sábado (12) em Doha, na presença do secretário de Estado americano Mike Pompeo, negociações históricas de paz que se anunciam difíceis dadas as profundas divergências entre os dois lados.

O chefe da diplomacia do Catar, xeque Mohammed ben Abderrahman Al Thani, presidiu a abertura das negociações, que acontecem em um grande hotel de Doha, na presença do emissário dos Estados Unidos para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad.

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No início da cerimônia, o negociador do governo afegão, Abdullah Abdullah, pediu um "cessar-fogo humanitário".

"Temos que acabar com a violência e conseguir um cessar fogo o mais rápido possível", disse Abdullah, um ex-ministro que preside o Conselho para a Reconciliação Nacional.

Pompeo fez um apelo para que o governo afegão e os talibãs "aproveitem a oportunidade" de alcançar um acordo para as futuras gerações, após 19 anos de guerra no Afeganistão.

As negociações foram adiadas por seis meses devido a profundas divergências sobre uma polêmica troca de prisioneiros entre os rebeldes e o governo.

As conversações começam um dia depois do 19º aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, que provocaram a intervenção internacional liderada pelos Estados Unidos que expulsou os talibãs do poder no Afeganistão.

As partes devem encontrar uma forma de "fazer avançar o país para reduzir a violência e satisfazer as demandas dos afegãos: um país reconciliado com um governo que reflita uma nação que não está em guerra", afirmou Pompeou na sexta-feira.

- Objetivos inconciliáveis -

Os delegados chegaram durante a manhã ao hotel de luxo que foi cenário da assinatura de um acordo histórico entre Washington e os talibãs em fevereiro, o que abriu a porta para as atuais negociações.

O presidente americano, Donald Trump, que disputará a reeleição em novembro, está determinado a acabar com a guerra mais longa da história dos Estados Unidos.

Mas uma solução rápida parece improvável e não é possível projetar o tempo de duração das negociações.

Os talibãs reiteraram o desejo de instaurar um sistema no qual a lei seja consistente com um islã rigoroso e não reconheça o governo de Cabul, que chamam de "fantoche" de Washington.

"Quero que todos levem o islã em consideração nas negociações e que o islã não seja sacrificado a interesses pessoais", reiterou neste sábado Abdul Ghani Baradar, líder político dos insurgentes afegãos, que destacou o desejo de um "sistema islâmico" no Afeganistão.

O governo do presidente Ashraf Ghani insiste em manter a jovem república e sua Constituição, que inclui muitos direitos, em particular para as minorias religiosas e as mulheres, as grandes perdedoras de um eventual retorno das práticas que vigoravam na época do governo talibã.

A Human Rights Watch (HRW) pediu aos participantes que se comprometam a respeitar os direitos fundamentais dos afegãos.

O tema da troca de prisioneiros (quase 5.000 talibãs contra mil membros das forças afegãs), previsto no acordo histórico entre talibãs e Estados Unidos, representou o primeiro obstáculo e atrasou o diálogo

Depois de muitas dúvidas, as autoridades afegãs finalmente libertaram os últimos 400 insurgentes e vários países, como França e Austrália, protestaram contra esta libertação.

Khalilzad justificou as libertações na sexta-feira e disse que era "uma decisão afegã difícil, mas necessária (...) para abrir as negociações".

- Uma guerra violenta -

A guerra afegã provocou dezenas de milhares de mortes, incluindo 2.400 soldados americanos, obrigou a fuga de milhões de pessoas e custou a Washington mais de um trilhão de dólares.

Muitos afegãos temem o retorno ao poder, parcial ou total, dos talibãs, que abrigaram a rede terrorista Al-Qaeda antes de 11 de setembro de 2001.

Os talibãs estão em uma posição de força desde a assinatura do acordo com os Estados Unidos, que prevê uma retirada das tropas americanas e a organização do diálogo interafegão.

O vice-presidente afegão Amrullah Saleh foi alvo de um ataque a bomba no centro de Cabul na manhã desta quarta-feira, 9. Segundo seu porta-voz, Saleh escapou ileso, mas a explosão deixou ao menos seis mortos e 12 feridos, dentre eles alguns dos seguranças do vice-presidente.

Não houve reivindicação de autoria pelo ataque, que acontece em meio a negociações de paz entre o governo afegão e o Taleban.

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"Hoje, mais uma vez, os inimigos do Afeganistão tentaram atingir Saleh, mas falharam nessa missão e Saleh escapou ileso", escreveu o porta-voz Razwan Murad no Facebook.

Saleh, que já foi chefe de inteligência, sobreviveu a várias tentativas de assassinato, incluindo uma em seu gabinete no ano passado, que deixou 20 mortos.

Oficiais e diplomatas alertaram que o crescimento da violência enfraquece a confiança necessária para o sucesso das negociações que têm como objetivo finalizar a insurgência iniciada quando o Taleban foi retirado do poder em Cabul por forças estadunidenses em 2001. (com agências internacionais)

Ao menos três pessoas morreram e cerca de 40 ficaram feridas nesta terça-feira (25) durante um ataque suicida com um caminhão-bomba no norte do Afeganistão, informaram fontes militares. O Talibã assumiu a responsabilidade pelo atentado e afirmou que o alvo era uma base militar afegã que preparava um ataque contra os insurgentes.

