Tópicos | depoimento

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, presta depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira. Torres será questionado sobre a minuta do golpe encontrada em sua casa. O advogado de Torres, Rodrigo Roca, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o ex-ministro responderá às perguntas e não ficará em silêncio.

A minuta do golpe foi incluída como prova na ação que investiga o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) por abuso de poder na reunião com embaixadores de julho do ano passado. Na ocasião, o então presidente atacou sem provas a integridade do sistema eleitoral. O encontro foi realizado no Palácio da Alvorada e transmitido pelas redes sociais pela TV Brasil.

##RECOMENDA##

O documento foi apreendido pela Polícia Federal no âmbito da investigação que apura suposta omissão de Torres na condução das forças de segurança pública em 8 de janeiro, quando golpistas depredaram a sede dos três Poderes, em Brasília. A minuta propõe o estabelecimento de um estado de defesa no TSE para mudar o resultado das eleições.

Torres também será questionado sobre seu envolvimento na reunião com embaixadores. Isso porque o então ministro da Justiça participou de uma live em julho de 2021 em que o presidente defendeu o voto impresso, atacou o TSE e fez alegações falsas sobre as urnas eletrônicas.

Na live de 2021 e na reunião de 2022, Bolsonaro usou o mesmo inquérito da Polícia Federal para supostamente basear suas alegações.

O TSE também ouvirá nesta quinta os servidores da PF Ivo de Carvalho Peixinho e Mateus de Castro Polastro. Ambos foram convocados antes da live para falar com Bolsonaro sobre o teor do inquérito.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, estabeleceu que não irá mais depor na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal. As informações foram confirmadas nesta quinta-feira (16), pelo advogado do ex-secretário, Rodrigo Roca, segundo o g1. 

O depoimento de Torres estava marcado para a próxima quinta-feira (23). A reunião iria acontecer de forma fechada, sem a presença da imprensa ou transmissão pela internet. 

##RECOMENDA##

Na semana passada, os distritais informaram que entraram em acordo com a defesa de Torres para que o depoimento privado acontecesse. No entanto, o advogado do ex-secretário disse que ainda não havia decisão. 

Anderson está preso desde 14 de janeiro e é investigado por suspeita de omissão durante os atos golpistas cometidos por bolsonaristas na sede dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano. Ele nega as acusações. 

No entanto, o coronel da Polícia Militar Jorge Eduardo Naime está marcado para esta quinta, ele chefiava o departamento operacional da corporação em 8 de janeiro durante ataques terroristas aos três poderes da República. 

Mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou que o coronel fique em silêncio no depoimento. Naime está preso desde o dia 7 de fevereiro depois de ter sido alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, que investiga a omissão de militares no enfrentamento aos vândalos e a suspeita de colaboração com os atos de terrorismo de 8 de janeiro na Esplanada dos Ministérios. 

A decisão também cita que a condução do preso “deverá ser feita mediante escolta policial e somente ocorrerá se houver sua prévia concordância, uma vez que essa Corte Suprema declarou a inconstitucionalidade de conduções coercitivas de investigados ou réus para interrogatórios/depoimentos”. 

A defesa de Naime afirmou que o coronel “deve comparecer” e que “vai falar na medida do que souber responder”. A sessão da CPI da Câmara Legislativa do DF está marcada para às 10h. O coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PM, também deve prestar depoimento nesta quinta. 

O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, depõe nesta terça-feira (14) à Polícia Federal. No depoimento, que será feito por meio de videoconferência, Albuquerque pretende sustentar a tese de que desconhecia o conteúdo dos pacotes e que estes seriam para a União.

A nova versão difere completamente daquilo que o ex-ministro e almirante de esquadra da Marinha disse no momento em que foram abordados pelos fiscais da Receita, em 26 de outubro de 2021, e do que o próprio Albuquerque disse ao Estadão no dia 13 de março, quando o escândalo veio à tona, revelado pelo Estadão.

##RECOMENDA##

Conforme relatou Bento Albuquerque, o conjunto de diamantes de R$ 16,5 milhões e que foi apreendido era para a então primeira-dama Michelle. "Isso era um presente. Como era uma joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né... deveria ser para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. E o relógio e essas coisas, que nós vimos depois, deveria ser para o presidente, como dois embrulhos", disse o ex-ministro.

Albuquerque também deixou claro que este segundo pacote com relógio, estimado em ao menos R$ 400 mil, era para Bolsonaro. Naquele dia da apreensão, Bento retornou até a área da alfândega para liberar as joias. Sua tentativa não se limitou a um ato institucional. Como revelou o Estadão, já naquele momento a diretoria da Receita Federal foi acionada, um ato completamente irregular, para que interviesse nas ações dos auditores e liberasse as joias. Os fiscais, no entanto, deram andamento à apreensão.

