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O blogueiro Allan dos Santos, procurado da justiça brasileira, foi visto com o ex-chanceler Ernesto Araújo, na última terça-feira (18), participando de um evento na Florida International University, em Miami, nos Estados Unidos. A palestra que eles apresentavam versava sobre as ideias defendidas por grupos bolsonaristas de que o Brasil vive uma “crescente” repressão às liberdades civis. 

O First Carvalho U.S. - Latin American Dialogue, é um evento que homenageia o falecido guru do ex-presidente Bolsonaro (PL), Olavo de Carvalho, que morreu em janeiro de 2022. 

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Allan dos Santos se considera um “perseguido político” devido às dívidas que tem com a justiça brasileira, e as pendências que deixou de resolver perante o Supremo Tribunal Federal (STF) quando foi para os Estados Unidos. Durante sua fala no evento, ele chegou a apelar para o emocional da plateia ao mencionar que não vê a família há três anos. 

Em sua fala no painel, Araújo fez alarde à hipotética situação, defendida pela ala bolsonarista de extrema direita no Brasil, de que o país tem laços com países autoritários.

 

O ex-chanceler Ernesto Araújo fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante da guerra na Ucrânia e afirmou que o mandatário está reproduzindo "desinformação russa" em suas falas. Em vídeo publicado nesta terça-feira, 1º, em seu canal no YouTube, o ex-ministro das Relações Exteriores disse que a posição de suposta "neutralidade" defendida pelo chefe do Executivo transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin.

"Me parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes democracias ocidentais", afirmou Araújo. O ex-chanceler também criticou a visita de Bolsonaro à Rússia no momento em que a tensão entre os países europeus já estava em escalada, o que, segundo o ex-ministro, contradiz a posição neutra que o presidente diz defender.

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Araújo argumentou que Bolsonaro validou a narrativa russa ao se referir a Volodmir Zelenski, presidente do país invadido, como "comediante". "A ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo as consequências disso. Isso é pura propaganda russa", disse Araújo, acrescentando não considerar demérito o fato de o líder ucraniano ser um ex-comediante.

Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo. Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política "pró-China" por meio de sua aliança com o Centrão. Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.

As críticas de Araújo ecoam um racha na base de apoiadores do governo sobre como o Brasil deve se posicionar perante a invasão da Ucrânia. Como mostrou o Estadão, o conflito movimentou diferentes campos da política brasileira e expôs, curiosamente, posicionamentos confluentes entre parte dos aliados de Bolsonaro e grupos de oposição, principalmente na defesa de Vladimir Putin. Outra fatia dos bolsonaristas, à qual se encaixa Araújo, optou por condenar a ofensiva russa e defender o país atacado, evidenciando uma divisão na bolha ideológica do entorno do presidente.

Liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ), uma ala dos defensores do governo tem usado o confronto para enaltecer o ex-presidente americano Donald Trump.

  Fábio Faria ministro das Comunicações informou que entrou com processo contra Ernesto Araújo ex-ministro de Relações Exteriores, por calúnia, injúria e difamação, nesta quinta-feira (20), através de suas redes sociais. A ação tramita na 7ª Vara Criminal de Brasília.

Subindo o tom, o ministro avisou que agora "mentiras serão tratadas na Justiça". "Enquanto a gente trabalha pelo Brasil, uns só atrapalham. A partir de agora, mentiras e teorias exdrúxulas, fruto de criações mentais, serão tratadas na Justiça”, escreveu Fábio. 

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Declaração motiva processo

O processo veio após falas polêmicas de Araújo durante entrevista ao podcast ConservaTalk, em que afirmou que "entregou o 5G para a China”. Ele continuou: “O centrão acha que a política externa é fazer tudo o que a China quer” e que não sabe “qual era o grau de interesse econômico que essas figuras têm com a China.”  

*Por Camilla Dantas 

A CPI da Pandemia aprovou nesta terça-feira (22) a lista de 14 nomes de testemunhas que passaram à condição de investigados. Entre eles, estão o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; seu antecessor na pasta, Eduardo Pazuello; e o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. A votação ocorreu antes do depoimento do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS).

A aprovação veio depois de queixas de senadores ligados ao governo, que apresentaram questões de ordem sobre a decisão unilateral do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), de apontar suspeitos sem a concordância do colegiado. Luis Carlos Heinze (PP-RS) pediu que fossem tornadas nulas as decisões do relator. Diante do questionamento, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o relator tem a prerrogativa de apontar suspeitos, mas decidiu colocar em votação a lista de investigados.

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"Eu coloco em votação só para agradar a Vossa Excelência", anunciou.

Líder do governo, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) pediu a retirada do nome do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, da lista de investigados. Bezerra argumentou que ele está há pouco tempo à frente da pasta e tem demonstrado esforço na busca por vacinas. 

"Ele está há pouco mais de 90 dias à frente do Ministério da Saúde", apontou.

Mas a CPI manteve todos os 14 nomes da lista original divulgada pelo relator em entrevista coletiva na sexta-feira (18). Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a aprovação pelo colegiado elimina qualquer dúvida sobre a suspeição do relator.

"É bom que agora [a lista de investigados] é uma decisão da CPI e não apenas do relator", avaliou. 

Também estão na relação o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Antônio Elcio Franco Filho; a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro; a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fontana Fantinato; e o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto.

Compõem ainda a lista o ex-assessor da Presidência da República Arthur Weintraub; o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten;  o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo; o empresário Carlos Wizard Martins; a médica Nise Yamaguchi; o médico Paolo Zanotto; e o tenente-médico da Marinha Luciano Dias Azevedo.

Outras questões

Além desse ponto, a reunião desta terça-feira (22) começou com a apresentação de outras questões de ordem. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) citou a ausência do relator em debate sobre “tratamento precoce” na semana passada, pediu retirada do assunto do relatório e solicitou que Renan Calheiros se declare suspeito. A questão foi rejeitada pelo presidente da CPI. 

Minuto de Silêncio

Por sugestão do senador Rogério Carvalho (PT-SE), a CPI também ficou em silêncio por um minuto em homenagem as mais de 500 mil pessoas que morreram por covid-19 no Brasil.  

