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O Vaticano publicou, nessa quarta-feira (25), a carta aos fiéis elaborada a partir do Sínodo dos Bispos, encontro do papa Francisco com demais clérigos no qual deliberam, em assembleia, sobre o futuro da Igreja Católica. Não há referências às guerras da Ucrânia e de Israel.

Apesar dos dois conflitos, o texto não faz qualquer menção direta. "Rezamos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a pobreza e a corrupção lançaram nos perigosos caminhos da migração", diz. Pela primeira vez, mulheres puderam participar do Sínodo dos Bispos e ter poder de voto - ao todo, 54 delas estiveram na assembleia.

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O documento, o primeiro divulgado em quase um mês de reuniões, diz que a Igreja deve se comprometer para garantir que nenhuma pessoa seja vítima de abusos por parte do clero. Também afirma que deve se aproximar dos mais pobres e a escutar as pessoas que são vítimas de racismo, incluindo os indígenas e os povos cujas culturas são desprezadas. Porém, a reunião manteve a resistência à abertura para a participação das mulheres em cargos altos dentro da Igreja.

O Sínodo foi convocado por Francisco para ser realizado entre os anos 2021 e 2024, como parte de seus esforços para reformar a Igreja. Durante dois anos de consultas preliminares entre os católicos em todo o mundo, houve um apelo para que a Igreja, que proíbe mulheres nos seus cargos mais altos, abrisse mais oportunidades para o público feminino assumir papéis de tomada de decisão. O processo acabou gerando uma expectativa por mudanças, mas a carta divulgada nesta quarta-feira deixa claro que essas diferenças permanecem.

O cardeal Robert Prevost, chefe americano do escritório dos bispos do Vaticano, disse que as mulheres estão recebendo cada vez mais cargos de alto escalão no Vaticano e estão até sendo consultadas na nomeação de bispos. Mas, ele insistiu que não há como mudar a tradição de 2.000 anos da Igreja, que confere a ordenação sacerdotal apenas aos homens.

O cardeal Dieudonn Nzapalainga, arcebispo de Bangui, na República Centro-Africana, disse que as mulheres não podem ser deixadas para trás. No entanto, afirmou que incluí-las em funções de autoridade na Igreja era um "trabalho em andamento". "Eles não têm um papel formal, mas eu escuto. Eu ouço as mulheres. Convido as mulheres a participar", disse.

Mulheres reclamam que são excluídas do sacerdócio e dos mais altos cargos de poder, mas, em contrapartida, são as responsáveis pela maior parte do trabalho da Igreja. Nas observações à assembleia nesta quarta-feira, o papa Francisco falou longamente sobre a natureza feminina da Igreja.

A carta teve aprovação de 336 dos 364 membros que integram o Sínodo. Os delegados retornarão a Roma em outubro do próximo ano para continuar o debate e apresentar propostas a Francisco. (Com Associated Press).

O Vaticano vai impulsionar a formação de bispos de todo o mundo na luta contra a pedofilia, graças a um acordo entre a comissão vaticana contra as agressões sexuais a menores e o Ministério para a Evangelização, anunciou o site Vatican News nesta sexta-feira (21).

O papa Francisco, que em 2014 criou a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores com o objetivo de acabar com o grave fenômeno da pedofilia dentro da Igreja, deseja que as entidades trabalhem juntas durante ao menos três anos na formação dos bispos.

A comissão foi criticada duramente por um de seus membros mais influentes, o jesuíta Hans Zollner, que renunciou recentemente ao cargo que ocupava nesse órgão recentemente, alegando que a entidade apresentava problemas estruturais relacionados ao cumprimento, à responsabilização e à transparência.

"A comissão deve resolver problemas urgentes", denunciou Zollner.

Segundo o acordo anunciado nesta sexta, serão organizadas, sobretudo, sessões de capacitação para os bispos recém-ordenados.

Em uma entrevista ao Vatican News, o responsável pela comissão, o cardeal americano Sean O'Malley, explicou que o órgão vai "desenvolver programas com o objetivo de atender as vítimas".

"Se contássemos no passado com a informação que temos agora sobre como proteger e compreender [essa problemática], a história da Igreja teria sido diferente", reconheceu.

"Estamos tentando contar também com a experiência de uma vítima para que os novos bispos possam ouvir em primeira mão o testemunho dramático e os efeitos que esse terrível crime tem sobre suas vidas", acrescentou O'Malley.

Francisco pediu à comissão para "sair e trabalhar com os bispos de todo o mundo para que se capacitem e consigam assim acompanhar e trabalhar com as vítimas" de forma a superar esse drama.

O responsável pelo dicastério (ministério), o cardeal Luis Antonio Tagle, declarou ao Vatican News que se trata de um desafio para sua pasta, já que implica em conhecer tanto as leis e normas aprovadas pelo Vaticano como as dos países envolvidos.

O'Malley considerou que a criação da comissão, há oito anos, gerou "expectativas pouco realistas" sobre como acabar com o fenômeno do abuso sexual de menores na Igreja e no mundo.

A governadora Raquel Lyra participou, na manhã desta segunda-feira (17), de uma reunião com os bispos da igreja católica da Província Eclesiástica de Olinda e Recife, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Recife. Durante o encontro, os religiosos entregaram uma carta elencando demandas nas áreas sociais, econômicas e ambientais na Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão. O documento também sugere 29 ações para a implementação de políticas públicas.

“Foi um encontro muito interessante onde ouvimos as demandas colocadas pela Diocese, a partir da escuta com o seu povo, e que obviamente, não é diferente daquilo que já escutamos da população do nosso Estado. Alguns temas foram colocados como urgentes, a exemplo da questão hídrica, seja de barragem ou acesso a água, as estradas e um novo olhar para que possamos fomentar o turismo religioso. Da Região Metropolitana até o Sertão pernambucano, iremos trabalhar nas demandas colocadas convidando, inclusive, a igreja para participar conosco de diversos comitês que já estão em andamento em Pernambuco”, destacou Raquel Lyra.