Bento admitiu que entrou com o segundo pacote sem declarar e que só o abriu em Brasília, quando pegou um voo de conexão. "Quando chegamos em Brasília, abrimos o outro pacote, tinha relógio... era uma caixa... tinham mais coisas", afirmou ao Estadão.

Além de tomar o depoimento de Bento Albuquerque, a PF deve colher explicações junto ao assessor Marcos André Soeiro, que estava na comitiva que voltava da Arábia Saudita e que transportava a bagagem que foi inspecionada pelos auditores da Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos.

Como tem revelado o Estadão em uma série de reportagens, Bolsonaro atuou diretamente no caso, não apenas para receber o pacote de presentes que entrou no País, como para tentar reaver, de todas as formas possíveis, o segundo pacote de joias que ficou retido na Receita. Suas ações diretas estão fartamente documentadas por meio de ofícios, ligações telefônicas, agendamento de voo da Força Aérea Brasil, pedidos formais para retirar as joias, acesso a ministérios e à chefia da própria Receita, com pressão direta sobre os funcionários do órgão.

Bolsonaro também já mudou de versão sobre o assunto. Primeiro, atacou a imprensa e disse que não tinha nenhum conhecimento sobre as joias. A mesma postura foi adotada por Michelle Bolsonaro. Uma semana depois, com a profusão de provas sobre o assunto, reconheceu que recebeu um pacote e decidiu entregá-lo.

A Receita Federal também desmentiu a versão apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados de que as joias enviadas pelo regime da Arábia Saudita ao Brasil seriam para o patrimônio público da Presidência. O órgão afirmou que, mesmo após orientações e esclarecimentos prestados pelos servidores do Fisco de que o bem poderia ser regularizado caso essa fosse a justificativa, "isso não aconteceu no caso em análise".

Por meio de nota, a Receita afirmou que a incorporação ao patrimônio da União exige pedido de autoridade competente, com justificativa da necessidade e adequação da medida, como, por exemplo a destinação de joias de valor cultural e histórico relevante, que possam ser enviadas para um museu.

"Não cabe incorporação de bem por interesse pessoal de quem quer que seja, apenas em caso de efetivo interesse público", informou a instituição, explicitando novamente que o governo não apresentou pedido para que as joias fossem tratadas como bem da União.

O caso deflagrou uma série de medidas e hoje é investigado hoje pela PF, Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União, além da Comissão de Ética da Presidência da República. O Tribunal de Contas da União também interveio e vai ficar com a guarda do segundo pacote que entrou no País enquanto se investiga o caso. No Congresso, há coleta de assinaturas na Câmara para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. No Senado, o escândalo será investigado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a colher depoimento do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, em ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível.

A oitiva foi marcada para a próxima quinta-feira, 16, às 10h, e será realizada por videoconferência. Na decisão, Moraes diz que está assegurado a Torres seu direito de ficar em silêncio. O ex-ministro também deve depor de forma privada à CPI sobre os atos golpistas na Câmara Legislativa do DF.

##RECOMENDA##

O pedido foi feito nesta quinta, 9, pelo corregedor-geral do TSE, Benedito Gonçalves. A ação investiga Bolsonaro por ataques ao sistema eleitoral realizados em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em julho do ano passado. O corregedor quer ouvir Torres a respeito do seu eventual envolvimento na reunião e sobre as circunstâncias relativas à chamada minuta de golpe apreendida em sua casa pela Polícia Federal. A inclusão do documento como prova contra Bolsonaro na investigação foi aprovada por unanimidade pelo TSE no mês passado.

Torres está preso no âmbito de inquérito sob relatoria de Moraes. O ex-secretário é suspeito de omissão na condução das forças de segurança pública em 8 de janeiro, quando extremistas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília.

Gonçalves marcou para o mesmo dia, na sede do TSE, depoimentos do coronel Eduardo Gomes da Silva e dos servidores da Polícia Federal Ivo de Carvalho Peixinho e Mateus de Castro Polastro.

No âmbito dessa investigação, que é a mais avançada entre as 16 Ações de Investigação Eleitoral (Aijes) que tramitam contra Bolsonaro na Corte eleitoral, também já foram ouvidos os ex-ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Carlos França, das Relações Exteriores.

O depoimento à Polícia Federal do ex-ministro de Minas e Energia almirante Bento Albuquerque sobre o caso das joias de Jair e Michelle Bolsonaro foi adiado para a próxima terça-feira, 7. O Estadão revelou que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente ao Brasil um conjunto de colar e brincos de diamante de R$ 16,5 milhões. O presente foi dado pela Arábia Saudita, e retido na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos. A comitiva brasileira conseguiu entrar no País, contudo, com uma segunda parte das joias, que hoje está na posse do ex-presidente.

