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Em meio a imbróglio sobre as gravações que levaram à queda do ex-ministro G. Dias, o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira - ex-coordenador de Operações de Segurança Presidencial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que entregou garrafas de água a invasores do Palácio do Planalto com o "intuito de acalmá-los", para que não danificassem a copa próxima ao gabinete presidencial, onde estavam. O militar disse que estava "sozinho", sem apoio, na ocasião, e chegou a pedir que os golpistas saíssem do local. Depois, quando ouviu o reforço chegando, ordenou que todos saíssem do local, "tendo em vista que com a chegada da tropa a chance de linchamento seria menor".

O major foi questionado pela PF sobre porque não deu voz de prisão aos invasores. Pereira respondeu que "estava sozinho, desarmado, que corria risco de linchamento e de morte, sendo realizado o que estava a seu alcance". O militar narrou que "tomou todas as providências a seu alcance para conter danos, preservar vidas e executar o Plano Escudo - protocolo de defesa dos dois palácios (Planalto e Alvorada).

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Ainda de acordo com o depoimento, o major ficou por cerca de uma hora sozinho com os golpistas, período em que "permaneceu em contato com seus superiores pedindo reforço e atualizando-os sobre a situação da invasão". O militar disse que estava no local quando apareceram três ou quatro radicais "exaltados" que questionaram que ambiente era aquele e depois exigiram ao major que lhes desse água.

O major foi ouvido no domingo, 23, pelos investigadores do inquérito sobre os atos golpistas. Na ocasião, relatou sua atuação no dia 8, desde que chegou ao Planalto, às 7h daquele dia. Segundo Pereira, o nível de indicativo de risco na ocasião era o laranja - o terceiro patamar em uma escala de cinco níveis. Por volta das 14h30, o militar começou a ouvir barulho de bombas, deixou o pelotão de prontidão e ligou para o coronel responsável em busca de atualizações sobre o ato que culminou na invasão das sedes dos três Poderes.

Pereira narrou ter se dirigido ao 4º piso do Palácio, avistando tropa da Polícia Militar constituída de cerca de dez homens, a qual "considerou muito pequena", e também disse que radicais estavam jogando pedras nos policiais, enquanto se aproximavam do Planalto. O major sustenta que "tomou todas as providências para impedir que os manifestantes adentrassem a área do Palácio do Planalto".

Segundo o militar, a invasão à sede do Executivo começou pelo canto noroeste do prédio, ocasião em que os golpistas "furtaram armamentos menos letais da sala de segurança". Pereira diz ter conseguido recuperar suas pistolas de choque, bastões e algemas da mão dos radicais, mas, durante a confusão, perdeu contato com as duas tropas que estavam sob seu comando. Os materiais foram em seguida entregues a um coronel, que informou a Pereira que a segurança do Palácio do Planalto havia "colapsado".

O major disse que, logo em seguida, retirou o paletó e a gravata para se infiltrar no Palácio "tomado" pelos radicais para conter danos. Também ficou sem a pistola, para evitar o furto do armamento, já que estava sozinho, narrou. Ele disse ter pedido reforço e adentrado o Planalto, sozinho, tendo verificado que "não havia tropa da PM nem o reforço solicitado e nem mesmo efetivo do GSI, somente os manifestantes".

Pereira disse que sua prioridade era proteger o gabinete presidencial, razão pela qual se dirigiu ao terceiro andar do prédio. Lá encontrou outros radicais, e, após se identificar, foi hostilizado. O militar disse ter "argumentado, tentando acalmá-los". Logo na sequência, o major encontrou, na antessala do gabinete presidencial, uma senhora. Sua avaliação foi a de que "ela não apresentava risco", então "foi em busca de maiores ameaças". Foi então que o militar se dirigiu à copa e foram registradas as imagens em que ele entrega água aos radicais.

O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou, por volta das 8h50 desta quarta-feira (26), à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre os atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro.

O depoimento foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, tendo por base uma postagem feita pelo ex-presidente na madrugada entre os dias 10 e 11 de janeiro. Nela, Bolsonaro compartilhou vídeo com críticas ao sistema eleitoral brasileiro.

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A postagem, que apresentava notícias falsas, já desmentidas, que o resultado das eleições era questionado, foi retirada do ar poucas horas depois da publicação.

Na avaliação de Moraes, a postagem pode indicar uma ligação entre o ex-presidente e os atos golpistas que resultaram na invasão e destruição das sedes dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores de Bolsonaro, insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais de outubro de 2022.

O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente Lula (PT), afirmou, nesta sexta-feira (21), que não tem qualquer responsabilidade sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O oficial prestou depoimento na Polícia Federal ao longo de 5 horas, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

"O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", escreveu Dias, em mensagem enviada ao Estadão após a oitiva. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 08 de janeiro", acrescentou o ex-ministro de Lula.

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G Dias, como é conhecido, chegou na sede da Polícia Federal, na região central de Brasília, por volta de 8h50, e saiu às 13h30. Moraes determinou o depoimento do ex-ministro de Lula após a CNN Brasil divulgar, nessa quarta-feira (19), imagens internas do Palácio do Planalto que mostram integrantes do GSI interagindo com os golpistas que invadiram o prédio em 8 de janeiro. O vídeo mostra G Dias circulando no andar do gabinete presidencial e indicando a saída do prédio aos invasores. Um dos servidores do órgão chega a distribuir garrafas de água aos extremistas.

Ao determinar pelo depoimento, Moraes apontou que as imagens revelam uma "atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI".

Em nota, o GSI explicou que "as imagens divulgadas mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos".

O general pediu exoneração do governo no mesmo dia da divulgação das imagens. Na ocasião, G Dias conversou com Lula e outros ministros palacianos. O presidente atendeu o pedido.

De acordo com a colunista Vera Rosa, do Estadão, o governo foi surpreendido com a divulgação das imagens. Isso porque Lula chegou a pedir a G Dias, segundo relatos de ministros do Planalto, acesso à câmera do circuito interno posicionada para o corredor que dá no gabinete presidencial, no Planalto. O então chefe do GSI alegou, contudo, que a câmera estava quebrada e por esse motivo não havia imagens daquele local durante a depredação em 8 de janeiro.

O Estadão também mostrou que o governo Lula negou ao menos oito pedidos de acesso às imagens do circuito interno do Planalto no dia dos ataques. Essas solicitações foram protocoladas no âmbito da Lei de Acesso à Informação (LAI). A gestão petista tentou esconder os vídeos por cinco anos, ou seja, até 2028.

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias chegou à sede da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira, 21, para prestar depoimento sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, em Brasília.

