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A uma semana da votação da PEC 37/2011 pela Câmara dos Deputados, o Ministério Público Federal organizou um ato de repúdio ao texto em tramitação na Casa e que retira poderes de investigação da instituição. Em uma "autoconvocação", o Colégio de Procuradores da República reuniu mais de 300 procuradores de todo o País.

O procurador Geral da República, Roberto Gurgel, defendeu a retirada de pauta da PEC 37/2011. Gurgel afirmou que é "impossível" discutir uma proposta alternativa ao texto em tramitação no Congresso em uma semana. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, marcou para o dia 26 a votação do texto.

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"O Ministério Público está unido em defesa de suas prerrogativas que interessam sobretudo uma sociedade que está cansada da impunidade", disse. Gurgel apoia a discussão de uma proposta de regulamentação da investigação. "O que não aceitamos é que o MP fique proibido de investigar. A construção de um novo modelo, contudo, demanda mais tempo," disse.

Na Carta de Brasília, divulgada após o encontro, o colegiado afirma estar disposto a auxiliar na preparação de um projeto de lei, que aumente o controle do MP e das Polícias. Os procuradores não aceitaram o texto apresentado pela comissão especial formada por integrantes dos dois órgãos e coordenada pelo Ministério da Justiça, ao contrário das associações dos policiais.

"O MP ficou até o final dos debates, atendendo ao clamor do Congresso Nacional pela negociação. Porém, nos deram opções absolutamente inexequíveis e tivemos que recusar. Aceitar qualquer proposta que limite a atuação ministerial é, evidentemente, tornar a cidadania desprotegida e nós não podemos concordar com isso", pontuou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho.

Manifestações

O procuradora Geral da República destacou ainda os protestos pelo Brasil e o apoio de alguns grupos de ativistas contra a PEC 37. "O fato desses jovens que ocupam as ruas brasileiras manifestando sua preocupação com os grandes temas incluir a PEC evidencia que a sociedade brasileira está preocupada com essa mutilação."

O centro do Rio foi palco, nesta segunda-feira, da maior passeata da série de protestos contra o aumento no preço das passagens de ônibus ocorrida na cidade. Cerca de 20 mil pessoas participaram. Tudo ia bem até perto das 20 horas, quando um pequeno grupo subiu as escadarias da Assembleia Legislativa do Rio para tentar invadir o prédio. Eles estavam em quantidade 133 vezes maior do que a de policiais militares (eram 150, segundo dado oficial da corporação), que se refugiaram dentro da Assembleia e jogaram gás de pimenta e bombas de efeito moral de dentro do edifício para fora.

Boa parte dos manifestantes estava de branco. Eles ocuparam toda a extensão da Avenida Rio Branco, uma das principais da região, para gritar também por outras causas: eles são contrários ao uso de dinheiro público nas obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014 e reclamam da má qualidade dos serviços públicos.

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Embora a dispersão estivesse prevista para a Cinelândia, os manifestantes que seguiam à frente decidiram ir até a Assembleia Legislativa, como aconteceu na última quinta-feira, quando o prédio foi pichado. A concentração começou às 17 horas e, até as 19h30, não havia ocorrido confronto com a Polícia Militar, que até então apenas acompanhava os manifestantes.

Uma pequena parte dos manifestantes, em sua maioria jovens estudantes, levava flores, demonstrando que o ato tinha, de modo geral, motivação pacífica. Eles tiveram respaldo de profissionais que se prontificaram a ajudar em caso de arbitrariedades policiais: 60 advogados se colocaram à disposição para agir em caso de prisões ilegais ("mas não de depredações", ressalvaram) e 20 estudantes de medicina de jaleco branco se ofereciam para atender possíveis feridos. Até as 19 horas não havia registro de incidentes.

Os dizeres "Revolto-me, logo existo", "Verás que o filho teu não foge à luta" e "Somos filhos da revolução" estamparam cartazes. Os manifestantes que estavam com bandeiras de partidos políticos (PCB, PSol, PSTU) foram criticados - preferia-se a bandeira do Brasil. Ainda na concentração, enquanto um dos líderes do movimento discursava fazendo críticas à presidente Dilma Rousseff pela parceria com os governos do estado e município do Rio, o cineasta Daniel Zarvos, de 39 anos, tentou se apossar do microfone gritando palavras de apoio a ela.

Um funcionário da distribuidora de combustíveis e lubrificantes Petrogold morreu durante o incêndio que atingiu o depósito da empresa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nesta quinta-feira, 23.

Quando o fogo começou, às 11h, havia cerca de dez funcionários no depósito. Gelson da Silva Ferreira, de 43 anos, chegou a ser levado pelos colegas ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, a 500 metros da empresa. Com 90% do corpo queimado, ele foi encaminhado para cirurgia, mas morreu por volta das 14h. Segundo o hospital, outras sete pessoas (cinco homens e duas mulheres) foram atendidas no hospital, nenhuma em estado grave. Seis foram liberadas após breve atendimento e um homem de 21 anos deixou o hospital à revelia.

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O fogo foi controlado por volta das 15h30. Segundo a prefeitura, o alvará municipal mais recente concedido à Petrogold é de 2009. Como ele tem validade de um ano, a empresa está irregular há quatro anos. Por conta da área de atuação, a empresa também é fiscalizada pela Secretaria Estadual do Ambiente e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O depósito tinha seis tanques (dois com gasolina, dois com álcool, um com óleo diesel e outro com água) e, embora esteja situado à margem de uma rodovia, fica em área residencial e bem em frente a uma escola municipal. O vento e a proporção das chamas fizeram com que o fogo atingisse também três casas e vários veículos da vizinhança.