*Da Agência Senado

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu quatro de mandados de segurança questionando quebras de sigilo que foram determinadas na quinta-feira (10) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Até o momento, a decisão da CPI é questionada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, o secretário de Ciência e Tecnologia do ministério, Helio Angotti, e o ex-assessor especial da pasta, Zoser Hardman de Araújo.

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Na sessão de ontem, a comissão teve 23 novos requerimentos aprovados. Também terão os sigilos quebrados o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, o empresário Carlos Wizard e o virologista Paolo Zanotto.

Há ainda quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático das empresas PPR – Profissionais de Publicidade Reunidos, Artplan e Calia Y2 Propaganda, todas responsáveis pela publicidade institucional do governo desde 2020.

 

O Governo Federal recusou a compra de R$ 43 milhões de doses de vacinas da Covax Facility, aliança internacional da OMS para acelerar o desenvolvimento e fabricação de vacinas. As informações são da coluna de Jamil Chade, no Uol.

O Brasil recebeu uma proposta de 86 milhões de doses por parte da aliança mundial de vacinas, a Gavi, que administra a Covax Facility. A oferta para o país aderir ao plano de imunização global foi feita no primeiro semestre de 2020.

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Após negociações, o Brasil decidiu não aderir à proposta e comprou apenas 43 milhões. Pelas regras da Covax, esse era o volume mínimo que o Brasil poderia estabelecer na parceria com a aliança.

Telegramas sigilosos obtidos pelo colunista revelam que o Brasil reconhecia que o mecanismo beneficiaria o país. Porém, o governo decidiu arrastar o processo. As mensagens foram trocadas entre o Itamaraty, em Brasília, e a missão do Brasil em Genebra, que era liderada pela embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo.

Os documentos fazem parte dos materiais recebidos pela CPI da pandemia, que havia solicitado dados e troca de mensagens do Ministério das Relações Exteriores com suas embaixadas. Nem o Itamaraty e nem o Ministério da Saúde informaram por que recusaram a proposta.

Segundo os telegramas, o Itamaraty, em 2 de julho de 2020, informa ao posto diplomático na Suíça sobre a decisão tomada pelo governo de enviar uma carta à Gavi e formalizar interesse em debater a adesão à Covax. A primeira reunião da entidade ocorreu em abril de 2020 e o Brasil não participou, alegando que tinha outras parcerias em vista. 

No telegrama, o Itamaraty diz que o mecanismo daria "acesso a futuras vacinas contra a Covid-19 a preços inferiores aos de mercado". Mas a pasta destaca também que o Ministério da Saúde "indicou que as vacinas contempladas encontram-se em diferentes estágios de desenvolvimento, razão pela qual haveria ainda bastante incerteza quanto a seus resultados finais."

O Itamaraty lista as vantagens caso o Brasil decidisse fazer parte do projeto. São elas: mitigação de riscos, em cenário de alta incerteza sobre vacinas contra a Covid-19; potencial para negociar melhores termos com múltiplas empresas; melhorar condições para garantir determinado nível de acesso a vacinas, em cenário de intensa competição, que tende a favorecer países com maiores recursos financeiros; promoção de cenário mais colaborativo para desenvolvimento e distribuição de vacinas; inclusão do país no único mecanismo coletivo; e dividendos para imagem do Brasil no cenário exterior.

Segundo o documento, a Gavi havia dado um prazo até 30 de junho para o envio de carta com manifestação de interesse pelos países. A diplomacia apontava que a manifestação "não é vinculante e, portanto, não implica compromisso político ou financeiro". Pelas regras, o país precisaria confirmar a participação e fazer parte do pagamento em agosto de 2020.

A mensagem diz que a Gavi fez uma sugestão ao governo brasileiro. "A parcela sugerida pela Gavi ao Brasil foi de US$ 195 milhões, ou cerca de 10% de total estimado em US$ 2 bilhões, para futura aquisição de 86 milhões de doses (para 43 milhões de pessoas)". A Gavi, consta no documento, trabalhava com um cenário de imunização de 20% da população dos países.

O telegrama para o posto em Genebra diz que, como o interesse não implicaria compromisso político ou financeiro, seria vantajoso o envio de carta à Gavi. "Na missiva, poderiam ser solicitados maiores esclarecimentos a respeito da governança do mecanismo, da possibilidade de transferência de tecnologia, dos valores esperados e do calendário de desembolsos, da garantia dos recursos empregados pelo Brasil, entre outros aspectos".

O texto continua: "Com isso, ganhar-se-ia tempo, até o fim de agosto, para tomar decisão mais informada a respeito da conveniência, para o Brasil, de empregar recursos no COVAX Facility."

A carta endereçada ao CEO da Gavi, Seth Berkley, deveria apresentar uma série de perguntas, com o objetivo de ganhar tempo. "Para evitar dúvidas, nossa expressão de interesse é não-vinculante", diz a comunicação, apontando que o Brasil não iria firmar qualquer compromisso naquele momento.

A adesão oficial do país ao Covax Facility ocorreu apenas em 2 de março de 2021, quando a lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi publicada no Diário Oficial. Em setembro, o presidente havia assinado duas medidas provisórias tratando da liberação de R$ 2,5 bilhões para o Brasil participar da iniciativa.

Os ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello foram as testemunhas da terceira semana de depoimentos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. Ambos foram duramente criticados por mentirem para os senadores sobre as ações do Governo Federal no combate à pandemia. Pazuello até passou mal e sua oitiva foi suspensa.

Ouvido na terça-feira (18), a participação do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo virou piada do humorista Marcelo Adnet. Araújo afirmou que sabia das cartas com propostas de vacinas da Pfizer, que sequer foram respondidas pelo Governo, e foi pressionado por distanciar o Brasil da China ao defender ofensas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra o parceiro asiático.

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"O senhor Ernesto Araújo não se lembra de nada do que importa, mas se lembra de questões mínimas e supérfluas e até mesmo não verdadeiras", disparou a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que ressaltou a “memória seletiva” de Araújo.