"O alvo do inimigo era uma base de comando militar, mas depois de não conseguir alcançá-la, ele explodiu o veículo próximo, causando sérios danos entre os civis ao redor", disse Hanif Rezayee, um porta-voz militar, à AFP.

"Muitas casas foram danificadas ou destruídas. Os soldados ajudaram a evacuar as vítimas", acrescentou Rezayee, que especificou que houve pelo menos três mortos (dois civis e um militar) e 41 feridos, 35 deles civis.

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou o atentado. "A continuação da violência do Talibã tem um impacto (negativo) nas chances de paz", disse ele, segundo seu porta-voz Sediq Sediqqi. "O Talibã deve parar de brigar e matar afegãos, concordar com um cessar-fogo e manter um diálogo direto com o governo afegão", acrescentou Ghani.

De acordo com os talibãs, que costumam exagerar os números das perdas de seus inimigos, cerca de 61 soldados foram mortos em um ataque que visava "vingar a mutilação de corpos de talibãs nas províncias de Balkh e Zabul (sul)", disse Zabihullah Mujahid, um representante do Talibã.

O ataque coincide com a visita de uma delegação talibã ao Paquistão, um dos três países que reconheceram o regime talibã na década de 1990 e que mantém certos laços com os rebeldes.

"As partes afegãs devem aproveitar esta ocasião histórica e chegar a uma solução política negociada" para um conflito que começou há quase 19 anos, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão em um comunicado divulgado na noite de terça-feira.

Apesar do cessar-fogo e da troca de prisioneiros em agosto, as negociações entre as autoridades afegãs e o Talibã, previstas no acordo assinado em fevereiro entre os Estados Unidos e os insurgentes, não estão avançando.

Ao menos 14 foguetes caíram na capital do Afeganistão nesta terça-feira (18) e feriram pelo menos 10 civis, no dia em que o país celebra 101 anos de sua independência, anunciou o ministério do Interior.

Os foguetes foram lançados a partir de dois veículos em Cabul, declarou Tareq Arian, porta-voz do ministério, que informou a detenção de dois suspeitos."Muitos projéteis caíram sobre casas de civis em Cabul", disse Arian.

"Infelizmente, 10 civis, incluindo quatro crianças e uma mulher, ficaram feridos".

Os bombardeios aconteceram após uma cerimônia no palácio da presidência, que teve a presença do chefe de Estado Ashraf Ghani.

De acordo com testemunhas, vários foguetes caíram nas proximidades do palácio e do ministério da Defensa, em uma área altamente protegida, que também abriga diversas embaixadas.

O ataque acontece no momento em que o governo afegão e os talibãs se preparam para iniciar as negociações de paz.

As conversações devem começar quando Cabul concluir a libertação de 400 prisioneiros talibãs, autorizadas na semana passada por uma grande assembleia de líderes afegãos. Oitenta integrantes do grupo foram liberados na quinta-feira.

A cerimônia de posse de Ghani em 10 de março foi interrompida por disparos de mísseis perto do palácio, mas nenhuma pessoa ficou gravemente ferida.

Embora o Afeganistão nunca tenha feito parte do Império Britânico, o país se tornou oficialmente independente da influência britânica em 19 de agosto de 1919.

Fawzia Koofi, uma importante defensora dos direitos das mulheres e integrante da equipe de negociação afegã que deve iniciar em breve o diálogo com os talibãs, foi atingida por um tiro perto de Cabul, anunciaram as autoridades do país.

Homens armados abriram fogo contra Koofi e sua irmã na sexta-feira na província de Parwan, próxima da capital, afirmou o porta-voz do ministério do Interior, Tariq Arian.

Os talibãs negaram a autoria do ataque, que aconteceu quando as duas mulheres saíam de seu automóvel para fazer compras, depois de prestar condolências a uma família, completou o porta-voz.

"Um carro as interceptou e homens armados abriram fogo. Koofi foi atingida na mão direita e está em condição estável", disse Arian.

Crítica veemente dos talibãs e também integrante do Parlamento, Koofi confirmou a "tentativa de assassinato" em sua página do Facebook.

O coordenador da equipe de negociações afegã, Mohammad Masoom Stanekzai, iniciou uma investigação sobre o ataque, que até o momento não foi reivindicado por nenhum grupo.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, condenou o "ataque covarde".

Ao menos 20 pessoas, incluindo civis e detentos, morreram em um ataque do grupo extremista Estado Islâmico (EI) em uma prisão na região leste do Afeganistão, anunciaram nesta segunda-feira (3) as autoridades locais.

Homens armados executaram no domingo (2) à noite um grande ataque contra uma prisão de Jalalabad, onde estão detidos muitos talibãs e integrantes do EI, nas últimas horas de uma trégua de três dias globalmente respeitada entre talibãs e as forças afegãs devido à grande festa muçulmana de Aid.

Um tiroteio com as forças de segurança deixo 20 mortos, informou Zaher Adel, porta-voz do maior hospital da província. Um porta-voz do governo local anunciou um balanço de 21 vítimas fatais.

Em um comunicado publicado por sua agência de propaganda Amaq, o EI reivindicou o ataque. O grupo não era parte da trégua.