Às 12h30, uma grande explosão ampliou o fogo. Quatro quarteirões ao redor dos tanques foram interditados pela Polícia Militar e pelos bombeiros. As pessoas tiveram que deixar a área e a escola foi evacuada. Segundo os bombeiros, muitos animais domésticos que estavam presos nas casas desocupadas morreram devido ao calor. A temperatura chegou a 1000ºC nos depósitos e a 600ºC na vizinhança, calculam os bombeiros.

Pré-candidato do PT ao governo do Rio de Janeiro, o senador Lindbergh Farias reagiu nesta quinta-feira às ameaças do governador Sérgio Cabral (PMDB) de retirar o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, se os petistas não apoiarem o vice-governador Luiz Fernando Pezão. "Não acho justo que, porque o partido da presidenta vai lançar um candidato, eles se voltem contra ela. Não é assim que funciona, com a faca no pescoço", afirmou Lindbergh ao desembarcar no Rio.

Em jantar com governadores do PMDB na casa do vice-presidente Michel Temer, na terça-feira passada, Cabral disse que não aceitará palanque duplo no Rio e lembrou a amizade que mantém com o tucano Aécio Neves, provável adversário de Dilma em 2014. "Por que tanto medo, tanta insegurança? Estão perdendo a linha, com ameaças, chantagens à presidenta, fábrica de dossiês. Eles querem impor um nome de cima para baixo. Não acho isso democrático. Querem tirar o nome que está na frente deles (nas pesquisas)", protestou Lindbergh.

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O senador rejeitou o argumento de Cabral de que o PT deve manter a aliança com o PMDB no Rio em reciprocidade ao apoio dos peemedebistas a Dilma. "Se teve alguém que ajudou esse Estado foi a Dilma. E também o ex-presidente Lula. Em todo o Brasil haverá vários palanques para a presidenta e em nenhum lugar está se falando como ele (Cabral) fala. A existência de eleições é parte da democracia, as pessoas têm o direito de escolher. Eles devem falar do candidato deles, das coisas que fizeram", disse o petista.

Lindbergh vinha evitando responder a Cabral, em atenção a um pedido do ex-presidente Lula para que fosse "moderado" no discurso. Nesta quinta-feira, porém, decidiu reagir, diante da insistência do governador na tese de que o palanque duplo é inaceitável no Rio de Janeiro.

Aécio

No encontro do PMDB, Cabral, que foi casado com uma prima de Aécio, lembrou que seus filhos mais velhos têm o sobrenome Neves e que tem ótima relação com o tucano. Há duas semanas, Cabral esteve com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo aliados do governador, o diálogo com os tucanos é "natural", já que Cabral foi filiado ao PSDB. Nesta quinta, Cabral disse que, apesar da amizade com Aécio, eles estão em campos opostos desde 2006, quando foi eleito governador. "Mesmo em palanques diferentes, sempre nos demos muito bem", afirmou Cabral, que evitou falar em uma possível aliança com o tucano contra Dilma.

O Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) indeferiu liminarmente nesta quinta-feira, 9, dois pedidos de habeas corpus ajuizados na quarta-feira, 8, pela defesa do pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, de 56 anos, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD). A pedido da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), ele teve duas prisões preventivas decretadas na semana passada, pelas 1ª e 2ª Varas Criminais de São João de Meriti, acusado de estuprar mediante violência duas fiéis de sua igreja.

O religioso foi preso pela Polícia Civil no fim da noite de terça-feira, 7, quando passava pela Rodovia Presidente Dutra, na altura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, cidade onde fica a sede de sua igreja. Ele havia acabado de sair do templo e seguia para um apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio, que está em nome da ADUD. Segundo a polícia, o imóvel está avaliado em R$ 8 milhões.

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Em seu despacho que negou o habeas corpus, o desembargador relator da 8ª Câmara Criminal alegou que a prisão de Marcos Pereira "é necessária para a manutenção da ordem pública". Já o relator da 3ª Câmara disse que o decreto de prisão "não se mostra flagrantemente ilegal". Agora, os habeas corpus serão encaminhados ao Ministério Público, que dará seu parecer. Em seguida, os méritos dos pedidos de liberdade serão analisados pelos colegiados das câmaras. Ainda não há data para que sejam julgados.

A reportagem não conseguiu contato com o advogado do pastor, Marcelo Patrício, na noite desta quinta. Na quarta, ele negou todas as acusações contra seu cliente.

A DCOD instaurou seis inquéritos para investigar estupros supostamente cometidos por Marcos Pereira contra fiéis de sua igreja. Em dois deles, em que as vítimas alegam que foram forçadas a manter relações sexuais com o pastor, os inquéritos foram encaminhados à Justiça. Quando há violência, o crime passa a ser considerado de ação penal incondicionada, isto é, a instauração de processo independe da vontade da vítima.

Em outros três inquéritos, que estão com o Ministério Público, o religioso não poderá ser denunciado à Justiça. Isso porque estes casos ocorreram antes da mudança da lei que caracteriza o crime de estupro, em 2009. A lei anterior fixava prazo de seis meses para que a vítima denunciasse o autor quando o estupro não era cometido mediante violência. O prazo, no entanto, não foi respeitado.

E o sexto inquérito, na qual a vítima é a ex-mulher do pastor, com quem foi casada de 1984 a 1998 e tem dois filhos, ainda está sendo analisado na DCOD. Após acusar o ex-marido do crime em depoimento à polícia em 9 de julho de 2012, a mulher registrou em cartório um documento em que negava as declarações anteriores. Ela será novamente intimada a depor, segundo o delegado Marcio Mendonça. Marcos Pereira também é investigado em outro inquérito da DCOD pelos crimes de associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e quatro homicídios.

O senador Lindbergh Farias deixou de ser personagem único da propaganda do PT. O partido mudou os filmetes que começaram a ser divulgados nesta segunda-feira no rádio e na TV depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) proibiu a exibição de inserções que caracterizem divulgação pessoal de Lindbergh, que quer se candidatar pelo PT ao governo do Estado.