O Estadão apurou que o pedido para adiar o depoimento partiu da própria defesa de Bento Albuquerque. O interrogatório será feito por videoconferência. O oficial iria depôr nesta quinta-feira, 9. A investigação da Polícia Federal foi aberta a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino.

##RECOMENDA##

Os bens foram ofertados a Bolsonaro pela Arábia Saudita durante a cerimônia de lançamento da Iniciativa Oriente Médio Verde, entre 20 e 26 de outubro de 2021. O ex-presidente não participou do evento e, por isso, enviou o então ministro de Minas e Energia para o representar. Parte das joias foi retida pela Receita Federal durante a volta dessa comitiva.

Conforme o Estadão revelou, Bento Albuquerque e o seu assessor, Marcos André Soeiro, desembarcaram em Guarulhos com as joias no dia 26 de outubro de 2021. O auxiliar optou pela saída "nada a declarar" para deixar a área do aeroporto sem registrar a posse dos diamantes, o que, na prática, infringe a legislação brasileira. A manobra, contudo, foi frustrada. Albuquerque tinha a opção de declarar os objetos e explicar que se tratava de um presente de um governo para outro, mas o ministro não aceitou. Se assim o fizesse, os itens passariam a ser do acervo público, não mais de Bolsonaro.

No total, o governo Bolsonaro fez oito tentativas para reaver as joias. Ele usou três ministérios - Minas e Energia, Economia e Relações Exteriores -, além de militares. Registro do Portal da Transparência revela que a demanda partiu do próprio presidente da República.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) Anderson Torres, deve depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos em reunião fechada. A decisão, aprovada na manhã desta quinta-feira (9), no plenário da Câmara Legislativa do DF, foi resultado de um pedido do deputado distrital Chico Vigilante  (PT), presidente da comissão, e assinado pelos cinco membros da CPI.

O depoimento de Torres estava marcado para esta quinta-feira, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o ex-secretário ficasse em silêncio durante a sessão e deu a opção de ele comparecer ou não. Diante disso, a defesa do acusado pediu que o depoimento fosse feito de maneira fechada, para evitar a exposição na mídia.

##RECOMENDA##

A reunião reservada está marcada para a manhã do dia 16 de março, apenas com a presença dos membros da CPI. Chico Vigilante destacou que Torres tem o direito de não querer se expor, mas que a comissão precisa ouvi-lo.

"Ele disse que tem muito a falar, que quer falar. E nós queremos que ele fale. Portanto, nós estamos apresentando um requerimento colocando todas as condições para que ele venha, sem a exposição, ele tem direito de não expor a imagem dele, mas nós não queremos a imagem, queremos a fala dele", disse o deputado. 

O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) votou a favor do pedido, mas destacou que os depoimentos fechados não podem se tornar rotina nas CPIs porque são assuntos de interesse de toda a sociedade.

"Eu acho que a comissão parlamentar de inquérito cumpre um papel fundamental de trazer também transparência para a sociedade dos fatos ocorridos tanto no dia 12 de dezembro quanto no dia 8 de janeiro. então é fundamental que esse caso, que é um caso fundamental para esta Câmara, seja exceção", disse Fábio Felix.

Torres está preso desde o dia 14 de janeiro. Ele é investigado por suspeita de omissão durante os atos golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro. O ex-secretário, que também foi ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro, nega as acusações.

Na sessão da manhã desta quinta, a Câmara Legislativa também aprovou a convocação de outras autoridades para depor na CPI, como a coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Cintia Queiroz de Castro, que é subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF.

Preso desde 20 de janeiro de 2023, na Espanha, Daniel Alves foi acusado de abuso sexual por uma mulher. Na última quarta-feira, dia 8, logo depois do Hospital Clinic de Barcelona apresentar provas contra ele, Daniel decidiu mudar a versão sobre o ocorrido pela terceira vez e admitiu que houve penetração vaginal na suposta vítima.

De acordo com o jornal colombino El Tiempo, o fato do atleta contradizer a própria históra, dá forças à versão da mulher, já que desde o ínicio ele havia negado qualquer contato íntimo. A partir de agora, as autoridades vão investigar se a tal penetração foi consetida ou não.

##RECOMENDA##

O depoimento só mudou depois que a unidade de saúde que atendeu a mulher garantiu que ela tinha hematomas de agressões sexuais.

O corpo de delito, elaborado pelo Hospital Clinic de Barcelona, especializado em agressões sexuais, confirmou que houve a penetração vaginal e certifica a existência de hematomas, arranhões e mordidas no corpo da jovem, somados ao estado de nervosismo e ansiedade que ela apresentou depois de seu encontro com Daniel Alves, dizia o comunicado.

A vítima ainda estaria tomando rémedios para prevenir doenças sexualmente transmissiveis já que o ato aconteceu em preservativo durante uma boate.

