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Depois de "comprar briga" com o agronegócio ao dizer, em sabatina no Jornal Nacional, que parte do setor é fascista, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira, em Belém (PA), que há no País grandes produtores rurais com responsabilidade ambiental.

"Nós temos que criar na sociedade brasileira a consciência de que a manutenção da floresta [amazônica] em pé é mais saudável, é mais rentável do que tentar derrubar árvores para plantar soja, para plantar milho, plantar cana ou criar gado", disse Lula em encontro com povos indígenas na capital paraense. "Os grandes produtores que têm responsabilidade, porque vendem seus projetos do mercado estrangeiro, não querem correr risco de ser prejudicados porque estão praticando violência contra a nossa Amazônia", acrescentou.

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Para Lula, é preciso "evitar" quem age com irresponsabilidade no agronegócio. "Fazem discurso que é preciso desmatar, fazer queimada. Essa gente não são as pessoas responsáveis que trabalham dignamente para produzir e vender", disse o candidato do PT.

Lula também prometeu a criar o programa Mais Alimentos, criado em 2008, durante seu governo, para estimular a produtividade da agricultura familiar. O programa, contudo, está em vigor.

"A agricultura familiar (que) se prepare para produzir mais. Porque nós vamos criar uma coisa chamada Mais Alimentos para que aumente a capacidade produtiva, para que tenha mais comida no mercado e para que a inflação não proíba o povo de comprar o que comer", declarou Lula no encontro com povos indígenas em Belém.

O petista ainda voltou a prometer à agricultura familiar expansão do crédito para a produção e compra de equipamentos. A medida seria viabilizada por meio dos bancos públicos brasileiros.

Na noite desta sexta-feira (26), o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), participou da a 65ª Festa do Peão Boiadeiro, em Barretos (SP). Na ocasião, o chefe do executivo afirmou que sem o agronegócio brasileiro, “o mundo passa fome”.

“Amigos de Barretos, São Paulo e do meu Brasil, muito obrigado pelo honroso convite desse evento que faz parte da nossa história. Mais do que a nossa segurança alimentar, vocês garantem alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”, afirmou o presidente.

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Ainda no evento, o presidente criticou a “violência” do Movimento Sem-Terra (MST).

“O nosso trabalho, quando titulamos terras, anulando a violência que vinha por parte do MST, isso bem demonstra que nós queremos integrar todos a nossa sociedade. Vocês são orgulho não apenas nosso, de todo o Brasil, vocês nem sabem, que sem vocês o mundo passa fome. E o nosso lema é Deus, pátria, família e liberdade”, disse Bolsonaro em Barretos.

PODCAST

Em entrevista ao Ironberg Podcast, do fisiculturista Renato Cariani, o presidente afirmou que "fome para valer (no País) não existe da forma como é falado". O chefe do Executivo alegou que, quem diz o contrário, "são pessoas que vendem mentiras".

“Se eu falar para vocês não tem fome no Brasil, amanhã o pessoal me esculacha na imprensa. Mas eles não sabem a realidade se existe gente faminta no Brasil ou não. O que a gente pode dizer, se for em qualquer padaria aqui não tem ninguém ali pedindo para você comprar um pão para ele, isso não existe. Eu falando isso eu estou perdendo votos, mas a verdade você não pode deixar de dizer", disse em entrevista.

 

Do vaivém das colheitadeiras sobre imensos tapetes brancos procede uma notícia animadora para o Brasil e o mundo. A produção de algodão do País deve fechar o ano entre 13% e 19% maior do que a anterior e rumar ao ritmo pré-pandemia. A crise sanitária, que derrubou a demanda da indústria têxtil global, interrompeu o avanço da produção nacional, que havia dobrado em apenas cinco anos.

A tendência de crescimento da produção neste ano deve consolidar o Brasil como quarto maior produtor e segundo maior exportador. Na safra plantada em 2019 foram produzidas 3 milhões de toneladas. Em 2017, 1,5 milhão. Para 2022, a produção é estimada entre 2,6 e 2,8 milhões de toneladas.

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A qualidade do algodão brasileiro também atrai o mercado estrangeiro. O principal mercado é a Ásia, onde se consolidaram as maiores indústrias de roupas. Cerca de 84% da produção nacional leva o selo de "algodão sustentável", só conferido aos que têm uma espécie de "ESG rural". É preciso cumprir 178 requisitos de qualidade - sociais, econômicos e ambientais. Entre eles, as leis trabalhistas, o Código Florestal e ações em benefício da saúde e da segurança dos trabalhadores.

Apesar do crescimento na produção esperado para este ano, a produtividade não foi a melhor. Mais de 90% das fazendas usam uma técnica que depende da água da chuva, e ela não veio nas épocas e nas quantidades esperadas. A média de quilos de algodão por hectare para este ano é mais baixa do que a de 2021, quando a área plantada foi menor do que a atual.

Para 2023, o plano da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) é alcançar 1,7 milhão de hectares, superando a área da safra recorde de 2019. "A gente encolheu com a pandemia. Era uma decisão muito difícil. Vínhamos da maior safra da história. O algodão estava vendido, mas parado no pátio.

Ninguém vinha buscar. E tínhamos de definir o plantio da próxima safra", diz Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa, que pouco antes de a covid-19 se tornar emergência mundial inaugurou um escritório em Cingapura para ficar próxima dos industriais asiáticos.

O crescimento da produção de algodão nos últimos anos pode ser atribuído a três razões principais. Embora o cultivo seja mais difícil e oneroso, é mais lucrativo do que a soja. Do plantio até o pagamento pelo produto vendido, os produtores esperam cerca de um ano. Demora, mas, segundo eles, a renda compensa. O lucro obtido em um hectare de algodão equivale ao de quatro hectares de soja.

Outro motivo da alta é a demanda. Com a redução do home office e a retomada das atividades sociais e profissionais pelo mundo, a indústria têxtil vai recuperar o fôlego e continuar em alta. Há, ainda, uma razão prática. O algodão precisa de uma quantidade elevada de defensivos agrícolas, o que deixa a terra mais preparada para receber a cultura seguinte.

Cerca de 65% do algodão no Brasil é plantado como segunda safra, entre os cultivos de soja e milho. É por isso que as maiores colheitas ocorrem em regiões de predomínio dessas culturas, como Mato Grosso, Goiás e Bahia. O algodão é um ramo caro e pouco convidativo para fazendeiros com menos estrutura financeira e experiência. Os insumos necessários ficaram mais onerosos e elevaram o custo da produção. Itens indispensáveis, como cloreto de potássio e fósforo, estão de três a quatro vezes mais caros.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os custos na Bahia se aproximam dos R$ 18 mil por hectare, contra R$ 15 mil na comparação com o segundo semestre do ano passado. Só o gasto médio com fertilizantes saltou de R$ 3 mil para R$ 5,4 mil.