Com aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer calado, o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, chegou à CPI sem máscara em seu depoimento na quarta (19). A conduta gerou debate, já que o militar adiou o depoimento por indicar suspeita de Covid-19.

Sua estratégia foi minimizar as próprias competências à frente do combate à pandemia e distanciar o presidente Jair Bolsonaro da gerência da Saúde. Ele foi desmentido em mais de uma oportunidade pelos senadores quando respondeu sobre a crise de oxigênio no Amazonas e o aplicativo TrateCov, que oficializava a defesa do Governo Federal de substâncias sem eficácia contra o vírus.

Em determinado momento, Pazuello alegou mal-estar e foi examinado pelo médico e senador Otto Alencar (PSD-BA), que disse que o ministro mentia até sobre a própria saúde. A oitiva foi retomada no dia seguinte (20), com o ministro chegando novamente sem máscara. A data estava agendada para a fala da ‘Capitã Cloroquina’, como é conhecida a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério, Mayra Pinheiro. Seu depoimento foi remarcado para a terça (25).

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Durante depoimento à CPI da Pandemia nesta terça-feira (18), o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo confirmou que o Itamaraty enviou ao governo da Índia telegrama pedindo a liberação de insumos que seriam usados na produção de cloroquina no Brasil. Segundo o ex-chanceler, o Ministério das Relações Exteriores não atuava sozinho na condução das estratégias contra a covid-19 — o pedido de intermediação junto ao governo indiano teria partido, segundo ele, do Ministério da Saúde. Além disso, após ser questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Ernesto Araújo declarou que o presidente Jair Bolsonaro teria conversado com ele sobre o assunto.

"Não foi exatamente um pedido para implementar esse pedido do Ministério da Saúde, mas o presidente da República, em determinado momento, pediu que o Itamaraty viabilizasse um telefonema dele com o primeiro-ministro [da Índia]", disse.

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A defesa do “tratamento precoce”, com uso de medicação sem eficácia cientificamente comprovada contra a covid-19, como é o caso do uso da cloroquina, é um dos focos de investigação da CPI.

De acordo com o ex-ministro, ainda no primeiro semestre de 2020 havia expectativa sobre os estudos relativos ao efeito da cloroquina no tratamento daqueles acometidos pela covid-19. Além disso, ele afirmou que a escassez desse medicamento para o tratamento de doenças crônicas também teria motivado a iniciativa.

Doação dos EUA

Renan Calheiros e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ainda confrontaram o depoente em relação à doação dos Estados Unidos de 2 milhões de doses hidroxicloroquina, no ano passado, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) já orientava que a medicação não teria eficácia comprovada contra a covid-19. O ex-ministro declarou que os medicamentos foram oferecidos por autoridades norte-americanas e não foram rejeitados porque, de acordo com ele, serviriam para suprir uma “necessidade real” do sistema de saúde brasileiro.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que a remessa chegou ao Brasil quando ainda havia orientação para tratamentos de pacientes graves com o medicamento e não havia perspectiva de vacinas.

"Eu apenas gostaria de retificar aqui o que foi colocado pelo relator, senador Renan Calheiros, que os Estados Unidos encaminharam cloroquina, e não vacina ao Brasil. Mas nós sabemos que o envio da cloroquina ocorreu em julho de 2020 e, naquele momento, não havia nenhuma vacina aprovada no mundo contra o covid-19", disse Bezerra.

Manaus

Os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Eduardo Braga (MDB-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), além do presidente da CPI, Omar Aziz, questionaram o ex-chanceler sobre sua atuação durante a crise da falta de oxigênio para pacientes com covid-19 em Manaus. O assunto é um dos objetos da investigação da CPI.  

Segundo Eduardo Araújo, o Itamaraty agiu após ser orientado pelo Ministério da Saúde para que fosse viabilizada a utilização de uma aeronave para o transporte de oxigênio. Omar Aziz rebateu o ex-ministro, afirmando que até mesmo o oxigênio doado pela Venezuela teve que ser transportado por estradas, o que, segundo o senador, teria atrasado a chegada em cinco dias, agravando ainda mais a situação em Manaus.

"Não permitiram que um avião fosse lá. Teve que vir de estrada. Enquanto estava morrendo gente sem oxigênio em Manaus, o oxigênio vindo da Venezuelana estava vindo de estrada. Um voo da FAB [Força Aérea Brasileira], se o Ministério das Relações Exteriores tivesse interferido, em uma hora ia e voltava!", criticou o presidente da CPI.

Ao responder a uma pergunta do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues, Ernesto Araújo disse que não fez nenhum contato com o governo da Venezuela para pedir apoio humanitário para a crise de oxigênio em Manaus nem para agradecer pela ajuda oferecida.

O senador Eduardo Braga lembrou que, naquele período, morriam mais de 200 amazonenses por dia. Ele reforçou as críticas ao ex-ministro por sua atuação em relação à Venezuela.

"No dia 30 de janeiro, alcançamos o recorde de mortes no meu estado, tristemente: 225 mortos. E eu pergunto: por que a chancelaria brasileira, em defesa dos interesses dos brasileiros que lá vivem, não agiu proativamente, afirmativamente, para levar o oxigênio que estava mais perto para salvar vidas?", questionou Braga.

Em resposta, Ernesto Araújo disse que o entendimento, naquele momento, era de que haveria oxigênio em outros estados, e que se buscou viabilizar o uso de aviões junto ao Chile e aos Estados Unidos. Só posteriormente, argumentou o ex-ministro, soube-se que o problema não estava na falta de aviões de carga, e sim na escassez de oxigênio. Ainda conforme Araújo, havia uma aeronave disponibilizada pelo governo norte-americano, mas que não chegou a ser utilizado porque o governo estadual do Amazonas não teria prestado as informações necessárias para que isso ocorresse.