Daniel segue dividindo cela com outro detento em Catalinha, e, segundo Fábia Oliveira, pode ficar até dois anos presos aguardando o julgamento.

Quando Carla Cristina Ferreira Rodrigues soube, em 2021, que havia sido aprovada no programa Mais Médicos para atuar em unidades de saúde dentro do território Yanomami, achava que estava preparada para todos os desafios logísticos e profissionais que enfrentaria. Graduada em 2016, a médica decidiu que faria a sua carreira atendendo populações negligenciadas. Passar 15 dias por mês dentro da floresta, sem cama nem banheiro e com escassez de recursos para o tratamento dos pacientes - condições que afastam a maioria dos profissionais dos territórios indígenas - já era esperado por Carla. "Fui preparada para o pior cenário. Fiz uma 'mochila consultório' com alguns equipamentos e itens de sobrevivência."

Mesmo preparada para as dificuldades, Carla deixou o trabalho 11 meses depois. O medo de morrer e a sensação de impotência de não poder salvar seus pacientes fizeram a médica desistir. "Dormia na rede com facão. Nas aldeias próximas do garimpo, havia violência dos garimpeiros e dos indígenas, que eram cooptados. Víamos tiroteios. Em um deles, começaram a atirar mirando o polo de saúde. Tivemos de nos esconder no banheiro e pedir resgate", afirmou.

##RECOMENDA##

Historicamente, poucos profissionais topam passar 15 dias de cada mês dentro da floresta, isolados. Nos últimos anos, porém, com o avanço do garimpo e o enfraquecimento das políticas de saúde indígena, as condições de trabalho ficaram ainda mais precárias e a insegurança aumentou. "Quando cheguei, havia nove médicos no território, todos intercambistas do Mais Médicos que não tinham revalidado o diploma e, por isso, não podiam atuar fora do programa. Eu e dois colegas que chegamos na mesma data tínhamos nos formado no Brasil. Quando chegamos ao DSEI, sentíamos que as pessoas olhavam estranho, como se não entendessem como alguém podia querer trabalhar lá. Era um clima hostil", conta.

Quando passou a atender dentro da terra indígena, Carla encontrou situação de completa escassez. Faltavam itens básicos como luvas, dipirona e soro. "Depois de um tempo, comecei a separar R$ 600 do meu salário todo mês para comprar e levar alguns remédios e insumos básicos."

Os momentos mais difíceis, conta Carla, aconteciam quando essa escassez e precariedade se traduziam em mortes de pacientes. Foi no DSEI Yanomami que a médica perdeu a primeira criança. "Era uma bebê de 4 meses com problemas respiratórios. Não tinha oxigênio, não tinha maca, nada", diz.

Resgate

Em outro episódio, a médica foi acionada para ir até uma área mais afastada do território fazer o resgate de um indígena ferido. Foi sozinha apenas com o piloto do helicóptero e, ao chegar ao local, encontrou o paciente desacordado, com um ferimento na cabeça feito por um facão e hemorragia. "Não tinha ninguém para me ajudar a carregar. Quando ele chegou à cidade, também demorou para conseguir uma vaga de UTI e acabou morrendo", conta.

Carla sonha em voltar a atender os Yanomamis, com condições de trabalho melhores. "Os Yanomamis são muito diferentes do que estamos vendo nas notícias. É um povo forte, guerreiro e com quem aprendi muito. É preciso recuperar a dignidade deles."

70% das vagas para médicos na área estão vazias

Das 27 vagas existentes hoje no Mais Médicos para atuação no DSEI Yanomami, 19 estão vazias, segundo o Ministério da Saúde. A média de permanência é de 322 dias para formados no Brasil e 733 dias para graduados no exterior. A pasta diz que há um edital em andamento para as 19 vagas e a expectativa é de que sejam preenchidas no próximo mês.

Levantamento feito pelo Republica.org, instituto dedicado a melhorar a gestão de pessoas no serviço público, mostra que, no último edital do Mais Médicos, em julho, foram abertas 19 vagas para atuação no território indígena e só uma foi preenchida.

Para Paulo Cesar Basta, pesquisador da Fiocruz, o preconceito com os indígenas, as condições precárias de trabalho e a insegurança são alguns dos fatores que explicam a dificuldade de fixação de profissionais. "Situações que vivenciei há 20 anos atuando lá continuam se repetindo", diz.

Para Vanessa Campagnac, gerente de dados e comunicação do República.org, é preciso investir na formação de profissionais. "Políticas baseadas no aumento de vagas em universidades ou cotas nesses locais têm potencial de diminuir a desigualdade na distribuição de profissionais."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira, 3, a abertura de uma investigação para apurar se o senador Marcos do Val (Podemos-ES) mentiu no depoimento prestado ontem à Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo o parlamentar, teria sido articulado pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Moraes cita indícios dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo. "O senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento", diz um trecho da decisão.