EXPECTATIVA

A uma hora de Brasília, em Cristalina (GO), surgem as primeiras lavouras de algodão ladeando a estrada. O agricultor Carlos Alberto Moresco, dono da GM Algodoeira, no município goiano, conta que reduziu bastante a área plantada por causa da queda de demanda na pandemia. Mesmo assim, está satisfeito com a produtividade favorecida pelo fato de a sua fazenda estar localizada em uma área que sofreu menos com a falta de chuva.

"Encolhi o algodão e subi a soja", diz. "Sempre plantei em torno de 2 mil hectares. Ano passado, foram 840. Este ano, 960. A minha produtividade está muito boa. Vai se assemelhar ou surpreender a do ano passado. A seca que teve em Mato Grosso e na Bahia não afetou tanto a nossa região. Nossa região ainda vai ter uma produção razoável."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) já começou a arrecadar doações em dinheiro para a eleição de outubro. A principal origem dos recursos, que ainda não são públicos, vem de empresários do agronegócio, principalmente de pecuaristas. A estratégia adotada garante que os doadores tenham, por enquanto, seus nomes preservados. Até agora, o PL tem enfrentado dificuldades para conseguir contribuições e planeja inaugurar em breve uma plataforma para receber doações online.

Os emissários para a arrecadação são o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. A tarefa inclui esforços dos ex-ministros Tereza Cristina (Progressistas) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tereza era titular da Agricultura, já foi cotada para vice na chapa de Bolsonaro, mas vai disputar uma vaga no Senado por Mato Grosso do Sul. Tarcísio, por sua vez, comandou a pasta da Infraestrutura e hoje é pré-candidato ao governo de São Paulo.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu ontem que o teto de gastos para as campanhas presidenciais será o mesmo de 2018, corrigido pela inflação. São R$ 88 milhões no primeiro turno. Se houver segunda rodada da disputa, são permitidos mais R$ 44 milhões em despesas, perfazendo, ao todo, R$ 132 milhões.

Tanto o comitê de Bolsonaro quanto o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, trabalham com a ideia de atingir o teto de gastos - um total de mais de R$ 260 milhões. Se arrecadarem mais, porém, podem transferir os recursos para aliados.

O Diretório Nacional do PT reservou 26,03% do fundo eleitoral destinado ao partido para a campanha de Lula, o que garante ao petista R$ 130 milhões para os dois turnos. A cúpula do PL ainda não bateu o martelo sobre quanto vai transferir desse fundo para a campanha de Bolsonaro.

O plano está sob análise e provoca preocupações no partido por causa da quantidade de candidatos com mandato. Muitos dirigentes admitem que será impossível atender a todos sem doações. A decisão final caberá a Costa Neto. A legislação permite que, a partir de 16 de agosto, as doações sejam repassadas para uso das campanhas. Por enquanto, porém, o dinheiro precisa ser transferido para os cofres dos partidos.

"Já fiz algumas reuniões para tratar disso. As doações estão chegando e são para o partido. Obviamente que o partido tem preocupação de checar a origem dos recursos. Não dou divulgação porque grande parte das pessoas não quer publicidade, tem medo de represálias", disse Flávio ao Estadão, sem querer estabelecer uma meta. "Temos muitos segmentos que nos apoiam, em especial do agro. São pessoas que estão se mobilizando, que ligam para saber como fazer doação, o que não acontece com outros candidatos."

PLATAFORMA

Enquanto a plataforma do PL não entra no ar, a mobilização ocorre em grupos de WhatsApp e reuniões privadas em casas de potenciais financiadores. Como mostrou o Estadão, produtores rurais abriram uma ofensiva para arrecadar recursos e custear as despesas eleitorais de Bolsonaro.

A iniciativa teve participação de nomes até então pouco conhecidos nacionalmente e causou reclamações pela forma como a abordagem foi feita. Todos agiam, porém, com aval de Flávio e Costa Neto. Entre eles estavam os pecuaristas Bruno Scheid, de Rondônia, e Adriano Caruso, de São Paulo.

Muitos estranharam os pedidos de contribuição porque, embora Bolsonaro sempre dissesse ser contra o uso do fundo eleitoral, podia contar agora com parte dos R$ 341 milhões que o PL administrará. O presidente terá, no entanto, de repartir a verba com 12 candidatos a governador, 13 senadores e a atual bancada de 77 deputados federais.

"Bolsonaro conseguiu mostrar que a questão financeira não é impeditivo para alguém virar presidente. Só que agora virou uma campanha muito maior. Temos palanques em todos os Estados. O dinheiro não será suficiente para que todos consigam fazer campanha completa e vamos precisar de recursos", disse Flávio.

REUNIÃO

O ex-prefeito de Água Boa (MT) Maurício Tonhá, dono da Estância Bahia Leilões, que se dispôs a pedir contribuições no setor, participou de uma reunião com cerca de 50 pecuaristas no Palácio do Planalto, ao lado de Bolsonaro, de Valdemar, Flávio e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Encontros privados no interior de São Paulo, atrelados à pré-campanha de Tarcísio, também serviram para pedidos de colaboração financeira.

Em maio, parte desse grupo organizou um almoço de arrecadação com Bolsonaro na casa de Fernando de Azevedo Marques, da União Química, em Brasília. Havia lobistas e até um investigado pela Polícia Federal naquele encontro. Tereza Cristina e os ex-pilotos Nelson Piquet e Pedro Muffato estavam presentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Pernambuco (Senar-PE) abriu inscrições para cursos técnicos gratuitos de nível médio em agronegócio e zootecnia nas cidades de Recife, Bezerros e Garanhuns. As inscrições devem ser feitas pelo endereço eletrônico da Senar PE até o dia 29 de junho.

O curso técnico em Agronegócio oferece oportunidades em Recife e Bezerros, com 30 vagas em cada polo. Já a capacitação em zootecnia oferta 25 vagas no polo em Garanhuns. Ambos serão realizados na modalidade a distância e semipresencial com visitas técnicas. Segundo Adriano Moraes, superintendente do Senar de Pernambuco, os cursos são reconhecidos pelo Ministério da Educação, com diploma válido nacionalmente.

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A seleção dos candidatos será pela análise do certificado de conclusão do ensino médio, histórico escolar ou documento oficial equivalente. As vagas são prioritárias para produtor rural, seu familiar, ou um colaborador do produtor rural. É necessário apresentar os documentos que comprovem conclusão do ensino médio e atividade rural do trabalhador.

A lista preliminar de classificados será divulgada dia 5 de julho no site da instituição, e a lista final de aprovados no dia 9 de agosto. Os candidatos aprovados devem realizar as matrículas presencialmente entre os dias 9 e 13 de agosto, diretamente nos polos. As aulas estão previstas para iniciar no dia 20 do mesmo mês.

Produtor rural há dez anos, Fabrício Maestrello pela primeira vez vai reduzir a área plantada com soja na safra a ser semeada em setembro. Dos 1,2 mil alqueires (cerca de 2,9 mil hectares ou a área equivalente a quase 3 mil campos de futebol) que normalmente cultiva na região de Paranacity, noroeste do Paraná, ele vai plantar a metade. O motivo do corte foi a alta de preços dos insumos. "O aumento foi muito superior à valorização do grão, é um negócio que você entra devendo", afirma.