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O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, enfatizou que o encontro foi positivo. “Trouxemos um documento rico e aqui trocamos ideias sobre os temas mais preocupantes em cada uma das regiões. Sentimos, da parte da governadora, muita abertura e muita disponibilidade para ajudar, inclusive contando conosco e nos convidando para estarmos mais próximos do governo”, disse.

Também estiveram presentes na reunião os bispos dom Fernando Barbosa (Palmares), dom Francisco Canindé Palhano (Petrolina), dom Francisco de Assis Dantas de Lucena (Nazaré), dom Gabriel Marchesi (Floresta), dom Egídio Bisol (Afogados da Ingazeira), dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa (Garanhuns), e dom Limacêdo Antonio da Silva (auxiliar de Olinda e Recife).

*Da assessoria de imprensa

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu líderes evangélicos no Palácio da Alvorada, nessa terça-feira (8), e afirmou que dirige o Brasil para o lado que os pastores desejarem. Em troca, os presidentes das igrejas garantiram apoio nas eleições.  

O encontro de 2h não tinha tema definido e sequer constava na agenda oficial, mas serviu para Bolsonaro confirmar o apoio político de 24 congregações evangélicas. Diferente de outras reuniões, dessa vez, o evento foi transmitido no Facebook.

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"Seria muito fácil estar do outro lado. Mas, como eu acredito em Deus, se fosse para estar do outro lado, nós não seríamos escolhidos. Eu falo 'nós' porque a responsabilidade é de todos nós. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim o desejarem", declarou o presidente a cerca de 280 convidados, entre parlamentares da bancada evangélica e ministros.  

Em determinado momento do discurso, Bolsonaro chorou ao falar da facada na campanha de 2018 e agradeceu a presença dos líderes religiosos. "Agradeço do fundo do meu coração essa manifestação de preocupação com o futuro da nossa pátria, do nosso Brasil", complementou.

O encontro misturou orações e discursos políticos. O presidente da Igreja Comunitária das Nações, JB Carvalho, comparou o brasileiro a Donald Trump e afirmou “Jair Bolsonaro é a resposta à oração da igreja”. 

Outro que se posicionou contra a vitória de outros candidatos foi o presidente da Renascer em Cristo, Estevam Hernandes. Ele apontou que o desafio das igrejas evangélicas é “não permitir que o ‘espinheiro’ governo o Brasil”.

Sem citar a CPI da Covid - que investiga se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao lidar com a pandemia -, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota nesta sexta-feira, dia 9, em que defende indiretamente os trabalhos da comissão ao exigir a "apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias" de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia, "com consequências para quem quer que seja". A nota foi emitida em meio à crise entre a CPI e a cúpula militar.

"A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19", diz o texto. "Apoiamos e conclamamos às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos", continua a nota.

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A CPI da Covid avalia a possibilidade de comunicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a ocorrência de suposto crime cometido por Bolsonaro, no caso da compra da vacina Covaxin. Nesse caso, o mandatário teria conhecimento de um caso de corrupção e deixou de agir ou comunicar às autoridades competentes - inação que configura prevaricação. De acordo com o deputado Luis Miranda (DEM-DF), o mandatário sabia de ‘rolo’ na compra da Covaxin, cuja aquisição já foi cancelada devido às suspeitas de superfaturamento.

O aparente envolvimento de alguns militares nos crimes investigados foi tema de comentário do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o que acabou irritando a cúpula militar. Em reação - combinada com o presidente - o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica emitiram uma nota na qual acusam Aziz de ter sido "leviano" ao afirmar que há militares envolvidos.

No contexto dos trabalhos da CPI, diversos integrantes das Forças Armadas - alguns dos quais detém ou detiveram altos cargos no governo Bolsonaro - foram citados nas investigações. Diversos militares já foram convocados para depor e um militar é citado como membro de um esquema de rachadinha em áudios da ex-cunhada do presidente da República.

Na fala que irritou a cúpula militar, Omar Aziz disse que "as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo".

Após a nota dos militares acusando Aziz de ser "leviano", diversos integrantes da CPI reiteraram a mensagem de que os senadores não vão se intimidar e darão continuidade aos trabalhos. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, foi um dos que proferiu falas nesse sentido.

Visando dissipar a tensão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o comandante do Exército, general Paulo Sérgio de Oliveira, conversaram sobre o incidente na quarta-feira e reiteraram o respeito mútuo entre Forças Armadas e Senado.

Leia a íntegra da nota:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade. A sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. A gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos.

A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19. "Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque." ( CNBB, Mensagem da 56ª. Assembleia Geral ao Povo Brasileiro, 19 de abril de 2018).

Apoiamos e conclamamos às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler

Arcebispo de Porto Alegre (RS)

Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva

Bispo de Roraima (RR)

Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado

Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Secretário-geral da CNBB

Uma carta assinada por 152 bispos católicos do Brasil, vazada no último domingo (26), aponta "propostas e pactos objetivos, com vistas à superação dos grandes desafios, em favor da vida", diante da crise vivida no país com a pandemia do novo coronavírus e dispara críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

No texto, os religiosos observam que a gestão de Bolsonaro se concentra em uma "economia que mata" e  "não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos"

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"Convivemos, assim, com a incapacidade e a incompetência do Governo Federal, para coordenar suas ações, agravadas pelo fato de ele se colocar contra a ciência, contra estados e municípios, contra poderes da República; por se aproximar do totalitarismo e utilizar de expedientes condenáveis, como o apoio e o estímulo a atos contra a democracia, a flexibilização das leis de trânsito e do uso de armas de fogo pela população, e das leis do trânsito e o recurso à prática de suspeitas ações de comunicação, como as notícias falsas, que mobilizam uma massa de seguidores radicais", argumenta a carta.