##RECOMENDA##

Como primeiras medidas de investigação, o ministro pediu cópias de gravações das entrevistas concedidas pelo senador sobre o caso e da transmissão ao vivo que ele fez nas redes sociais para tornar o suposto plano público.

Ele também determinou que o procedimento deve ser distribuído ao próprio gabinete por 'prevenção' - o que significa que uma ação ou investigação anterior justifica a preferência de um ministro para assumir o caso como relator. O inquérito citado para fundamentar a prevenção é o que se debruça sobre o papel de autoridades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.

As versões do senador colocam Moraes no centro da suposta tentativa de golpe, o que interlocutores do STF veem como uma tentativa de afastar Moraes de investigações estratégicas e sensíveis ao ex-presidente e seus aliados.

O ex-deputado federal Daniel Silveira passou por audiência de custódia na noite da quinta-feira (2), quando foi mantida sua prisão. “A ata está no processo sigiloso e não será divulgada”, informou o Supremo Tribunal Federal (STF).  Ele foi preso na manhã de ontem por descumprir regras da detenção domiciliar. A prisão ocorreu na casa de Silveira, em Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.

A ordem de prisão foi dada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, após o ex-deputado danificar a tornozeleira eletrônica que é obrigado a usar, e fazer novos ataques contra o Supremo e o sistema eleitoral brasileiro, em vídeos divulgados na internet e em discurso na Câmara dos Deputados. Na decisão, Moraes declarou que as condutas de Silveira “revelam o seu completo desprezo pelo Poder Judiciário”.

##RECOMENDA##

Dinheiro e armas

Os agentes da Polícia Federal também cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do ex-deputado para recolher armas, munições, dinheiro em espécie, computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos ou materiais relevantes.

O passaporte do ex-parlamentar também foi apreendido e cancelado, e a justiça determinou ainda a suspensão dos seus registros de armamento e portes de arma de fogo.

Após narrativas desencontradas sobre um suposto plano golpista atribuído ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) deu sua versão oficial em depoimento prestado na quinta-feira (2), à Polícia Federal (PF). Ele afirmou que recebeu um convite de Bolsonaro, por intermédio do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), para uma reunião que teria ocorrido no dia 9 de dezembro. O senador não soube dizer exatamente o local do encontro, se era a "residência oficial, casa de lazer ou outra".

Do Val declarou que apenas Bolsonaro e Daniel Silveira estavam presentes na reunião. Na versão do senador, o então deputado teria proposto uma "missão importantíssima" que "entraria para a história": que ele fizesse uma gravação clandestina do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e "conduzisse a conversa" na tentativa de induzi-lo a falar "algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição".

##RECOMENDA##

"Teria um carro com os equipamentos para fazer a captação do áudio e gravação", detalhou o senador. O objetivo seria anular o resultado da eleição e prender o presidente do TSE.

Ele alega que alertou sobre a ilegalidade do grampo e que Daniel Silveira teria respondido que "daria um jeito para tornar a gravação legal", sem especificar como.

De acordo com o senador, Bolsonaro ficou calado durante toda a conversa, mas em nenhum momento "negou o plano ou mostrou contrariedade". "A sensação era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento", narrou.

O único momento em que Bolsonaro se manifestou, segundo o depoimento, foi quando Do Val afirmou que precisaria de alguns dias para dar uma resposta - o que, de acordo com o senador, foi dito para "encerrar o assunto". "O ex-presidente respondeu que o aguardaria", diz o termo de depoimento.

O parlamentar afirma que respondeu no final de semana que não participaria do plano, classificado por ele como uma "proposta esdrúxula", e que, por mensagens, Daniel Silveira ainda teria tentado dissuadi-lo. "Irmão, essa missão está restrita a três pessoas e só irá ficar, provavelmente, com mais cinco após concluída. Cinco estrelas. Tranquilize-se. Essa missão, nem o Flávio saberá", teria escrito Daniel Silveira.

O senador, no entanto, negou no depoimento saber quem seriam essas pessoas, mas "achou que podia se tratar de membros do GSI" (Gabinete de Segurança Institucional).

Marcos do Val alega ainda que se encontrou duas vezes com Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) para falar sobre o caso, uma antes da reunião e uma após ter ouvido o plano, e que o ministro "fez uma expressão de surpresa pelo absurdo da situação". O senador afirma que não recebeu nenhum pedido para formalizar a denúncia.

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres prestou depoimento por cerca de dez horas à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (2) e negou ter escrito a minuta golpista apreendida na sua casa. Ele também negou ter conversado sobre o documento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Anderson Torres está preso preventivamente por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) na investigação sobre o papel de autoridades públicas nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.