Os três vilões da alta de custos, segundo o produtor, são o fertilizante, o defensivo e o combustível. Neste ano, Maestrello desembolsou R$ 6,2 mil pela tonelada de adubo, 120% a mais do que na última safra. Pelo litro do herbicida, pagou R$ 90, quatro vezes o que gastou em 2021. Isso sem falar no diesel usado nos tratores. "Custava R$ 4 e pouco o litro e agora está quase R$ 7." No período, a soja no mercado futuro subiu cerca de 40%.

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Recorde indesejado

A forte pressão de custos dos insumos enfrentada por Maestrello é a realidade dos agricultores brasileiros que vão plantar a safra mais cara da história, apontam levantamentos de várias instituições. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia, esta última um dos principais exportadores de adubos para o Brasil e a crise energética e logística da China, onde estão as fábricas de defensivos, além da alta do diesel, levaram os preços de insumos às alturas.

Pressões de custos dos grãos soam como um sinal de alerta para uma inflação de alimentos "encomendada", que pode se concretizar em 2023 ou não, a depender da situação do mercado na hora da comercialização da safra.

Onde o problema é maior

Nas contas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o gasto médio no País para produzir um hectare este ano deve crescer 45% para a soja e aumentar quase 50% para o milho em relação ao anterior. "Pode ser que o custo seja ainda maior", frisa Maciel Silva, coordenador de Produção Agrícola da CNA. É que, neste momento, nem todos os insumos foram comprados e, portanto, estão sujeitos a altas de preços, diz.

No entanto, o aumento de custos em regiões específicas e consolidadas na produção de grãos supera a média nacional calculada pela CNA. A alta dos gastos com insumos para a próxima safra de soja varia entre 60% e 70% no norte do Paraná e no Mato Grosso em relação à anterior, apontam a cooperativa Cocamar, de Maringá (PR), e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pressionados pela alta dos custos, acentuada no último mês como consequência da guerra na Ucrânia, produtores de suínos e ovos passaram a reduzir suas ofertas em uma tentativa de elevar os preços de venda e diminuir os prejuízos que foram acumulados nos últimos dois anos. A medida deve dificultar - ainda mais - a vida do consumidor, que enfrenta uma inflação de 11,3% nos últimos 12 meses.

Desde o início da pandemia, a cotação do milho, uma das principais matérias-primas da atividade, avançou 71%. Enquanto isso, o preço no atacado da caixa de ovos comercializada em Bastos (SP), cidade que é a maior produtora de ovos do País, aumentou 36%. No caso da carne de porco, a situação é ainda mais delicada: o valor médio pelo quilo pago ao produtor em cinco Estados subiu 18%.

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A analista Juliana Ferraz, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq/USP), explica que, para os produtores de suínos, há uma dificuldade de repassar a alta nos custos porque a carne é tida como produto intermediário, nem caro nem barato.

Isso significa que, quando a carne bovina encarece, os consumidores não recorrem à de porco, mas à de frango. "Os preços do suíno acabam ficando muito voláteis e é mais difícil fazer o repasse", diz Juliana.

Preço da ração

Segundo ela, a suinocultura vive uma das piores crises da história, com produtores tendo prejuízos há mais de um ano. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo setor está o preço da ração. Do total do custo de produção, 70% é com milho e farelo de soja.

O suinocultor Fernando Haidemann Esser, de Santa Catarina, conta que, antes da pandemia, pagava R$ 45 na saca de milho e R$ 1,20 no quilo do farelo de soja, também usado na alimentação animal.

Em março, chegou a pagar R$ 105 e R$ 3,10, respectivamente. Sem conseguir repassar essa alta, diminuiu o número de matrizes de 600 para 400. "A cada ano eu renovava metade do plantel. Desde agosto passei a reduzir. Minha reserva financeira acabou. Não tenho mais como fazer reposição", diz. "Antes da guerra, a alimentação já estava cara, mas tinha perspectiva de que os preços começassem a cair. Com a guerra, ficou mais difícil."

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivanio de Lorenzi, o prejuízo dos produtores da região hoje é de R$ 1,10 por quilo de carne e deve se manter por mais um ano, período em que os custos estarão pressionados e ainda haverá excedente de carne suína no mundo.

A oferta da proteína tem crescido globalmente desde 2019, quando a peste suína africana dizimou o plantel da China. Produtores de todo o mundo ampliaram suas ofertas de forma desordenada para atender o mercado oriental.

Ovos

O setor de ovos também tem registrado perdas. Segundo o Sindicato Rural de Bastos, com o aumento no preço das commodities desde 2020, o custo para produzir uma caixa de 30 dúzias alcançou R$ 200, enquanto o preço de venda ronda os R$ 140.

Cristina Yabuta, diretora da entidade, reconhece que houve alta de 40% no preço de venda apenas neste ano, mas afirma que, ainda assim, não foi suficiente para cobrir os custos.

Segundo Cristina, diante do prejuízo, os produtores passaram a mandar as galinhas para o frigorífico e, assim, o número de aves destinadas à produção de ovos caiu de 12 milhões em 2020 para 8 milhões. "Nunca imaginamos que teríamos tanto prejuízo. Cada galinha é um rio de custos sangrando. E, para nosso consumidor, que é a base da pirâmide, também não está barato", afirma.

Com três granjas em operação em Bastos, Jorge Miyakubo precisava comprar 27 mil pintinhos a cada dois meses para manter o nível de produção. Agora, reduziu para 21 mil. "Tive de diminuir porque, quanto mais ração, mais prejuízo. Não estou repondo o total para ver se os preços melhoram."

Cristina afirma que o equilíbrio entre custo e preço de venda só deve ser atingido quando houver redução ainda maior no número de aves. Isso deve levar cerca de um ano para ocorrer, dado que, ao contrário do ciclo da carne de frango, o do ovo é longo. São ao menos seis meses para a galinha botar os primeiros ovos e, a partir daí, mais 70 semanas produzindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se os produtores de carne suína e ovos já enfrentavam dificuldades desde o começo da pandemia por conta da alta das commodities, a guerra se tornou motivo extra de preocupação. Com a Ucrânia e a Rússia sendo, respectivamente, o quarto e o sexto maiores exportadores de milho, a cotação disparou nas primeiras semanas após a invasão russa.

A média do preço da saca ficou em R$ 99,69 - valor que não se via desde maio de 2021 e quase o dobro do registrado dois anos atrás.

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Agora, porém, há sinais de trégua no mercado, o que pode garantir, ao menos temporariamente, um alívio aos produtores de proteína animal.

Por enquanto, o preço médio da saca de milho é de R$ 90,22, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq/USP).