Em outro trecho, o documento observa que os bispos que assinam o textos não tomam uma postura ideológica, mas tem o objetivo de construir uma sociedade mais justa. Além disso, também pontua a minimização das mortes por Covid-19 por parte de Jair Bolsonaro, o fato do governo usar a religião para se sobressair e justificar a doença e provocar divisões no país.

Leia o texto na íntegra: 

“Somos bispos da Igreja Católica, de várias regiões do Brasil, em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em comunhão plena com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que no exercício de sua missão evangelizadora, sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Escrevemos esta Carta ao Povo de Deus, interpelados pela gravidade do momento em que vivemos, sensíveis ao Evangelho e à Doutrina Social da Igreja, como um serviço a todos os que desejam ver superada esta fase de tantas incertezas e tanto sofrimento do povo.

Evangelizar é a missão própria da Igreja, herdada de Jesus. Ela tem consciência de que “evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (Alegria do Evangelho, 176). Temos clareza de que “a proposta do Evangelho não consiste só numa relação pessoal com Deus. A nossa reposta de amor não deveria ser entendida como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos necessitados […], uma série de ações destinadas apenas a tranquilizar a própria consciência. A proposta é o Reino de Deus […] (Lc 4,43 e Mt 6,33)” (Alegria do Evangelho, 180). Nasce daí a compreensão de que o Reino de Deus é dom, compromisso e meta.

É neste horizonte que nos posicionamos frente à realidade atual do Brasil. Não temos interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus, presente em nossa história, na medida em que avançamos na construção de uma sociedade estruturalmente justa, fraterna e solidária, como uma civilização do amor.

O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua história, comparado a uma “tempestade perfeita” que, dolorosamente, precisa ser atravessada. A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República, provocada em grande medida pelo Presidente da República e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança.

Este cenário de perigosos impasses, que colocam nosso País à prova, exige de suas instituições, líderes e organizações civis muito mais diálogo do que discursos ideológicos fechados. Somos convocados a apresentar propostas e pactos objetivos, com vistas à superação dos grandes desafios, em favor da vida, principalmente dos segmentos mais vulneráveis e excluídos, nesta sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta. Essa realidade não comporta indiferença.

É dever de quem se coloca na defesa da vida posicionar-se, claramente, em relação a esse cenário. As escolhas políticas que nos trouxeram até aqui e a narrativa que propõe a complacência frente aos desmandos do Governo Federal, não justificam a inércia e a omissão no combate às mazelas que se abateram sobre o povo brasileiro. Mazelas que se abatem também sobre a Casa Comum, ameaçada constantemente pela ação inescrupulosa de madeireiros, garimpeiros, mineradores, latifundiários e outros defensores de um desenvolvimento que despreza os direitos humanos e os da mãe terra. “Não podemos pretender ser saudáveis num mundo que está doente. As feridas causadas à nossa mãe terra sangram também a nós” (Papa Francisco, Carta ao Presidente da Colômbia por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, 05/06/2020).

Todos, pessoas e instituições, seremos julgados pelas ações ou omissões neste momento tão grave e desafiador. Assistimos, sistematicamente, a discursos anticientíficos, que tentam naturalizar ou normalizar o flagelo dos milhares de mortes pela COVID-19, tratando-o como fruto do acaso ou do castigo divino, o caos socioeconômico que se avizinha, com o desemprego e a carestia que são projetados para os próximos meses, e os conchavos políticos que visam à manutenção do poder a qualquer preço. Esse discurso não se baseia nos princípios éticos e morais, tampouco suporta ser confrontado com a Tradição e a Doutrina Social da Igreja, no seguimento Àquele que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Analisando o cenário político, sem paixões, percebemos claramente a incapacidade e inabilidade do Governo Federal em enfrentar essas crises. As reformas trabalhista e previdenciária, tidas como para melhorarem a vida dos mais pobres, mostraram-se como armadilhas que precarizaram ainda mais a vida do povo. É verdade que o Brasil necessita de medidas e reformas sérias, mas não como as que foram feitas, cujos resultados pioraram a vida dos pobres, desprotegeram vulneráveis, liberaram o uso de agrotóxicos antes proibidos, afrouxaram o controle de desmatamentos e, por isso, não favoreceram o bem comum e a paz social. É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população.

O sistema do atual governo não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma “economia que mata” (Alegria do Evangelho, 53), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço. Convivemos, assim, com a incapacidade e a incompetência do Governo Federal, para coordenar suas ações, agravadas pelo fato de ele se colocar contra a ciência, contra estados e municípios, contra poderes da República; por se aproximar do totalitarismo e utilizar de expedientes condenáveis, como o apoio e o estímulo a atos contra a democracia, a flexibilização das leis de trânsito e do uso de armas de fogo pela população, e das leis do trânsito e o recurso à prática de suspeitas ações de comunicação, como as notícias falsas, que mobilizam uma massa de seguidores radicais.

O desprezo pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia também nos estarrece. Esse desprezo é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da educação como inimiga; nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros da educação e do meio ambiente e do secretário da cultura; no desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes pensadores do Brasil; na repugnância pela consciência crítica e pela liberdade de pensamento e de imprensa; na desqualificação das relações diplomáticas com vários países; na indiferença pelo fato de o Brasil ocupar um dos primeiros lugares em número de infectados e mortos pela pandemia sem, sequer, ter um ministro titular no Ministério da Saúde; na desnecessária tensão com os outros entes da República na coordenação do enfrentamento da pandemia; na falta de sensibilidade para com os familiares dos mortos pelo novo coronavírus e pelos profissionais da saúde, que estão adoecendo nos esforços para salvar vidas.