##RECOMENDA##

O ex-ministro disse que 'não tem ideia' de quem elaborou a minuta e que acredita ter recebido o documento em seu gabinete no Ministério da Justiça.

Quando bolsonaristas invadiram os prédios do STF, do Congresso e do Planalto, no dia 8 de janeiro, Amderson Torres estava de férias com a família dos Estados Unidos. Ele havia sido nomeado há uma semana para comandar a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, cargo que ocupava antes de integrar o governo federal, e já havia promovido mudanças na cadeia de comando da pasta e das Polícias Civil e Militar.

A situação do ex-ministro se complicou depois que a Polícia Federal apreendeu a minuta de decreto para Bolsonaro intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o resultado da eleição.

O ex-ministro também precisou explicar por que não trouxe o celular quando se entregou à PF para ser preso preventivamente no último dia 14. Torres disse que perdeu o aparelho quando estava nos Estados Unidos.

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 2, e negou ter participado da elaboração da minuta golpista apreendida na casa do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro Anderson Torres. Ele também concordou em entregar o celular para perícia.

O político afirmou que não tem conhecimento das 'circunstâncias' da elaboração do documento e não soube dizer se houve uma reunião para tratar da proposta de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado da eleição.

##RECOMENDA##

Valdemar foi intimado pela PF após tentar minimizar a apreensão da minuta ao declarar em entrevistas que recebeu e descartou propostas de golpe. Em depoimento, ele afirmou que usou uma 'metáfora' ao dizer que 'todo mundo' tinha minutas golpistas em casa.

O presidente do PL disse que esses documentos chegavam até ele sem identificação e pareciam 'mal elaborados', produzidos por pessoas sem 'conhecimento' ou 'experiência'.

O termo de depoimento cita 'três ou quatro' propostas diferentes. Duas delas teriam sido recebidas em 'eventos políticos' e uma entregue em um aeroporto por uma mulher que teria se identificado como advogada.

Ao delegado Jacob Guilherme da Silveira Farias de Melo, Valdemar disse ainda que nunca levou essas propostas a sério e que triturou todas elas para não dar margem a narrativas de que seria a favor de ideias golpistas. Ele também alegou que não se sentia 'à vontade' em manter essas cópias em casa para que ninguém, inclusive familiares, pensassem que ele 'estava tramando alguma coisa'. O político admitiu que não chegou a alertar nenhuma autoridade ou membros do PL sobre o teor das propostas.

Valdemar afirmou ainda que era abordado com frequência por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que pediam 'providências' sobre a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PL). Ele disse que os bolsonaristas 'radicais' não tem contato com o PL e não participam dos eventos do partido.

O presidente do PL também afirmou que 'nunca duvidou' da segurança das urnas eletrônicas e que só contratou uma empresa para fiscalizar o resultado das eleições por 'insistência' do governo Bolsonaro. O TSE chegou a multar o partido em R$ 22,9 milhões depois que a legenda pediu a anulação dos votos de 279,3 mil urnas eletrônicas alegando que houve 'mau funcionamento' do sistema.

A Polícia Federal (PF) pediu nesta terça-feira, 31, para tomar o depoimento o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, sobre a minuta para decretar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O documento foi apreendido na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, no inquérito sobre os atos golpistas que ocorreram no dia 8 de janeiro na Praça das Três Poderes. A autoria ainda é desconhecida. Torres nega ter escrito o rascunho de decreto.

##RECOMENDA##

O texto previa a intervenção de uma comissão formada majoritariamente por representantes do Ministério da Defesa, além do então presidente Jair Bolsonaro (PL), no TSE. O objetivo seria anular a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O delegado Raphael Soares Astini pediu autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para marcar o depoimento de Valdemar. O ofício cita entrevistas em que o político admitiu ter recebido e descartado propostas golpistas.

"Em recente entrevista a veículos jornalísticos, o Sr.Valdemar Costa Neto, presidente do partido político PL, disse que chegou a receber várias propostas, documentos que supostamente poderiam questionar/alterar no TSE o resultado eleitoral e que teve o cuidado de triturar tais documentos", justificou o delegado.

O TSE chegou a multar o PL, partido de Bolsonaro, em R$ 22,9 milhões depois que a legenda pediu a anulação dos votos de 279,3 mil urnas eletrônicas alegando que houve 'mau funcionamento' do sistema.

As investidas de Valdemar Costa Neto também levaram Moraes, que preside do TSE, a abrir uma investigação na Corregedoria-Geral Eleitoral para verificar se o político usou indevidamente a estrutura do partido para atacar 'tumultuar o regime democrático brasileiro'.

O presidente do PL também foi incluído como investigado no chamado inquérito das milícias digitais, que tramita no Supremo Tribunal Federal e mira a atuação de grupos organizados na internet para espalhar notícias falsas e ataques antidemocráticos.