Além da desvalorização do dólar ter ajudado nesse recuo, a expectativa de que a segunda safra deste ano no Brasil será boa reduziu a pressão no preço.

Terceiro maior exportador de milho, o País deve ter uma oferta 46% maior na segunda safra de 2022 na comparação com a de 2021, segundo estimativa divulgada na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Exportação

Dados dos EUA apontam que, pelo menos neste ano, as exportações ucranianas ficarão 23% abaixo do esperado. É uma redução significativa no volume de milho disponível no mercado, mas inferior ao que se esperava em março.

Ainda que haja indicativos de uma melhora para os produtores de proteína, a tendência é que os preços também não recuem muito mais. No mercado futuro, a cotação fica entre R$ 86 e R$ 87 até o fim do ano.

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, os preços devem se manter elevados até início de 2023.

O pesquisador Lucilio Alves, do Cepea-Esalq/USP, lembra que ainda não se sabe se os ucranianos vão conseguir plantar a próxima safra. "A guerra prejudica o fornecimento de sementes, combustível, fertilizantes, além da comercialização. Boa parte da produção era escoada via Mar Negro, o que fica complicado agora. Isso tudo ainda pode mexer nos preços", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira que o agronegócio brasileiro "não é dez", mas "nove", em razão da dependência do País da importação de fertilizantes essenciais para as lavouras.

A fala foi feita em transmissão ao vivo nas redes sociais e ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nome favorito do Centrão para ser a candidata a vice de Bolsonaro.

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O agronegócio é uma importante base eleitoral do presidente, mas tem recebido acenos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário do chefe do Executivo nas eleições deste ano.

"Nosso agronegócio não é dez, é nove, porque depende de outros fatores para ser dez", afirmou o presidente na live. Tereza Cristina complementou a declaração. "O Brasil, no passado, não fez um programa nacional para produção própria de fertilizantes. Fizemos opção errada lá atrás", disse a ministra, que deve lançar até o fim do mês um programa nacional para fomentar a produção local do insumo.

Na manhã desta quarta-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu as férias para defender o agronegócio baseado na mineração em terras indígenas. Ele indicou que o conflito no leste europeu deve comprometer a economia por dificultar a compra de potássio da Rússia.

“Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”, justificou para promover o Projeto de Lei 191/20, que permite a exploração de recursos naturais em território indígena.

Discurso no plenário em 2016

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Bolsonaro ainda publicou um pronunciamento de 2016, quando era deputado pelo PP, no qual comentou sobre seu interesse de restringir as políticas de preservação ambiental para ampliar o mercado nacional de potássio.

“Grande parte da agricultura precisa do potássio e somos totalmente dependentes da Rússia", destacou. 

"Temos uma mina de potássio enorme na região do Rio Madeira, que não é explorada por vários motivos: licença ambiental, um presidente com pulso resolveria o problema, questão de reserva indígena. E essas reservadas de potássio foram acertadas via Petrobras, Deus lá sabe como, que está nas mãos de uma empresa canadense”, criticou.

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O impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia também provoca estragos na cadeia da pecuária. Criadores de bovinos, suínos e aves, que têm boa parte de custos baseada no consumo de grãos (como milho e farelo) para alimentar os animais, terão pela frente um cenário mais complicado.

A Ucrânia é uma grande produtora de milho e a Rússia, um dos maiores produtores de trigo. Mesmo que o trigo não seja usado como ração no Brasil, quando o preço do grão sobe ele puxa a cotação de outros grãos.

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Apesar da alta moderada esperada para o preço do milho, a principal fonte de ração animal, na casa de um dígito, analistas afirmam que o nível atual das cotações do grão já é muito elevado e pressiona custos. "O aumento dos preços das commodities vai impactar no custo das cadeias de produção de aves, suínos e bovinos", afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.

Ele diz que essa alta adicional de preço do milho por conta do conflito piora um quadro que já era crítico para muitos pecuaristas. Isso porque houve quebra na segunda safra de milho de 2021, e a primeira safra do grão deste ano foi afetada pela seca no Sul.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Poder Executivo enviou mensagem para retirar o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 36/21, que abria crédito especial de R$ 138,3 milhões. Os recursos tinham como origem emendas do relator-geral do Orçamento, classificadas como RP9. 

A maior parte dos recursos, de R$ 128,3 milhões, iria para fomento ao setor agropecuário. Os R$ 10 milhões restantes destinavam-se à estruturação de unidades de atenção especializada em saúde. 

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Originalmente, o crédito especial fazia parte do PLN 31/21. No entanto, a Comissão Mista de Orçamento decidiu dividir a proposta por causa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a execução das emendas RP9 por julgar que faltava transparência na distribuição por indicações de parlamentares.  Em resposta, o Congresso aprovou uma resolução que aumenta a publicidade sobre a destinação e estabelece limite para as despesas.

Nesta segunda-feira (6), a ministra do STF Rosa Weber liberou a execução das emendas de relator de 2021 desde que sejam aplicadas as regras da resolução do Congresso.

  Na mensagem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a programação orçamentária do Ministério da Agricultura já contempla suplementação de R$ 128,3 milhões para fomento e apoio aos pequenos e médios produtores rurais. A política tem como objetivo o estímulo ao aumento da geração de emprego e renda no setor agropecuário. 

Originalmente, as emendas de relator ofereciam R$ 128,3 milhões para o Ministério da Defesa, como parte do programa de implementação de infraestrutura básica nos municípios da região do Calha Norte. Os outros R$ 10 milhões financiavam o apoio ao controle de qualidade da água para prevenção de doenças. 

*Da Agência Câmara de Notícias

O empresário goiano Marcello Brito, de 57 anos, tem vocalizado as críticas mais contundentes do setor agroindustrial brasileiro ao atual governo federal. Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) há três anos, Brito seguiu na sexta-feira, 5, para Glasgow para participar da Cúpula do Clima. Levou para a COP-26 uma avaliação bastante negativa da política ambiental do País e seus reflexos no setor exportador. Em entrevista ao Estadão, lamentou o que chamou de "cegueira" nas relações internacionais, especialmente durante o período de Ernesto Araújo como chanceler. "Não podemos fazer molecagem com um cliente como a China", destacou.

Sem se esquivar do tema eleições, o presidente da Abag calculou que o atual apoio ao presidente Jair Bolsonaro no setor não passa de 30% e disse ver "muito espaço" para uma terceira via na disputa de 2022. "Esse campo vai afunilar. A terceira via não precisa ter pressa."

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A entidade, que tem entre seus associados gigantes do setor e empresas multinacionais, foi signatária de um manifesto que citava a "politização nociva" e o "risco de retrocesso" no País às vésperas do 7 de Setembro.

Como fazer com que o agronegócio seja um sistema sustentável? Qual porcentual o setor vai alcançar no PIB deste ano?