No plano econômico, o ministro da economia desdenha dos pequenos empresários, responsáveis pela maioria dos empregos no País, privilegiando apenas grandes grupos econômicos, concentradores de renda e os grupos financeiros que nada produzem. A recessão que nos assombra pode fazer o número de desempregados ultrapassar 20 milhões de brasileiros. Há uma brutal descontinuidade da destinação de recursos para as políticas públicas no campo da alimentação, educação, moradia e geração de renda.

Fechando os olhos aos apelos de entidades nacionais e internacionais, o Governo Federal demonstra omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres e vulneráveis da sociedade, quais sejam: as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, as populações das periferias urbanas, dos cortiços e o povo que vive nas ruas, aos milhares, em todo o Brasil. Estes são os mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus e, lamentavelmente, não vislumbram medida efetiva que os levem a ter esperança de superar as crises sanitária e econômica que lhes são impostas de forma cruel. O Presidente da República, há poucos dias, no Plano Emergencial para Enfrentamento à COVID-19, aprovado no legislativo federal, sob o argumento de não haver previsão orçamentária, dentre outros pontos, vetou o acesso a água potável, material de higiene, oferta de leitos hospitalares e de terapia intensiva, ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, nos territórios indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais (Cf. Presidência da CNBB, Carta Aberta ao Congresso Nacional, 13/07/2020).

Até a religião é utilizada para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões, difundir o ódio, criar tensões entre igrejas e seus líderes. Ressalte-se o quanto é perniciosa toda associação entre religião e poder no Estado laico, especialmente a associação entre grupos religiosos fundamentalistas e a manutenção do poder autoritário. Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?

O momento é de unidade no respeito à pluralidade! Por isso, propomos um amplo diálogo nacional que envolva humanistas, os comprometidos com a democracia, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, para que seja restabelecido o respeito à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito, com ética na política, com transparência das informações e dos gastos públicos, com uma economia que vise ao bem comum, com justiça socioambiental, com “terra, teto e trabalho”, com alegria e proteção da família, com educação e saúde integrais e de qualidade para todos. Estamos comprometidos com o recente “Pacto pela vida e pelo Brasil”, da CNBB e entidades da sociedade civil brasileira, e em sintonia com o Papa Francisco, que convoca a humanidade para pensar um novo “Pacto Educativo Global” e a nova “Economia de Francisco e Clara”, bem como, unimo-nos aos movimentos eclesiais e populares que buscam novas e urgentes alternativas para o Brasil.

Neste tempo da pandemia que nos obriga ao distanciamento social e nos ensina um “novo normal”, estamos redescobrindo nossas casas e famílias como nossa Igreja doméstica, um espaço do encontro com Deus e com os irmãos e irmãs. É sobretudo nesse ambiente que deve brilhar a luz do Evangelho que nos faz compreender que este tempo não é para a indiferença, para egoísmos, para divisões nem para o esquecimento (cf. Papa Francisco, Mensagem Urbi et Orbi, 12/4/20).

Despertemo-nos, portanto, do sono que nos imobiliza e nos faz meros espectadores da realidade de milhares de mortes e da violência que nos assolam. Com o apóstolo São Paulo, alertamos que “a noite vai avançada e o dia se aproxima; rejeitemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz” (Rm 13,12).

O Senhor vos abençoe e vos guarde. Ele vos mostre a sua face e se compadeça de vós.

O Senhor volte para vós o seu olhar e vos dê a sua paz! (Nm 6,24-26).

Um grupo de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola romperam com o Bispo Edir Macêdo e assumiram o controle de 85 templos, sendo 35 em Luanda e 50 em outras províncias do país. Os líderes religiosos angolanos acusam a direção brasileira de evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade e imposição da prática de vasectomia aos pastores.

A confusão entre as lideranças se tornou pública em novembro do ano passado, quando os pastores e bispos angolanos denunciaram as situações vividas. Segundo eles, as melhores igrejas sempre foram designadas aos brasileiros, que seriam beneficiados também com melhores salários e carros modernos.

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Segundo reportagem da BBC, o controle da Universal em Angola será assumido a partir de agora pelo bispo Valente Bezerra Luiz e a igreja passará a se chamar Igreja Universal de Angola. A Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, tem 10 mil templos espalhados em mais de 100 países e reúne cerca de 500 mil fiéis só em Angola.

A Conferência Episcopal Italiana (CEI) divulgou um documento nesta quarta-feira (10) em que critica a proposta de lei que criminaliza a homofobia no país e que está em debate no Parlamento.

Para os bispos italianos, "não é necessária uma nova lei" sobre o tema porque "existem já adequadas salvaguardas com as quais é possível prevenir e reprimir cada tipo de comportamento violento ou de perseguição".

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"Essa consciência nos leva a olhar com preocupação as propostas de lei atualmente em andamento na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados contra os crimes de homotransfobia. Uma eventual introdução de novas normas incriminadoras pode abrir para derivas liberticidas, para as quais, mais do que assinalar uma discriminação, terminaria por atingir uma expressão de opinião legítima", escreveram os religiosos.

A referência é pela postura da Igreja de não permitir, por exemplo, a união de pessoas do mesmo sexo, e defender isso publicamente.

A Presidência da CEI destaca, no entanto, que "as discriminações, incluídas aquelas baseadas na orientação sexual, constituem uma violação da dignidade humana que, como tal, deve sempre ser respeitada nas palavras, ações e legislações".

"Tratamentos prejudiciais, ameaças, agressões, lesões, atos de bullying, stalking são as outras formas de atentado à sacralidade da vida humana e devem ser combatidas sem meio-termo", ressaltam.

Para a Igreja Católica italiana, mais do que propor leis, deve-se ter "um compromisso educativo na direção de uma séria prevenção, que contribua para derrotar e combater todo tipo de ofensa às pessoas". Após a publicação do comunicado da CEI, o relator da lei contra a homotransfobia, Alessandro Zan (Partido Democrático), disse ter ficado surpreso com a postura dos bispos italianos.