Os combates entre as forças de segurança e os homens do EI prosseguiam nesta segunda-feira.

Muitos veículos blindados e integrantes das forças militares foram enviados à região para reforçar a segurança.

"Os agressores continuam dentro e do lado de fora da prisão", disse à AFP Attaullah Khogyani, porta-voz do governo de Nangarhar, que tem Jalalabad como capital.

Quase 700 prisioneiros que fugiram no momento do ataque foram recapturados. O centro penitenciário tinha no domingo mais de 1.700 detentos, em sua maioria combatentes talibãs e do EI.

Uma adolescente afegã que atirou e matou dois combatentes do Talibã que assassinaram seus pais disse nesta quarta-feira (22) que está pronta para enfrentar qualquer outro insurgente que tentar atacá-la.

Qamar Gul, de 15 anos, matou os insurgentes que invadiram sua casa na semana passada em um vilarejo no distrito de Taywara, na província central de Ghor.

"Não tenho medo deles e estou pronta para lutar contra eles novamente", disse à AFP por telefone da casa de um parente.

O Talibã chegou por volta da meia-noite, disse ela, acrescentando que estava dormindo com o irmão de 12 anos em seu quarto quando ouviu a porta da casa abrir.

"Minha mãe correu para detê-los, mas a essa altura eles já haviam arrombado a porta", relatou a jovem.

"Eles atiraram em meu pai e em minha mãe várias vezes. Fiquei aterrorizada."

Momentos depois, "a raiva tomou conta de mim. Peguei a arma que tínhamos em casa, fui até a porta e atirei neles".

Qamar Gul explicou que seu irmão a ajudou quando um dos insurgentes, que parecia ser o líder, tentou se defender.

"Meu irmão pegou a arma de mim e atirou nele. O combatente fugiu ferido, mas voltou mais tarde", continuou ela.

Em seguida, vizinhos e milicianos pró-governo chegaram à casa. O Talibã finalmente fugiu após um longo tiroteio.

- Orgulhosa -

Autoridades disseram que os talibãs mataram o pai, que era o líder da vila, porque ele apoiava o governo.

Os insurgentes costumam matar moradores suspeitos de serem informantes do governo ou das forças de segurança.

O distrito de Taywara, onde está localizada a vila, é uma área remota e cenário de confrontos quase diários entre as forças do governo e o Talibã.

Qamar Gul comentou que seu pai a ensinou a disparar um fuzil AK-47.

"Tenho orgulho de ter matado os assassinos dos meus pais", disse ela, mas lamentou não ter conseguido se despedir deles. "Depois de matar os dois talibãs, fui ver meus pais, mas eles não estavam respirando. Sinto-me triste, não consegui me despedir."

Afegãos inundaram as mídias sociais para elogiar a jovem, e uma foto dela, usando um lenço na cabeça e segurando uma AK-47, foi amplamente compartilhada.

Centenas de pessoas pediram ao governo para protegê-la.

"Exijo que o presidente a ajude e a transfira para um lugar seguro, pois sua segurança e a de sua família estão em risco", escreveu Fawzia Koofi, uma importante ativista de direitos das mulheres e ex-parlamentar, no Facebook.

O presidente Ashraf Ghani também elogiou a adolescente por "defender sua família contra um inimigo cruel", disse seu porta-voz Sediq Sediqqi à AFP.

Um porta-voz do Talibã confirmou que uma operação havia sido realizada na área do ataque, mas negou que qualquer um dos combatentes do grupo tenha sido morto por uma mulher.

Pelo menos 11 membros das forças de segurança morreram nesta segunda-feira (13) em um ataque reivindicado pelos talibãs contra um escritório dos serviços de inteligência afegãos no norte do Afeganistão, informaram as autoridades.

Segundo os insurgentes, um homem-bomba detonou um artefato colocado em um carro perto de um escritório da Direção Nacional de Segurança, enquanto homens armados invadiram o prédio, localizado em Aybak (norte).

Abdul Latif Ibrahimi, governador da província de Samangan, disse à AFP que 11 pessoas morreram e que outras 63, a maioria civis, ficaram feridas na explosão e no tiroteio.

O ataque durou aproximadamente quatro horas e terminou quando as forças de segurança mataram três homens armados, disse o porta-voz do governador, Sediq Azizi.

"Foi uma grande explosão que quebrou as janelas", declarou Hasseb, um funcionário que trabalha perto do escritório atacado e que forneceu apenas seu nome.

"Muitas pessoas ficaram feridas quando as janelas foram quebradas", acrescentou.

Nos últimos meses, os talibãs realizaram ataques contra as forças afegãs quase diariamente, apesar dos preparativos para o diálogo de paz do governo com os insurgentes.

Ao menos 23 civis foram mortos nesta segunda-feira (29) em explosões em um mercado no sul do Afeganistão, informaram as autoridades afegãs, que acusaram os insurgentes talibãs.

"Esta manhã às 9h30 (2h00 no horário de Brasília), os talibãs provocaram duas explosões no mercado do distrito de Sangin, na província de Helmand. Infelizmente, 23 civis foram mortos e 15 ficaram feridos", disse o comando militar afegão em comunicado.