Em relação ao porcentual do PIB, devemos ficar ao redor dos 30%. Mas eu não sei se fico completamente feliz com isso. Eu ficaria feliz se a gente representasse 30% de um PIB em crescimento, tendo o PIB da indústria forte, e dos serviços também. Mas estamos vendo o contrário, com a indústria definhando. Isso cria no médio e longo prazo uma barreira também para o agro. Nós vamos crescer até um limite que o crescimento da indústria e dos serviços permitam. A gente não consegue crescer continuamente sozinho com outros setores definhando na economia. Vamos esperar um tempo ainda para saber se devemos celebrar. Sobre se o agro por inteiro será sustentável: o agro é sustentável. O que a gente chama de agro é uma mistura. O produtor de hortifruti que está no cinturão verde de São Paulo é agro. O produtor da caatinga no Nordeste é agro. O grande produtor de soja é agro. O pequeno produtor de leite é agro. Temos diversos cortes desiguais. Se você pegar o censo agropecuário de 2017, que é o último que temos, infelizmente, você vai ver que 71% do valor bruto da produção do setor está na mão de 2% das propriedades. São 6 milhões de propriedades rurais no Brasil aproximadamente. Temos então um agro concentrado.

A Abag foi signatária de um manifesto divulgado às vésperas do 7 de Setembro que falava em risco de retrocesso. Naquela ocasião, a mobilização do presidente Jair Bolsonaro esgarçou ainda mais a relação com os demais poderes. Nossa democracia continua sendo testada?

Não somos ainda uma democracia estabilizada. Ela tem sido forçada através dos tempos. Somos ainda uma democracia em consolidação. O manifesto saiu porque nós estamos preocupados. As associações que assinaram o manifesto são políticas, mas não partidárias. Essas associações viram com muita preocupação o movimento que se desenhava no dia 7 de setembro. E foi tão grave que o próprio presidente da República foi a público e se desculpou. Voltou atrás. Isso mostra que o nosso manifesto estava correto, e não aqueles que nos criticaram.

 

O agronegócio foi identificado em 2018 como um setor apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Até que ponto esse apoio sofreu abalos?

Mas qual agro está identificado (com Bolsonaro)? O agro está identificado (com Bolsonaro) por uma descrição generalista da imprensa. O agro está mesmo com o presidente? Quais setores? Temos setores nos quais o presidente da associação tem um vínculo partidário, e então ele se coloca à disposição deste partidarismo. Não vou citar nomes, mas essas estão intimamente ligadas ao presidente e ao seu espectro político. Mas mesmo dentro delas há associados que estão fora. Uma parcela do agronegócio, assim como da indústria, apoia o presidente. As pesquisas mostram que ele tem entre 25% e 30% de aprovação. Se você percorrer o nosso setor, vai ver que ele também tem entre 25% e 30% de aprovação.

O setor do agronegócio então reproduz o que as pesquisas apontam...

Na sua essência sim, com algumas variações regionais. Em Estados com maior peso do agronegócio, talvez a classificação seja diferente de outros onde a classificação seja maior na indústria.

Há um racha?

Eu não diria que há um racha porque nunca houve um comprometimento do setor inteiro com uma única linha. Fui um grande crítico do governo do PT, mas sempre sentei com todos os ministros para conversar. No governo Bolsonaro, a gente faz a mesma coisa com a ministra Tereza Cristina. Não pode haver racha onde nunca houve uma unidade formal.

Que setores foram mais prejudicados em temas como a relação com a China, por exemplo?

 

O setor mais chateado com a política do atual governo é o exportador. A gente vê uma cegueira, uma miopia no que se refere às relações internacionais. Isso choca bastante. Não podemos fazer molecagem com um cliente como a China. O que foi feito com a China foi molecagem. O poder está na mão do consumidor, de quem paga. Se você vira para um cliente e diz: ‘você não tem opção’, ele vai imediatamente procurar outro (fornecedor). Mesmo que ele demore um tempo para encontrá-lo, a partir daquele momento ele não te trata bem mais. Ele sabe que não pode confiar em você. Ficar sem a China hoje é inimaginável. O Brasil passou a ter relações internacionais depois da entrada do chanceler (Carlos) França. Lamentavelmente, nos tempos do Ernesto Araújo tivemos uma inversão do termo conhecido como relações internacionais. Ele foi a destruição das relações brasileiras com seus principais clientes. Só deve dar pitaco em relações internacionais quem entende. Quem é amador fica em casa.

Como o sr. viu a ausência do presidente da República na Cúpula do Clima? O Brasil assumiu novos compromissos ambientais. Eles são suficientes para reverter a imagem ruim do País?

A ausência do presidente Jair Bolsonaro na COP foi salutar para o Brasil. Temos um presidente da República que não une. Pelo contrário, ele separa. Então a presença dele não é bem-vinda. A equipe que está lá é de alta competência. Se a gente almeja ser alguém, temos que participar desses fóruns mundiais. Quando a turma voltar para o Brasil precisa provar que esses compromissos foram para valer. Nos últimos três anos nada foi para valer.

Há espaço para a terceira via na eleição do ano que vem?

Evidente que há espaço. Segundo as pesquisas, 45% da população brasileira não decidiu seu voto. Os dois líderes têm rejeições altíssimas. Espero que a gente tenha inteligência de trabalhar nesse campo. Precisamos de um projeto de País.

O agronegócio está empenhado na busca de um nome da terceira via?

Existem setores do agro que sim. Empresários estão envolvidos nesse processo, e eu sou um deles.

Entre até 11 nomes que surgiram na terceira via, qual, na sua avaliação, é mais palatável?

Todos os nomes que surgiram na terceira via para mim fazem parte de um grande balão de ensaio que começa a se afunilar no final de novembro. E vai se afunilar até março. Desses 11, serão 2 ou 3 candidatos no máximo. Vários destes se lançaram para tentar uma vaga de vice ou criar espaço para disputar o governo de algum Estado. Não precisa ter pressa. Por que essa pressa toda para lançar um candidato da terceira via? Para começar a apanhar agora dos gabinetes do ódio dos dois lados?

Qual foi o papel do agro na decisão do governador João Doria sobre o ICMS dos alimentos em São Paulo?

 

Foi uma questão de sensibilidade. O Brasil vive um caos social. Voltamos a um patamar da fome que há décadas não víamos. Desonerar impostos é muito salutar, desde que o estado tenha condição fiscal de fazer. Geralmente, quando se reduz imposto, a produção aumenta e a sonegação diminui.

Como o setor se posicionou em relação ao marco temporal?

Tem dois lados. Tem gente grande como o CEO da Suzano (Walter Schalka) que escreveu um artigo dizendo que é um absurdo aprovar o marco temporal na forma como a parte mais radical do agro quer. Essa é uma das decisões mais difíceis que o STF vai ter que tomar. Isso diz respeito ao nosso futuro. Dizimar as populações indígenas só nos faz um país pior.

E sobre o projeto de lei da regulação fundiária por autodeclaração?

Sou a favor da regulação fundiária. É uma questão econômica. Sem a devida propriedade da terra você não consegue os financiamentos adequados. Durante as décadas de 70, 80 e 90, o governo incentivou muita gente a ir para a Amazônia.