“Aconselhamento paralelo”

O relator da comissão citou durante o depoimento a afirmação, feita pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, de que o presidente da República seria aconselhado por uma “assessoria paralela”. Renan Calheiros quis saber se Ernesto Araújo teria conhecimento ou participou de alguma reunião com a presença do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, ou da médica Nise Yamaguchi. Renan também perguntou sobre a influência de Olavo de Carvalho na condução da política externa do país. O depoente disse desconhecer tanto a existência do grupo da "assessoria paralela" como uma possível influência de Olavo de Carvalho sobre o Itamaraty.

Sobre esse tema, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) argumentou que é comum o aconselhamento vindo de fora de gabinetes, o que não representaria um "gabinete paralelo".

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) perguntou ao ex-ministro se Bolsonaro se manifestava sobre o assunto nas reuniões com a presença dos ministros. De acordo com o ex-chanceler, ocorreram muitas reuniões ministeriais, mas naquelas que tratavam de aquisição de vacinas ou insumos não havia a presença do presidente.

Fake News

Os senadores Alessandro Vieira, Angelo Coronel (PSD-BA) e Leila Barros (PSB-DF) perguntaram ao depoente porque o Brasil se recusou a assinar acordo sugerido pela OMS para evitar a disseminação de informações falsas sobre a pandemia. Ao responder, Ernesto Araújo assumiu exclusivamente a responsabilidade por essa decisão. Ele afirmou que esse acordo poderia ir contra a legislação brasileira já estabelecida sobre o assunto.

"Nós avaliamos que esse instrumento poderia conter determinadas expectativas de comportamento do governo brasileiro que podiam não ser compatíveis com a legislação nacional de proteção à liberdade de expressão e outros aspectos da expressão regulados pela nossa legislação", declarou o ex-ministro.

Ao defender essa decisão, o senador Flávio Bolsonaro (Republicano-RJ) afirmou que, ao trazer o tema para a comissão, os senadores tentam construir uma narrativa de que o Brasil é a favor de fake news por não ter assinado o acordo.

"No Brasil as agências que checam o que é notícia falsa ou verdadeira têm um viés ideológico absurdamente maior de oposição ao governo, absurdamente maior. Por exemplo: eu não vi nenhuma agência dessa checar as falas que foram ditas aqui de que Bolsonaro trata, para a população em geral, que a covid é como uma espécie de gripezinha, quando, na verdade, ele falou que era para o caso dele específico. Isso era para ser rotulado como uma fake news, no meu entendimento e no entendimento de muitas pessoas. Então, quem vai dizer o que é fake news e o que não é?", perguntou Flávio Bolsonaro.

*Da Agência Senado

 

O depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo à CPI da Pandemia nesta terça-feira (18) reforça a suspeita quanto à existência de um comando paralelo no combate à covid-19, em contraste com as orientações do próprio Ministério da Saúde. Essa foi a avaliação do comando da CPI, a qual difere da opinião de senadores governistas, para quem a oposição tentar criar um "crime inexistente".

Para o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), as contradições apontadas por Ernesto Araújo comprometem a atuação de então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na crise gerada pela falta de oxigênio e de vacinas e apontam para a importância do depoimento do ex-titular da pasta à comissão nesta quarta (19).

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"A situação está difícil para Pazuello, é um movimento de abandono [do ex-ministro da Saúde]. A melhor coisa que ele teria a fazer amanhã é colaborar com a CPI. Se não, todos os elementos apontarão ele como responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros", afirmou.

Para Randolfe Rodrigues, as colaborações de Ernesto Araújo também reforçam a “omissão criminosa” que o governo brasileiro teve durante a crise de oxigênio em Manaus.

"Deixa claro que quem aderiu ao consórcio Covax com 10%, e não 50% da vacina, foi o Ministério da Saúde. A quantidade de oxigênio que socorreu os amazonenses foi doada pelo governo da Venezuela e o governo brasileiro não articulou e nem agradeceu. Está ficando cada vez mais clara a omissão do governo na aquisição de vacinas. A pergunta é ‘quantas vidas de compatriotas poderiam ter sido salvas se pelo menos uma das propostas de vacinas, das tantas rejeitadas, tivesse sido concedida?’", questionou.

"Gabinete das sombras"

Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também concorda com a existência do comando paralelo da pandemia, a quem classificou como “gabinete das sombras”. Ele também afirmou que Pazuello está sendo “entregue aos leões”.

"Era uma espécie de ministério da doença, em contraposição ao Ministério da Saúde, que despachava com o presidente da República, que fazia as reuniões no Palácio do Planalto, estabelecia as políticas públicas, onde deveria ser gasto o dinheiro, da forma como entendesse correta, e até pensava em modificar bula de remédio por decreto presidencial, enquanto o Ministério da Saúde sequer vacina poderia comprar. Pazuello anunciou a compra da vacina Coronavac e o presidente o desautorizou. Pazuello está sendo entregue aos leões. A pergunta é: ‘O senhor foi o único responsável por tudo isso, por essa tragédia?’. A essa altura, o silêncio depõe contra ele", afirmou Renan.

O relator da CPI destacou que Ernesto Araújo respondeu a todas as perguntas dos senadores, nas quais enfatizou que — à exceção da importação de cloroquina e da viagem a Israel, motivada, segundo o ex-chanceler, pela busca de novos medicamentos para o tratamento da covid-19 — todas as iniciativas de política externa aconteceram em função das decisões do Ministério da Saúde.

"Ao dizer isso, ele transfere o ônus da responsabilidade para o Ministério da Saúde e o ex-ministro Pazuello diretamente, sem subterfúgio. O que o Supremo [Tribunal Federal] decidiu é que Pazuello evidentemente não vai dizer nada que possa incriminá-lo, nem era esse o propósito da CPI. Queremos investigar fatos, não pessoas. Queremos que ele, como testemunha principal, como ex-secretário executivo e ex-ministro da Saúde possa colaborar com a CPI na busca da verdade, à medida que o governo vem aqui e transfere a responsabilidade para ele", afirmou Renan.

Questionado sobre a apuração de supostos desvios de recursos da saúde destinados pela União a estados e municípios, Renan disse que a comissão não fará dupla investigação sobre casos já em análise pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

"Esses fatos não são prioritários na CPI. Nós vamos investigar tudo o que for necessário, mas dentro de um roteiro óbvio e dentro da competência do Senado", afirmou.