Em outro comunicado enviado à imprensa, o governo da província de Helmand confirmou o balanço de vítimas, mas relatou uma operação diferente, com quatro morteiros lançados em um bazar e depois a explosão de um carro-bomba.

Questionado pela AFP, um porta-voz dos insurgentes, Qari Yousuf Ahmadi, acusou as autoridades e seus "mercenários" de estarem por trás das explosões.

Em um comunicado, o presidente afegão Ashraf Ghani afirma que foi informado "com profundo pesar" sobre o ataque do dia, que matou "em sua maioria crianças e jovens". Ele voltou a pedir ao Talibã que acabe com a violência.

Sangin é um distrito que tem sido disputado nos últimos anos pelo Talibã e pelas forças afegãs e da coalizão. Helmand, uma vasta província do sul do Afeganistão onde o cultivo de papoula é grande, está sob o controle dos insurgentes.

A violência diminuiu no Afeganistão desde que o Talibã anunciou um cessar-fogo de três dias no final de maio por ocasião do Eid al-Fitr, o feriado muçulmano que marca o fim do mês de jejum do Ramadã. Mas as autoridades afegãs dizem que os ataques insurgentes voltaram a ocorrer nas últimas semanas, principalmente contra as forças afegãs.

No sábado, o Conselho de Segurança Nacional (NSC) identificou 21 civis mortos e 30 feridos em catorze províncias do país na semana anterior.

Os dois campos, no entanto, parecem estar se aproximando das primeiras negociações de paz, quando o presidente Ghani prometeu concluir a libertação de 5.000 prisioneiros do Talibã, contra mil membros das forças de segurança afegãs mantidos em cativeiro pelos insurgentes.

As autoridades, que já libertaram quase 4.000 prisioneiros talibãs, planejam soltar os 1.000 restantes, conforme estipulado no acordo firmando entre Estados Unidos e Talibã no final de fevereiro em Doha, não ratificado por Cabul.

O Talibã declarou que estava pronto para negociações de paz, mas somente após a libertação dos 5.000 de seus prisioneiros.

Sete policiais afegãos foram mortos neste sábado (13) por um grupo de talibãs no centro do país, anunciaram as autoridades.

O Talibã "matou sete policiais e feriu outro. Um policial está desaparecido", disse o chefe da polícia do distrito de Pasaband, na província de Ghor, onde o ataque ocorreu.

O ataque não foi reivindicado pelos insurgentes por enquanto. Na sexta-feira (12), pelo menos quatro pessoas foram mortas em um ataque a uma mesquita em Cabul durante a oração.

Atualmente, o Afeganistão está lidando com várias crises: a rápida disseminação do coronavírus no país e a violência, apesar dos sinais de que o governo e o Talibã estão perto de negociar a paz.

O presidente Ashraf Ghani prometeu na quinta-feira (11) concluir a troca de prisioneiros, que é a principal condição para iniciar as negociações de paz com os insurgentes após quase 19 anos de guerra.

O Talibã em geral reduziu seus ataques às cidades afegãs desde fevereiro, após a assinatura de um acordo com os Estados Unidos para preparar o caminho para negociações de paz com o governo de Cabul.

O cessar-fogo durante o feriado do Eid al-Fitr, marcando o final do mês de jejum do Ramadã em maio, aumentou as esperanças de que os dois lados se sentariam para negociar.

"Enquanto o governo continua avançando no caminho da paz, o Talibã continua sua campanha de violência contra o povo afegão", escreveu no Twitter Javid Faisal, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão do governo.

Ao menos sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta segunda-feira (18) em um atentado com carro-bomba em Ghazni (leste do Afeganistão), reivindicado pelo Talibã.

De acordo com o porta-voz do governador da província homônima de Ghazni, Wahidullah Jumazada, o ataque foi realizado com um veículo militar cheio de explosivos e teve como alvo um prédio dos serviços de inteligência. Além das sete vítimas fatais, 40 pessoas ficaram feridas.

Todas as vítimas são "membros dos serviços de inteligência", acrescentou, observando que "nenhum civil" foi afetado. Baz Mohammad Himmat, diretor do hospital de Ghazni, contabilizou 7 mortos e 25 feridos.

O Talibã assumiu a responsabilidade pelo ataque, cometido segundo seu porta-voz Zabihullah Mudjahid por um insurgente suicida "em resposta à declaração de guerra do inimigo".

O Afeganistão enfrenta um forte aumento da violência, apesar de um acordo assinado no final de fevereiro entre o Talibã e os Estados Unidos prevendo a saída de todas as tropas estrangeiras do país até meados de 2021.

O governo ordenou que as forças de segurança retomassem suas operações ofensivas "contra os inimigos", paralisadas desde o acordo EUA-Talibã em Doha, após um ataque na terça-feira a uma maternidade em Cabul que deixou 24 mortos, incluindo bebês, mães e enfermeiras.

Seu objetivo era "matar mães a sangue frio", denunciou a organização Médicos Sem Fronteiras em comunicado. Onze das 26 vítimas eram parturientes.

Washington atribuiu o ataque conduzido por três combatentes armados, todos mortos, ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI). O ataque, porém, não foi reivindicado.