Embora tenha atendido às exigências da liminar, Lindbergh negou que tenha desrespeitado a lei e anunciou que vai recorrer da decisão. O senador diz que, nas inserções anteriores, apenas falou sobre os problemas do Estado. "Não fizemos campanha antecipada. Tem candidato por aí que está fazendo campanha, inclusive usando recursos públicos", reagiu o senador, sem citar nomes.

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O tribunal concedeu liminar a pedido da Procuradoria Regional Eleitoral, que citou trechos das inserções anteriores do PT, exibidas em fevereiro e centradas em Lindbergh. A procuradoria apontou "uso indevido da propaganda partidária", como as declarações do senador de que "o Rio precisa de um governo que governe com os dois olhos bem abertos" e que o Estado "será melhor ainda quando os trens da Supervia que passam por todo o subúrbio, pela zona oeste e pela Baixada virarem metrô de superfície".

Crise

 

Em fevereiro, Lindbergh irritou os peemedebistas ao usar as inserções para criticar indiretamente a administração do governador Sérgio Cabral. Em resposta, o PMDB fluminense ameaçou retirar o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff se Lindbergh insistir na candidatura ao governo. O episódio desencadeou uma crise entre o PT e o PMDB do Rio que só se agravou nos últimos meses. Cabral tem reiterado que não aceita palanque duplo para Dilma no Rio e cobra do PT, partido aliado e que tem cargos no governo estadual, apoio ao vice-governador, Luiz Fernando Pezão, que quer se candidatar pelo PMDB. Em março, o TRE determinou a suspensão da propaganda do PMDB no rádio e TV, que destacava o trabalho de Pezão no Estado.

Quarenta e um policiais (36 PMs e 5 civis), além de outras 13 pessoas, foram presas nesta terça-feira, 30, acusadas de cobrar propina de camelôs e mototaxistas ilegais para permitir que eles trabalhassem, nos bairros de Honório Gurgel, na zona norte do Rio, e Bangu, na zona oeste. Ao todo, 78 mandados de prisão haviam sido expedidos, sendo 53 contra PMs e 7 contra policiais civis.

Segundo as investigações, o grupo exigia R$ 70 de camelôs que vendiam mercadorias "pirateadas", enquanto quem vendia mercadorias lícitas tinha que pagar R$ 10. Os denunciados são acusados dos crimes de formação de quadrilha, concussão e roubo.

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Nova versão para o que ocorreu na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no dia em que Eliza Samudio teria sido assassinada, deu novo fôlego à defesa neste terceiro dia de julgamento, no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. O delegado que comandou as investigações na época do desaparecimento da amante de Bruno Fernandes, Edson Moreira, que hoje é vereador, disse em seu interrogatório que a modelo não foi esquartejada por Bola em sua residência, em Vespasiano, e que seu braço não foi jogado para cães.

A versão difere daquela apresentada pela principal testemunha do caso, o primo de Bruno, Jorge Luiz Sales. Na época menor de idade, Jorge disse ter visto o ex-policial jogar o braço para cães após matá-la por asfixia. Após cinco horas e meia de interrogatório, o advogado de Bola, Ércio Quaresma, alegou cansaço e os trabalhos foram interrompidos. Moreira continuará a ser interrogado a partir das 9 horas desta quinta-feira, 25.

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O interrogatório do delegado era a grande aposta da defesa de Bola para tentar levantar possíveis falhas durante a investigação. Quaresma tem afirmado que Moreira conduziu intencionalmente as investigações para incriminar seu cliente e notório desafeto. O depoimento foi recheado de ironias e trocas de farpas entre os dois. O ponto alto veio logo após Quaresma pressionar o delegado por detalhes das investigações na época do crime, ocorrido em junho de 2010. Ele perguntou se nas "facas ou qualquer outro instrumento, como machado, encontrados na casa de Bola, foi feito exame com luminol (produto químico que aponta a presença de sangue) e encontrado sangue". Moreira respondeu que, de acordo com o laudo de constatação feito por peritos, não foi encontrado sangue no local. "Concluiu-se que naquela casa ninguém foi picado, dissecado. Podia ter morrido por asfixia, mas ninguém foi partido lá. Foi usado luminol para identificar se havia vestígio de sangue", afirmou a testemunha.

Quaresma não perdoou e questionou diretamente Edson Moreira se alguma mão de Eliza foi jogada aos cães na casa de Bola. O depoente disse que não. Pela manhã, foi interrogado o jornalista José Clèves, também a pedido da defesa. Quaresma pretendia mostrar falhas no caráter de Edson Moreira, que apontou Clèves como assassino de sua própria mulher. O jornalista acabou sendo inocentado.

No primeiro dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de assassinar e desaparecer com o corpo de Eliza Samudio, ficou clara a estratégia da defesa de apontar falhas nas investigações para tentar livrar seu cliente da condenação.

A situação do réu se complicou depois que o ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza admitiu ao júri que o condenou, em março passado, que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, levou a amante de Bruno para ser morta por Bola. O ex-jogador foi condenado a 22,3 anos de prisão por ter encomendado o crime. Macarrão pegou 15 anos por ter confessado parcialmente seu envolvimento na trama.

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Bola está sendo julgado no Fórum de Contagem (MG) desde a manhã desta segunda-feira, 22. Logo no início dos trabalhos, o advogado dele, Ércio Quaresma, pediu o adiamento do júri, alegando cerceamento de defesa pela ausência de testemunhas e que seu cliente deveria ser julgado na comarca de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde Eliza teria sido morta. A juíza Marixa Rodrigues indeferiu o pedido.

Posteriormente, no único interrogatório do dia, Quaresma questionou a delegada Ana Maria Santos, que conduziu o caso na fase policial, por não indiciar outros nomes mostrados pela quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. Ele se referia especialmente ao policial José Lauriano, o Zezé, cujo número teria aparecido diversas vezes nas 50 ligações recebidas por Macarrão nos dias que antecederam o crime, assim como o de Bola. Ana Maria respondeu que ele não foi indiciado porque, na época, não havia elementos suficientes, embora ele tenha sido interrogado.