"Abuso de poder"

Defensor do governo, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) discorda do entendimento dos senadores da oposição.

"Pazuello vem para falar muitas coisas importantes. O habeas corpus [concedido pelo STF ao ex-ministro da Saúde] é para evitar abuso de poder. Gabinete paralelo? Isso é mais uma narrativa da oposição tentando criar crime", afirmou.

O senador defendeu a apuração imediata dos fatos relacionados à pandemia nas unidades da Federação.

"Parece-me que há uma campanha para fazer blindagem e impedir investigação. O alvo da CPI é o governo do presidente Bolsonaro. Tentam criar a narrativa de que o grande culpado pelo coronavírus é o Bolsonaro. Vamos ouvir os secretários estaduais. Não aceitamos que denúncias de desvios e corrupção que levaram à morte de milhares de brasileiros fiquem sem resposta. Nas próximas semanas, vamos seguir o rumo do dinheiro. Vamos começar com o Amazonas", disse Marcos Rogério.

*Da Agência Senado

 

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), reafirmou que uma ligação telefônica do ex-chanceler Ernesto Araújo poderia ter salvado vidas durante o colapso do sistema de saúde no Amazonas.

"Durante a crise de oxigênio em Manaus, a ajuda enviada pela Venezuela precisou ser transportada até a cidade pela estrada, uma simples ligação do ex-ministro Ernesto Araújo, para disponibilizar um voo que levasse o oxigênio até a capital amazonense, poderia ter salvo muitas vidas", escreveu o senador em publicação no Twitter.

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O ex-ministro foi ouvido pelo colegiado nesta terça-feira. Durante a sessão, Aziz criticou a atuação de Araújo durante a crise do sistema de saúde de Manaus. "Poderiam ter sido evitadas essas mortes se vossa excelência tivesse agido", declarou o senador.

Depois de se contradizer em relação às demandas do presidente Jair Bolsonaro na pandemia, o ex-chanceler Ernesto Araújo disse em depoimento à CPI da Covid que, nas reuniões ministeriais dais quais participou, a compra de vacinas para a covid-19 não era discutida especificamente. A exceção foi o encontro que ocorreu em fevereiro ou março deste ano, quando se teria debatido o contato de Bolsonaro com a Pfizer. "Com exceção em março ou fim de fevereiro onde se decidiu que o presidente faria contato com presidente da Pfizer para obtenção da vacina da Pfizer. Foi reunião onde o presidente disse 'sim, quero falar com o presidente da Pfizer'", relatou Araújo.

Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacaram a demora do assunto vir à tona nas reuniões ministeriais, lembrando que a farmacêutica enviou carta a Bolsonaro em setembro do ano passado falando de uma oferta feita ao Ministério da Saúde que continuava sem resposta.

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"Em diferentes reuniões ministeriais, surgiu o tema da covid. O presidente falava das preocupações com a pandemia, diferentes aspectos, inclusive aspecto econômico, de saúde, vacinas, mas orientações específicas para atuação do Itamaraty, negociações, vinham do Ministério da Saúde", disse Araújo.

O ex-chanceler ainda rejeitou o entendimento de que agressões feitas pelo presidente Jair Bolsonaro a outras nações teriam prejudicado as relações externas do Brasil. A questão foi colocada pelo senador Alessandro Vieira. Para Araújo, os prejuízos à imagem do País no exterior são resultado de interpretações internas "equivocadas" que procuram "criar imagem de ameaça à democracia no Brasil".

"Também de que haveria política de afrontamento aos direitos humanos, que é falso, e que haveria uma política deliberada de destruição ambiental. Isso com base em interpretações equivocadas que conduziram a um problema de imagem no exterior, e não falas do presidente da República", completou Araújo, segundo quem a pandemia tem sido usada em alguns casos como pretexto para que se ataque as liberdades no Brasil e no mundo.

Vieira também questionou o ex-chanceler sobre uma afirmação feita em janeiro deste ano, de que "a biopolítica do 'fique em casa' talvez esteja ajudando o narcotráfico". "Estou falando do pretexto da pandemia para determinadas atitudes do controle social. Pudemos observar, aconteceu em alguns lugares do Brasil, durante a pandemia houve aumento de criminalidade. Pretexto do uso da pandemia para cercear determinadas atividades de combate ao crime, me parece que isso esteve presente", respondeu Araújo, que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores até março deste ano.

O humorista Marcelo Adnet divertiu muita gente na internet, nesta terça-feira (18), enquanto acompanhava a presença de Ernesto Araújo na CPI de Covid. Nos vídeos publicados, Adnet imitou Galvão Bueno ao narrar o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores do governo de Jair Bolsonaro.

"Bem, amigos da Rede Globo, aí está ele, Ernesto Araújo. Ele vai enrolando, ele vai gaguejando, chanceler, embaixador, não sabe o que é o quê. Parece inebriado pelo álcool gel. Suas palavras não fazem mais sentido, ele vai dando voltas com a bola em campo. Ele joga sem nenhum objetivo, joga para o lado", brincou.

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Ainda no conteúdo, Marcelo Adnet soltou: "Ele vai gaguejando, ele que não tem nenhuma intimidade com a máscara. A máscara vai caindo, os argumentos vão caindo por terra. Ele não sabe mais o que fala, gesticula ao léu. E aí Renan Calheiros está jogando mais à esquerda do que já jogou ao centro".

Famosos como Fábio Porchat, Alice Wegmann, Tuca Andrada, Maria Ribeiro, Samantha Schmütz, Marcos Veras, Mariana Santos, Fernanda Abreu, Christine Fernandes e Lucio Mauro Filho gostaram da sátira. "Adnet do céu! Você precisa ser o narrador oficial da CPI! Maravilhoso", comentou a jornalista Rachel Sheherazade.

Confira:

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A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), usou seu tempo de perguntas ao ex-chanceler Ernesto Araújo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para fazer críticas à atuação do ex-ministro à frente do Itamaraty. Segundo a senadora, o Brasil tem registrado índices positivos, entre eles a balança comercial, que tem aumentado, "a despeito" do trabalho realizado por Araújo.