Na quinta-feira, o Talibã anunciou que havia realizado um ataque com caminhão-bomba contra um edifício do Exército afegão em Gardez (leste). Pelo menos cinco civis foram mortos e quinze feridos, segundo as autoridades.

Os insurgentes, no entanto, apelaram nesta segunda-feira a um diálogo inter-afegão previsto pelo acordo de Doha, bem como a troca de prisioneiros, que eles acreditam ser um pré-requisito, segundo um tuíte de outro porta-voz, Suhail Shaheen.

"As partes afegãs devem se concentrar em uma solução real e sincera para o problema, que passa pelo estabelecimento do acordo de Doha", escreveu Shaheen. "A libertação dos prisioneiros deve ser concluída e as negociações inter-afegãs devem começar", disse ele.

O acordo entre o Talibã e os EUA prevê, entre outras coisas, uma troca de 5.000 talibãs detidos pelo governo por 1.000 agentes de segurança mantidos em cativeiro pelos rebeldes. Centenas de pessoas já foram libertadas por ambos os lados até o momento.

Suhail Shaheen também rejeitou um acordo de compartilhamento de poder assinado no domingo pelo presidente afegão Ashraf Ghani e seu rival, Abdullah Abdullah, depois de meses de uma disputa que mergulhou o país numa crise política.

O acordo prevê, em particular, que Abdullah, chefe de Executivo do governo anterior e candidato na última eleição presidencial - pontuada por graves irregularidades segundo ele - assumirá a liderança nas negociações inter-afegãs.

"O que está acontecendo em Cabul é apenas uma repetição de experiências fracassadas do passado", considerou o porta-voz do Talibã.

Dezenas de pessoas morreram, ou ficaram feridas, nesta terça-feira (12), em um ataque suicida durante um funeral no leste do Afeganistão - anunciou um porta-voz do governo local.

"Por volta das 11h, um homem-bomba detonou seus explosivos durante um funeral", disse o porta-voz do governo da província de Nangarhar, Attaullah Khogyani, acrescentando que "40 pessoas foram mortas, ou feridas, no ataque, segundo informações preliminares".

O ataque no funeral ocorreu quando homens armados invadiram um hospital na capital do país, Cabul, relataram um funcionário do governo e um médico que fugiu do local.

Forças especiais afegãs foram enviadas para a área, de acordo com a porta-voz do Ministério do Interior, Marwa Amini. "Nossas forças especiais estão na zona", confirmou Marwa.

Um pediatra que fugiu do hospital disse à AFP que ouviu uma forte explosão na entrada do edifício. "O hospital estava lotado de pacientes e de médicos. Havia um pânico total lá dentro", contou ele, que não quis informar sua identidade.

O hospital está localizado no oeste de Cabul, onde mora a minoria Hazara, muitas vezes alvo de ataques de militantes do grupo Estado Islâmico (EI). A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) presta apoio na maternidade do estabelecimento.

Quatro pessoas, incluindo uma criança, ficaram feridas em uma série de quatro explosões sucessivas em um distrito do norte de Cabul - informou a polícia do Afeganistão.

"Explodiram quatro bombas colocadas à beira de uma estrada no distrito 17", indicou o porta-voz policial Ferdaws Faramarz em uma mensagem.

"Quatro civis, entre eles um garoto, foram levemente feridos", acrescentou. Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque até o momento.

As explosões aconteceram em um bairro onde os serviços de Inteligência afegãos prenderam, recentemente, membros do grupo Estado Islâmico acusados de terem cometido vários ataques.

Trata-se do primeiro ataque coordenado na capital em vários meses. Ataques com bomba, ou disparos de foguetes, por grupos como o Estado Islâmico e os talibãs são frequentes no país.

Os insurgentes não assumiram nenhum grande ataque em Cabul desde a assinatura de um acordo histórico com os Estados Unidos no final de fevereiro passado.

Neste pacto, Washington prometeu fazer a retirada total das forças estrangeiras do Afeganistão em até 14 meses. Já os talibãs puseram fim aos ataques às tropas americanas e da OTAN, um ponto incluído no acordo, mas redobraram a violência contra as forças afegãs.

As negociações de paz entre os rebeldes e o governo afegão, agendadas para 10 de março (outro ponto do acordo entre talibãs e EUA), ainda não começaram.

Pelo menos 23 soldados e policiais, além de nove civis, foram mortos em três ataques cometidos pelo Talibã no Afeganistão - informaram autoridades locais à AFP nesta segunda-feira (20).

"À noite, os insurgentes do Talibã lançaram um grande ataque a uma base militar", disse Khalil Asir, porta-voz da polícia da província de Tajar (norte), onde ocorreu o ataque mais sangrento.

Ele informou que dois policiais e 16 soldados do Exército foram mortos, enquanto outros três ficaram feridos. O porta-voz do governador da província confirmou este ataque, mas mencionou 19 mortes.

Além disso, nove civis foram assassinados por rebeldes, e outros seis foram feridos na província de Balj, no norte, segundo autoridades locais.

"Os insurgentes os perseguiram para tirar dinheiro deles", relatou o chefe de polícia do distrito onde ocorreu o incidente, Sayed Arif Iqbali. "Eles foram mortos depois de resistir", lamentou.