A oitiva foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Imagens da área interna do Palácio do Planalto divulgadas pela primeira vez na quarta-feira, 19, pela CNN Brasil, mostram G. Dias , como é conhecido, e outros funcionários do GSI interagindo com os golpistas durante a invasão do prédio. Um dos servidores chegou a distribuir garrafas de água para os extremistas.

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O escândalo levou o general a pedir demissão do governo. O pedido foi aceito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. G Dias é o primeiro ministro a cair em 109 dias da atual gestão.

Na decisão que determinou o depoimento de G Dias, Moraes apontou que as imagens revelam uma "atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI".

O ministro do STF destacou que já mandou, no mesmo dia dos atos golpistas, a PF obter todas imagens de câmeras de segurança do DF do dia 8 de janeiro. Também determinou, em 23 de fevereiro, que todos os militares que aparecem nas câmeras de segurança sejam ouvidos. A lista dos militares presentes seria fornecida pelo GSI.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Belo Horizonte nesta quarta-feira, 19, para esclarecer declarações dadas sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

A oitiva ocorreu para atender à convocação feita pelo ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O político disse que, no depoimento, reforçou o repúdio aos atos e, também segundo ele, ressaltou a importância de seguir com as investigações que pretendem apurar os crimes cometidos no início do ano.

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Uma semana após os ataques, Zema foi a Brasília participar da primeira reunião dos governadores com o presidente. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele afirmou que o governo federal teria feito 'vista grossa' em relação aos atos golpistas para que Lula se passasse por vítima dos atos terroristas. A declaração causou mal-estar na relação com o governo federal e gerou polêmica. O governador mineiro acrescentou que declarações antes do término das investigações são "achismo", mas que ele poderia "supor" que pudesse ter havido omissão dos órgãos de segurança.

Contudo, na tarde desta quarta-feira (19), o governador mineiro voltou a questionar o motivo de uma grande manifestação como aquela, marcada de maneira antecipada, não ter tido maior atenção do Governo Federal.

"Também (reforcei) a necessidade de investigações para se apurar todos os fatos, tudo que aconteceu no dia, que deixou todos nós brasileiros perplexos. Como que uma manifestação com aquela quantidade de pessoas, previamente anunciada, não foi controlada, não houve empenho maior no sentido de tolher os manifestantes de agir. Deixei claro meu apreço às instituições democráticas", concluiu o governador.

Em depoimento à Polícia Federal - prestado no último dia 5 -, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que conversou com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes e 'determinou' que ele estabelecesse contato com o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente coronel Mauro Cid, para tratar das joias que foram dadas ao então chefe do Executivo e à primeira-dama Michele Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita, mas acabaram apreendidas pelo Fisco no Aeroporto de Guarulhos.

Segundo Bolsonaro, o contato com o ex-chefe da Receita se deu enquanto Mauro Cid foi atrás de informações sobre as joias apreendidas, por solicitação do próprio ex-presidente. O ex-chefe do Executivo ainda alegou que só soube do caso em novembro de 2022 - enquanto a apreensão se deu no ano anterior.

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A íntegra do depoimento de Bolsonaro foi divulgada nesta sexta-feira, 14, pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil. A reportagem do Estadão confirmou os detalhes do relato do ex-presidente à PF.

Na oitiva realizada no último dia 5, Bolsonaro ainda narrou que não se recorda de quem lhe contou sobre a apreensão, sendo possível ter sido de alguém do ministério de Minas e Energia. As joias foram apreendidas na mochila de um ex-assessor do ex-ministro Bento Albuquerque, titular da pasta. O ex-presidente negou ter conversado com o ex-ministro sobre o caso.

O ex-presidente narrou à Polícia Federal que é de 'praxe o recebimento de presente quando de visitas ao Oriente Médio, não havendo um motivo específico para as joias terem sido ofertadas pelo governo da Arábia Saudita'.

Em depoimento à Polícia Federal (PF), um ex-funcionário da Presidência da República declarou que teria recebido uma ligação do braço-direito do então presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitando a assinatura de um ofício para resgatar as joias apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. O presente dado pelo governante da Arábia Saudita, avaliado em R$ 16,5 milhões, ficou retido na alfândega por não ter sido declarado quando foi trazido ao Brasil.

Na declaração, o ex-chefe de gabinete de documentação histórica, Marcelo da Silva Vieira, conta que em dezembro de 2022, Mauro Cid entrou em contato para pedir que assinasse um ofício com pedido à Receita Federal que os bens retidos fossem incorporados ao patrimônio da presidência. As mensagens trocadas foram feitas por WhatsApp, sem utilização de canais oficiais de comunicação.

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Com as negativas de Vieira, no dia 27 de dezembro, Cid ligou pelo aplicativo de mensagens instantâneas para pedir mais uma vez a assinatura do ofício. “Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e pediu ao declarante para que explicasse ao Presidente da República essa situação e por que não poderia assinar”, disse Vieira. Ao explicar as impossibilidades técnicas do pedido, ele disse que ouviu Bolsonaro respondendo do outro lado “ok, obrigado”.

Vieira trabalhou como chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), responsável por liberar os itens considerados de acervo da União ou de patrimônio do presidente. Ele cumpriu a função desde 2017 até janeiro de 2023, quando foi exonerado pelo novo governo do presidente Lula.

Cerca de 80 militares do Exército e da Guarda Presidencial compareceram à Academia da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta quarta-feira, 12, para prestar depoimentos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A PF investiga a participação de militares nos atos e também a ação do Batalhão da Guarda Presidencial no dia em que extremistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

A lista de depoentes inclui o general Gustavo Dutra, que foi exonerado do cargo de chefe do Comando Militar do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última terça-feira, 11. A decisão publicada no Diário Oficial da União (DOU) acontece em meio às acusações de que o BGP teria sido omisso no combate às invasões do 8 de janeiro, quando golpistas tomaram e depredaram o Planalto.

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Dutra era o chefe do CMP na ocasião e teria impedido o desmanche do acampamento instalado em frente ao Quartel-General da Força na capital, e a prisão dos radicais imediatamente após os ataques. No dia 8 de janeiro, a Guarda Presidencial e o Exército não conseguiram evitar a invasão do Palácio do Planalto pelos golpistas. O prédio da Presidência foi um dos que mais sofreu com os ataques dos invasores, que destruíram obras de arte e roubaram equipamentos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

As oitavas são conduzidas pela PF com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro-relator do inquérito do 8 de janeiro, Alexandre de Moraes, considerou que o envolvimento de militares na tentativa de golpe deve ser entendido como crime comum, portanto de competência da PF.

Diferentemente do trâmite normal, os militares não foram direcionados à sede da PF, no centro de Brasília, para prestar seus depoimentos. A academia da corporação conta com estrutura maior do que o prédio sede, o que permitiria a oitava de todos os 80 militares em um só dia. O local é o mesmo para onde foram levados os mais de 100 presos que estavam acampados em frente ao Quartel General do Exército no dia seguinte à invasão de prédios em Brasília.

No início da tarde desta quarta, a reportagem do Estadão identificou a entrada de caminhões e viaturas dos Exército na academia da PF.

A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann, divulgou um vídeo com provocações ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve depor na tarde desta quarta-feira (5) à Polícia Federal. Na publicação, a dirigente manda um recado diretamente para o ex-mandatário, afirmando que este é apenas "seu primeiro encontro com a Justiça". Hoffmann fez uma lista das acusações contra Bolsonaro e que deverão ser formalizadas pelas autoridades de forma gradual. 

“Atenção, Bolsonaro. 5 de abril de 2023. É o seu primeiro encontro com a Justiça desde que perdeu as eleições. Você terá de responder à Polícia Federal pelas joias milionárias que desviou e pelas que tentou desviar, sempre às escondidas. Para quem foi acusado de fazer raspadinhas, a apropriação de diamantes que pertencem ao país não deixa de ser um grande salto, mas você terá que explicar aqueles R$ 89 mil que o Queiroz depositou na conta da sua mulher. As mansões milionárias e os imóveis comprados com dinheiro vivo por você e por seus familiares”, diz Gleisi, em vídeo. 

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Nesta quarta-feira (5), Jair Bolsonaro será ouvido para explicar os esforços que o seu governo empreendeu para recuperar as joias sauditas barradas pela Receita Federal. Segundo Gleisi, o caso não é o único que carece de explicações por parte do ex-presidente. 

“E prestará contas um dia por tudo o que fez, quando foi presidente, para livrar seus filhos e amigos de investigações. De suas relações com as milícias mais armadas e bem municiadas que o Exército, graças a seus decretos criminosos. Da violência e das mentiras que você disseminou no cercadinho, no gabinete do ódio e nas redes sociais”’ acrescentou a dirigente, em um vídeo que tem quase três minutos de duração. 

Gleisi também afirma que Bolsonaro está “prestes a ser declarado inelegível por mentir ao mundo sobre a segurança das urnas”. Como uma última provocação, a petista disse para Bolsonaro ter calma diante dos processos, pois ele terá seus direitos preservados na hora de pagar pelos supostos crimes. “Você não será algemado nem preso, não será vítima de condução coercitiva ilegal e não terá um juiz parcial comandando a acusação.” 

Confira a transcrição do discurso na íntegra: 

“Atenção, Bolsonaro. 5 de abril de 2023. É o seu primeiro encontro com a Justiça desde que perdeu as eleições. Você terá de responder à Polícia Federal pelas joias milionárias que desviou e pelas que tentou desviar, sempre às escondidas. Para quem foi acusado de fazer raspadinhas, a apropriação de diamantes que pertencem ao país não deixa de ser um grande salto, mas você terá que explicar aqueles R$ 89 mil que o Queiroz depositou na conta da sua mulher. As mansões milionárias e os imóveis comprados com dinheiro vivo por você e por seus familiares. E prestará contas um dia por tudo o que fez, quando foi presidente, para livrar seus filhos e amigos de investigações. De suas relações com as milícias mais armadas e bem municiadas que o Exército, graças a seus decretos criminosos. Da violência e das mentiras que você disseminou no cercadinho, no gabinete do ódio e nas redes sociais. 

Dos desmandos e desvios do seu desgoverno: do tratoraço superfaturado, a farra dos caminhões de lixo pelo dobro do preço, os contratos falsos da Codevasf e do SUS, as obras superfaturadas do Ministério da Saúde no Rio. O gabinete paralelo dos pastores do MEC, os desvios do Fundef, dos ônibus escolares e as escolas fakes de R$ 6 bilhões. 

E tem mais, as supercompras de viagra e próteses penianas que seus comandantes fizeram. Os gastos de R$ 1,8 milhão no cartão corporativo, as denúncias de propina na Secom. Você terá de prestar contas, principalmente, do genocídio praticado contra as vítimas da pandemia do Covid-19 no Brasil. As vacinas que você não quis comprar e das que foram negociadas com denúncia de superfaturamento de até 1.000%. Terá de responder por tudo o que você fez e seus comparsas fizeram contra as instituições e a democracia no Brasil. 

Você está prestes a ser declarado inelegível por ter mentido ao mundo sobre a segurança das urnas eletrônicas. Só que é muito pior. Seu ministro da Justiça deixou rastros, não só da tentativa de golpe em 8 de janeiro, mas também da sabotagem da Polícia Rodoviária Federal ao transporte de eleitores de Lula. 

É imensa a sua dívida com o Brasil, mas mantenha a calma, Bolsonaro. Você não ser algemado e nem preso, não será vítima da condução coercitiva ilegal. Não terá um juiz parcial comandando a acusação. Porque o Estado de Direito democrático voltou a valer no Brasil desde que você fugiu do país e você poderá responder às acusações no devido processo legal, até com presunção de inocência. Neste 5 de abril, você será simplesmente confrontado com os fatos do inquérito, ou seja, com a verdade. E da verdade você não tem como fugir.” 

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O ex-presidente Jair Bolsonaro acaba de chegar na Polícia Federal para, pela primeira vez, dar explicações oficiais sobre a tentativa de esconder do fisco caixas com joias e diamantes presenteadas pelo regime da Arábia Saudita. Bolsonaro recebeu pelo menos três caixas que estão avaliadas em cerca de R$ 18 milhões. Uma foi apreendida pela Receita Federal em outubro de 2021 e outras duas estavam em seu poder e, por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), tiveram que ser entregues pelo ex-presidente.

A Polícia Militar do Distrito Federal isolou o estacionamento do prédio da PF no centro de Brasília na manha desta quarta-feira à espera do depoimento de Bolsonaro.

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Desde que o caso foi noticiado pela primeira vez no início de março pelo Estadão, Bolsonaro tentou minimizar o caso, sem admitir que usou a estrutura do governo na sua gestão para se apropriar das joias. Quando ainda estava nos Estados Unidos, reclamou que estava sendo acusado por um presente que nem tinha chegado a ele. Na época se referia apenas à caixa com colar de diamantes, anel e brincos avaliados em R$ 16,5 milhões e que foram apreendidos pela Receita Federal ainda em outubro de 2021 no aeroporto de Guarulhos.

"Me acusam por um presente que não recebi, nem a primeira-dama", declarou, em 4 de março nos EUA. Bolsonaro também alegou que não tinha usado a estrutura da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a buscar as joias em Guarulhos. "Não mandei nenhum avião da FAB. Para de maldade. Nunca abusei de autoridade com ninguém" declarou.

O deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmou, nesta quarta-feira (5), que "há indícios" de uma eventual prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda hoje. Janones, contudo, não informa a fonte da afirmativa e diz apenas que a movimentação na sede da Polícia Federal, em Brasília, é intensa. Jair Bolsonaro presta depoimento nesta quarta sobre o caso das caixas de joias enviadas pela a Arábia Saudita.

"ATENÇÃO: Há fortes indícios de que Bolsonaro pode ser preso ainda hoje durante seu depoimento. Movimentação é intensa aqui na sede da PF! Estamos acompanhando tudo em TEMPO REAL!", escreveu no Twitter.

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O depoimento de Bolsonaro está previsto para acontecer às 14h30. O ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram destinatários de três caixas com joias sauditas. Por se tratar de bens de alto valor, um dos conjuntos teria sido avaliado em R$ 16,5 milhões, os presentes deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência da República e não ao pessoal. 

Uma caixa foi retida na alfândega e o ex-presidente teria agido para liberar o pacote, mas não obteve êxito; outra foi devolvida após determinação do Tribunal de Contas da União e a terceira estaria guardada na fazenda de Nelson Piquet, mas foi devolvida pela defesa do ex-presidente nessa terça (4). 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá depor à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (5), a partir das 14h, para prestar esclarecimentos sobre o escândalo das joias árabes, revelado pelo Estadão no início de março. O depoimento será presencial, em Brasília. Também será ouvido pela PF, na quinta-feira (6), o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

Em 2021, o governo Bolsonaro tentou entrar ilegalmente no Brasil com um conjunto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões, da marca Chopard. Segundo declarações iniciais, tratava-se supostamente de um presente do governo da Arábia Saudita para o então presidente e para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

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O tenente da Marinha Marcos André Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque, almirante de esquadra da Marinha que atuava como ministro de Minas e Energia, foi o responsável por tentar entrar com as joias no País, apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Confira a linha do tempo do escândalo:

Outubro de 2021

O então ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Bento Albuquerque, volta ao Brasil após representar o País em reunião de cúpula na Arábia Saudita. Ao chegar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o almirante de esquadra da Marinha e sua comitiva tentam passar ilegalmente pela alfândega com joias entregues pelo governo saudita. Na mochila do seu assessor Marcos André Soeiro estava uma caixa com um colar, relógio e outros itens de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões, e no qual foi apreendida pela Receita Federal.

No mesmo dia, ao saber que o pacote estava com os auditores da Receita, Albuquerque usa o cargo para tentar convencer os auditores da Receita a liberar o conteúdo. Ao Estadão, alegou que não tinha conhecimento do conteúdo que estava na caixa. Três dias após as tentativas frustradas de entrar com os diamantes, o então chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica do gabinete pessoal do presidente da República, Marcelo da Silva Vieira, envia um ofício para o chefe de gabinete do ministro de Minas e Energia, José Roberto Bueno Júnior, alegando que as joias seriam para incorporação ao "acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República".

Novembro de 2021

Bolsonaro aciona o Ministério das Relações Exteriores, que pede à Receita Federal para que tome "providências necessárias para liberação dos bens retidos". O órgão mantém firme a negativa de devolução do pacote e o governo decide mudar a versão e dizer que as joias eram para o acervo da Presidência, sem especificar qual. Em resposta, a Receita volta a informar que só seria possível fazer a retirada mediante os procedimentos de praxe nestes casos, com quitação da multa e do imposto devido.

Dezembro de 2022

Um ano após a tentativa de entrada ilegal no País, o então secretário da Receita Federal, Julio Cesar Viera Gomes, encaminha um ofício para a área de alfândega em São Paulo e solicita a liberação do pacote. Os servidores do órgão, que possuem autonomia, reiteram seu posicionamento e afirmam que as joias só seriam liberadas mediante pagamento do imposto.

O Estadão apurou que Gomes pressionou servidores de diversos departamentos, por meio de mensagens de texto enviadas por aplicativos como WhatsApp, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o assunto.

Antes de deixar o País rumo aos Estados Unidos, o próprio presidente entra em ação e envia um ofício ao gabinete da Receita Federal para solicitar que as pedras preciosas fossem destinadas à Presidência da República, em atendimento ao ofício da "Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República". O pedido é, mais uma vez, negado.

Faltando dois dias para terminar o mandato, Bolsonaro determina que um funcionário do governo, o primeiro-sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva, pegue um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) e desembarque no aeroporto de Guarulhos, dizendo que estava ali para retirar as joias. O pedido foi feito pelo chefe da Ajudância, à época o tenente-coronel Mauro Cid, braço direito e pessoa de confiança de Bolsonaro.

Segundo pacote

Após desembarcar em São Paulo e não conseguir voltar à Brasília com o primeiro pacote, Albuquerque entrega pessoalmente ao ex-presidente Jair Bolsonaro o segundo pacote de joias, que não passou pela alfândega. O estojo continha relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard. O site da loja vende peças similares que juntas somam, no mínimo, R$ 400 mil.

Segundo revelou Mauro Cid ao Estadão, o estojo está com Bolsonaro no "acervo privado" dele. A entrada das peças no Brasil sem declarar à Receita e a apropriação pelo presidente estão irregulares. O entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) é que os ex-presidentes só podem ficar com lembranças de "caráter personalíssimo", como roupas e perfumes.

Terceiro pacote

Apuração do Estadão descobriu que Jair Bolsonaro, ao terminar o mandato em 2022, levou consigo um terceiro pacote de joias que inclui um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes, uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras incrustadas, um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor.

Compõe o conjunto, ainda, um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor, uma masbaha, feita de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes. Ao todo, a terceira caixa de presentes está estimada em mais de R$ 500 mil.

A reportagem apurou também que este conjunto de joias, diferentemente das outras duas caixas enviadas a Bolsonaro, foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente, quando esteve com sua comitiva em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.

A guarda dessas joias permaneceria no acervo privado de Bolsonaro por mais de um ano e meio, até que, já no ano passado, o então presidente daria novas ordens, desta vez para ter o conjunto, fisicamente, em suas mãos. Isso ocorreu no dia 6 de junho de 2022. Nesta data, foi registrado pelo sistema da Presidência que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro". Dois dias depois, em 8 de junho, conforme os registros oficiais, as joias já se encontravam "sob a guarda do Presidente da República".

Joias escondidas

O ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu a fazenda de Nelson Piquet, ex-piloto de Fórmula 1, para guardar suas caixas de presentes recebidos durante seu mandato, como as joias de diamantes, não declaradas à Receita Federal e que não foram entregues à União. O Estadão apurou que dezenas de caixas com pertences foram despachadas para uma propriedade localizada no Lago Sul, uma das regiões mais nobres de Brasília.

Entrega dos kits

Seguindo determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno entregou, no dia 24 de março em uma agência da Caixa, em Brasília, o segundo conjunto de joias recebido ilegalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Cinco dias depois, no dia 29 de março, o TCU determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro devolva, imediatamente, a terceira caixa de joias que ele recebeu do regime da Arábia Saudita e que guardou para si. Além de determinar a devolução dos itens, o TCU alertou Bolsonaro sobre a omissão de informações relacionadas aos presentes que recebeu do regime saudita.

Um dia antes do depoimento marcado na Polícia Federa, a defesa do ex-presidente entregou à Caixa Econômica Federal, nesta terça-feira, 4, o terceiro kit de joias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita. A entrega do estojo foi determinada pelo TCU.

A devolução das joias foi informada pelo ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e atual assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, em sua conta oficial no Twitter. "A entrega reitera o compromisso da defesa do presidente Bolsonaro de devolver todos os presentes que o TCU solicitar, cumprindo a orientação do ex-mandatário do país, que sempre respeitou a legislação em vigor sobre o assunto". escreveu.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve prestar depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feita (5), de forma presencial em Brasília. A informação foi divulgada pelo UOL. Bolsonaro vai ser ouvido sobre o caso das joias da Arábia Saudita. O depoimento está previsto para acontecer às 14h30. 

Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram destinatários de três caixas com joias sauditas. Por se tratar de bens de alto valor, um dos conjuntos teria sido avaliado em R$ 16,5 milhões, os presentes deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência da República e não ao pessoal. 

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Uma caixa foi retida na alfândega e o ex-presidente teria agido para liberar o pacote, mas não obteve êxito; outra foi devolvida após determinação do Tribunal de Contas da União e uma terceira estaria guardada na fazenda de Nelson Piquet. 

Na tarde de 19 de agosto de 2022, Adriana tinha chegado de uma viagem de férias dos Estados Unidos quando recebeu a notícia: seu filho Henrique, de 18 anos, tinha acabado de invadir a Escola Municipal Éber Louzada Zippinotti, em Vitória (ES), com seis facas ninjas, arco com 59 flechas, 3 bestas e 4 coquetéis molotov. Após ter acesso negado no portão, ele escalou a grade de seu ex-colégio e chegou a ameaçar estudantes e funcionários, mas acabou detido por policiais e seguranças e ninguém se feriu. Autuado em flagrante por tentativa de homicídio qualificada por motivo fútil, está preso.

Um relatório da transição de governo federal relata 35 mortes em ataques em escolas de 2000 a 2022; ao todo, 72 pessoas ficaram feridas em 16 episódios. Nesta semana, Adriana reviveu todo o drama, ao saber do ataque à Escola Thomazia Montoro, na Vila Sônia, com a morte de uma professor. Para ela, que pediu para não ter seu sobrenome divulgado por ameaças, discussões como a da redução da maioridade penal não resolverão o problema.

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Mas os pais precisam ficar alertas. "Meu filho nunca teve problema de saúde, a gente não tem problema de dinheiro, a gente não tem problema de educação, não tem problema de amor. O que levou meu filho a fazer isso eu não sei. Do mesmo jeito que um monte de mãe e pai aí está achando que esse comportamento (do filho) é normal e ele pode ser o próximo agressor." Veja a seguir trechos da entrevista com a enfermeira, cuja íntegra vai ao ar na coluna Mulheres Reais, da Rádio Eldorado, na próxima segunda-feira, às 8 horas.

Como tem sido sua vida desde 19 de agosto, quando seu filho atacou a escola?

Na hora que cheguei, ele não estava e eu perguntei para o irmão: "Cadê o Henrique?". "Ah, mãe, foi no supermercado". Eu: "Tá, tudo bem". Quando minha sogra depois ligou e o pai dele ligou, dizendo que estava sendo conduzido para a delegacia porque tinha invadido uma escola, é que eu fiquei sabendo. Foi um susto. É uma situação tão bizarra, tão irreal que você não acredita. Depois você vai tentar rever o que houve, o que estava acontecendo, os sinais que ele estava apresentando e eu não percebi. E esse é o objetivo da minha exposição aqui: gostaria de alertar os pais para enxergarem esses sinais que o meu filho deu e eu não consegui enxergar.

Você pode detalhar?

Eram coisinhas típicas de adolescente que a gente não leva em consideração. O Henrique sempre foi muito tímido. Era difícil até de fazer e manter amizades. Ele tinha a roda de amigos dele. Quando saiu dessa escola e no ensino médio foi para uma particular era totalmente diferente. Logo depois veio a pandemia. Então ele começou a se fechar muito, ficava só dentro do quarto ou no banheiro trancado. Sempre com um computador ou com o celular, sempre. Depois começou a se vestir de preto, só pedia para comprar roupa preta. Ele pediu um coturno também que o pai deu, mas eu achava que fosse estilo dele, entendeu? Também começou a ficar muito mais introspectivo. Aí pediu suspensório, pediu cinto preto e, no aniversário de 18 anos, pediu uma capa de couro preta enorme. Eu falei: "Meu filho, eu não vou te dar porque em Vitória não tem frio para usar um negócio desses." Ele pediu o livro do (Adolf) Hitler para ler e falei: "Meu filho, nazismo no Brasil é crime. Nem se quisesse eu poderia fornecer esse material para você, porque é proibido. E ele: "Não, mãe, eu queria entender a mente do Hitler". E eu falei: "Ah, então você vai fazer pesquisa, mas o livro eu não vou te dar".

E as armas?

É um assunto meio conflitante. Porque eu também gosto, entendeu? Meu pai é militar, o pai dele é militar e eles queriam seguir carreira militar. Então eu meio que incentivei também. Eu levava eles para atirar, não com arma de verdade, mas com aquelas de bolinha, de chumbinho e tal. Mais por conta do desejo deles de seguir a carreira militar. Então a gente sempre teve muito convívio com esse assunto de armas, mas não a ponto de ter uma arma. Então ele começou a andar muito de preto... Mesmo depois que passou o negócio de máscara (da covid), ele continuou usando máscaras pretas. Enfim, introspecção, não saía do quarto para nada. Nos últimos seis meses mais ou menos (antes do ataque) ele começou a ficar agressivo, resposta ríspida, sem nenhum contato afetivo, não dava boa noite, não dava beijo, não se despedia, coisa que a gente sempre teve o costume de fazer.

Como você interpretou?

Coisa de adolescente normal. Mas o que eu vejo hoje é a frieza. Ele não sorria mais, nem em foto ele sorria mais. Ele não expressava nenhum afeto, nenhum carinho por ninguém. (...) realmente estava muito frio, não me dava atenção, mas achei que estivesse de birra, que fosse coisa de adolescente. Porque eu também fui adolescente. A gente pintava às vezes o cabelo de papel crepom roxo, usava algumas roupas esquisitas, mas era esse negócio de ter uma turma, uma tribo. Eu achei que fosse isso e respeitei... Infelizmente.

Quanto você acha que comunidades de ódio da internet incentivaram seu filho no ataque?

Eu nunca conversei com ele sobre esse assunto. Até porque o tempo de visita (na prisão) é muito curto. Eu vejo meu filho uma vez por mês por 30 minutos. Então eu tento valorizar esse tempo que estou com ele. Mas realmente nessas comunidades do submundo da internet, algumas desse Discord principalmente, que depois eu fiquei sabendo que ele frequentava e (onde) até comandava grupos, tem essa alienação que eles fazem desses jovens. Eu não sei como que eles capturam esses jovens, não sei como que eles seduzem esses jovens, mas parece que pescam mesmo essas possíveis vítimas para poderem fazer de soldado deles. É isso o que eu vejo hoje.

Como você vê a indicação de especialistas de que expor imagens de ataques incentiva novos ataques?

Eu observei que tem um padrão de método. Por exemplo: todos escrevem tipo um diário antes, mais ou menos umas 30 páginas justificando o ato. Tem um intervalo de tempo entre um ataque e outro. E um estimula o outro. Cada ataque desses estimula o próximo porque eles criam um score, vamos dizer assim, eles têm uma pontuação: quanto mais eles matam, mais a nota é alta. E, se eles morrem em confronto, aí sim viram heróis. O de Suzano (que matou sete pessoas em 2019) é venerado, os dois de Columbine (que mataram 12 alunos e um professor em 1999 nos Estados Unidos) também são idolatrados. Então esses que conseguem matar e morrer são os heróis deles, são os ídolos, e eles tentam atingir esse patamar. Por isso que falar de (redução da) maioridade penal ou de (restrição ao) acesso a armas não vai adiantar porque matar e morrer é o que vão fazer eles se sentirem bem, entendeu? Por exemplo, meu filho entrou com uma besta que ele comprou na internet e entrou com faca que ele comprou na internet. O coquetel molotov fez em casa. Não vai ser restringindo o acesso a arma de fogo que vai diminuir isso e a maioridade penal também não cabe nesse caso. Porque, quanto mais novo (o assassino) e mais vítimas morrerem, melhor para eles.

Tem algo mais que você gostaria de acrescentar?

O que esses meninos fizeram são coisas horríveis. Mas que eles não sejam sacrificados. Eu não estou dizendo que são vítimas não, mas esses meninos estão doentes, a juventude está doente. A questão de saúde mental é importantíssima. Quando chegam a cometer um ato desses é porque já chegaram ao ápice do desequilíbrio. O mal que eles estão fazendo é um reflexo de alguma coisa na sociedade que está dando errado. Se depois desta entrevista eu conseguir evitar um ataque, já vou estar realizada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na véspera do retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil, previsto para a manhã desta quinta (30), a Polícia Federal marcou o depoimento do ex-presidente no inquérito que apura a entrada ilegal de joias no País. Bolsonaro terá de dar explicações no dia 5 de abril sobre o uso da estrutura de seu governo para liberar diamantes apreendidos pela Receita Federal por não pagamento de imposto.

A decisão da PF ocorreu horas depois de o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmar que Bolsonaro deve explicações sobre as caixas de presentes recebidos do regime da Arábia Saudita. "Ele vai ter de chegar e dar explicações sobre as joias, em várias questões que estão sendo descobertas no governo dele", disse Padilha.

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O governo nega que tenha pressionado a PF para criar um fato negativo no retorno do adversário ao País. A data do depoimento foi marcada pelos policiais que investigam o caso das joias em São Paulo.

Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro, dois dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos três meses, ficou nos Estados Unidos, de onde continuou contestando o resultado da eleição. O ex-presidente alega que foi prejudicado por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tiraram do ar perfis de apoiadores nas redes sociais, ambiente em que o bolsonarismo é atuante. Além disso, ele também contesta, sem provas, as urnas eletrônicas.

Segurança

Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente convocaram manifestantes para que compareçam hoje ao aeroporto de Brasília. Um dos posts dizia: "30/03/2023 - O Retorno". O superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Igor Ramos, disse que foi identificada movimentação atípica de ônibus de viagem em Brasília nos últimos dias, mas afirmou não poder compartilhar os dados levantados.

Bolsonaro pretendia desfilar em carro aberto do aeroporto até o Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, onde vai morar. O PL pediu reforço ao governo do Distrito Federal para a segurança do ex-presidente, pois são esperadas aproximadamente 10 mil pessoas na recepção.

A PF e também a Secretaria da Segurança Pública do DF decidiram, no entanto, impor limites à mobilização pretendida pelos bolsonaristas. Foi montado um esquema especial de policiamento. A PF informou que não permitirá que Bolsonaro use hoje o saguão principal do aeroporto. A instituição alega que precisa preservar a segurança do local.

A secretaria do DF também não pretende permitir que o ex-presidente faça desfile em carro aberto. O secretário Sandro Avelar sustentou que ações do tipo infringem o Código de Trânsito Brasileiro e não serão permitidas pelo Detran.

O diretor da PF, Cezar Luiz Busto, afirmou que a orientação na corporação é que Bolsonaro faça o desembarque por uma área restrita do Aeroporto Juscelino Kubitschek para evitar que apoiadores se aglomerem no saguão. "O determinado por enquanto é que não sairá pelo saguão. Nós decidimos em reunião que não é viável o seu desembarque pelo saguão normal", disse.

A PF não deve permitir ainda o acesso de parlamentares ligados a Bolsonaro a áreas restritas do aeroporto. Circula entre deputados e senadores bolsonaristas a versão de que deverão recepcionar o ex-presidente logo após o desembarque. Eles também têm estimulado que apoiadores compareçam ao aeroporto.

O governo do DF, contudo, tem feito apelos para que os apoiadores de Bolsonaro não se aglomerem nos arredores do aeroporto. Ao desembarcar de voo comercial vindo dos EUA, Bolsonaro será submetido ao procedimento convencional de inspeção das malas pela alfândega e deverá apresentar recibos de eventuais compras à Receita Federal.

A pasta da Segurança do DF descarta, por ora, realizar revistas dos apoiadores de Bolsonaro nos pontos de controle ao longo do trajeto de deslocamento. Segundo o governo, eventuais aglomerações de motos e caminhões nas vias próximas do aeroporto serão submetidas à "triagem". As autoridades argumentam que a revista só deve ser adotada em "situações suspeitas".

Oposição

O ex-presidente prepara uma estratégia para mostrar que ainda é o principal antagonista de Lula. Na tentativa de desviar das acusações que pesam contra ele, voltará a investir nas redes sociais para fazer um contraponto entre sua gestão e ações do governo petista. A data para o seu retorno foi planejada sob medida, às vésperas de Lula completar três meses de governo, num momento em que o petista enfrenta uma situação difícil na política e na economia.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que tanto Bolsonaro como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão trabalhar com o objetivo de fortalecer o partido para as disputas municipais de 2024, antessala da eleição presidencial de 2026. No ano passado, o PL conquistou a maior bancada na Câmara, com 99 deputados. A legenda tem, ainda, 12 senadores e um Fundo Partidário de R$ 205 milhões.

A ideia é que Bolsonaro e Michelle comecem a viajar pelo País no segundo semestre, mas não juntos. "Vamos pensar no futuro", disse o ex-presidente por videoconferência, no último dia 21, quando Michelle assumiu o comando do PL Mulher. "O PL é um grande partido, tem aproximadamente 20% dos parlamentares federais com ele. O partido está estruturado, organizado. É um partido que quer, sim, lutar para fazer mil prefeitos no ano que vem pelo Brasil", afirmou.

Receio

Apesar do clima de "festa" no PL, aliados do ex-presidente temem que antigos amigos de Bolsonaro, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, façam acordo de delação premiada. Ex-secretário da Segurança Pública do DF, Torres está preso há dois meses e meio. Recentemente, ele prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por causa dos ataques às urnas eletrônicas.

"Nada está provado contra Bolsonaro nem contra seus principais colaboradores", disse o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. "Nesse caso das joias, por exemplo, a legislação é dúbia e ele não responde a processo criminal nem administrativo por isso." (COM BROADCAST)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu por lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato, deve voltar a depor à Justiça nesta segunda-feira (27). As circunstâncias do depoimento, desta vez, são diferentes, considerando que o mandado de prisão preventiva contra o investigado caiu após uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski que, antes de comunicar a aposentadoria da Corte, travou algumas das ações abertas na extinta operação anticorrupção.

Duran é desafeto do senador Sergio Moro (União Brasil), que ordenou a prisão preventiva do advogado em 2016. Apesar do pedido, a prisão no Brasil nunca ocorreu. Os dois trocaram acusações no pico das investigações. Enquanto Moro o acusou de lavar mais de R$ 50 milhões e de ter pago para não ser preso - o que foi parcialmente confessado como verdade pelo próprio acusado -, Durán acusou Moro de abusos e negociações paralelas na operação.

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Quem é Rodrigo Tacla Duran 

Duran vive na Espanha e deverá participar da audiência desta segunda-feira (27) através de videochamada. Nascido no Brasil, ele é filho de espanhol e possui dupla cidadania. O país europeu chegou a rejeitar o pedido de extradição apresentado pelo Brasil durante as descobertas da Lava Jato. Duran foi considerado foragido até mesmo pela Interpol, mas teve seu nome removido da lista de procurados internacionais. 

Ele é advogado de empresários e acusado de lavar dinheiro para envolvidos na Lava Jato em diversos países, incluindo a Espanha, Cingapura, China e Hong Kong. Na Espanha, chegou a ser detido, mas foi liberado e permaneceu livre de acusações, mesmo com evidências coletadas a partir de uma confissão feita às autoridades do país.

Quais as acusações

Na Lava Jato, Duran é visto como “um grande operador” do esquema de corrupção. Segundo os procuradores, empresas de fachada ligadas ao advogado receberam recursos de empresas envolvidas na 48ª fase da Lava Jato, que mirou em contratos de pedágio no Paraná. Rodrigo teria usado a função de advogado como “fachada” para lavar dinheiro, enquanto contratava escritórios menores e que cobravam menos para realizar os serviços, de forma terceirizada.  

Às autoridades brasileiras, ele nunca admitiu o que se diz nas acusações. O empresário insiste que trabalhou apenas como consultor, jamais sendo parte de atos ilícitos. Já na Espanha, onde depôs na condição de testemunha, ele chegou a admitir que lavou dinheiro e que pagou para não ser preso. 

O advogado é alvo de três processos criminais no Brasil. O andamento das ações é lento por causa das dificuldades para citá-lo na Europa. A força-tarefa de Curitiba o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para a Odebrecht e outras empresas. 

O depoimento de Tacla Duran às autoridades espanholas foi anexado pelos procuradores do Paraná a um outro processo, contra o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como responsável por repasses de propina a políticos do PSDB. Paulo foi preso. 

O investigado reconheceu ter emitido notas fiscais fictícias para justificar a entrada de recursos da Odebrecht nas contas de suas empresas, e identificou advogados e outros operadores que ajudaram a viabilizar as transações na Espanha. Ele também admitiu encontros com empresários e ter recebido dinheiro em espécie para realizar transações à Odebrecht no exterior. 

O que esperar do novo depoimento

Desde que foi considerado investigado, o advogado repreende a Odebrecht e a Lava Jato, acusando os delatores de fraude e omissão. Ele também apontou o advogado Carlos Zucolotto como intermediário de negociações paralelas entre ele e os procuradores. Amigo do ex-juiz Sergio Moro, Zucolotto nega ter participado de negociações com a Lava Jato.  

Rodrigo Tacla Duran foi intimado pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que sucedeu a Sérgio Moro. A decisão de Appio ocorreu três dias após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinar a suspensão de processos abertos contra Tacla Duran com base em informações apresentadas por delatores da Odebrecht. 

Nesta segunda-feira (27), é esperado que possíveis revelações sobre as supostas irregularidades cometidas por Sergio Moro sejam feitas. Tacla Duran foi condenado em duas ações penais por Moro com base em provas que foram posteriormente anuladas pelo Supremo. Moro e Deltan Dallagnol sempre se negaram a ouvir o advogado. 

 

O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, marcou mais cinco depoimentos em ação que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível. As oitivas atendem a pedido da defesa do ex-presidente e falarão na condição de testemunhas.

O deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), os jornalistas Guilherme Fiuza, Augusto Nunes, Ana Paula Henkel e o ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO) devem ser ouvidos em 27 de março.

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Os depoimentos serão prestados no âmbito de ação que apura se Bolsonaro cometeu abuso de poder em reunião com embaixadores em julho de 2022. O PDT acusou o ex-presidente de se utilizar do encontro, transmitido pela TV Brasil, para atacar a integridade do processo eleitoral e disseminar desinformação.

As testemunhas devem falar sobre uma live de julho de 2021 na qual o presidente defendeu o voto impresso, atacou o TSE e fez alegações falsas sobre as urnas eletrônicas. A transmissão entrou na mira da Corte porque, tanto na live de 2021 quanto na reunião de 2022, Bolsonaro usou o mesmo inquérito da Polícia Federal para supostamente basear suas alegações.

Na mesma decisão, Gonçalves negou uma série de recursos apresentados pela defesa de Bolsonaro. A estratégia tem sido usada para postergar o julgamento do processo, que é o mais avançado entre as 16 Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que tramitam contra o ex-presidente na Corte. Isso porque a saída do ministro Ricardo Lewandowski, próximo ao PT, e a entrada de Kássio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro, pode mudar o placar em favor do ex-presidente. Lewandowski se aposenta em maio.

O corregedor também pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso à perícia realizada pela Polícia Federal sobre a minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A minuta propõe o estabelecimento de um estado de defesa no TSE para mudar o resultado das eleições.

O documento foi apreendido pela Polícia Federal e, depois, incluído como prova na ação que investiga Bolsonaro. Na semana passada, Torres prestou depoimento ao TSE e reforçou a tese de que não sabe a origem do documento.

Também já foram ouvidos na condição de testemunha, a pedido da defesa de Bolsonaro, os ex-ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, e Flávio Augusto Viana Rocha, ex-Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência.

Ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o coronel Jorge Eduardo Naime afirmou nesta quinta-feira, 16, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que bolsonaristas que estavam acampados no QG do Exército viviam em um mundo paralelo. O militar chegou a ouvir de um homem que extraterrestres ajudariam as Forças Armadas em um almejado golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: 'Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso'. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder. Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha", relatou o coronel aos parlamentares. O depoimento é realizado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

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A CPI investiga os ataques promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. Nessa quarta-feira, 15, a Comissão aprovou a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), para oitiva. "O general Heleno foi citado várias vezes por alguns dos golpistas que são investigados como alguém que estimulou (os atos)", disse o deputado federal Fábio Felix (PSOL), autor do requerimento.

A Comissão Parlamentar na Assembleia local foi instalada enquanto parlamentares do Congresso ainda tentam fazer vingar uma CPI também na esfera federal.

Mais de 2 mil pessoas foram presas devido aos atos antidemocráticos, segundo balanço do Supremo Tribunal Federal (STF). Naime também chegou a ser detido após os ataques, no âmbito da 5ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Ele era comandante de Operações da PMDF na época da tentativa de golpe, mas havia pedido folga e foi dispensado na véspera das invasões golpistas. Ainda assim, Naime foi chamado e trabalhou durante os atos.

Durante o depoimento, o coronel afirmou não ter participado do planejamento da segurança na Esplanada dos Ministérios no 8 de janeiro. Ele afirmou, contudo, causar "estranheza" de que teriam sido empregados apenas 200 policiais, todos eles alunos do curso de formação, para atuar no dia dos atos golpistas. Naime não confirmou o número do efetivo, mas disse que, em termos de comparação, 2.193 policiais militares foram aplicados durante a posse do presidente Lula, em 1º de janeiro - ou seja, uma semana antes.

"Não participei do planejamento, não estive próximo. Me causa estranheza pois nós realmente empregamos os alunos nesse tipo de operação. Eu mesmo empreguei os 780 alunos na noite do dia 6 de setembro de 2021 para segurar os caminhoneiros. Me causa estranheza ter usado somente os alunos. É preciso ver se isso realmente aconteceu porque isso daí foge do nosso padrão. Usar os alunos é normal, mas sempre acompanhado de um policial com mais experiência, comandando por um sargento, comandado por subtenente, com um tenente à frente, um capitão, um major", afirmou o coronel.

A informação que chegou na Polícia Militar, segundo ele, foi de que a manifestação seria pacífica e de baixa adesão. O número de 200 policiais do curso de formação consta em documento encaminhado à CLDF. O restante da tropa estaria de sobreaviso. O ex-secretário de Segurança do DF, delegado Fernando Oliveira, disse por sua vez que foi avisado de que o efetivo empregado pela PMDF seria maior, de 600 policiais.

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira, 16, sobre a minuta golpista para anular o resultado da eleição.

O interrogatório foi conduzido pelo ministro Benedito Gonçalves, corregedor da Justiça Eleitoral, por videoconferência. Torres está preso preventivamente na investigação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

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O Estadão apurou que, embora tenha recebido autorização para ficar em silêncio, ele respondeu todos os questionamentos. O depoimento durou cerca de uma hora e terminou por volta das 11h30. O ex-ministro já havia sido ouvido por dez horas pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre os protestos violentos na Praça dos Três Poderes.

Além de reiterar que desconhece a autoria da minuta, Torres contrapôs a versão da Procuradoria-Geral da República (PGR), que afirmou que o documento não parecia que seria descartado e estava 'muito bem guardado' em uma pasta oficial do governo federal, junto a pertences pessoais.

O ex-ministro foi ouvido na condição de testemunha e não de investigado. O depoimento foi prestado em uma ação de investigação eleitoral sobre a reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores estrangeiros. Bolsonaro atacou as urnas e levantou suspeitas sobre a higidez do processo eleitoral. A minuta de intervenção no TSE foi anexada como prova nos autos. A ação pode deixar o ex-presidente inelegível.

Ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez chegou na manhã desta quinta-feira (16) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no centro do Rio, para dar um aguardado depoimento, que deve ampliar a compreensão sobre a sistemática de operações que levou a varejista a um rombo contábil de R$ 20 bilhões, informado em janeiro.

A inconsistência contábil foi tornada pública por Sérgio Rial, executivo que sucedeu Gutierrez no cargo, mas se demitiu após nove dias.

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Gutierrez deve abordar a anotação, na coluna financeira, das dívidas, que têm características de débitos comerciais, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Gutierrez, que saiu da Americanas em dezembro, conforme plano previsto desde 2019 em plano de sucessão, é o maior acionista individual da companhia depois dos três acionistas de referência.

Morador do Rio de Janeiro, permaneceu no Brasil nos últimos meses, com postura discreta.

O executivo teria sido surpreendido pelo fato relevante de 11 de janeiro, quando Rial renunciou ao cargo e informou ter encontrado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. O executivo, afirmam interlocutores, ainda busca entender o processo que levou à crise atual. No mercado, seu depoimento é visto como o "elo perdido" no enredo que levou à recuperação judicial de uma das mais conhecidas empresas do País.

A Americanas está no centro das atenções desde a revelação sobre as inconsistências. A seguir, surgiu a informação de que os débitos se referiam a contratos de forfait (risco sacado), pelo qual a companhia toma crédito junto aos bancos, que recebem direto dos fornecedores.

Desde então, a varejista conseguiu entrar em recuperação judicial. A relação com os bancos, porém, tem sido conturbada. As instituições pediram que acionistas e lideranças ficassem impedidos de vender seus bens, a queda do sigilo do processo e a quebra do sigilo dos e-mails da diretoria da varejista, entre outras medidas, que a varejista respondeu judicialmente.

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