"Surpreendem as críticas da Presidência da CEI à lei contra a homotransfobia, cujo texto unificado ainda não foi apresentado e sobre o qual ainda estamos trabalhando. Vou repetir pela enésima vez para evitar mal-entendidos: não será estendido à orientação sexual e à identidade de gênero o crime de 'propaganda de ideias' como hoje está previsto no artigo 604 bis do Código Penal para o ódio étnico e racial. Não haverá nenhuma limitação da liberdade de expressão ou censura como venho ouvindo nos últimos dias", afirmou o deputado.

Segundo Zan, o texto-base da nova legislação foca "em crimes de instigação para cometer atos discriminatórios ou violentos e sobre a realização desses mesmos atos por condutas motivadas por gênero, orientação sexual e da identidade de gênero".

"Nada a mais, nada a menos. Estamos falando de vítimas vulneráveis e que, exatamente por isso, precisam de uma proteção reforçada. Estamos falando de histórias de jovens que são agredidos nas ruas só porque seguram a mão de alguém, são vítimas de bullying e mortos só por sua orientação sexual. Não se trata de uma lei contra a liberdade de opinião, mas de uma lei que protege a dignidade das pessoas", acrescentou o membro do PD.

Ainda conforme o parlamentar, a Itália está nas últimas posições na Europa nas questões LGBTQ+ por não contar com esse tipo de legislação, já presente em outras nações europeias. A presidente da Comissão de Justiça da Câmara, Francesca Businarolo, do Movimento Cinco Estrelas (M5S), também se disse "muito surpresa com a reação dos bispos italianos" contra a nova legislação.

"Afirmar, como fazem os bispos italianos, que existem 'salvaguardas adequadas' para combater esse fenômeno significa não querer ver uma dura realidade de discriminação nos embates dos quais nós temos a responsabilidade política e ética de intervir", pontuou Businarolo.

A criação de uma lei contra a homofobia tem o apoio do primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, que no Dia Internacional contra a Homofobia, celebrado no dia 17 de maio, cobrou a criação de uma legislação do tipo.

Da Ansa

Em um texto enviado ao Papa Francisco, 200 dos 480 bispos brasileiros pedem que o missionário italiano comboniano Ezequiel Ramin seja reconhecido como mártir da Amazônia, no sínodo extraordinário de outubro. O sacerdote italiano chegou ao País em 1980 e atuou em Cacoal (RO) na defesa de indígenas e de posseiros.

Conforme a agência de notícias vaticana, os bispos manifestaram seu apoio à causa de beatificação do religioso, pelo testemunho de apoio aos povos marginalizados, no âmbito de ação das comunidades eclesiais de base.

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De acordo com a postulação feita em Roma, o religioso foi morto por pistoleiros a mando de fazendeiros no dia 24 de julho de 1985. Houve dois processos e um homem foi condenado, mas fugiu da Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Vaticano promoveu hoje (18) uma entrevista coletiva para a imprensa para informar como será o encontro "A proteção das crianças na Igreja", que discutirá as denúncias de abusos cometidos por religiosos contra crianças e adolescentes, nos dias 21 a 24. Participarão representantes de conferências epicospais de 130 países e integrantes de grupos de vítimas. O Papa Francisco fará a abertura e o encerramento do encontro. 

O secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e membro da Comissão Organizadora, arcebispo de Malta Charles J. Scicluna, disse que o silêncio é inaceitável. "A negação é um mecanismo primitivo, mas devemos nos afastar do código de silêncio, quebrar a cumplicidade, porque o silêncio não é aceitável".

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O arcebispo destacou que, quando se trata de "proteger a inocência", não é possível desistir. "A Igreja é um lugar seguro para todos, especialmente as crianças", ressaltou. Segundo Scicluna, "não basta publicar os números, é preciso um estudo aprofundado para dar um contexto".

Organização

Pela organização do encontro, os três dias de discussão serão dedicados a um tema específico: a responsabilidade dos bispos. Os participantes vão assistir três reportagens por dia seguidas de perguntas e respostas e trabalhos em grupo.

Haverá ainda testemunhos dos sobreviventes e momentos de oração, na abertura e no encerramento do dia. O papa Francisco abrirá os trabalhos com uma introdução e os fechará no domingo com um discurso após a missa. 

O presidente da Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger - Bento XVI , padre Federico Lombardi, fará reuniões privadas com representantes das associações de vítimas.

O encontro ocorre dias depois de o papa Francisco expulsar o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington (EUA), Theodore McCarrick, de 88 anos.

*Com informações da rádio Vaticano

Liderança do PT com maior ligação com a Igreja Católica, o ex-ministro Gilberto Carvalho disse que a decisão do governo Jair Bolsonaro de monitorar os bispos que vão participar do Sínodo da Amazônia, em outubro, em Roma, expõe o Brasil ao "ridículo internacional". Segundo ele, é errado supor que a Igreja é um "braço do PT", como pretendem setores do governo. Para Carvalho, ao mirar nos bispos, o governo, que tem forte influência evangélica, estimula a divisão religiosa no Brasil e tenta encobrir os problemas ocorridos no início da administração Bolsonaro.

"Como brasileiro, fico envergonhado", disse Carvalho. "O Sínodo é uma iniciativa da Santa Sé que articula bispos de toda a Amazônia que vai muito além do Brasil. Tem o Peru, Colômbia, Venezuela, Equador", concluiu o ex-ministro.

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Dizendo esperar que os militares "com bom senso" revejam o que ele chama de "tentativa de criar um Estado policialesco", Carvalho considera perigosa a ofensiva do governo amparado por evangélicos contra a Igreja Católica.

"Uma notícia dessas ridiculariza o Brasil, além de mostrar a pretensão de criar um Estado policialesco. Ao mesmo tempo põe lenha na fogueira dessa guerra religiosa que eles tentam criar no Brasil. É perigoso separar católicos de evangélicos. Este governo tem um setor evangélico com muito peso e isso é ruim para a laicidade do Estado, para a liberdade religiosa", afirmou.