Cinco policiais também foram mortos, e outros três ficaram feridos esta manhã em um ataque do Talibã na província de Oruzgan (sul), informaram autoridades locais.

O Talibã intensificou sua ofensiva contra as forças afegãs em todo país, apesar dos inúmeros pedidos de cessar-fogo por parte de autoridades internacionais e afegãs e do início de uma troca de prisioneiros com o governo de Ashraf Ghani.

Essas libertações estão previstas no acordo alcançado em fevereiro passado entre os insurgentes e Washington, mas não foi ratificado por Cabul.

O texto prevê a retirada, dentro de 14 meses, das forças estrangeiras presentes no Afeganistão, em troca de garantias de segurança por parte dos talibãs.

A troca de prisioneiros foi interrompida, devido a disputas entre os dois lados, o que também atrasou o início das discussões sobre o futuro do país.

Os rebeldes também acusaram os Estados Unidos de violarem o acordo alcançado, apresentando uma lista de 33 ataques com aviões e drones das forças de Washington e do Afeganistão, informou a televisão privada TOLO News no domingo.

O governo afegão anunciou, nesta quarta-feira (8), a libertação de 100 detentos talibãs, um dia depois de os insurgentes anunciarem uma suspensão das negociações com Cabul sobre uma troca de presos, as primeiras em 18 anos, por considerá-las estéreis.

"Cem prisioneiros talibãs vão ser libertados hoje (quarta)", disse à AFP o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Javid Faisal.

"O processo de paz deve avançar", acrescentou.

A afegã Roya Sadat viveu sua primeira filmagem com medo de um ataque dos talibãs, inimigos do cinema e das mulheres ativas. Dezoito anos depois, enquanto os talibãs negociam sua volta ao poder, a corajosa cineasta segue defendendo suas compatriotas, filme após filme.

"Envolvia os filmes de plástico, porque pensava que se eles se metessem conosco, eu os jogaria no deserto", lembra a cineasta que usa véu negro na cabeça. "Queria salvar os filmes", diz.

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No poder entre 1996 e 2001, os talibãs acabavam de ser expulsos por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que invadiu o Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001. Eles, os mesmos que durante cinco anos jogaram televisores nas ruas e enclausuraram as mulheres, estavam a poucos quilômetros do local de filmagem, em sua província natal Herat, no oeste do país.

"Caminhava pelos campos para comprovar que não estavam minados", lembra Roya, uma das poucas cineastas do Afeganistão, um país classificado com frequência como o pior do mundo para mulheres.

Após tantos riscos, "Three Dots" (Três Pontos), um curta-metragem que abordava os casamentos forçados, frequentes no Afeganistão, foi premiado em muitos festivais internacionais. E sua carreira deslanchou.

Roya fundou uma produtora com sua irmã, a Roya Film House, cujos filmes, sempre centrados na dolorosa vida cotidiana das mulheres afegãs, ganharam vários prêmios internacionais.

- Uma mulher corajosa -

Em 2013, ela criou o primeiro festival de cinema feminino do Afeganistão. Cinco anos depois, recebeu o Prêmio Internacional às Mulheres de Coragem, entregue pela primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump.

Várias vezes ameaçada de morte pelos mais conservadores, Roya Sadat "se nega a ficar calada", escreveu o Departamento de Estado dos EUA.

"Examinando a cultura afegã através do cinema, Sadat desempenha seu papel para transformar seu país em um lugar melhor para as mulheres e as meninas", completou.

A recompensa chegou com o lançamento do longa-metragem "A Letter to the President" (Uma Carta para o Presidente), que conta a história de uma mulher presa por ter matado, por acidente, seu marido violento. Um novo tabu afegão abordado pela diretora.

"Tinha medo de reações ruins", disse em entrevista à AFP. Mas se sentiu aliviada quando, durante uma projeção do filme em Cabul, o público aplaudiu a heroína após ter dado um tapa em seu marido depois de apanhar.

Abordando os direitos das mulheres em seus filmes e documentários, Roya Sadat quer reparar os danos de 40 anos de guerra na sociedade e cultura afegãs.

"Talvez seja fácil reconstruir um prédio destruído pela guerra, mas não é (fácil) mudar a mentalidade das pessoas", afirmou, insistindo em que "a única forma de fazer isso é pela cultura, pelos meios de comunicação e, principalmente, pelo cinema".

Os filmes de Roya Sadat, "centrados em mulheres e destinados ao público feminino, têm impacto direto nas mulheres na sociedade", comenta Latif Ahmadi, cineasta e ex-diretor do Instituto de Cinema Afegão.

- Centro cultural clandestino -

Roya nasceu em 1981 e viveu 38 dos últimos 40 anos da guerra que devastou o país. Sua família teve de se esconder durante a década de ocupação soviética, entre 1979 e 1989.

Começou a escrever na escola primária: poemas, contos, peças de teatro. Ainda era estudante quanto fez um programa de televisão com as amigas de classe, o primeiro criado por mulheres em Herat, a capital do oeste do Afeganistão.

No meio disso tudo, os talibãs tomaram o poder. E as escolas de meninas fecharam. As mulheres viviam confinadas em casa. Roya era autorizada a trabalhar como enfermeira, porque eram necessárias mulheres para atender a outras mulheres.