"O senhor bateu no peito para dizer que as vacinas vieram ao Brasil graças à sua gestão no MRE Ministério das Relações Exteriores. Eu quero lembrar a todos que, até abril, 85% de toda vacina colocada no braço dos brasileiros vieram da China e a despeito do senhor Ernesto Araújo, porque o Butantan - que é do governo de São Paulo para a contrariedade de muitos - fez uma contratação direta", afirmou a senadora durante a sabatina do ex-chanceler. "Não teve uma palha de necessidade do governo federal", completou, referindo-se à não participação do governo de Jair Bolsonaro nesse processo.

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Kátia Abreu também acusou Araújo de "ter uma memória seletiva, senão leviana" durante o depoimento à comissão. "O senhor Ernesto Araújo não se lembra de nada do que importa, mas se lembra de questões mínimas e supérfluas e até mesmo não verdadeiras", disse Kátia ao ex-ministro.

'Descalabro'

Para a senadora, o País vive um "descalabro" no combate à pandemia de covid-19. "Eu quero descobrir, antes de mais nada, quem foram os responsáveis pelas mortes dos brasileiros e dos tocantinenses até agora", afirmou. "Nós estamos atrás dos membros do governo federal que permitiram um número exorbitante de mortes até agora. Estamos atrás dos responsáveis De uma economia que faliu ainda mais por conta de uma pandemia prolongada e mal administrada, de 26 milhões de desempregados, empresas fechando, uma economia no chão e endividamento das famílias exorbitante. É um complexo que precisa ser responsabilizado", afirmou.

Embaixador

A troca de mensagens entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, voltou a ser alvo de críticas e questionamentos de senadores ao ex-chanceler Ernesto Araújo em seu depoimento à CPI da Covid. Araújo, no entanto, não abandonou o tom defensivo com relação ao tema, classificando a resposta do embaixador à publicação de Eduardo como uma grande ofensa diplomática.

"Me parece que é algo muito grave quando um embaixador, que está comprometido com os princípios da Convenção de Viena da prática diplomática retuíta uma publicação do chefe de Estado daquele País, a família daquele chefe de Estado, é o veneno do Brasil", afirmou Araújo, dizendo que o comportamento do embaixador está sujeito a limites. Araújo também confirmou ter escrito ao chanceler da China queixas sobre o embaixador Wanming.

Em um dos episódios de conflito com a China, o ex-chanceler saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro após o filho do presidente republicar uma mensagem no Twitter que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil oficial da embaixada chinesa protestou contra o deputado e disse que ele havia contraído "vírus mental". O então chanceler classificou a reação da embaixada "desproporcional", disse que feriu "a boa prática diplomática" e pediu retratação por parte do embaixador, Yang Wanming, que rejeitou a sugestão de Araújo.

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo disse que tinha conhecimento da carta enviada ao governo brasileiro em setembro do ano passado pela Pfizer, na qual o CEO da empresa, Albert Bourla, alertava que havia uma proposta de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, sem resposta por parte do Brasil. Araújo relatou que "talvez" no dia 14 de setembro, dois dias após o envio da correspondência, foi informado sobre o documento pelo embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster, um dos destinatários da carta.

"Embaixador fez telegrama informando sobre esse documento", disse. Segundo ele, o telegrama mencionava que a carta já era de conhecimento direto do Ministério da Saúde, a quem caberia a "centralização da estratégia de vacinação", afirmou Araújo, segundo quem ninguém do governo o procurou para tratar da carta.

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O ex-ministro foi questionado sobre o fato de a carta da Pfizer ter ficado dois meses sem resposta do governo brasileiro, e respondeu não saber o que pode ter motivado esse atraso.

A carta foi levada à CPI pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, que revelou o fato de a correspondência ter ficado sem resposta até sua iniciativa de contatar a Pfizer. O episódio foi confirmado à CPI pelo gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo.

O possível aconselhamento paralelo ao Ministério da Saúde, que estaria orientando o presidente Jair Bolsonaro nas questões referentes a Covid-19, voltou a ser discutido na sessão da CPI da Covid, no Senado, que ouve nesta terça-feira Ernesto Araújo. Questionado, o ex-chanceler disse não ter conhecimento da existência do grupo.

Durante o questionamento, o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a sugerir a participação de Olavo de Carvalho neste "ministério da doença" como chamou, e provocou Araújo ao perguntar se Olavo também seria o guru ideológico deste grupo "ou era apenas guru do Ministério das Relações Exteriores". O ex-chanceler se limitou a negar que sua relação de amizade com Olavo não significava que ela era seu guru na administração da pasta.

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Durante seu depoimento, as relações de Araújo com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e com o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, também foram questionadas, com as quais o chanceler afirmou sempre ter tido excelentes relações.

Sobre Eduardo Bolsonaro, Araújo manteve sua posição ao defender o filho do presidente, dizendo que em uma troca de mensagens nas redes sociais, o embaixador chinês Yang Wanming, e Eduardo, Wanming teria sido ofensivo, e não deu resposta que combinava com a atitude de um diplomata.

No ano passado, o filho do presidente republicou uma mensagem no Twitter que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil oficial da embaixada chinesa protestou contra o deputado e disse que ele havia contraído "vírus mental". O então chanceler classificou a reação da embaixada "desproporcional", disse que feriu "a boa prática diplomática" e pediu retratação por parte do embaixador, Yang Wanming, que rejeitou a sugestão de Araújo.

Embaixador

No depoimento à CPI, o ex-ministro das Relações Exteriores afirmou que atuou para solucionar o impasse no recebimento de insumos para produção de vacina da China em janeiro deste ano. Ao ser questionado se concordava com a afirmação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, de que o país asiático teria colocado "barreiras", Araújo disse concordar e relatou ter enviado ao chanceler chinês uma carta pedindo a liberação da carga.