Carvalho negou que a Igreja seja "um braço do PT". Ele lembra que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) jamais emitiu uma nota oficial em defesa dos governos do PT e que organismos ligados à Igreja como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) tiveram postura crítica aos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de lembrar o episódio envolvendo o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que fez greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco na gestão Lula.

"Majoritariamente a Igreja Católica nunca teve ligação com o PT. De jeito nenhum. Sempre foram minoritários os setores da Igreja que tiveram uma ligação mais forte com o PT. Há uma área ligada às comunidades de base que tem pontos de convergência com o partido. Tem gente que foi despertada para a militância a partir de Igreja, mas parceria nunca houve", disse Carvalho.

"Também nunca houve um documento da CNBB que tenha elogiado os governos do PT. O que houve foram conflitos como a questão do dom Cappio. O Cimi o tempo todo teve uma postura crítica contra o governo Lula. O mesmo Cimi que está criticando o governo Bolsonaro agora."

Segundo ele, o governo tenta criar uma cortina de fumaça para os problemas ocorridos desde a posse de Bolsonaro. "Este anúncio de monitoramento obedece a uma tática canhestra de o tempo todo encontrar inimigos, de forma conspirativa. Até para encobrir os problemas que eles têm neste tempo de governo", afirmou o petista.

O papa Francisco pediu, neste sábado (8), a dezenas de novos bispos provenientes de "terras de missão" que fujam do clericalismo (a influência do clero na vida pública), que é, a seu ver, a causa de todos os males da Igreja.

"Queridos irmãos, fujam do clericalismo. Dizer 'não' aos abusos, sejam de poder, de consciência, ou de qualquer outro tipo, significa dizer 'não' com força a qualquer forma de clericalismo", declarou o papa, ao receber 74 novos bispos procedentes de África, América Latina, Ásia e Oceania.

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Esses bispos participam de uma formação de duas semanas, na qual a luta contra a pedofilia ocupa um lugar importante, diante dos escândalos que vêm abalando a Igreja, repetidamente, nos últimos anos.

O papa argentino também pediu aos novos bispos que resistam à tentação de se comportarem como "príncipes", ou "patronos", em suas dioceses.

Francisco lhes pediu que sejam "homens pobres em bens e ricos em relações, nunca duros, nem buscando a confrontação, mas afáveis, pacientes, simples e abertos".

O papa Francisco aceitou nesta quinta-feira (28) a renúncia de mais dois bispos chilenos citados em denúncias de pedofilia. Tratam-se do bispo de Rancagua, monsenhor Alejandro Goic Karmelic, e do bispo de Talca, monsenhor Horacio Del Carmen Valenzuela Abarca.

O Vaticano nomeou como substitutos Luis Fernando Ramos Perez e Galo Fernandez Villaseca, até então bispos auxiliares da capital Santiago.

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As novas duas renúncias se somam às outras três anunciadas em 11 de junho, também no âmbito das denúncias de abusos sexuais, do bispo de Osorno, Juan Barros Madrid; do bispo de Puerto Montt, Cristián Caro Cordero, e do bispo de Valparaíso, Gonzalo Duarte García de Cortázar.

Em maio, o papa Francisco teve um encontro no Vaticano com 34 representantes da Igreja no Chile, que, na ocasião, anunciaram uma demissão em massa devido ao escândalo. O Papa, no entanto, não aceitou a renúncia coletiva.

Enquanto o Pontífice enfrenta a situação dentro da cúria, no Chile seguem as investigações sobre as denúncias de pedofilia, conduzidas por enviados especiais do Papa, como Charles Scicluna e Jordi Bertomeu, que já recolheram dados e relatos de vítimas, dando origem a um dossiê de 2,3 mil páginas.

Mas uma outra reportagem realizada pela Televisão Nacional do Chile apontou que há evidências de crimes sexuais em mais dioceses em todo o Chile, o que pode agravar a crise no Vaticano.

O programa "Informe Especial" da emissora viajou até Aysén, a 1.700 km de Santiago, e constatou lá a maior quantidade de abusos sexuais: 400, em cinco anos. Porém, o bispo ítalo-chileno Luis Infanti negou que tenha recebido acusações contra os sacerdotes da região. A crise na Igreja Católica do Chile começou em decorrência de denúncias realizadas por vítimas do padre chileno Fernando Karadima, já condenado pelo Vaticano por pedofilia. As vítimas acusaram também o bispo de Osorno, Juan Barros, e o arcebispo emérito de Santiago, Francisco Javier Errázuriz, de acobertar os crimes. Somente quando os enviados especiais do Papa ao Chile aprofundaram as investigações, o Vaticano começou a aceitar as renúncias e a adotar medidas punitivas. 

Da Ansa

O Papa Francisco convocou para outubro de 2018 um sínodo, ou assembleia de bispos de todo o mundo, sobre os jovens e os novos modelos de vida, anunciou o Vaticano. Os bispos de todas as regiões do planeta se reunirão no Vaticano para debater sobre as mudanças que afetam a juventude, a fé e o "discernimento vocacional".

A decisão do pontífice foi adotada após consultas às conferências episcopais e depois de ouvir as observações dos padres sinodais nas assembleias passadas, dedicadas à família. A Igreja Católica deseja "acompanhar os jovens em seu caminho existencial até a maturidade", de maneira a enfrentar a crise de vocações que a afcta atualmente.

Em muitos países caiu o número de jovens que desejam ser padres ou dedicar-se à vida religiosa, um fenômeno que preocupa a hierarquia da Igreja Católica. Em outubro de 2014 e 2015, durante os dois sínodos dedicados à família, as divisões dentro da Igreja ante as mudanças sociais se tornaram evidentes.