No hospital, criou um centro cultural clandestino em que organizou apresentações de uma de suas obras teatrais. "Comparávamos os tempos dos talibãs com a era pré-islâmica, quando as meninas eram enterradas vivas", contou.

O chefe do hospital era talibã. "Era muito perigoso", lembra. "Mas ainda é difícil de acreditar que tenhamos conseguido atuar".

Hoje em dia, a cineasta comemora duas décadas de sucesso nos direitos das mulheres, graças à presença das tropas ocidentais.

Os resultados são impressionantes nas grandes cidades, onde agora as mulheres são visíveis e ativas. Em torno de 39% das meninas frequentam o Ensino Médio, segundo o Banco Mundial. Há 20 anos, eram poucas.

Tudo pode ser posto a perder, se os insurgentes voltarem ao poder após a retirada das forças americanas, a qual Washington negociado com eles há mais de um ano.

Roya Sadat suspira: "Temo que eles simplesmente nos esqueçam como durante os cinco anos de governo dos talibãs".

Ao menos 20 soldados e policiais afegãos morreram nesta quarta-feira (4) em vários ataques, horas depois de uma conversa telefônica entre o presidente americano Donald Trump e o líder político dos insurgentes talibãs.

"Combatentes talibãs atacaram pelo menos três postos do exército no distrito de Imam Sahib, em Kunduz, e mataram 10 soldados e quatro policiais", afirmou Safiullah Amiri, integrante do Conselho Provincial de Kunduz (norte).

A polícia local e uma fonte do ministério da Defesa confirmaram o balanço. Além disso, "seis policiais morreram e sete foram feridos pelos talibãs em Tarinkot", localidade da província de Uruzgan (sul), informou Zergai Ebadi, porta-voz do governador

Os ataques aconteceram poucas horas depois de uma conversa telefônica entre o líder político dos insurgentes, mulá Barada, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A conversa foi "longa e boa", disse Trump. "Minha relação com o mulá é muito boa", acrescentou Trump. "Eles querem acabar com a violência", declarou.

O contato aconteceu depois que os insurgentes retomaram na segunda-feira a ofensiva contra as forças de segurança afegãs, mas não contra as forças estrangeiras, encerrando uma trégua parcial de nove dias.

A redução dos combates havia sido imposta pelos Estados Unidos como uma condição para o acordo assinado no sábado passado em Doha por Washington e os talibãs.

No acordo, o governo dos Estados Unidos se compromete com uma retirada completa do Afeganistão no prazo de 14 meses em troca, entre outras coisas, do início de um diálogo entre afegão que inclua o governo, a oposição, a sociedade civil e os talibãs.

Alguns obstáculos já foram criados, no entanto, incluindo a recusa do presidente afegão, Ashraf Ghani, de libertar até 5.000 prisioneiros talibãs em troca de 1.000 integrantes das forças de segurança afegãs.

Os talibãs anunciaram nesta segunda-feira (2) que encerraram a trégua parcial estabelecida em 22 de fevereiro e retomaram os ataques contra as forças de segurança afegãs, dois dias após a assinatura de um acordo histórico com os Estados Unidos.

Pouco tempo depois, a polícia afegã anunciou a morte de três pessoas na explosão de uma boma em um campo de futebol no leste do país. "Uma moto-bomba explodiu durante uma partida de futebol no distrito de Nader Shah Kot esta tarde", disse Sayed Ahmad Babazai, chefe da polícia da província de Kohst.

Ele acrescentou que 11 pessoas ficaram feridas no ataque, que ainda não foi reivindicado. O período de redução da violência, que durou nove dias, “terminou e nossas operações voltarão à normalidade”, afirmou à AFP Zabihullah Mujahid, porta-voz dos insurgentes.

“Nossos combatentes não atacarão forças estrangeiras, mas nossas operações contra as forças do governo de Cabul continuarão”, acrescentou o porta-voz.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, havia anunciado no domingo o prolongamento da trégua parcial pelo menos até o início das discussões entre o governo e os rebeldes afegãos, agendadas para 10 de março, com o objetivo de “alcançar um cessar-fogo completo”.

Os Estados Unidos e o Talibã afegão assinaram, neste sábado (29), um acordo histórico em Doha, que abre caminho para uma retirada total das tropas americanas após 18 anos de guerra e negociações de paz interafegãs sem precedentes.

O acordo negociado por um ano e meio no Catar foi assinado pelos principais negociadores das duas partes, Zalmay Khalilzad, do lado americano, e o líder político dos insurgentes afegãos, Abdul Ghani Baradar, na presença do secretário de Estado Mike Pompeo.

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Khalilzad e Baradar apertaram as mãos sob os aplausos dos participantes.

Este texto não é um acordo de paz propriamente dito, porque as autoridades afegãs não participaram das discussões inéditas.

Mas os americanos se comprometem em começar imediatamente uma retirada gradual de suas tropas, para reduzi-las dos atuais 13.000 para 8.600 em 135 dias.

Um cronograma que prevê a retirada total de todas as forças estrangeiras do Afeganistão "dentro de 14 meses após a assinatura do acordo", segundo o texto.

Sua partida está, no entanto, condicionada ao cumprimento pelo Talibã de seus compromissos de segurança e ao progresso nas futuras negociações interafegãs, segundo autoridades americanas.