Como avalia a participação do Brasil na COP?

Tem três faces da COP. A primeira é a negociação do artigo 6 e assinatura dos acordos internacionais. A segunda área da COP são os contatos feitos pelos governos subnacionais naqueles espaços vazios deixados pelo governo federal. Tem muito dinheiro no mundo para financiar desenvolvimento sustentável, agricultura de baixo carbono. Nós não estamos conseguindo porque o governo federal fechou essa porta. Você imagina que tem U$ 1,5 bi parados desde 2019 num país com a draga econômica que estamos, isso é uma falta de respeito administativo pelo País. Os governos estaduais estão se encontrando com esses fundos de investimento e fazendo o acesso para quando o bom senso baixar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O frete rodoviário das principais rotas de grãos subiu em média 13% no acumulado deste ano e mais de 30% na comparação com igual período do auge da safra 2020/21 (fevereiro a abril). As estimativas são do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Esalq/USP (Esalq-Log) e se referem à média de preços do mercado interno. O aumento do custo do transporte foi puxado pelas altas consecutivas do óleo diesel e pela maior demanda para escoamento da safra de verão. A tendência é de que os preços recuem no último trimestre do ano, mas ainda permaneçam elevados na comparação com os valores do ano passado, segundo especialistas em logística.

Nas principais rotas de exportação (fazenda/porto), o incremento do frete é ainda maior. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que o custo para transporte de soja de Sorriso (MT) para Santos (SP) subiu 16% de janeiro a 7 de outubro deste ano, atingindo a média de R$ 331,84 por tonelada. De Sorriso para Miritituba (PA), o frete subiu 40% no ano, alcançando em média R$ 182,57 por tonelada no último dia 7.

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Estes trechos são considerados referência no mercado porque Sorriso é o maior município produtor de soja e milho do Brasil; são trechos com mais de 2 mil quilômetros; são rotas realizadas com modal misto (rodoviário/ferroviário e rodoviário/hidroviário) e porque Santos e Miritituba são os principais portos utilizados para exportação de grãos do Centro-Oeste.

Os especialistas atribuem a inflação do frete a três fatores: o atraso na janela da soja da safra 2020/21, que levou à concentração de grãos no mesmo período para escoamento; a valorização dos grãos diante do dólar apreciado ante o real, que aumentou a demanda para transporte fazenda-porto; e aos sucessivos aumentos do diesel. "Tivemos uma safra de soja em volume normal, apesar da menor produção de milho. Isso se refletiu em fretes muito altos até julho, em virtude do escoamento da soja, e depois declinaram, porque a necessidade de cargas era menor, mas se mantiveram acima dos valores do ano passado", explicou o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira.

A um ano das eleições, o agronegócio começa a mostrar divisões internas e a procurar alternativas ao presidente Jair Bolsonaro entre os candidatos de centro, a chamada terceira via. Influenciadores e grandes empresários do setor dizem, contudo, que, se um nome fora da polarização não se viabilizar, o cc

"Entre os agricultores, vejo uma tendência pró-Bolsonaro. Agora, nas instituições está todo mundo olhando o horizonte, ninguém tem posição tomada ainda", disse o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas.

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Um dos que mantêm canal direto com o agro é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também buscam refazer pontes e telefonaram para Rodrigues. Assim como o PSB. "Todos que me procurarem vou ajudar, com o mesmo plano de governo para todos. Eu defendo a agricultura em qualquer ambiente", afirmou o ex-ministro de Lula, que não teve ainda contato com Bolsonaro.

A debandada de parte do setor ficou evidenciada com a iniciativa de entidades do agro de encabeçar uma carta em defesa da democracia, antecipando-se ao recuo dos industriais. Embora não cite Bolsonaro, o texto foi articulado como contraponto ao discurso autoritário do presidente no 7 de Setembro. O manifesto menciona a "moderna agroindústria brasileira". "Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis", diz o texto, que fala em "tensionamento e riscos de retrocesso e rupturas". Assinaram o documento, entre outros, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal.

Para Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil e ex-candidato a vice-presidente pelo Novo, apesar de ser heterogêneo, o setor se unirá na oposição a Lula. Segundo Lohbauer, há três grupos no agro: um contra o retorno do PT; um que apoia fielmente a gestão da ministra da Agricultura, Tereza Cristina; e outro que é pró-Bolsonaro, o que ele chama de "radicalismo agrário". "Se tem uma pauta que integra e une é a agenda anti-PT, por isso ocorre essa associação binária", afirmou. "O agro inteiro busca encontrar uma alternativa para o PT não ganhar e vai fazer o que for necessário."

A opinião de Lohbauer coincide com a de outro nome de peso do setor, o ex-ministro da Agricultura no governo Collor Antônio Cabrera Mano Filho. Eles observam que Ciro Gomes (PDT) se inviabilizou por causa de declarações generalizantes em que citou "bandidos do agronegócio". Ciro depois se retratou, afirmando que se referia a uma "parcela ínfima".

"Do outro lado (esquerda) não é a nossa praia, não tem como. O apoio a Bolsonaro é generalizado", disse Cabrera, veterinário e exportador de carne, milho, soja e cana-de-açúcar. "Não sou muito fã desse negócio de terceira via. É meio que tentar embalar algo que não está dando certo. Até gostaria que surgisse, mas o que percebo é que está ficando Bolsonaro contra anti-Bolsonaro", declarou o ex-ministro.

Para Cabrera, há um sentimento geral de frustração com outras agendas liberais do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele citou a falta de avanço nas reformas tributária e administrativa e, principalmente, as privatizações que patinam. "O maior adversário de Bolsonaro se chama Bolsonaro. Hoje eu sou a favor dele porque não tenho nenhuma opção, dentro da linha da liberdade econômica", afirmou. "Ficar falando que o Bolsonaro só diz bobagem não vai eleger ninguém. É um voto birrento, infantil. Candidatos da esquerda só falam em meio ambiente. É importantíssimo, mas e a infraestrutura?"

'Grave'

O pecuarista e ex-dirigente da Sociedade Rural Brasileira Pedro de Camargo Neto acrescentou como frustrações os retrocessos na pauta anticorrupção com a demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e a aliança com o Centrão. Ele rompeu com a entidade que presidiu após 30 anos de elo, por causa do apoio da SRB a políticas do atual governo personificadas pelo ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles - investigado por suspeita de envolvimento com madeireiras.

"A credibilidade do País foi perdida com a permissão de ilegalidades, a extração de madeira e o garimpo. Se não enfrentar isso e o grilo de terras, que é roubo de terra pública, não resolve nada, não adianta ficar falando de bioeconomia e de pagamento por serviço ambiental na Amazônia", afirmou. "Nisso o governo falhou e é muito grave. Tem que pôr ordem na casa", cobrou o pecuarista, que tem fazendas em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Piauí, e é doutor em Engenharia de Produção pela USP.