Após as deliberações, o papa Francisco divulgou em abril sua segunda exortação apostólica, "Laetitia Amoris" ("A alegria do amor"), um documento que estabelece as diretrizes da Igreja sobre a família, o amor e o casamento.

O documento, fruto dos dois encontros, convida a integrar na vida da Igreja as "famílias feridas" e os "casados em segundas núpcias", um princípio que deverá ser aplicado caso por caso.

O Sínodo de Bispos sobre a Família votou com ampla maioria um documento final de 94 parágrafos, que propõe "a integração" na Igreja dos divorciados que voltarem a se casar, após a análise de "caso a caso".

O texto foi entregue ao papa Francisco, que o divulgou ao público imediatamente.

Os 270 "padres sinodais", entre bispos e cardeais, que representam os bispos de todo o mundo, aprovaram a suspensão de várias proibições aos divorciados que se casarem novamente, entre elas a de serem padrinhos de batismo e de casamento.

Os padres sinodais insistem, contudo, em que é necessário um "discernimento", um exame "caso a caso", para autorizar o acesso aos sacramentos, como a comunhão e a confissão.

Com isso, os bispos fizeram algum movimento no sentido de uma Igreja mais acolhedora com os casais que vivem juntos, com os homossexuais e com os católicos em situação irregular, ecoando o pedido do papa argentino a favor de uma instituição que pare de julgar e de condenar.

Três parágrafos tiveram um consenso menor - sobretudo, os de número 85 e 86, dedicados a temas bastante sensíveis para a Igreja Católica. Superando a maioria mínima necessária de dois terços (177), os parágrafos 85 e 86 estão entre os menos votados, com 178 votos a favor e 80 contra.

Nesses parágrafos, os bispos sinodais propõem que "os batizados que tiverem se divorciado e voltado a se casar civilmente sejam reintegrados à comunidade cristã, na medida do possível, evitando gerar escândalo". O texto não especifica se poderão realizar a comunhão.

"Os divorciados que voltarem a se casar não devem se sentir excomungados e podem viver e envelhecer como membros vivos da Igreja, sentindo-a como uma mãe que acolhe sempre", acrescenta o texto.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, lembrou que se trata de propostas dirigidas ao papa, que decidirá se será necessário elaborar um documento papal sobre a família.

"Não se pode negar que, em algumas circunstâncias, a responsabilidade (da crise do casal) pode ser menor, ou anulada (...) As consequências de alguns atos não podem recair sobre todos por igual", defendem os prelados, ao se referirem aos divorciados.

No encerramento do sínodo, o papa Francisco elogiou a liberdade de expressão que reinou ao longo das três semanas de trabalho e criticou abertamente "os métodos não de todo benévolos" empregados pelos setores conservadores contra suas propostas de reforma.

"Um sínodo 'sem vencedores nem vencidos', por não oferecer saídas concretas", resumiu o diretor da Religião Digital, José M. Vidal, analisando a votação.

"Como faz sempre, a Igreja buscou a comunhão. [...] Mantém-se em critérios gerais e em orientações genéricas", completou Vidal.

Decepção para alguns

O espinhoso tema da homossexualidade foi abordado em apenas um parágrafo, no qual se reitera que a Igreja "respeita" os homossexuais, condena qualquer "discriminação injusta" e se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O restante desse parágrafo recomenda a Igreja a "acompanhar as famílias com um membro homossexual".

Para muitos dos presentes, tratar do tema da homossexualidade em uma reunião dedicada à família significou uma anomalia, enquanto para outros prelados, sobretudo africanos, o assunto continua sendo tabu.

"O que parece normal para um bispo de um continente pode ser estranho, quase um escândalo, para outro de outro continente", reconheceu o sumo pontífice.

Francisco decidiu convocar dois sínodos sucessivos sobre a família - um, em outubro de 2014, e o outro, em outubro de 2015 - para levar a Igreja a se atualizar frente às mudanças na sociedade moderna.

Na sexta-feira, em uma missa, o papa disse querer estimular a Igreja a "avaliar os tempos e a mudar com eles, permanecendo firme no Evangelho".

Sobre outro ponto importante, no Sínodo, os bispos reiteraram que a instituição aplicará "tolerância zero" em relação à pedofilia, comprometendo-se a colaborar "de forma estreita" com a Justiça.

O sínodo de bispos sobre a família votou com ampla maioria um documento final com 94 páragrafos, que propõe "a integração" na Igreja dos divorciados que voltarem a se casar, após a análise de "caso a caso".

Nos dois parágrafos dedicados a temas mais sensíveis, o consenso foi menor.

O texto foi entregue ao papa Francisco, que o divulgou ao público imediatamente.

Os quatro bispos eleitos nesta quinta-feira, 24, pela 53ª Assembleia Geral da CNBB para participar do Sínodo sobre a Família, em outubro, em Roma, vão propor que a Igreja discuta questões desafiadoras para a pastoral, como a situação dos casais divorciados que vivem uma segunda união e a acolhida aos homoafetivos. O bispo de Camaçari (BA), d. João Carlos Petrini, um dos delegados escolhidos, adiantou que esse não é o foco central, mas é um desafio que receberá atenção especial.

"Há uma expectativa de que o Sínodo dê uma resposta a essa questão, embora não se concentre nela", disse d. Petrini, até esta quinta presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, cargo agora ocupado pelo bispo de Osasco, d. João Bosco Barbosa de Sousa. O Sínodo, acrescentou d. Petrini, deverá buscar uma resposta com equilíbrio. Sob a orientação do papa Francisco, os participantes do encontro refletirão também sobre a educação dos filhos de pais separados e a das crianças adotadas por homossexuais que vivem uma união estável.

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Outro ponto a ser discutido é o acolhimento na comunidade de católicos divorciados que se casaram de novo. D. Petrini acredita que a Igreja venha a permitir que eles participem dos sacramentos, em circunstâncias especiais. "É possível que possam receber a eucaristia, com permissão do bispo, em alguns casos", observou d. Petrini.

