Cerca de 200 moradores de Osasco atearam fogo em um ônibus nesta quinta-feira (18) na Avenida José Barbosa de Siqueira. Minutos depois, um outro coletivo foi queimado em Carapicuíba, na Rua Júpiter. Em osasco, duas escolas estuduais tiveram as aulas noturnas suspensas por causa da fumaça provacada pelo incêndio. Não houve registro de nenhum ferido.
Os dois ônibus foram incendiados em protesto aos homicídios cometidos na região. Na noite desta quarta-feira (17) quatro pessoas morreram e sete ficaram feridas após serem alvos de ataques a tiros nas duas cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Todos os crimes foram cometidos por homens encapuzados que estavam em um Vectra cor prata e aconteceram em um intervalo de 5 minutos.
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Desde o dia 5 de fevereiro, um grupo de extermínio atua nas duas cidades, segundo a Polícia Civil. Ao todo, já foram 17 mortos e outros 20 baleados nos ataques.
Ataques
Em Osasco, quatro homens bebiam na frente de um barraco de madeira, na Rua Sulamita, no Jardim Conceição, quando foram surpreendidos por quatro homens encapuzados, no veículo cor prata. Eles atiraram contra o grupo. O empacotador Diego Denilson Camara de Lira, de 18 anos, não resistiu e morreu no Hospital Santo Antonio. Ele era procurado pela polícia por tráfico de drogas, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). As outras três vítimas baleadas foram encaminhadas ao Pronto-Socorro Santo Antônio, em Osasco.
Cinco minutos depois da primeira ocorrência em Osasco, a Polícia Militar foi chamada até Carapicuíba, onde cinco pessoas foram atingidas na Rua Andrômeda, em um bar da região, e duas na Avenida Netuno. O vigilante Davi Cesar Cabo, de 34 anos, e um menor de 16 anos foram baleados na Avenida Netuno, na altura do número 111, no Jardim Novo Horizonte. Segundo o boletim de ocorrência, um homem que "usava touca ninja e agasalho escuro" começou a atirar. Cabo não resistiu e morreu no local. O menor foi encaminhado ao Pronto-Socorro Santo Antônio.
Um grupo de amigos estava reunido na frente da Praça Gonçalo José da Silva, na esquina da Rua Júpiter com a Rua Andrômeda, quando o Vectra prata passou lentamente. Cerca de 30 minutos depois, o veículo passou novamente e atacou. Uma das vítimas baleadas foi um garoto de 13 anos, que era dependente de drogas, segundo a família. "Ele estava voltando da casa do pai, quando parou para conversar com um amigo e foi atingido na perna", explicou o padrasto do rapaz. "Nós sabemos que ele estava envolvido com drogas, já tentamos interná-lo duas vezes." O menor foi encaminhado ao pronto-socorro e teve alta no fim da tarde de ontem.
Força-tarefa
Para investigar os culpados e a motivação dos crimes, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, formou uma força-tarefa com 12 delegados da Delegacia-Geral do Estado, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e das Seccionais de Carapicuíba e também de Osasco. "Trata-se obviamente de um grupo de extermínio", afirmou Blazeck. "No estágio em que se encontram as investigações, não é possível afirmar qual teria sido a motivação."
Segundo o delegado seccional de Osasco, Dejar Gomes Neto, a polícia procura imagens de câmeras das ruas próximas do local do crime. "Queremos saber os acessos por onde o veículo do bando pode ter passado", afirmou.