Apesar das críticas, líderes do setor apresentam inúmeros pontos de identificação com o atual governo para justificar a escolha num cenário de polarização com o PT. Entre outras razões, estão o conservadorismo e um cansaço da relação conflituosa histórica com ambientalistas, movimentos sem-terra e organizações não governamentais (ONGs). "Os caras apanharam do ambientalismo, do MST, então eles têm uma sequela, uma mágoa. É um Brasil fora das bolhas urbanas e tem pensamento mais conservador, de costumes", disse Camargo Neto.

Outro traço em comum é a boa avaliação de ministros como Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), e "correções de rumo" com as entradas de Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Carlos França (Itamaraty) no governo. "Os ministros próximos do agro estão fazendo um bom trabalho e isso valoriza Bolsonaro perante os agricultores", afirmou Roberto Rodrigues.

A bonança do agro em plena pandemia da covid também é destacada. Segundo Cabrera, o setor cresceu e traders já estão procurando produtores para negociar a compra antecipada da safra de 2023. O ex-ministro de Collor elogiou o governo Bolsonaro por dois pontos principais: não interferir no mercado para controlar exportações, seja com limitação ou tributação, e a ausência das invasões no campo por parte do MST. "Não somos alienados, sabemos que temos problemas graves de saúde na pandemia, mas o setor foi muito agraciado, com exportações."

Conhecedor no mercado externo, Camargo Neto vai além: a conjuntura de dólar valorizado nas exportações em alta beneficiou como nunca o exportador. "Isso era algo que não acontecia. Aumentou a exportação e não derrubou o dólar. O setor acaba sendo beneficiado", disse. "Mas tem que ver como fica no ano que vem. Os insumos também subiram."

Até agora, nenhum presidenciável manteve diálogo formal para pedir apoio a entidades do setor. Porém, há reuniões frequentes com Bolsonaro e diálogos incipientes em privado com outros presidenciáveis.

Partidos também avaliam nome

Além de lideranças do setor do agronegócio, cresce no espectro da direita partidária a disposição de buscar outro nome capaz de derrotar o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial de 2022.

As mais recentes pesquisas de intenção de voto mostraram o presidente Jair Bolsonaro com dificuldades para debelar a rejeição, na faixa de 60%.

"É um empecilho muito grande. Lula está conseguindo voto útil, um feito inédito. A eleição começa a mudar de eixo. Desde 2006 discutimos o anti-PT. Agora, estamos discutindo o anti-Bolsonaro", afirmou Bruno Soller, do Instituto Travessia Estratégia e Marketing.

O União Brasil, novo partido que resultará da fusão entre o PSL e o DEM, avalia os prós e contras de apoiar ou não a reeleição de Bolsonaro. Uma candidatura própria partiria turbinada por R$ 320 milhões do fundo eleitoral, a maior fatia.

Quadros que voltaram ao poder depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entretanto, pretendem fazer de tudo para não regressar à oposição, ainda que tenham de se aliar novamente ao presidente. A hipótese tem agitado os bastidores da fusão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o recuo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidades do agronegócio brasileiro divulgaram um manifesto ontem em que defendem o estado democrático de direito garantidor da "liberdade empreendedora", o inverso de "qualquer politização ou partidarização nociva" que agrava os problemas do País. O texto é assinado por entidades do setor agroexportador brasileiro. A exemplo do documento produzido na Fiesp, o manifesto das entidades do agronegócio não cita o presidente Jair Bolsonaro.

Porém, opta por uma mensagem mais incisiva, ao descrever a sociedade brasileira como "permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais".

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O texto das entidades do agronegócio foi divulgado após a Fiesp decidir adiar a publicação de um manifesto que pediria a pacificação entre os três Poderes. A decisão surpreendeu signatários do documento e foi considerada unilateral. Skaf tomou a decisão depois de conversar por telefone com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), aliado de Bolsonaro.

Empresários e representantes de entidades também se surpreenderam com a reação do governo federal - na medida mais dura, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal decidiram deixar a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) caso o manifesto seja publicado. Desde o início, a preocupação era de que o texto não assumisse um caráter antigoverno. Em nota, a Fiesp, afirmou que o adiamento atende ao interesse de dezenas de entidades que manifestaram apoio à causa.

Manifestações neste sentido estão sendo produzidas às vésperas do 7 de Setembro, que terá atos convocados por Bolsonaro e seus apoiadores. "Diante da decisão da Fiesp, essas entidades acharam melhor se manifestarem de forma conjunta e independente", disse Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). "Entendemos que se manifestar faz parte do espírito republicano."

O Estadão apurou que a nota das entidades do agronegócio foi produzida ao longo das últimas duas semanas. Embora evite "fulanizar" o recado, como disse um dos responsáveis pelo documento, a mensagem é endereçada ao governo.

As entidades dizem que estão preocupadas com os atuais desafios à harmonia político-institucional e à estabilidade econômica e social do País. "Em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes, num chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua história", diz o documento. "Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não nos podemos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais."

O manifesto tem como signatários a Abag, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), a Croplife Brasil (que representa empresas de defensivos químicos, biológicos, mudas, sementes e biotecnologia), a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Setores representativos da agroindústria manifestam desde o início do atual governo preocupação com o crescente desmatamento florestal no País, o que ocasiona perda de mercados importantes na Europa e Estados Unidos. A crise institucional agravou a situação, segundo o representante de uma associação. "O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter", alertam as entidades. "Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis"

O texto lembra que, sob a Constituição Federal de 1988, a sociedade escolheu viver e construir o País por meio do estado democrático de direito. "Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes", citam as entidades.

Segundo elas, o desenvolvimento econômico e social do País, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, reconhecendo as minorias, a diversidade e o confronto respeitoso de ideias. "Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade, que tanto nos envergonham."

O presidente da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil China (CCDIBC), Fábio Hu, e o diretor de Relações Institucionais, Ulisses Vega, desembarcam no Recife nesta segunda-feira (30), para encontrar com produtores do agronegócio no Nordeste. As reuniões serão mediadas pela R2MD Consultoria Empresarial, empresa pernambucana credenciada à CCDIBC e à Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).

A consultora tem pautado relações com a China recentemente, tendo se reunido em São Paulo, junto à Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China e à Agropecuária Vita+, de Mossoró-RN, em junho, para tratar da exportação do melão brasileiro ao país no Oriente.

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“A China consome o equivalente a metade da produção mundial de melões. Isso significou só em 2017 cerca de 17 milhões de toneladas. Tem muito espaço a ser conquistado, principalmente na entressafra, com o inverno chinês se aproximando. O país não consegue produzir por causa das temperaturas muito baixas, aumentando assim a procura pela exportação, mas para isso, os produtores interessados precisam respeitar os protocolos exigidos, a qualidade da produção, inclusive dentro das normas contra pragas da cultura, a exemplo da conhecida como mosca-das-frutas”, destacou Rafael Martins, sócio-diretor da R2MD.