O novo presidente da CNBB, d. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, também eleito delegado ao Sínodo, afirmou ao Estado que a Igreja quer dar mais atenção aos casais em situação difícil. "Esperamos que, no Sínodo, possamos encontrar luz, para não só iluminar genericamente, mas oferecer orientação de ordem pastoral. É um tema que nos está preocupando e que preocupa a todos, como o papa Francisco admitiu claramente", disse d. Sérgio. A Igreja quer acolher a todos, acrescentou o arcebispo, sem que ninguém fique excluído, mas ao mesmo tempo procura oferecer, à luz do Evangelho, os valores que vêm da palavra de Deus, que devem orientar a conduta de todo mundo.

"Quem vai participar do Sínodo precisa expressar aquilo que é o sentir da Igreja local, do episcopado, da Igreja no Brasil", adverte. Por isso, a assembleia procurou identificar, nos últimos dias, em Aparecida, quais são os grandes temas que devam receber destaque. Os delegados vão compilar as pospostas dos temas que devam ser levantados em Roma, com sugestões de encaminhamentos pastorais. Eles vão analisar as respostas dadas a um questionário do Vaticano que foi enviado a todas as dioceses e paróquias.

Além do cardeal d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, que será um dos presidentes nomeados por Francisco, participarão do Sínodo como delegados da CNBB o cardeal d. Odilo Scherer, de São Paulo, e o arcebispo de Mariana, d. Geraldo Lyrio Rocha. O papa poderá designar ainda outros brasileiros como seus convidados.

O testemunho de Romano e Mavis Mirola, diretores do Conselho Católico Australiano Família e Matrimônio, levantou nesta terça-feira (7) na assembleia do Sínodo Sobre a Família, no Vaticano, exemplos de dificuldades reais que a Igreja deve enfrentar, como o drama das mães solteiras, a acolhida de um filho gay e a educação de crianças portadoras de deficiências.

Os australianos disseram que a família, apresentada como beleza do amor humano e reflexo do amor divino, é cheia de pequenos dramas, como o de uma mãe solteira que educa os filhos e frequenta a paróquia, apesar de ser alvo de rejeições; o de um casal que aceita um filho homossexual ("ele é e continua sendo nosso filho"), e o de uma viúva que cuida do filho de 44 anos com síndrome de Down e esquizofenia, preocupada com o futuro dele, depois que ela morrer.

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Os padres, observou o casal, têm grande papel a cumprir na assistência que devem dar aos leigos na pastoral familiar, mas têm de receber formação mais adequada, a começar por uma mudança de mentalidade, como ensinou Bento XVI. Para o papa emérito, lembraram os australianos, os leigos são não apenas colaboradores do clero, mas corresponsáveis na evangelização. A formação do clero foi objeto de outras intervenções da sessão do Sínodo, que começou com breve introdução de um dos três presidentes-delegados, o arcebispo de Paris, cardeal André Vingt-Trois.

A questão dos católicos divorciados e recasados ocupou boa parte das discussões, conforme relato do Serviço de Informação do Vaticano. Vários participantes externaram preocupação com a necessidade de se dar melhor acolhimento a esses casais e com a aspiração deles de terem acesso ao sacramento da Eucaristia, "que não é sacramento dos perfeitos, mas daqueles que caminham", ou seja, de todos os fiéis que vivem o dia a dia da comunidade cristã.

Argumentando que a Igreja deve transmitir a verdade e não fazer um julgamento dos recasados, os participantes do Sínodo disseram que "o remédio da misericórdia traz acolhida, assistência e apoio", sobretudo porque as famílias que sofrem (discriminação na comunidade) não buscam soluções pastorais rápidas, nem querem ser mera cifra estatística, mas sentem a necessidade de se serem ouvidas e amadas. "Deve ser dado mais espaço para a lógica sacramental do que para a lógica jurídica", insistiram os bispos.

O Vaticano propõe, como se voltou a insistir no plenário do Sínodo, a simplificação dos processos de declaração de nulidade do casamento como solução para a situação dos recasados. A declaração de nulidade significa que o matrimônio não existiu, e não a anulação de um matrimônio válido. Dando-se mais agilidade aos tribunais eclesiásticos, diminuiria o número de casais em situação considerada irregular. Paralelamente à questão jurídica, discutem-se problemas práticos, como o acesso dos recasados aos sacramentos. É provável que seja aceita a proposta do cardeal alemão Walter Kasper, que sugere a admissão dos casais em segunda união à Eucaristia, sob certas condições. A Conferência Episcopal da Alemanha apoiou Kasper, conforme anunciou seu presidente, cardeal Reinhard Marx.

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Jovens, peregrinos, padres e até bispos realizaram um flashmob gigante na Praia de Copacabana neste domingo, na tentativa de quebrar o recorde mundial. Enquanto o papa se preparava na sacristia para rezar a última missa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), centenas de milhares de jovens participaram da coreografia, que pretende ser o maior flashmob do mundo, com mais de 3 milhões de participantes. Eles dançaram por mais de dois minutos.

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Centenas de bispos que assistiam sentados ao ensaio do flash mob (dança coreografada que envolve grande número de pessoas) que será encenado amanhã no encerramento da Jornada Mundial da Juventude acabaram caindo na dança, convencidos pelos coreógrafos.

Os religiosos estão no palco à espera do Angelus e da Ave-Maria, às 18 horas, e apenas olhavam o ensaio. Os padres foram os primeiros a aderir e, em seguida, os bispos.

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Ao final, foram aplaudidos pela multidão que espera o papa na Praia de Copacabana. A coreografia inclui braços para cima, pulinhos e rodopios. A organização da Jornada espera fazer o maior flash mob do mundo neste domingo, 28.

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