"O senhor José Lauriano foi ouvido mais de uma vez, e é preciso esclarecer aos jurados que não é simplesmente por um fato que o sujeito resta indiciado. Se não houve indiciamento, é porque não havia elementos suficientes", respondeu a delegada. Diante da insistência do advogado, Ana Maria disse que o inquérito já estava na fase final quando o nome de Zezé apareceu. Ela também afirmou que não leu o relatório com os dados da quebra de sigilo telefônico dos envolvidos.

Para Quaresma, as autoridades policiais elegeram apenas seu cliente para indiciar, ignorando indícios referentes a outros possíveis envolvidos na trama, como os policiais Zezé e Gilson Costa. Ele também questionou a legitimidade do julgamento enquanto há outras investigações sobre o crime em andamento, como o inquérito aberto pelo Ministério Público para apurar a participação dos dois policiais no caso. O promotor Henry Vasconcellos rebate a tese de Quaresma ao afirmar que "investigações suplementares visam a mais ampla reunião de provas de coautoria de outros dois parceiros do réu". Para a promotoria, Zezé é o homem que apresentou Bola a Bruno.

O promotor Henry Vasconcellos focou seu interrogatório à delegada em detalhes do depoimento de Jorge Luiz, o primo de Bruno que revelou como Eliza teria sido sequestrada e morta, no início de junho de 2010. Durante os questionamentos, Ércio Quaresma pediu para deixar o Fórum. Segundo ele, sua mulher havia sido assaltada. O promotor ironizou o fato, dizendo que a esposa de Quaresma também havia sido assaltada no julgamento ocorrido em novembro, no qual Macarrão foi condenado. Nas preliminares, o promotor afirmou que "o que a defesa quer é nutrir-se com escândalo frívolo e irresponsável'. Henry Vasconcellos pediu que os defensores agissem com "plenitude". Durante a maior parte do tempo, Bola permaneceu de cabeça erguida. Chegou a atrair as atenções ao tomar um iogurte na sala do júri. Também mandou mensagens escritas em um papel branco para seus advogados.

Os iraquianos votam neste sábado (20) em eleições regionais em meio a um forte esquema de segurança, marcando a primeira votação desde a retirada do exército dos EUA do país, o que representa um importante teste para a estabilidade no Iraque.

Os resultados da eleição não afetarão diretamente o governo nacional, mas serão um medidor do apoio dos vários blocos políticos nos meses que antecederão as eleições parlamentares previstas para 2014. Além disso, os resultados podem exacerbar as já graves tensões sectárias no país.

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A votação deste sábado também vai testar o exército e a polícia do Iraque, que enfrentam o ressurgimento da insurgência da Al-Qaeda e estão cuidando sozinhos da segurança de uma eleição pela primeira vez desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.

Cordões de segurança foram colocados em torno dos locais de votação e apenas veículos autorizados podiam circular pelas ruas das grandes cidades. Os eleitores tiveram seus dedos marcados com tinta depois de votarem, para garantir que cada pessoa vote apenas uma vez.

No início da tarde, em horário local, Martin Kobler, representante especial da ONU para o Iraque, afirmou que o processo estava ocorrendo tranquilamente. Houve relatos de violência nas primeiras horas de votação, mas sem fatalidades, embora seis pessoas tenham ficado feridas. Morteiros atingiram as proximidades de alguns locais de votação na capital Bagdá e em outras cidades, segundo a polícia.

O vice-ministro do Interior, Adnan al-Asadi, descreveu a situação da segurança como estável. "A polícia e o exército estão espalhados por todos os lugares para garantir que o dia da eleição e os locais de votação estejam seguros. Pedimos que todos votem, porque esse é o melhor meio de enfrentar o terrorismo", disse al-Adadi à rede de televisão estatal.

Muqdad al-Shuraifi, integrante da comissão eleitoral, informou que uma contagem preliminar mostrou que 51% dos eleitores foram às urnas, o mesmo porcentual de comparecimento das últimas eleições provinciais, realizadas em 2009.

As eleições foram realizadas em mais de 5,3 mil locais de votação para membros dos conselhos provinciais, que representam 12 das 18 regiões administrativas do Iraque. Milhares de candidatos de 50 blocos eleitorais concorrem a 378 cargos. A última vez em que os iraquianos elegeram membros para os conselhos provinciais foi em janeiro de 2009.

Pelo menos 14 candidatos foram mortos nas últimas semanas e algumas escolas que seriam usadas como local de votação foram bombardeadas. Havia 13,8 milhões de pessoas aptas a votar nas eleições provinciais deste sábado. Os resultados devem demorar vários dias para serem divulgados.

As informações são da Associated Press.

Cerca de 400 índios que protestavam contra as mudanças no processo de demarcação de terras cercou o Palácio do Planalto por volta das 17h desta quinta-feira. Os índios dançaram, deram as mãos em volta do Planalto, apresentaram danças de guerra, correram ao redor do palácio, se deitaram no chão e, depois, aos poucos, foram se acomodando ao longo das pilastras e em frente à entrada principal. Grande parte deles com câmeras digitais registravam toda a movimentação e outros relatavam ao celular o que se passava ali. Por volta das 18h30, eles receberam comida e água e em seguida retomaram as danças com seus maracás, anunciando que passarão a noite no Planalto.

Com poucos seguranças na casa, já que a presidente Dilma Rousseff passou a tarde no Palácio da Alvorada e em seguida embarcou para Lima, no Peru, os índios pegaram os servidores desprevenidos e conseguiram não apenas cruzar a rua em frente ao Planalto, mas também atravessar o espelho d'água e se instalaram na entrada principal do Planalto. O grupo deu as mãos e cercou o palácio, chamando pela presidente aos gritos de "Dilma Assassina".