Amanhã (31), Fábio Hu embarca para Mossoró (RN), para conhecer uma fazenda-modelo, e traçar uma estratégia para o embarque de um novo contrato comercial entre Brasil e China. Por conta da pandemia de covid-19 e da interrupção do tráfego no Canal de Suez, no Egito, rota fundamental entre os continentes europeu e asiático, em março deste ano, o fluxo de cargueiros ficou comprometido e o atraso nos portos da China passam dos 50 dias.

A R2MD vem atuando em Pernambuco para agir como intermediária dos produtores de frutas interessados em exportar para o mercado chinês, principalmente os produtores de melão, primeira fruta fresca a ser exportada para a China graças ao acordo de bilateralidade assinado em novembro de 2019, em reunião de cúpula dos Brics (agrupamento de países de mercado emergente que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a entrega de terras indígenas ao agronegócio. "A gente dobra a produção no Brasil e diminui despesas", afirmou a apoiadores reunidos na porta do Palácio do Alvorada nesta quinta-feira, antes de embarcar para Cuiabá, onde participa de seminário organizado pela Secretaria de Governo (Segov) em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Além do presidente, o evento, batizado de "Seminário sobre Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade no Centro-Oeste - Dia do Campo", terá as participações da ministra da Segov, Flavia Arruda, do presidente da Funai, Marcelo Xavier, e do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM).

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Segundo a assessoria de Mendes, o seminário visa "contribuir para a autonomia dos povos indígenas por meio do desenvolvimento de atividades econômicas, impulsionar a produção sustentável nas aldeias". Haverá entrega de 42 equipamentos agrícolas a comunidades indígenas do Estado.

Para Bolsonaro, no entanto, apesar da suposta vontade do povo indígena, há grandes obstáculos que dificultam a integração desses povos à sociedade. "A gente briga com a Igreja Católica, parte do MP, com ambientalistas, ações na Justiça. Mas os caras querem produzir, só trabalhar e mais nada", afirmou o presidente aos apoiadores presentes. "Os índios querem produzir, não querem favores de ninguém".

Na manhã desta terça-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a comemorar a suspensão de demarcações de território indígena em seu governo e disse que o fazendeiro está mais tranquilo com a posse de fuzis. O mandatário também apontou que as críticas sobre desrespeito ao Meio Ambiente são motivadas por outros países em razão da concorrência no mercado agrícola.

Em entrevista à rádio Capital Notícia, Bolsonaro confirmou a visita a uma comunidade indígena do Mato Grosso na próxima quinta (26) para a "entrega de algum material". Ele também comentou sobre um projeto no Congresso de autoria do Executivo sobre a permissão para que os nativos possam explorar as terras demarcadas.

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"Os fazendeiros não acordam mais preocupados em saber se foi publicado no Diário Oficial da União uma portaria iniciando a demarcação de uma nova terra indígena. Nós fizemos uma série de exigências de modo que, em dois anos e meio de governo, nenhuma nova terra indígena começou a ser demarcada", celebrou o Bolsonaro, que continuou, "nós também zeramos essa questão de quilombolas".

Fazendeiros armados

Ele acrescentou que outro motivo de tranquilidade aos empresários rurais foi a ampliação das regras de armamento. Segundo o presidente, o Governo Federal tem a missão de “não atrapalhar quem produz e, obviamente, facilitar a vida dessas pessoas”.

"O homem do campo passou a ficar mais tranquilo quando nós conseguimos a posse de arma estendida. [Antes] o elemento comprava uma arma e só podia usar dentro de casa, nós ampliamos isso aí. Hoje, o fazendeiro pode pegar seu cavalo, sua viatura e andar armado em toda a extensão da sua propriedade, inclusive comprando fuzis", ressaltou.

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Fiscalização abusiva do Ibama

Para o gestor, o alinhamento com os fazendeiros também se deve pela diminuição do poder do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "O Ibama chegava e era um festival de multas. Nós racionalizamos isso. Multa é a última instância para ser aplicada por parte do Ibama e assim foi feito, uma multa racional, multa legal, e não uma multa abusiva como sempre existia no passado", avaliou.

Pressões internacionais

Criticado por entidades ambientais nacionais e internacional, Bolsonaro indicou que “poderosas pressões internacionais” têm objetivo de “desmoralizar o governo, desgastar, falar que não gosta do índio, não trata bem a questão ambiental, isso logicamente vai impactando a gente, a gente luta contra isso”.

As críticas sobre o descuido do Meio Ambiente seriam motivadas por países como Estados Unidos, Austrália e França para enfraquecer a atuação do Brasil no Mercado. "Essa concorrência não faz bem para os países que produzem aquilo que nos cultivamos aqui, então esse e o motivo desse desgaste enorme que vem de fora para dentro do Brasil", concluiu.

O Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Mato Grosso (Sindifrigo-MT) afirma que frigoríficos do Estado, o maior produtor de carne bovina do País, podem fechar as portas por falta de gado para o abate. Em nota divulgada nesta segunda-feira (16), a entidade afirma que a menor oferta de cabeças de gado tem prejudicado frigoríficos de menor porte, que vendem para o mercado interno e têm menor capacidade de absorver altas de preço do gado.

De acordo com o sindicato, as 33 indústrias frigoríficas mato-grossenses trabalharam com apenas 58,57% da capacidade de abate em 2020. O faturamento aumentou 45% entre 2018 e o ano passado, mas a quantidade de animais abatidos caiu, de 5,3 milhões para 5,1 milhões. Segundo o Sindifrigo-MT, os dois números mostram o encarecimento dos animais tanto para o consumidor final quanto para os frigoríficos.

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"Mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no Estado", diz Paulo Bellincanta, presidente do Sindifrigo-MT, em nota.

O maior problema, de acordo com o texto, é a falta de cabeças de gado para abate, o que aumenta a concorrência por matéria-prima entre as indústrias e eleva mais os preços. A redução do rebanho seria consequência do abate de matrizes e novilhas nos últimos anos, que teria reduzido a capacidade de reposição de cabeças de gado.

Segundo o sindicato, esse contexto favorece frigoríficos exportadores, que vendem a maior parte de seus produtos em dólar e que portanto, teriam uma margem de manobra maior em sua estrutura de custos. A entidade acredita que o equilíbrio entre os dois segmentos viria caso a utilização da capacidade retornasse a patamares próximos a 80%.

O Sindifrigo-MT pede ajuda governamental para evitar a quebra de indústrias menores, sem detalhar quais medidas pleiteia. "O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos, para que ela possa buscar novamente um equilíbrio", diz Bellincanta. "Neste momento se faz urgente uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de pecuaristas a trabalhadores."

O sindicato afirma que a maior parte das empresas não exportadoras do setor em Mato Grosso gasta menos com a folha de pagamento do que com o recolhimento de ICMS, situação vista como anormal. Segundo o Sindifrigo-MT, os frigoríficos empregam 25.560 pessoas no Estado.

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