O craque brasileiro Neymar será intimado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) a depor como testemunha em uma investigação sobre agiotagem, lavagem de dinheiro e receptação de joias.

A intimação ao craque do Paris Saint-Germain é resultado da Operação Huitaca, que prendeu temporariamente nesta sexta-feira três pessoas associadas ao esquema. Segundo a polícia, o camisa 10 da seleção brasileira adquiriu joias de um dos alvos da ação.

##RECOMENDA##

"A autoridade policial da Corpatri (Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais) informa que providenciará a intimação do jogador de futebol brasileiro Neymar da Silva Santos Júnior, 30 anos, para, na condição de testemunha, prestar informações sobre duas joias adquiridas de um dos alvos da operação de hoje", disse a polícia.

De acordo com as apurações, os envolvidos são donos de um cassino de poker em Águas Claras, por meio do qual também realizavam agiotagem, mirando jogadores que se endividaram nas partidas de poker.

"Um dos presos já se envolveu em delitos de extorsão, receptação, furto e homicídio. Um dos alvos, que está cumprindo prisão domiciliar, já é considerado foragido e ainda é procurado por equipes da PCDF", destaca Fernando Cocito, Delegado-Chefe da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos.

Foram sequestrados, por ordem judicial, dois veículos importados, da marca Porsche e Land Rover, e uma lancha de 50 pés, avaliados em R$ 2 milhões. Também foi determinado o bloqueio de valores em cinco contas dos investigados, no montante de R$ 16 milhões.

"A lavagem do dinheiro da agiotagem e da receptação das joias e pedras preciosas acontecia por intermédio das contas de seis empresas de fachada, situadas em Brasília e Goiânia, e dá conta de um testa de ferro, que também foi preso. Estima-se que, entre 2019 e 2021, o grupo criminoso lavou R$ 16 milhões", explica Cocito.

Procurada, a assessoria de imprensa de Neymar afirmou que "não tinha conhecimento sobre o assunto" e ficou sabendo sobre o ocorrido somente pela imprensa.

A prisão preventiva decretada contra Daniel Alves na última sexta-feira (20) teve como pano de fundo a sequência de contradições do jogador em suas declarações. O primeiro depoimento colhido junto à vítima foi gravado acidentalmente e acabou ajudando na sustentação da denúncia, uma vez que as falas da mulher de 23 anos se repetiram nos demais momentos em que foi ouvida pela Justiça catalã.

A favor da vítima também estão oitivas de testemunhas que reafirmaram de forma convicta a agressão sexual sofrida pela mulher. Gravações das câmeras de segurança e materiais colhidos na cena do crime auxiliam na investigação de maneira contundente.

##RECOMENDA##

De acordo com o jornal El Periódico, um membro da equipe da polícia catalã que acudiu a vítima da agressão sexual na casa noturna Sutton, em Barcelona, estava com a câmera da farda ligada e gravou, acidentalmente, as falas da mulher.

Na Catalunha, assim como em São Paulo, com a Operação Olho Vivo, policiais levam em seus coletes câmeras que gravam suas ações. A comparação da gravação acidental com o primeiro depoimento oficial da vítima deu a robustez necessária para o andamento da investigação, do processo e consequente prisão de Daniel Alves.

Na gravação, aparece a vítima chorando desesperadamente e repetindo que Daniel Alves a agrediu física e sexualmente. A mulher também se dizia envergonhada com a situação e se sentindo culpada por ter ido ao banheiro com o jogador.

Em seus seguintes depoimentos, a mulher agredida sexualmente por Daniel Alves demonstrou recorrente preocupação com a possível divulgação de sua identidade. A lei espanhola veda quaisquer veiculações de imagens e dados pessoais da denunciante.

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, disse em sua audiência de custódia que foi surpreendido pelos atos golpistas na Praça dos Três Poderes. Ele saiu de férias às vésperas dos protestos e teve a prisão preventiva decretada quando ainda estava nos Estados Unidos sob suspeita de se omitir ou facilitar a ação dos radicais.

"Do jeito que eu saí, o que eu deixei assinado, eu deixei tranquilo, porque nem se caísse uma bomba em Brasília teria ocorrido o que ocorreu", afirmou ao desembargador Airton Vieira ao ser ouvido no último dia 14. "Essa prisão e essa acusação me pegaram muito de surpresa."

##RECOMENDA##

Torres disse ainda que a ordem de prisão foi um 'tiro de canhão' e que jamais 'daria condições' para que manifestantes invadissem os prédios da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Essa guerra que se criou no País, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo", disse em outro trecho da audiência.