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Com armas indígenas como bordunas, lanças de madeira, arco e flecha, os indígenas tentaram subir a rampa, mas foram impedidos. Eles acuaram um soldado do Exército que estava com fuzil na mão fazendo a segurança do Planalto.

Pajelança

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito, deixou seu gabinete e desceu para o térreo do Planalto a fim de acompanhar a movimentação dos índios, mas não se encorajou de atravessar a porta de vidro e ir do lado de fora. Dois militares da segurança que foram ao pátio externo do Planalto para tentar buscar lideranças para conversar com o governo encararam com bom humor o fato de os índios pintarem seus rostos com urucum.

Não houve qualquer tipo de acordo entre governo e índios que prometem não deixar o local enquanto não conseguirem marcar data e hora de uma audiência com a presidente Dilma. O coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marcos Apurinã, anunciou "pajelança para ver se ela tem coração e revoga a PEC 215, as portarias 313 e 038 e o Projeto de Lei da Mineração". Ele critica o fato de o Congresso querer passar a demarcar as terras indígenas, atribuição do governo federal. "Não aceitamos e não vamos aceitar mais esse genocídio", desabafou.

Comitê

O secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, tentou conversar com os líderes propondo que uma reunião das lideranças seja realizada nesta sexta-feira, 19, com os ministros da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, responsável pelas negociações com os movimentos sociais, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que apresentem suas reivindicações, tentem negociar e se agende um encontro com a presidente posteriormente.

O Ministério da Justiça distribuiu nota no início da noite informando que Cardozo, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, vão instituir nesta sexta-feira, dia do Índio, o Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas. Anunciaram ainda que receberão cerca de 200 indígenas em ato para o Dia Nacional do Índio.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) promete fechar rodovias em 1,8 mil municípios de todo o País nesta quarta-feira, 17, para cobrar da presidente Dilma Rousseff um plano emergencial de assentamentos para 150 mil famílias em todo o País. Desde o início de abril, integrantes do MST invadem fazendas e fazem protestos em nove Estados. Nesta terça-feira, os militantes invadiram as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Receita Federal em Porto Alegre (RS), ocuparam o Canal do Trabalhador, no Ceará, e fecharam estradas no interior de São Paulo e no Mato Grosso do Sul.

A jornada conhecida como "abril vermelho" lembra também os 21 sem-terra mortos em confronto com a Polícia Militar em Eldorado dos Carajás (PA), em 1996. De acordo com Rosana Fernandes, da coordenação nacional, a reforma agrária não avançou no governo Dilma. "Queremos com a jornada colocar a reforma agrária em pauta e pressionar o governo para fazer a desapropriação de terras." De acordo com números do MST, há 523 processos judiciais envolvendo a reforma agrária no Brasil, dos quais 234 estão parados na Justiça Federal.

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São Paulo

Em São Paulo, cerca de 300 militantes bloquearam duas estradas vicinais em Paraguaçu Paulista, oeste do Estado, no final da tarde desta terça-feira. Os sem-terra marcham até a área urbana nesta quarta-feira. Na região de Presidente Prudente, dezenas de ônibus fretados pelo MST partiram em direção a Brasília, onde haverá, na próxima semana, uma grande concentração de sem-terra. No Estado de Pernambuco, cinco fazendas foram invadidas desde domingo. Os sem-terra mantêm invadido o prédio da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) em Brasília. Militantes fizeram marchas e protestos também no Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Paraíba e Pará.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira que não polemiza com réu de processo criminal. A declaração foi uma reação à entrevista concedida pelo ex-ministro José Dirceu, condenado há mais de dez anos de reclusão por envolvimento com o mensalão.

Na entrevista veiculada pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL, Dirceu afirmou que Fux teria dito que o absolveria. Ele também disse que o ministro teria praticado assédio moral. Na época, Fux estava em campanha por uma vaga no STF. "Ministro do Supremo não polemiza com réu", respondeu Fux nesta quarta.

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Responsável pela acusação contra os mensaleiros, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que as declarações de Dirceu não merecem crédito. "São denúncias, que, em princípio, não merecem qualquer crédito", afirmou. "A história do ministro Fux é uma história de honradez. E o mesmo não se pode dizer de quem o acusa", acrescentou.

Para o procurador, o objetivo de Dirceu seria atingir a credibilidade do julgamento. "Acho que, mais uma vez, o que se procura é prejudicar a honorabilidade do julgamento realizado pelo Supremo. Acho que ele vai continuar sempre tentando mostrar ou acusar o julgamento de ter sido tendencioso, quando, na verdade, tivemos um julgamento exemplar", concluiu.

O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que as declarações de José Dirceu desgastam o tribunal, porém não têm capacidade de prejudicar o julgamento. "É tudo muito lamentável", disse. "Desgasta o Supremo", completou.

Dirceu foi condenado pelo STF por corrupção ativa e formação de quadrilha. A decisão deverá ser publicada oficialmente nos próximos dias no Diário da Justiça. Após a publicação, os condenados terão um prazo de cinco dias para apresentar recursos. Dificilmente esses recursos serão julgados neste semestre, como havia previsto o relator do processo e presidente do Supremo, Joaquim Barbosa.

Na mesma linha do procurador, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, disse não acreditar que Fux tenha prometido absolver Dirceu. Para Calandra, os dois devem realmente ter se encontrado por diversas vezes, uma vez que a articulação política para conseguir chegar ao cargo de ministro da Suprema Corte exige esse tipo de envolvimento. No entanto, a conversa certamente se deu em outros termos, para o magistrado.

"O que pode ter ocorrido em um diálogo é que, se não houver prova para a condenação, se a prova for no sentido de absolver, qualquer um de nós absolve alguém que está sendo julgado. Não é do cotidiano de um juiz falar que irá absolver um determinado réu sem ler o processo."

O presidente da AMB acredita que a iniciativa de José Dirceu em atacar Fux é parte da "dor de alguém que acabou condenado criminalmente". "É a corda no pescoço", completou.

A estudante Maria Candida Portinari, de 16 anos, neta do pintor Candido Portinari, morreu na noite de domingo (24) após ser encontrada desacordada no banheiro de sua casa, em um condomínio de luxo na Estrada das Canoas, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro. Parentes suspeitam que tenha ocorrido vazamento de gás no aquecedor do banheiro. O corpo de Maria Candida foi cremado na tarde desta segunda-feira.

Maria Candida morava com os pais, João Candido e Maria Edina Portinari. A menina foi encontrada pelo pai. A jovem foi socorrida por bombeiros, mas sofreu uma parada cardíaca.

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Segundo Suely Avelar, amiga da família que trabalha no Projeto Portinari, João Candido sentiu forte cheiro de gás enquanto a filha tomava banho. Ao entrar no banheiro, ele encontrou a menina submersa na banheira. O caso será investigado pela 15.ª Delegacia de Polícia (Gávea). O delegado Orlando Zaccone disse que a perícia foi feita no local no domingo. Esta semana serão ouvidos os pais e o namorado da vítima.

A primeira pesquisa do custo da cesta básica feita pela Fundação Procon de São Paulo em parceria com o Dieese depois de o governo ter cortado o PIS/Cofins de oito produtos de consumo básico - carnes, café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, creme dental e sabonete - mostra que houve um pequeno recuo de preços para a maioria dos itens. Mas o corte está abaixo do pretendido pelo governo, de 9,25%.

Entre os dias 7 de março, véspera do anúncio da desoneração, e ontem, de dez itens incluídos na lista de desonerações, sete registraram queda nos preços médios, enquanto dois tiveram alta e apenas um ficou estável.

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No entanto, a pesquisa, de grande abrangência porque levanta preços médios de 31 produtos da cesta básica, entre alimentos e itens de higiene e limpeza, em 70 supermercados da capital paulista, mostra que na última semana o custo médio total da cesta básica subiu. Era de R$ 384,58 na quinta-feira da semana passada e estava, na quinta-feira (14), em R$ 386,71. Foi uma elevação de 0,55% em apenas uma semana.

A margarina liderou o ranking de queda, com retração de 2,19%, seguida pelo café (-1,35%). Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic, que reúne as torrefadoras de café, diz que o preço médio deve recuar cerca de 4%, porcentual distante dos 9,25% divulgados pelo governo e também do resultado obtido na pesquisa da cesta básica da última semana. O motivo dessa divergência, segundo ele, ocorre porque o café tinha PIS/Cofins presumido. Isto é, a torrefadora ao comprar o grão verde era creditada em 7,4% de imposto. Quando vendia o café torrado, pagava 9,25%, abatido do crédito de imposto. Agora, como a Medida Provisória da desoneração acabou com o imposto presumido, o setor entende que deve reduzir o preço proporcionalmente ao imposto que pagava anteriormente.

A história se repete no caso das carnes bovinas, suínas e das aves, que tiveram, até agora, reduções de preços muito pequenas. Técnicos do Ministério da Fazenda e da Receita têm se reunido com os setores para resolver os problemas advindos da nova fórmula de tributação.

A pesquisa da Fundação Procon/SP mostra que dois itens do total de desonerados na semana passada tiveram elevação de preços: o açúcar refinado, que ficou 2,59% mais caro na última semana, e o creme dental (0,7%). Procurada, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar informou ontem que não tinha porta-voz para comentar a elevação de preço.

Já João Carlos Basílio, presidente da Abihpec, que reúne a indústria de higiene pessoal, atribui a alta do preço do creme dental e a estabilidade do preço médio do sabonete aos reajustes feitos pela indústria no começo do ano, que variaram entre 5% e 7%. "As reduções de preços ainda vão acontecer", diz ele. No caso do sabonete, diz Basílio, a queda de preço deve ser menor do que a do creme dental porque o setor também tinha crédito presumido do sebo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os Estados com grande produção de petróleo esperam do Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão provisória (liminar) para impedir que os novos critérios de distribuição dos royalties sejam adotados antes de a Corte decidir sobre sua constitucionalidade. O Congresso Nacional iniciou na noite desta quarta uma sessão para derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff que impediu a mudança da fórmula de rateio da compensação cobrada em campos já licitados.

A sessão foi iniciada às 20 horas num clima bastante tumultuado. O líder do PR na Câmara, deputado Anthony Garotinho (RJ), chegou a tirar o microfone das mãos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O plenário estava lotado e as urnas para as cédulas serem depositadas instaladas. A votação deveria ter ocorrido na noite de terça-feira (5), mas um erro do Executivo fez com que o Congresso adiasse a sessão por um dia. Parlamentares dos Estados produtores questionaram durante todo o dia procedimentos da tramitação, mas o presidente do Senado manteve a sessão.

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Cientes da derrota, a estratégia de recursos ao Judiciário está pronta. Os governos e as assembleias legislativas de Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo vão entrar com Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) contra a nova fórmula de rateio dos royalties e pedirão uma liminar suspendendo os repasses. Em jogada combinada, parlamentares entrarão com mandados de segurança pedindo que os novos critérios não sejam observados até o julgamento das Adins.

"Acho que como esse é um assunto importante e que prejudica diretamente os Estados, o Supremo vai decidir rápido", disse o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

AGU

A expectativa dos produtores é obter um parecer favorável da Advocacia Geral da União (AGU) nos mesmo moldes da justificativa do veto presidencial. Parlamentares também pretendem insistir em mandados de segurança questionando o trâmite da votação do veto, mas admitem que estes instrumentos tem menos chance de sucesso.

As estimativas dos representantes de Estados e municípios não produtores é que a mudança poderá trazer um incremento de mais de R$ 7 bilhões em seus orçamentos. Esses recursos, quase integralmente, seriam destinados aos produtores pelas regras atuais.

O goleiro Bruno Fernandes admitiu nesta quarta-feira que sua ex-amante Eliza Samudio, de 24 anos, foi assassinada e teve o corpo esquartejado e jogado para cães comerem pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Durante seu depoimento no julgamento que é realizado desde segunda-feira no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, o jogador alegou que não tinha conhecimento prévio do crime e que a execução da jovem foi tramada pelo seu braço direito e amigo de infância Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, mas assumiu que se beneficiou da morte e que poderia ter evitado que ela ocorresse. "Não sabia, não mandei, mas aceitei", disse o goleiro, referindo-se ao assassinato.

O atleta foi o primeiro dos nove acusados do caso a acusar nominalmente Bola, que responde a outros processos por assassinato, inclusive com ocultação de cadáver, como é o caso de Eliza, morta em 10 de junho de 2010 e cujo corpo nunca foi encontrado. Bruno está preso desde o mês seguinte, mas até então negava a morte da ex-amante, que exigia dinheiro do jogador por causa do filho que tiveram e que hoje está com a mãe da vítima, Sônia Fátima de Moura, que acompanhou o depoimento sentada atrás de Bruno.

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Macarrão também havia confessado que Eliza foi assassinada durante julgamento realizado em novembro, mas afirmou que Bruno foi o mandante do crime, assim como do sequestro e cárcere privado da jovem. "Cadê Eliza? Pelo amor de Deus, o que vocês fizeram com ela?" alegou ter dito o goleiro a Macarrão e a seu primo Jorge Luiz Lisboa Rosa ao vê-los voltando para o sítio em Esmeraldas com o filho de Eliza no colo, mas sem a mãe. "Perguntei a ele (Macarrão) por que fez isso. Não tinha necessidade", declarou o goleiro. "A menina estava demais. Estava atrapalhando nossos planos, nossos projetos", teria respondido Macarrão, segundo o depoimento do jogador, que era capitão do Flamengo e tinha proposta para atuar em uma equipe da Europa quando Eliza foi morta.

Pena

A estratégia do goleiro, além de tentar se livrar da acusação de ter planejado e ordenado a execução do crime, é conseguir uma redução da pena como ocorreu com Macarrão, que foi condenado a 15 anos de prisão, sendo 12 em regime fechado. Pelo Código Penal, uma acusação de homicídio triplamente qualificado como deste caso pode render até 30 anos de cadeia aos réus. O depoimento de Bruno começou no início da tarde e, por quase três horas, o goleiro respondeu às perguntas feitas pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o Tribunal do Júri do Fórum de Contagem.

Durante o questionamento, o goleiro praticamente ratificou todo o depoimento prestado por Jorge, o primeiro a admitir o crime, ocorrido quando ele tinha 17 anos - o que lhe rendeu pouco mais de dois anos de internação como medida socioeducativa. Mas o goleiro negou que Eliza tivesse sido sequestrada e tentou mostrar preocupação com a mulher, a quem alegou ter dado R$ 30 mil para "resolver problemas pessoais". Ele também disse que ela ganharia um apartamento em Minas Gerais para morar com o filho do casal.

A Justiça estadual de Nova Jersey, nos Estados Unidos, concedeu decisão favorável à empresária Silvana Bianchi, avó de Sean Goldman, para facilitar a visita dela ao neto. Sean, que completará 13 anos em maio, mora nos Estados Unidos desde dezembro de 2009, quando a Justiça brasileira deu a guarda da criança ao pai, o norte-americano David Goldman.

A disputa pela guarda da criança havia começado em 2004, quando a mãe de Sean, a brasileira Bruna Bianchi, veio ao Brasil com o filho, e se intensificou a partir de agosto de 2008, quando Bruna morreu durante o parto da segunda filha.

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Desde que conseguiu a guarda do filho, David Goldman impôs condições para que a avó visitasse Sean. Silvana nunca encontrou o neto nos Estados Unidos e diz não ter contato com ele nem por telefone ou e-mail há dois anos e três meses. "Tive notícias dele pela última vez em setembro de 2012, quando fui para os Estados Unidos e me reuni com os advogados do pai dele. Mesmo estando lá, não consegui ver meu neto", reclama Silvana.

"Tive que enviar o presente de Natal do Sean para o endereço do consultório do terapeuta dele, e não obtive nem uma confirmação de recebimento, nenhuma notícia. Hoje não faço nem ideia de onde meu neto está, onde ele mora. O Estado onde ele morava, Nova Jersey, já sofreu furacão, tempestade, e nunca mais tive notícias de Sean. Perdi totalmente o contato, por conta das exigências feitas pelo pai", acrescentou. Silvana não conversa com o pai de Sean, David Goldman. "Discutimos apenas por meio dos advogados de cada parte."

A Justiça do Estado de Nova Jersey decidiu que David não pode condicionar a visita ao filho a exigências como o pagamento de indenização de US$ 200 mil a David por conta de custos advocatícios, obrigação de avó e neto conversarem apenas em inglês (para que David entenda o que é dito) e não divulgação pela imprensa de eventuais encontros dela com o neto. Mas ainda não há previsão sobre a data em que Silvana conseguirá ver o neto. "Na prática, essa decisão judicial não estipula prazo para que o pai de Sean permita minha visita. Não sei quando finalmente poderei reencontrar meu neto", afirma.

Os advogados de Silvana tentam obter decisão semelhante na Justiça Federal dos Estados Unidos. Segundo eles, assim ficaria mais fácil que a Justiça determinasse um prazo para o encontro entre avó e neto. Segundo Silvana, seus advogados também aguardam uma intervenção do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para facilitar a visita dela ao neto. "Nenhuma das condições de visita estipuladas pela Justiça brasileira quando concedeu a guarda ao pai de Sean foi cumprida. Espero que o governo interfira. Meu neto é uma criança, não uma caixa de sapatos", afirma Silvana.

A Prefeitura do Rio de Janeiro deu início nesta terça-feira à internação forçada de usuários de crack. A operação ocorreu durante a madrugada, às margens da Avenida Brasil, próximo à entrada das favelas Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, na zona norte.

A ação mobilizou mais de 300 profissionais da prefeitura e do governo estadual, e resultou no acolhimento de 91 adultos e oito crianças e adolescentes. Desse total, 29 adultos foram internados involuntariamente e outros 30 aceitaram o tratamento por vontade própria.

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O local se tornou a maior cracolândia da cidade após a pacificação da Favela do Jacarezinho, também na zona norte, ocorrida há cerca de quatro meses. "Esta é uma decisão que nós tomamos para salvar vidas, e vamos permanecer naquela área por tempo indeterminado", disse o secretário municipal de governo, Rodrigo Bethlem. Uma base para atendimento aos usuários está sendo instalada na área, e contará com equipes das secretarias municipais de Desenvolvimento Social (SMDS) e de Saúde.

Os usuários adultos foram encaminhados para uma central de triagem montada em um abrigo da prefeitura no bairro de Paciência. Após passarem por avaliação de uma junta médica, os 29 internados à força - dentre eles uma grávida com diagnóstico de aids e tuberculose - foram levados a cinco hospitais na cidade.

De acordo com o subsecretário de Saúde, João Luiz Ferreira Costa, a capital conta com 40 leitos em hospitais gerais de emergência destinados à internação dos usuários com quadro grave de intoxicação aguda e abstinência. O paciente será posteriormente encaminhado para residências terapêuticas e centros de atendimento psicossocial, dependendo das condições clínicas e psíquicas.

Segurança

Para evitar acidentes durante a operação, as quatro pistas da Avenida Brasil chegaram a ser fechadas por aproximadamente uma hora - há um mês, um garoto de 10 anos viciado em crack morreu atropelado ao fugir de funcionários da SMDS. Como de costume, houve correria com a chegada dos agentes e policiais ao local. Um grupo de dependentes ateou fogo em colchões e madeira, e a PM usou uma bomba de efeito moral. Pouco antes da operação, policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entraram nas favelas da região para inibir a ação de traficantes. Houve intensa troca de tiros e dois policiais ficaram feridos por estilhaços.

A abordagem de usuários de crack, com a presença de policiais militares, foi criticada pela coordenadora do secretariado da Comissão Global sobre Política de Drogas, Ilona Szabo. "Abordagens desastradas têm destruído um trabalho mais amplo, que é com os usuários que não precisam de internação", afirmou.

O vereador Renato Cinco (PSOL)começou a recolher assinaturas para a abertura de CPI para investigar denúncias de irregularidades no programa de internação compulsória do município. "A política pública para tratar dependentes químicos não pode ser internação compulsória. Essa é uma medida extrema, que tem que ser determinada por médico e autorizada pela Justiça. A prefeitura tem negligenciado a construção de uma rede de saúde mental e tem feito operação de higienização social disfarçada de tratamento", afirmou. (Colaborou Clarissa Thomé)

Depois de enquadrar as empresas de telecomunicações com regras duras e punições severas pela má prestação dos serviços de telefonia/internet móvel e TV por assinatura, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai exigir mais qualidade também nas ligações de telefones fixos. A modalidade, que vem perdendo espaço no faturamento das grandes empresas do mercado, terá que cumprir novas - e rigorosas - metas a partir de junho deste ano.

O Regulamento de Qualidade para a telefonia fixa foi aprovado no dia 20 de dezembro, do ano passado, mas só foi publicado nesta quinta-feira (14) pela agência reguladora no Diário Oficial da União. De acordo com a norma, serão enquadradas todas as operadoras e autorizadas que tenham mais de 50 mil clientes.

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A principal alteração do regulamento diz respeito às exigências para completar chamadas. Pelas regras vigentes atualmente, as companhias estavam obrigadas a completar apenas 70% das ligações locais. Com a alteração, a meta passou para 93%, reduzindo a tolerância com congestionamentos de rede para apenas 7% das chamadas. Da mesma forma, a meta de conclusão das ligações de longa distância nacionais e internacionais passou para 92%, admitindo-se perdas em somente 8% das tentativas.

O alto índice de exigência de sucesso nas chamadas, no entanto, considera inclusive os casos onde o interlocutor não atende a ligação ou quando o telefone está ocupado. "Considera-se no cômputo de indicadores também os casos que resultem em sinalização de rede do tipo 'não responde' (NR) ou 'linha ocupada' (LO), posto que, para efeitos técnicos, ainda que não atendida a chamada pelo usuário, a rede cumpriu seu papel, com êxito", explicou em seu voto o conselheiro da Anatel relator do regulamento, Marcelo Bechara.

Já as centrais de atendimento das companhias de telefonia fixa precisarão ser ainda mais eficientes, com uma meta de 95% para o atendimento das ligações feitas pelos usuários. Ou seja, em praticamente todas as ocasiões que um cliente procurar a empresa para reclamar ou solicitar informações, essas chamadas terão de ser completadas, com tolerância em apenas 5% dos casos. Esse nível de exigência já era cobrado na telefonia móvel.

Além disso, as reclamações e pedidos feitos pelos usuários nas centrais de atendimento deverão estar disponibilizadas também nas páginas das companhias na internet, para que cada cliente possa consultar e acompanhar o andamento de suas demandas.

Por fim, outra mudança significativa nas metas de qualidade da Anatel é o limite de 2,5 faturas equivocadas para cada mil documentos emitidos por mês pelas empresas. Com isso, a Anatel busca reduzir a quantidade de erros de cobrança, que estão entre as principais causas das reclamações de usuários ao órgão regulador.

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