Em contrapartida a essa importante reivindicação do Talibã, os insurgentes concordam em acabar com todos os atos de terrorismo nos territórios que controlam e em iniciar negociações com o governo de Cabul, com o qual até agora se recusaram a falar.

Essas negociações devem começar em 10 de março, de acordo com o acordo, provavelmente em Oslo.

"Romper com a Al-Qaeda"?

"Se os talibãs não honrarem seus compromissos, perderão a chance de se sentar com os outros afegãos e deliberar sobre o futuro de seu país", disse Mark Esper, chefe do Pentágono, que estava em Cabul para assinar uma declaração conjunta com o governo afegão.

"Os Estados Unidos não hesitariam em cancelar o acordo", alertou.

O Talibã assegura que vai honrar seus compromissos.

"O acordo foi assinado hoje e nosso povo está feliz. Paramos todas as nossas operações militares em todo o país", disse Zabihullah Mujahid, porta-voz do talibãs, à AFP em Cabul.

No futuro imediato, o presidente americano Donald Trump deverá tirar proveito do pacto na campanha pela reeleição em oito meses, argumentando que cumpriu uma de suas principais promessas: acabar com a guerra mais longa dos Estados Unidos.

Apesar das críticas de alguns observadores para quem o acordo concede demais por pouco, o governo Trump assegura que as garantias fornecidas pelos insurgentes respondam ao principal motivo da intervenção americana, lançada em represália aos ataques de 11 de setembro de 2001, realizados pela Al-Qaeda a partir do Afeganistão, então dirigido pelo Talibã.

Sob os termos do acordo, "o Talibã não permitirá que nenhum de seus membros, ou outros indivíduos ou grupos, incluindo a Al-Qaeda, use o solo afegão para ameaçar a segurança dos Estados Unidos e de seus aliados".

"É um primeiro passo decisivo e histórico em termos de reconhecimento público de que estão rompendo laços com a Al-Qaeda", disse uma autoridade americana.

Saudando a "melhor chance de paz em uma geração", Mike Pompeo pediu ao Talibã que "cumpra a promessa de romper com a Al-Qaeda" e não "declare vitória".

"Reduzir a violência"

As autoridades americanas também dizem que estão tranquilizadas pelo período de sete dias de "redução da violência", globalmente respeitado pelos Estados Unidos, Talibã e forças afegãs antes da assinatura do pacto neste sábado.

Essa trégua parcial era uma exigência do presidente americano, que em setembro cancelou abruptamente a assinatura do acordo após a morte de um soldado americano em mais um ataque em Cabul.

Espera-se agora que os beligerantes concordem rapidamente com um cessar-fogo total durante as negociações interafegãs.

Cerca de 30 países estavam representados em Doha, mas não o governo afegão que, no entanto, enviou uma pequena delegação para um "primeiro contato" com o Talibã.

O acordo de Doha é um "primeiro passo importante para um processo de paz abrangente" no Afeganistão, disse a União Europeia. "A oportunidade atual de fazer a paz não deve ser desperdiçada".

Os talibãs foram expulsos do poder por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos após os ataques de 2001. Desde então, travam uma incessante guerra de guerrilha.

Entre 32.000 e 60.000 civis afegãos foram mortos no conflito, segundo a ONU, e mais de 1.900 militares americanos.

Para Robert Malley, presidente da Organização Internacional de Prevenção de Conflitos do Crisis Group, "nenhum acordo é perfeito, mas o acordo de sábado "representa a melhor esperança para avançar na direção do fim de uma guerra de duas décadas".

A Turquia anunciou neste domingo (23) o fechamento temporário de sua fronteira terrestre com o Irã, assim como a suspensão de voos provenientes deste país, onde os casos de coronavírus se multiplicaram. A decisão também foi adotada pelo Paquistão e Afeganistão.

"Decidimos fechar nossa fronteira terrestre após o aumento do número de casos no Irã", declarou o ministro da Saúde turco, Fahrettin Koca.

O ministro ressaltou que a Turquia está "preocupada" com a situação e tomou essas medidas depois de conversar com as autoridades iranianas.

Estradas e ferrovias serão fechadas neste domingo a partir das 17h, no horário local.

O tráfego aéreo também será suspenso a partir das 20h, neste domingo.

"Isso significa que os voos que chegam à Turquia vindos do Irã serão suspensos e os embarques em direção ao Irã estão mantidas", ressaltou.

O Irã, que já registrou oito mortes por coronavírus, é o país com o maior número de mortos fora da China.

Além da Turquia, outros países tomaram a mesma medida de prevenção neste domingo. O Paquistão anunciou que fechará sua fronteira com o Irã por causa do vírus.

"Fechamos nossa fronteira com o Irã por causa das informações sobre o coronavírus naquele país", disse Ayesha Zehri, um alto-funcionário do governo do Baluquistão, fronteira com a República Islâmica.

Da mesma forma, o Afeganistão "proibiu temporariamente" as viagens por terra ou ar entre esse país e o Irã para impedir a propagação do coronavírus.

O Conselho afegão de Segurança Nacional informou que até o momento não foi detectado nenhum caso do vírus no país.

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