"E alguns dias depois o ministro me respondeu que faria tudo o quanto possível", disse Araújo. Por sua vez, o presidente da CPI, Omar Aziz, questionou o motivo de o ex-chanceler não ter tratado da questão com o embaixador da China no Brasil. "Por que o senhor não atravessou a rua e conversou com o embaixador chinês em Brasília? Preferiu mandar uma carta? O senhor não fez isso por causa dos comentários que fez sobre a China", indagou Aziz.

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo confirmou sua atuação à frente do Ministério das Relações Exteriores na importação de insumos da Índia necessários para a produção da cloroquina. Araújo defendeu o trabalho da pasta neste caso dizendo que com a alta procura do fármaco, "um remédio muito importante que tenha seu estoque preservado", foi necessário garantir a reserva do medicamento.

Araújo afirmou que em março do ano passado havia uma expectativa com relação ao uso do fármaco no tratamento da Covid-19 "não só no Brasil", como disse, o que levou a uma diminuição do estoque do medicamento utilizado contra doenças reumatológicas e malária. Segundo Araújo, era importante trabalhar na importação dos insumos para manter o estoque do medicamento para seu uso prescrito. "Isso independente dos testes para o tratamento da Covid-19", afirmou.

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Na relação do uso do fármaco para o tratamento contra o novo coronavírus, Araújo disse nunca ter recebido uma relação de testes comprovando a eficácia do medicamento no tratamento contra a Covid-19, reafirmando que o pedido de importação foi feito por solicitação do Ministério da Saúde. Araújo também confirmou que o presidente Jair Bolsonaro pediu que o Itamaraty intermediasse um telefonema dele com a Índia para tratar sobre o tema.

Com relação à doação de dois milhões de doses de cloroquina ao Brasil pela Estados Unidos no ano passado, o ex-chanceler negou que a entrega tenha sido feita por solicitação de qualquer autoridade brasileira.

Covax

No depoimento, o ex-chanceler disse que "jamais" foi contra a iniciativa do Consórcio Covax Facility para recebimento de vacinas contra a Covid-19. Segundo ele, a decisão de o País participar apenas com 10% e não 50% foi do Ministério da Saúde. "Jamais fui contra. O Itamaraty esteve atento desde abril de 2020, assim que o Covax tomou forma, em julho, assinei carta para o gestor do consórcio dizendo que o Brasil tinha interesse em entrar. O contrato ficou pronto em setembro e assinamos naquele momento", afirmou Araújo.

Reagindo as respostas do ex-ministro, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que o Brasil optou pela fatia de 10% porque "agiu politicamente". "Por isso o Brasil perdeu tempo e não comprou a vacina. Por isso tivemos só 10% na adesão", comentou Aziz.

O ex-chanceler também tentou justificar uma oposição a Organização Mundial da Saúde (OMS) em razão de "idas e vindas" por parte da OMS, e disse ter atuado para solucionar impasse na importação do IFA vindo da China.

O líder da Minoria na Câmara, deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), avaliou a postura do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo no depoimento, nesta terça-feira (18), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Para Freixo, o comportamento do ex-chanceler na comissão "é o retrato do bolsonarismo frouxo que só fala grosso no cercadinho dos fanáticos".

Em publicação no Twitter, o deputado analisa que "a ficha corrida dos crimes cometidos" pelo ex-chanceler "é longa e o ex-ministro tem que pagar por eles". "Mas assim como Pazuello era pau mandado de Bolsonaro, Ernesto seguia as ordens de Eduardo Bolsonaro", pontua. Dessa forma, Freixo exige que o filho do presidente Jair Bolsonaro seja convocado para prestar depoimento na CPI.

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Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é acusado de escrever em suas redes sociais que a China seria a culpada pela pandemia do novo coronavírus, além de acusar o país asiático de espionagem por meio da tecnologia 5G.

Sem ataques à China

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo negou que tenha feito declarações ofensivas em relação a China e ouviu do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), um alerta para que não minta à CPI. Araújo afirmou que o Itamaraty reagiu em certos momentos em que teria havido, segundo ele, excessos por parte do embaixador da China em Brasília. "Mas não houve declaração que se classifique como antichinesa", respondeu em questionamentos feitos pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e Aziz.

Araújo também rejeitou a posição de que sua atuação e declarações no Itamaraty teriam relação com os problemas na chegada de insumos chineses para produção de vacina no Brasil. "Jamais foi identificado correlação entre atraso e qualquer atuação de minha parte ou de qualquer elemento oriundo do governo brasileiro", respondeu o ex-chanceler.

As respostas despertaram indignação por parte do presidente da CPI, para quem Araújo deu "várias declarações contra a China. Um dos episódios relembrados por Aziz foi quando o ex-chanceler escreveu o artigo em seu blog intitulado 'Chegou o Comunavírus', em que fez comentários sobre um livro escrito por Slavoj Zizek.

"Na minha análise pessoal você está faltando com a verdade, não faça isso", alertou o presidente da CPI. Araújo respondeu que, no artigo, a palavra 'comunavírus' não se referia ao coronavírus, mas ao que Zizek tinha referenciado ao vírus ideológico oportunizado pelo contexto da pandemia. "Para implantação de sociedade comunista global, usei esse termo jocoso...", comentou Araújo.

"Como isso não é ofensivo?" questionou Aziz, lembrando também da ocasião em que Itamaraty se envolveu em outro episódio de atrito com a China a partir de uma declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que publicou no Twitter uma mensagem que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil da Embaixada chinesa na rede social reclamou da manifestação do deputado e disse que ele havia contraído "vírus mental". Araújo então classificou a reação da embaixada como "desproporcional".

"Não sai em defesa (de Eduardo). Na nota que publiquei como chanceler eu disse que o Brasil não endossava declarações, no entanto o embaixador tinha se excedido", disse.

Apesar dessas situações, o ex-chanceler negou que tenha havido hostilidade nas relações com a China. "Não vejo hostilidade, certamente não de minha parte", disse Araújo, citando dados de negociações comerciais que, segundo ele, mostram que não houve piora na relação diplomática entre os dois países. "Números de 2020 mostraram aumento de 9% das nossas exportações destinadas a China", afirmou.

Ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta terça-feira (18), o ex-ministro de Relações Relações Exteriores, Ernesto Araújo, negou que tenha confrontado a China em qualquer momento da sua gestão à frente da pasta. 

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Araújo foi indagado pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros, se a relação do governo com a China teria prejudicado de alguma forma a chegada de vacinas e insumos para a produção dos imunizantes no Brasil.   

"Jamais promovi nenhum atrito com a China, seja antes seja durante pandemia, de modo que o resultado que obtivemos na consecução de vacinas e outros aspectos decorre de uma política externa de acordo com nossos objetivos, mas não era de alinhamento aos Estados Unidos nem de enfrentamos com a China", declarou o ex-ministro. 

Após Araújo afirmar que nunca se indispôs com a China, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que ele estava faltando com a verdade. O presidente da CPI lembrou de um artigo de 2020 em que o ex-chanceler deu declarações contra o país asiático, chamando o coronavírus de 'comunavírus'. 

"Na minha análise pessoal, vossa excelência está faltando com a verdade. Eu peço a vossa excelência que não faça isso", disse Aziz.

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler Ernesto Araújo disse que não havia um "documento único" com orientações para medidas de combate à pandemia e frisou diversas vezes que o Itamaraty agia sob os comandos do Ministério da Saúde, de onde surgiam as orientações. "(Papel) era de facilitar importação, facilitar trâmites, apoio a negociação de vacinas, mas não tenho conhecimento de plano único", disse Araújo nesta terça-feira em respostas ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). O ex-ministro das Relações Exteriores também disse não ter recebido instruções diretas do presidente Jair Bolsonaro sobre a implantação da política de combate à pandemia.

"O fato de não ter havido um documento, orientação geral, não quer dizer que tenha havido improviso", respondeu Araújo, que disse não lembrar de divergências entre o Itamaraty e a Presidência. "Me reunia uma vez por semana com o presidente. Tive vários encontros com Mandetta, Teich e Pazuello", disse, numa referência a ex-ministros da Saúde.

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O ex-chanceler afirmou também que sua saída do cargo de titular do Itamaraty não se deu pela sua atuação frente às negociações para compra de vacinas. Segundo Araújo, sua demissão esteve relacionada com as dificuldades de relacionamento, principalmente com o Senado. "Diante disso, presidente pediu que eu colocasse o cargo à disposição", disse.

Vacinas e insumos

No depoimento, o ex-chanceler tentou defender que não houve problemas diplomáticos na relação entre a China e o Brasil. O argumento é de que, segundo o próprio país asiático, o Brasil foi a nação que mais recebeu insumos e vacinas produzidas pela China. "China e Índia são países que mais cooperam com Brasil na questão das vacinas", comentou.

Sobre as negociações em que o Itamaraty participou para a compra de vacinas, Araújo citou conversas com a Índia, China e Reino Unido - o última em razão do acordo relacionado a vacina de Oxford/Astrazeneca. "Covax foi o principal instrumento para aquisição em bloco de vacinas. Também com os Estados Unidos entramos em contato, assim que surgiu perspectiva sobre liberação de exportação de excedente (de vacinas)", disse o ex-chanceler.

"(Itamaraty agia) a partir de orientações do Ministério da Saúde. A estratégia era do Ministério da Saúde, desde começo da pandemia em janeiro de instruímos postos no exterior para que prospectassem pesquisas que estivessem surgindo sobre medicamentos e vacinas,sempre com trabalho em conjunto com a Saúde", afirmou Araújo.

Em fala inicial à CPI da Covid na manhã desta terça-feira, o ex-chanceler Ernesto Araújo procurou fazer uma defesa de sua atuação enquanto esteve à frente do Ministério de Relações Exteriores. Ele deixou a pasta no final de março após forte pressão do Congresso Nacional, principalmente vinda do Senado. Segundo Araújo, sob sua gestão, o Itamaraty atuou em conjunto com o Ministério da Saúde e outras pastas no enfrentamento a pandemia - além de contribuir com mudanças em relação a governos anteriores.

Segundo ele, foi adotada uma política comercial ambiciosa e intensa, em que o Brasil foi colocado a "um passo" de se tornar membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Nos dedicamos a defender direito a vida, liberdade de crença, de opinião. Abrimos frentes (comerciais) concretas com nossos diversos parceiros. Ideologia e pragmatismo é um binômio equivocado. Meu objetivo foi contribuir para um Brasil grande e livre com economia competitiva. Sem a preservação de valores a vida humana perde sentido e significado. Defendendo valores, Brasil conseguiu assinar 180 atos internacionais", disse.

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Sobre a pandemia, Araújo afirmou que o Itamaraty teve "sucesso" em trazer os brasileiros que estavam na China e em outros países. "Foi a maior operação de repatriação humanitária do País", disse. Alvo de críticas, a atuação do ex-chanceler em relação à compra de vacinas contra a Covid-19 também foi comentada por Araújo.

Segundo ele, "graças a qualidade de relações com a Índia", o Brasil foi o primeiro país do mundo a receber vacinas exportadas do País. E que "graças à relação madura e construtiva com China", o País foi o que mais recebeu vacinas e insumos de vacinas fabricados no país asiático, segundo ele. "Logo no começo da pandemia, postos do Itamaraty foram instruídos a contatar pesquisas de vacinas, atuamos em conjunto com o Ministério da Saúde", afirmou o ex-chanceler.

"No final da minha gestão já tínhamos disponíveis 30 milhões doses de vacina. Também no final da minha gestão tínhamos insumos para mais 30 milhões de doses", afirmou.

Convocações

Antes do depoimento de Araújo, a CPI da Covid, aprovou, ainda no início dos trabalhos, a convocação do ex-secretário executivo da Saúde Coronel Antônio Elcio Franco Filho, e a convocação do presidente da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), Hélio Angotti Netto.

O coronel Élcio atuou como o número dois do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello e foi exonerado do cargo em março deste ano. Já o presidente da Conitec é convocado a prestar esclarecimentos após o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitar se posicionar contra o uso de fármacos sem a eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19 pois, segundo ele, a Conitec ainda estava avaliando e elaborando o protocolo de tratamento contra doença.

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