Na manhã desta terça-feira (27), o ministro das Cidades, Bruno Araújo, e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, assinaram a autorização para o início das obras da segunda etapa da Via Metropolitana Norte. O investimento do governo federal é de R$ 22,9 milhões e compreende a construção de um viaduto sobre a PE-15 e a implantação de 1,4 quilômetros de extensão das vias marginais ao Canal do Fragoso, em Olinda. O prazo para conclusão deste trecho da obra é de 12 meses.
Apontado por moradores do bairro de Jardim Atlântico e Jardim Fragoso, em Olinda, como responsável por grandes enchentes, o projeto da Via Metropolitana Norte só deve ser concluído por completo em dezembro de 2018. De acordo com a Secretaria de Habitação do Estado, o novo sistema viário está sendo executado em duas etapas, sendo a primeira denominada Fragoso II, com 60% de execução já concluída. A entrega desta fase está prevista para dezembro de 2017.
##RECOMENDA##Já a segunda parte da obra, denominada Via Metropolitana Norte, foi dividida em dois trechos e a verba federal liberada nesta terça é referente apenas à primeira fase. O Ministério das Cidades não informou quando o próximo recurso será disponibilizado. Segundo Bruno Araújo, nesse momento, o contrato com a gestão estadual é para parte da obra apenas. "Sabemos que é uma construção fundamental para aumentar a qualidade de vida dos moradores de Olinda e a tendência é a parceria continuar nos próximos anos", contou.
Em maio deste ano, moradores da região onde parte do Canal do Fragoso foi alargado foram vítimas de uma das maiores enchentes do município de Olinda nos últimos anos. Na época, eles se reuniram para cobrar uma atitude do poder público alegando que não foi feito o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental, conhecido como EIA/RIMA, no local por onde a obra passaria. O projeto é considerado pelo atual prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, como a principal solução para os problemas de alagamento e de mobilidade do município.
Apesar de enxergar a liberação da verba com esperança, Alexandre Miranda, um dos membros da comissão dos moradores da região afetada pelas cheias, reclama da falta de diálogo do governo de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda com os moradores dos bairros afetados pela obra. "Nós queremos saber quando quando todos os problemas do canal alargado serão resolvidos. Não adianta fazer uma parte da obra e o resto ficar faltando. Quando o fluxo de água das chuvas chegar no inverno, vai alagar tudo de novo e prejudicar muitas famílias", lamentou.
Morador da região há mais de 35 anos, Alexandre conta que quando chove, mesmo pouco, os moradores se reúnem em grupos de WhatsApp para checar se todos estão bem. "É um pânico, quem viveu a enchente em maio deste ano, sabe o quão assustador é perder praticamente tudo e não ter respostas oficiais de futuras soluções", explicou. Para ele, há uma ligação direta entra a demora para conclusão da obra e a potencialização dos danos da chuva.
Sem plano de ação para o inverno
Presente na cerimônia de assinatura do recurso, o secretário de Habitação de Pernambuco, Marcos Baptista, explicou que não há um plano de ação para o próximo inverno nos bairros mais afetados em Olinda. Ele argumentou que os alagamentos são problemas históricos da região e só devem ter fim com a conlusão total da obra, apenas em dezembro de 2018. "A construção não é causadora, nem potencializadora das enchentes", afirmou o secretário.
Para amenizar problema, o secretário conta que foi criado um grupo de discussão com a comunidade, sobretudo no período de inverno, para atuar em questões emergenciais. "Do ponto de vista da rotina, a ideia é o municipio realizar a limpeza do canal no trecho que ainda não trabalhamos", disse. Bapstista averiguou o cenário do alagamento em maio como um "detalhe" por causa do alto volume de chuvas no município naquele período. "Se metade da obra resolvesse o problema, já estaria solucionado".
Em nove de setembro de 2013, o Governo e a Prefeitura de Olinda deram o pontapé inicial e assinaram a ordem de serviço da Via Metropolitana Norte. Com prazo de 30 meses para execução da obra, a construção deveria ficar pronta em março de 2016. Apesar dos atrasos e de muitas complicações estruturais, Paulo Câmara garantiu que o calendário da Via para 2017 não será afetado. "Já temos o contrato assinado e a garantia da verba do Ministério das Cidades, além de já termos nos planejados enquanto governo estadual", concluiu.