Ele afirmou ainda que assumiu o Ministério da Justiça a convite do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em um 'momento delicado' entre os Poderes, mas alegou que sempre tentou buscar o 'equilíbrio'. Também disse que nunca contestou o resultado das eleições ou a lisura do processo eleitoral.

"Visitei todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, inclusive o ministro relator [Alexandre de Moraes]... Estou num momento em que eu, realmente, vendo ali os tipos penais que estão sendo imputados a mim, são coisas inimagináveis para uma pessoa como eu", se defendeu.

"Até 15 (quinze) dias atrás eu era Ministro da Justiça, hoje estou preso. Foi um suplício chegar no Brasil sem problemas, escondido, escondendo a cabeça, foi um negócio horroroso, que nem em pesadelo", acrescentou.

A audiência de custódia é um instrumento usado para verificar a legalidade das condições da prisão. Nesta etapa, o preso não é ouvido sobre as acusações. Anderson Torres ainda vai prestar depoimento. Ele seria ouvido hoje, mas a oitiva foi remarcada para o próximo dia 2.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal realize a oitiva do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, em 2 de fevereiro, às 10h30. Moraes acatou pedido feito pela defesa de Torres, que solicitou acesso aos inquéritos 4879 (que apura atos antidemocráticos) e 4781 e 4874 (que investiga milícias digitais), como condição para prestar depoimento.

Uma primeira tentativa foi feita na última quarta-feira (18), quando o ex-ministro ficou em silêncio. A defesa então solicitou a remarcação para esta segunda-feira (23), às 10h30, mas o procedimento não foi realizado porque Moraes ainda não havia concedido acesso aos autos.

##RECOMENDA##

Como os inquéritos 4781 e 4879 são sigilosos, o acesso deverá ser agendado previamente e será fornecido por meio de cópia digitalizada, com marca d'água identificando o destinatário, que deverá manter o sigilo. No despacho, Moraes destacou que o inquérito 4874, por sua vez, já é público.

O ex-número 2 de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal, Fernando de Sousa Oliveira, disse em depoimento à Polícia Federal nesta quarta, 18, que seu superior saiu de férias sem lhe repassar diretrizes específicas para o cargo. Torres viajou aos EUA poucos dias antes dos atos golpistas realizados em Brasília em 8 de janeiro.

Ele disse que assumiu a secretaria executiva da SSP em 3 de janeiro e, dois dias depois, Torres o avisou que iria viajar no final de semana e deixaria aprovado o planejamento de segurança para as manifestações dos dias 6, 7 e 8.

##RECOMENDA##

Oliveira ainda disse que Torres não o apresentou aos comandantes das forças policiais do DF antes de viajar e ficou combinado que o então secretário-executivo seria acionado em caso de necessidade.

Em relação à área de inteligência, Oliveira disse que recebia informes em tempo real por meio de grupos no WhatsApp, mas que haviam poucas mensagens sobre radicais, "a grande maioria advinda de rede social e não de acompanhamento in loco". Ele disse que as informações em campo apontavam para um ambiente controlado e tranquilo, em termos como "normalidade", "tudo normal" e "policiamento reforçado".

Todas as informações prestadas por Oliveira ao governador, de acordo com seu depoimento, teriam sido extraídas desses grupos.

Os relatos de tranquilidade seguiram até as 13h do domingo, 8, segundo ele. Até então, "as forças de segurança não reportaram nenhum movimento atípico, inclusive com imagens de poucas pessoas na esplanada dos ministérios", afirmou Oliveira no depoimento.

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres ficou calado em depoimento na manhã desta quarta-feira, 18, à Polícia Federal (PF). A assessoria do órgão confirmou que Torres optou por permanecer em silêncio.

Interlocutores do aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro dizem que essa estratégia foi adotada porque a defesa do ex-ministro não teve acesso à investigação. A oitiva de Torres, que aconteceu no 4º Batalhão da Polícia Militar do DF, durou cerca de uma hora, mas ele respondeu apenas que "não tem nada a declarar", disseram fontes ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O delegado Alexandre Camões Bessa, que comanda a investigação dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, conduziu o interrogatório.

##RECOMENDA##

O Broadcast Político informou na segunda-feira, 16, que Torres vinha se preparando para negar ter conhecimento de que os atos antidemocráticos do dia 8 pudessem escalar para uma violência ao ponto que chegaram, com invasão e destruição dos prédios dos três Poderes. Contudo, o pool de advogados avaliou, desde então, que esse discurso poderia não ser bem recebido, já que o Ministério da Defesa enviou um alerta de segurança à SSP-DF no dia anterior, 7 de janeiro.

Além de se explicar sobre a falha na segurança durante os atos do dia 8, Torres também foi questionado no depoimento sobre o documento encontrado em sua casa pela PF que vem sendo chamado de "minuta do golpe". O texto fala em instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral para mudar o resultado das eleições.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando