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O banditismo retratado no romance Grande Sertão: Veredas se mantém com suas marcas históricas no norte mineiro e no oeste baiano: ostentação de poder de fogo, desafio à polícia e encenações espalhafatosas. Na madrugada do Dia de Reis, em 6 de janeiro, cinco homens fortemente armados explodiram o cofre de uma tonelada do Banco do Brasil que ficava dentro da agência dos Correios de Josenópolis, a 145 km de Montes Claros (MG). A notícia varou o sertão como prenúncio de mais um ano de supremacia de bandos armados.

No romance, Riobaldo descreve o jagunço como a "criatura paga para o crime, impondo o sofrer no quieto arruado dos outros, matando e roupilhando". Por hora, bandos atuais deixaram de lado sequestros, saques em comércios e assassinatos de mando para priorizar roubos a banco.

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Em 16 de dezembro, 15 homens com metralhadoras e fuzis chegaram em dois carros a São João do Paraíso do Norte (MG). Parte entrou com maçarico na agência da Caixa Econômica Federal para abrir o cofre. Outra parte foi para a frente do quartel da Polícia Militar, ali próximo, disparar, nas contas da própria guarnição, 130 tiros de fuzil. Depois, com o dinheiro já nos carros, eles jogaram pontas cortantes de aço num trecho de 15 quilômetros da estrada que liga a cidade a Taiobeiras, para furar pneus de quem ousasse persegui-los. No dia 3 do mesmo mês, cinco homens com metralhadoras, revólveres e bombas haviam explodido, em poucas horas, caixas eletrônicos de agências do Banco do Brasil em Francisco Sá e dos Correios em Caetité, também no norte de Minas.

A polícia ainda foi desafiada em Buritis (MG), onde na ficção Riobaldo tinha fazenda. Na madrugada de 11 de outubro, dez homens dispararam rajadas de tiros contra o quartel da Polícia Militar e explodiram caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa. A ação durou 40 minutos. O bando fugiu no rumo de Brasília. "O pessoal das agências trabalha apreensivo", resume Nilton Silva Oliveira, dirigente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Montes Claros e Região.

Atuando em 72 cidades do norte mineiro, a entidade contabiliza 16 assaltos nos últimos seis meses. "As cidades são pequenas, têm quatro ou cinco policiais apenas, um efetivo pequeno para enfrentar grandes grupos armados que chegam e explodem tudo."

Escudo humano

Foi uma ação ousada que deixou em pânico a cidade baiana de Cocos, na divisa com Minas Gerais. Por volta das 11h30 de 10 de março de 2014, dez homens com fuzis entraram nas agências do Banco do Brasil e do Bradesco na praça principal de Cocos e anunciaram o assalto. Para sair dos bancos, eles montaram um escudo com bancários e correntistas e, na fuga, levaram quatro funcionários do Banco do Brasil e quatro clientes do Bradesco. Como no tempo de Antônio Dó, jagunço real descrito por Guimarães Rosa, os bandidos desfilaram pelas ruas disparando para o alto.

Nos meses seguintes, houve um debate acalorado na cidade sobre como impedir novos assaltos. Pressionada, a prefeitura tomou uma decisão drástica: fechou com correntes de ferro as ruas que circundam a praça principal no horário bancário. A medida, segundo a administração, é para evitar aproximação das agências de veículos de criminosos. O tráfego de carros-fortes para abastecer os bancos foi suspenso à noite e de madrugada e foram proibidos saques no caixa eletrônico a partir das 16 horas.

Comerciantes reclamam que a decisão afugentou clientes. "As medidas diminuíram ações de bandidos, mas o comércio acabou", afirma Edmar Miclos, dono de um pequeno hotel. "As pessoas chegam e não têm como tirar dinheiro. O sinal da máquina do cartão não costuma funcionar. Com isso, vai todo mundo fazer negócios e se hospedar em Guanambi, a 250 km daqui."

A Delegacia de Operações Especiais da Polícia Civil em Montes Claros é o principal centro de investigação dessas organizações criminosas. Pelo modo de agir, a polícia acredita que exista mais de um grupo atuando no norte mineiro. "No ano passado, houve um incremento bem grande desse tipo de crime na região", conta o delegado Herivelton Ruas Santana.

A expressão "novo cangaço", usada na região para definir quadrilhas de assalto a banco, refere-se ao modo de agir dos bandidos, adeptos de grandes ações em pequenas cidades, onde há número reduzido de policiais. Não há estimativa de valores, pois os bancos não informam às polícias as quantias levadas. "Os bandidos aproveitam a fragilidade do aparato. Em cidades maiores e capitais, há batalhões da Polícia Militar, departamentos da Polícia Civil. Eles têm atacado cidades com 20 mil, 10 mil habitantes."

Santana aponta como obstáculos ao combate do novo cangaço o baixo efetivo de policiais, a grande extensão do norte mineiro e as dificuldades de deslocamento. Como a região faz divisa com a Bahia, há ainda necessidade de intercâmbio com o Estado vizinho. "Apesar de haver uma interação, é sempre difícil fazer esse tipo de trabalho."

Urutu-Branco

No romance, o jagunço Riobaldo conta que ele e os companheiros haviam desafiado a "soldadesca" do governo e entrado e saído da Bahia cinco vezes "sem render as armas". Foi justamente nesse enfrentamento dos militares que ele foi ungido chefe do bando e rebatizado de Urutu-Branco pelo antigo chefe, Zé Bebelo, que deixou o comando após desgaste com jagunços. Urutu é o nome de uma das cobras mais venenosas do cerrado.

A ficha corrida de Riobaldo era longa. O jagunço que conquistou o mundo com seu linguajar poético e sua paixão por Diadorim esconde uma vida de crimes. Ele é autor confesso de alguns assassinatos e acusado de estar por trás de outros. A morte do inimigo Ricardão, que tinha sido rendido, ilustra seus momentos de frieza e violência.

O jornal O Estado de S. Paulo testemunhou o medo no Grande Sertão. Em Pirapora e Três Marias, a reportagem passou por revistas da polícia após denúncias de moradores preocupados com o veículo de São Paulo. Não trafegar à noite em estradas asfaltadas e evitar caminhos de terra mesmo de dia foram dicas dadas à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"O de-Janeiro, dali abaixo meia-légua, entra no São Francisco, bem reto ele vai, formam uma esquadria. Quem carece, passa o de-Janeiro em canoa - ele é estreito, não estende de largura as trinta braças. Quem quer bandear a cômodo o São Francisco, também principia ali a viagem. O porto tem de ser naquele ponto, mais alto, onde não dá febre de maresia. A descida do barranco é indo por a-pique, melhoramento não se pode pôr, porque a cheia vem e tudo escavaca. O São Francisco represa o de-Janeiro, alto em grosso, às vezes já em suas primeiras águas de novembro." (Grande Sertão Veredas, páginas 90 e 91)

No romance Grande Sertão: Veredas, a segunda fase importante da vida do jagunço Riobaldo começa nas margens do Rio de Janeiro, afluente que deságua no São Francisco na altura do município de Três Marias. Ali ele chegou criança, com a mãe. Foi na Barra do Rio de Janeiro que conheceu Diadorim. Lá o jagunço também atravessou pela primeira vez o São Francisco, maior curso de água do Grande Sertão.

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Muita coisa mudou desde a publicação do livro. Entre as cidades mineiras de Pirapora e Buritizeiro, o São Francisco ficou mais estreito e ganhou ilhas e áreas cobertas de vegetação. A água ficou mais turva. Mas não só ele se transformou. No distrito de Guaicuí da vizinha Várzea da Palma, deságua assoreado o Rio das Velhas, que carrega a história da mineração da Vila Rica. Antes de cair sujo no São Francisco, o das Velhas recebe as águas do Córrego do Batistério, mais um entre tantos pequenos cursos quase secos, atingidos pela irrigação irregular e pelo desmatamento em suas margens.

Três Marias, antiga Barreiro Grande, cresceu com o represamento das águas do São Francisco, para gerar energia elétrica. De lá até a Barra do Rio de Janeiro são 55 km de estrada de chão. No caminho, há um cheiro quase insuportável de uma barragem de dejetos de uma unidade metalúrgica da Votorantim Metais. Grupos de geraizeiros acusam a empresa de ter jogado rejeitos industriais diretamente no São Francisco durante anos. Também dizem que a barragem, construída para interromper a contaminação, não impede a infiltração do lençol freático. Por meio de sua assessoria, a empresa disse que "possui um sistema de gestão de barragens para garantir a segurança da sua operação" e "a unidade de Três Marias possui todos os licenciamentos necessários para sua operação". "Todos os efluentes gerados pela unidade são monitorados e atendem os parâmetros legais, com relatórios enviados periodicamente ao órgão ambiental responsável."

Uma floresta de eucaliptos margeia os dois lados da estrada, que termina na antiga sede de uma fazenda, à beira de um curso de água calma e parada. É o Rio de Janeiro. Até chegar ao ponto onde ele se encontra com o São Francisco, é preciso andar a pé por cerca de 1 km de capoeira e mata ciliar, habitado por corujas, seriemas e gaviões-do-cerrado. Após cruzar um cipoal e um bambuzal na margem do Rio de Janeiro, ouve-se o barulho de um rio de correnteza. O São Francisco demonstra bem mais força. Ali, como Guimarães Rosa descreve no romance, o São Francisco entra no de Janeiro e o represa.

Riobaldo é convencido por Diadorim a atravessar o São Francisco numa canoa. "Tive medo. Sabe? Tudo foi isso: tive medo! Enxerguei os confins do rio, do outro lado. Longe, longe, com que prazo se ir até lá? Medo e vergonha", relembrou. Nisso, Diadorim lhe diz: "Carece de ter coragem...". Riobaldo, então, confessa que não sabia nadar. "O menino sorriu bonito. Afiançou: 'Eu também não sei.' Sereno, sereno. Eu vi o rio. Via os olhos dele, produziam uma luz."

Na outra margem do Rio de Janeiro, homens pescam em canoas. Com certa insistência e após mostrarmos que não somos gente do mal - em todo o Grande Sertão, as pessoas são desconfiadas, têm histórias ruins de bandidos que fogem da lei -, um deles nos leva até o outro lado. O canoeiro não liga o motor, pois explica que o nível do rio, o mesmo de-Janeiro que causava temor em Riobaldo, está muito baixo, a ponto de se poder atravessá-lo a pé.

Gilmar de Fátima Ferreira, de 48 anos, conta que nasceu e foi criado nas margens do afluente do São Francisco. Aos 19 anos, foi para Três Marias em busca de emprego. Trabalhou 26 anos na caldeira da Votorantim. Aposentado, passa boa parte do tempo numa casa simples à beira do rio.

"No meu tempo de criança, a água no período das chuvas chegava até o alto desse barranco (cerca de 2 metros). Mas houve muito desmatamento nas margens. As pessoas não respeitavam. Tinha embarcação que subia o rio para vender alimentos, carne-seca e enlatados, o que não fosse perecível", lembra. "O dourado gosta de água de correnteza, do São Francisco. Ele entrava no Rio de Janeiro, dava uma volta, mas gostava mesmo de água forte."

Gilmar associa a redução drástica de água do São Francisco não apenas à seca, mas ao desmatamento. "Houve assoreamento de boa parte do rio. Muitos cortaram a mata até a margem do São Francisco", relata Gilmar. "Nunca vi o São Francisco e o de Janeiro tão secos. Isso entristece a gente."

Usina

Desde o início da seca, em 2014, ribeirinhos criticam a Usina Hidrelétrica de Três Marias de represar água em excesso. Construída nos anos 1960, a usina é operada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A hidrelétrica tem capacidade de geração de 396 megawatts de energia. Hoje, porém, com a redução do nível da água, só produz 24 megawatts. O nível do reservatório é de 27%.

"É natural que a população ache que a Cemig prioriza o uso de água para energia", afirma Ivan Sérgio Carneiro, engenheiro de Planejamento Energético da empresa. "Desde 2014, estamos vivendo anos de déficit hídrico, com 65% do volume de chuva abaixo do esperado. Este início de 2017 é o pior janeiro registrado nos últimos 80 anos." Ivan conta que a usina represa 340 m³ de água por segundo e libera de volta para o rio 80 m³. Antes da estiagem, a liberação chegava a 200 m³.

O engenheiro ressalta que o represamento e a liberação de água para o trecho a jusante do rio são decididos agora por um fórum que reúne Agência Nacional de Águas, Ministério Público, empresas e governos estaduais. Pelo Código da Água, o consumo humano tem prioridade em relação à geração de energia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Aí mire e veja: as Veredas Mortas... Ali eu tive limite certo." (PÁGINA 570)

Nas margens do Córrego do Batistério, na região de Pirapora (MG), Riobaldo reencontrou Diadorim, o menino que conheceu criança na beira do Rio São Francisco. É nessa região mineira que as veredas que deram nome ao romance desaparecem dia a dia.

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Oásis do cerrado, as veredas são áreas alagadas onde se destaca uma fileira de buritis. As palmeiras crescem no brejo, delimitando um caminho irregular de águas que pode chegar a 5 km, ora na forma de um grande lago, ora como um riacho estreito. Espaço da savana brasileira onde bichos e homens matam a sede, se alimentam e repousam nas longas travessias, elas têm tido suas águas represadas por produtores que estendem áreas de cultivo até bem próximo das margens de cursos d’água que desembocam no Paracatu, um dos afluentes do São Francisco. "Acabou a fresquinha da terra, a sombrinha. Tá secando tudo, acabando tudo", lamenta o mateiro Adailton da Silva Pamplona.

Aos 47 anos, ele leva o jornal O Estado de S. Paulo ao Veredão do Santo Antônio, uma área de quilômetros alagada naturalmente. Um fazendeiro fez uma barragem cortando a vereda ao meio. O caminho dos buritis se transformou em dois cemitérios distintos de palmeiras. Cursos d’água que alimentavam a vereda secaram. Adailton se assusta. "Não corria só isso de água. A vereda era funda. Veja: plantou eucalipto de cá e de lá, acabou", diz. "Fazendeiro botou veneno para matar formiga no eucalipto. Eu pergunto: o que o (tatu) bandeira come? Formiga. Cadê o bandeira? Comeu veneno, morreu. Cadê o tatu preto? Não tem mais."

Depois, Adailton nos guia até a Vereda do Retiro. Para chegar, é preciso passar por cercas de arame farpado, capoeirão fechado e mata. O nível de água também está bem baixo. No local, há tubos plásticos de irrigação. "Aqui era tudo água", lamenta.

Segundo Messias Israel Veloso da Silva, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Buritizeiro, grandes e pequenos proprietários desrespeitam as veredas. "Além da seca, tem o problema da falta de respeito da agricultura familiar, do agronegócio, do município, dos sindicatos. As veredas são a alma de uma região castigada." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma criança com necessidades especiais morreu após se afogar em uma bacia dentro de sua residência, no município de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano. De acordo com a Polícia Civil da região, a família do garoto de quatro anos contou que ele estava brincando e como tinha alguns problemas motores, teria caído e se afogado. 

O caso aconteceu na tarde dessa terça-feira (3) e a criança chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município, mas não resistiu e faleceu. O corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal da cidade de Caruaru. 

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Ainda não há informações sobre o laudo da perícia ou por quanto tempo o garoto ficou submerso na bacia. A Polícia Civil informou que o acidente será investigado para apurar se houve negligência por parte dos familiares da criança. 

Eduardo depende do sistema de transporte coletivo para seus deslocamentos diários; José Cristóvão guia um ônibus levando milhares de passageiros todos os meses; Fernanda usa seu carro diariamente; José Neto passa boa parte do seu tempo em cima de uma moto; Ubiratan há 25 anos usa a bicicleta para se deslocar no trânsito do Grande Recife; Karina, moradora do centro, faz seus principais deslocamentos a pé. Juntos, cada um no seu modal, eles disputam tempo e espaço nas vias da metrópole.

Sem motores, armaduras, pedais ou buzinas, os seis falam da sua experiência em vivenciar um trânsito violento, estressante, agressivo. E mostram que por trás de cada carro, moto, ônibus ou bicicleta há uma pessoa, que merece respeito e cuidado.

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O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é claro: "os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres". Ao pedestre, é garantida a preferência sobre todos os demais modais de transporte, cuidado reforçado em vários artigos da lei de trânsito.

A preferência não se deve necessariamente a questões urbanísticas ou de engenharia de tráfego, mas a uma questão humanitária. O desrespeito ao pedestre pode facilmente terminar em morte ou em ferimentos graves. Quem caminha é de longe o mais frágil na disputa por espaço (e tempo) do trânsito de uma metrópole. No especial 'O trânsito sou eu', procuramos enxergar a mobilidade pelo vipés humano.

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"É bem complicado você ser pedestre em um lugar onde as pessoas não têm respeito. Na hierarquia do trânsito, o pedestre vem primeiro, sempre o menor tem mais prioridade. Aqui não, aqui o maior tem mais prioridade", reclama a cantora Karina Moutinho. Ela diariamente faz seus principais deslocamentos a pé pelas ruas do centro do Recife, onde mora, e sente na pele o quão desprotegido é o pedestre no trânsito da metrópole. Por motivos óbvios, os atropelamentos são o tipo de acidente com a maior taxa de morte.

A estrutura urbana (ou a falta dela) também é um fator sério de risco e estresse para quem cumpre seus trajetos caminhando. Em um estudo de 2012, Recife foi ranqueado como a quarta pior cidade do Brasil na qualidade das calçadas. Buracos, bocas de lobo, desníveis, entulho, barracas e até a ausência de calçadas: são muitos os obstáculos para se caminhar na cidade. O que muitas vezes empurra os pedestres para o meio da rua, onde ficam ainda mais desprotegidos.

Na hora de atravessar uma rua ou avenida, o momento mais tenso. Karina reclama: "O sinal demora muito para abrir e depois que abre para o pedestre fecha rapidinho". É muito comum semáforos destinados a pedestres demorarem vários minutos para fechar para os automóveis, fazendo com que muitas pessoas achem que está quebrado ou desistam de esperar, se lançando a uma travessia que pode terminar em tragédia.

A pedestre também chama atenção para as dificuldades ainda maiores de quem tem limitações físicas: "Os cegos se guiam pelo barulhinho dos semáforos, mas quase nenhum semáforo tem o barulho, então eles não podem atravessar sozinhos, dependem sempre de outras pessoas". Para cadeirantes, a missão de trafegar pelas calçadas é um verdadeiro desafio, para não dizer impossível.

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Pedestre e mulher

Se caminhar já deixa a pessoa desprotegida por envolver a interação desigual com carros, motos, ônibus e bicicletas, a sensação de fragilidade se dá também em relação aos riscos de assalto e ao assédio. As 'gracinhas' ditas por homens a mulheres no meio da rua trazem muitas vezes insegurança. Apesar de fazer questão de diferenciar comportamentos e abordagens, afirmando que nem tudo é assédio, Karina confessa: "Eu ando com o fone de ouvido pra não escutar muita gracinha".

Há uma outra limitação de mobilidade para ela. À noite, Karina não chega nem sai de casa a pé, pois é 'muito esquisito'. A violência urbana interfere também no itinerário que ela escolhe para chegar a seu destino. Mais um limitador, além das calçadas instransitáveis e das vias que, dominadas por veículos automotores, não são nada receptíveis aos pedestres. "Eu me adapto às situações. Não tenho como vencer isso", finaliza Karina Moutinho.

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Respeito e empatia
"Uma vez, na Rua Velha, veio um ciclista e bateu na minha vó, já uma senhora, que foi derrubada. E o ciclista saiu como se nada tivesse acontecido", lamenta, enquanto caminha, a pedestre Karina. Quantas vezes, em nosso veículos, preferimos buzinar em vez de diminuir a velocidade, esperar, ao avistar um pedestre no meio da rua?

Em dia de chuva, a falta de empatia fica ainda mais evidente. Muitos motoristas ignoram as poças d'água, molhando os pedestres. Ou não se importam se as pessoas estão tomando chuva e as deixam esperando indefinidamente para atravessar uma via movimentada. "Já é um costume do brasileiro pensar só nele mesmo", resume Karina, fazenso também um pedido: "Quando você se coloca no lugar da outra pessoa, você sente mais o problema dela. Se coloquem mais nos lugares dos pedestres".

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Se o trânsito numa metrópole é um ambiente muitas vezes hostil e agressivo, a couraça de veículos motorizados como carros e ônibus funciona como uma espécie de armadura, dentro da qual muitos se sentem protegidos e até isolados do ambiente estressante ao redor. Para os ciclistas, tal proteção não está disponível: a única é a própria pele, o que faz de quem usa a bicicleta como meio de transporte um dos mais frágeis dentre os que dividem o mesmo espaço nas ruas da cidade.

Outra diferença está na velocidade: um veículo motorizado atinge facilmente marcas muito superiores a um veículo 'movido a feijão com arroz'. A coexistência no mesmo espaço torna-se mais difícil ainda devido à falta de estrutura adequada, que separe os automóveis dos veículos não motorizados. "A falta de estrutura estimula o conflito", argumenta Pedro Luiz, um dos coordenadores da Ameciclo - Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife. "A gente tem entes diferentes, com pesos e tamanhos diferentes, e ainda que o CTB seja bem claro e explícito, as pessoas disputam espaço", resume.

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Mas não são apenas os problemas estruturais que fazem do trânsito um ambiente extremamente estressante, para muitos até mesmo 'tóxico': a falta de respeito e cooperação entre todos é determinante para os alarmantes índices de acidentes, mortes e atropelamentos em todo o Brasil. E para os ciclistas, acidente pode significar morte. Por isso, nesta série especial sobre mobilidade 'O trânsito sou eu', o LeiaJá aborda o tema focando nas pessoas.

Munido ou não de uma armadura, é sempre uma pessoa que trafega, seja dirigindo um enorme ônibus, seja dependendo apenas das próprias pernas. Apesar disso, as políticas públicas e os debates sobre mobilidade costumam focar nos modais de transporte: carros, ônibus, motos, bicicletas, objetos inanimados, sem vontade ou ação própria, mas comumente tratados como os protagonistas do trânsito. "O trânsito tem um aspecto muito 'coisificante', a gente para de enxergar as pessoas e passa a enxergar o carro, a bicicleta... Falta empatia", afirma Pedro Luiz.

Econômico, saudável, não poluente. E arriscado

Para o ciclista Ubiratan de Medeiros 'Bira', que calcula já ter na bicicleta o seu principal meio de transporte há 25 anos, "As pessoas deviam pedalar mais um pouco, sair de dentro dos automóveis, para sentir o que o ciclista passa no dia a dia das cidades". As vantagens do modal são muitas: é um meio de transporte econômico, saudável, não poluente, mas o perigo de ser atropelado por um automóvel afasta muitas pessoas do deslocamento na bike.

Bira acha que é necessário desestimular o uso do carro particular, para ele o principal problema no trânsito. "É automóvel para tudo: é automóvel para ir à padaria, para ir à praia, só está faltando algumas pessoas levarem o automóvel para a cama, para dentro do quarto", critica. Além disso, os motoristas dirigem de forma agressiva, reclama Bira, atribuindo muito do comportamento dos que guiam carros ao fato de que eles e elas "levam problemas das suas vidas para o volante". 

Mas o experiente ciclista não isenta quem usa a bike como meio de transporte de serem causadores também de problemas no trânsito. Muitos ciclistas não usam sequer o básico dos equipamentos de segurança, salienta, aconselhando ao ciclista não usar fones de ouvido para se guiar pelo sons do tráfego e chamando atenção para as regras de circulação para as bicicletas: pelos bordos da via, e no mesmo sentido dos carros.

Segundo Pedro Luiz, a Ameciclo defende o uso de um terço da faixa pelo ciclista, para garantir a segurança ao ocupar espaço. "Mas somos legalistas. Se o código de trânsito diz para não pedalar em cima de calçadas ou na contramão, nós não orientamos os ciclistas a fazer isso. Mas também entendemos que às vezes o ciclista usa dessas estratégias para se manter vivo, porque a via é extremamente inóspita", pondera.

Para Bira, todos têm responsabilidades: "A gente precisa da educação do ciclista, do motorista, do pedestre, é um conjunto", resume.

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Contagem de ciclistas

Uma das ações de maior visibilidade da Ameciclo é a contagem de ciclistas em algumas das vias mais movimentadas da cidade. Realizada desde 2013, fornece dados concretos sobre o tráfego de ciclistas e cria diferentes recortes de acordo com filtros como gênero, horário, se leva passageiro, se usa itens de segurança ou mesmo se trafega na contramão.

A sistemática foi desenvolvida pela ONG Transporte Ativo, do Rio de Janeiro, e 'importada' para a capital de Pernambuco, onde voluntários passam o dia em pontos fixos observando e anotando quem passa em cima de uma bicicleta. Para se ter uma ideia, em agosto de 2014 foram contabilizados, num intervalo de 14 horas, 3.723 ciclistas trafegando em um cruzamento da Estrada de Belém, umas das principais do Recife.

O grande número de pessoas pedalando pode ser uma surpresa quando se leva em consideração a estrutura quase nula para a bicicleta. "Mas por outro lado não há surpresa, pois o perfil do ciclista indica a necessidade do uso da bicicleta. Além disso, Recife é uma cidade plana e de pequena extensão territorial, é fácil entender por que a cidade tem tanto ciclista", explica Pedro Luiz, da Ameciclo.

Apesar de muitas promessas, a estrutura cicloviária anunciada pelo Governo de Pernambuco e pela Prefeitura do Recife nunca saiu do papel. Equanto isso, ciclistas seguem se arriscando entre automóveis de todos os tamanhos.

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Pessoas, não veículos

"Quem utiliza a bicicleta para o trabalho não é para fazer charminho nem ficar esbelto, é necessidade. Há uma vida em cima de uma sela de bicicleta, há um pai de família que precisa ganhar o pão de cada dia e precisa ser respeitado", avisa Bira, que todos os dias roda vários quilômetros sobre a sua bicicleta.

"O deslocamento na bicicleta é feito por necessidade, não é por lazer. O recifense utiliza a bicicleta como meio de transporte", reforça Pedro, da Ameciclo, citando as conclusões das contagens de ciclistas realizadas pela associação. Para o ativista, "É necessário botar na cabeça das pessoas - todas - que você quando dirige você está ali cuidando de vidas de outras pessoas. É uma obrigação, e a gente se esquece disso".

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Basta um deslize: desatenção do motorista mais apressado, um animal na pista, chuva ou sol a embaçar a visão. Em cima da moto, a vida está sempre por um fio nas principais metrópoles brasileiras. Não há parachoque, airbag de proteção; o corpo é quem recebe todo o impacto nos acidentes. E eles acontecem rotineiramente. 

No caso de José Neto "Brasinha", músico e motociclista há mais de seis anos, a prudência tem evitado colisões mais graves, como ele conta ao LeiaJá para o especial sobre mobilidade 'O trânsito sou eu'. "Em todos esses anos, me acidentei apenas duas vezes. Uma vez por minha culpa mesmo, fiz uma curva errado e derrapei. Na outra ocasião, o sol ofuscou a viseira, não vi que o sinal tinha fechado e bati numa senhora que estava atravessando. Na moto você não pode descuidar um só segundo", conta. Sobre duas rodas, o risco é incessante, como se fosse um elemento onipresente no trânsito. 

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Morador de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, Brasinha realiza entregas diárias nas mais diversas localidades e atesta: motoristas de carros de passeio são os que mais dificultam a mobilidade. "Não respeitam. Precisamos entender que, por exemplo, se o trânsito tá parado ou a 20 km/h, o corredor precisa ser do motociclista. As pessoas têm que se atualizar e entender o trânsito como ele é atualmente. Não como era há 20 anos".

Numa autocrítica à própria "classe", José Neto enxerga uma diferença grande entre motociclistas e motoqueiros, sendo estes últimos, para ele, a maioria e principais causadores de dor de cabeça nas ruas e avenidas. "Motoqueiro é aquele dirige descalço, sem uma roupa adequada, sem se preocupar com a manutenção da moto. É aquele que corta pela direita, no lugar mais estreito. Boa parte dos acidentes é culpa, sim, da imprudência dos motoqueiros", observa. 

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Números assustam

Um dos levantamentos mais relevantes sobre mobilidade no Brasil aponta: os motociclistas são as principais vítimas do trânsito nas capitais. No "Retrato da Segurança Viária" mais recente, percebe-se o alarmante crescimento de acidentes com motos nos país. De 2002 a 2013, o número de feridos e mortos mais que triplicou. Das mais de 43 mil mortes no trânsito, em todo o país, 12.040 foram motociclistas ou passageiros de motos (este mesma estatística, em 2002, era de apenas 3.773).

Em porcentagens baseadas no total de registros elencados no país, os motociclistas representaram 37% das mortes no trânsito e 56% dos feridos. Estes números podem ser explicados também pelo aumento na frota de motocicletas no Brasil: em 11 anos, a evolução foi de 302% na quantidade de motos pelas vias. 

Nas rodovias federais, Pernambuco se destaca negativamente como o terceiro Estado do país com mais mortes de motociclistas. Segundo levantamento da plataforma Fiquem Sabendo, com base nos dados Polícia Rodoviária Federal, em 2015, Pernambuco contabilizou 151 mortes nas estradas, atrás apenas de Minas Gerais (170) e Bahia (178). É preciso repensar a segurança dos motociclistas não apenas no perímetro urbano, mas também nas vias federais cujo fluxo de motos também seja relevante.

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Tolerância prescinde qualquer busca de alternativas

Em julho de 2016, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal realizou o I Seminário sobre Segurança Motociclística. Entre os assuntos tratados, alternativas para evitar acidentes e diminuir a taxa de mortalidade de motociclistas das estatísticas. Porém, antes de mudar legislações ou dinâmicas em vias (como as polêmicas faixas exclusivas para motos, matéria do projeto de lei 346/2012, do senador Jorge Viana), não seria mais urgente rever o comportamento das pessoas neste contexto?

"Precisamos de mais tolerância, ser mais responsáveis. Se um motorista te cortou, se um motociclista triscou no retrovisor, pra que parar para discutir? De que adianta bater boca no trânsito? Todo mundo quer chegar no seu destino e todos chegarão, se formos responsáveis", avalia José Neto Brasinha, motociclista que, como tantos outros milhares, utilizam o meio de transporte como equipamento de trabalho, diariamente.

Seja nas ruas do Recife ou em São Paulo. Nas principais avenidas, abarrotadas de carros, ou nas vielas dos bairros, com crianças, cachorros e carroças pelas calçadas, a tolerância e a consciência precisam vir na frente. Em um trânsito mais humano e coletivamente responsável, o respeito sempre terá sinal verde e preferência.

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Observado a partir de uma ótica sociológica, o trânsito nas grandes cidades pode nos oferecer um amplo panorama sobre relações interpessoais. De dentro dos veículos, além de acionarmos buzinas e faróis, despejamos preconceitos muitas vezes imperceptíveis. Atividade restrita aos homens, nos primórdios, o ato de conduzir um carro ainda é, hoje em dia, cercado por um machismo às vezes velado, outras vorazmente explícito.

"Mulher ao volante, perigo constante". "Tinha que ser uma mulher". Quem nunca se deparou com tais ditos populares, culturamente repassados geração após geração? Atualmente, o empoderamento feminino vem bater de frente a este tipo de comportamento que reflete a falta de respeito no trânsito, talvez a principal problemática quando se debate o assunto. 

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Empresária e sócia de um lava jato no centro do Recife, Fernanda Ribeiro diariamente faz o trajeto da Cidade Universitária, na Zona Oeste, até a Boa Vista, área central da capital pernambucana. Seja no caminho para o trabalho ou nas rodas de conversa com amigos, percebe com clareza estereótipos machistas sobre mulheres condutoras. "O trânsito é ainda um ambiente muito machista. Você sempre escuta uma gracinha, uma crítica. Quando, na minha opinião, as mulheres têm muito mais cautela e sensatez no volante". 

Aos poucos, pessoas e instituições começam a perceber a necessidade básica de se respeitar a figura feminina no trânsito - como em qualquer outro setor da sociedade. Na Braspress, empresa de destaque na distribuição de encomendas expressas no país, mais de 200 mulheres foram contratadas para conduzirem carretas e máquinas pesadas. O número representa 42% do total de motoristas da entidade. O programa começou em 2004 e Braspress avalia que, com o maior número de motoristas mulheres, houve significativo aumento da produtividade e melhoria nos serviços de transporte rodoviário de cargas.

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Trânsito: o campo de batalha contra o tempo

Na guerra pelo espaço em avenidas e ruas de uma cidade onde a mobilidade não flui, o preocupar-se com o outro praticamente inexiste. Na concepção de Fernanda, os motoristas de ônibus estão no topo do pódio daqueles que só pensam em si. "As pessoas, em geral, não se respeitam, mas os motoristas de ônibus são os mais complicados. Mudam de faixa na hora que querem, não respeitam os carros, as motos, ciclistas. Por dirigirem um veículo maior, se acham no direito de sempre se impôr na frente dos outros", examina.

Ao analisar o espaço urbano da Região Metropolitana do Recife, ela critica a instalação de estações do sistema BRT, muitas inconclusas, cujo funcionamento prioriza fundamentalmente o transporte coletivo. "A Avenida Caxangá é um bom exemplo. Você tem a faixa do BRT de um lado, os ônibus normais na outra e fica apenas uma faixa, a do meio, para os carros (que são maioria). Pensaram um projeto de primeiro mundo para uma cidade que precisa, antes, mudar sua cultura", avalia a motorista. 

Semelhante a outras promessas do poder público, o Plano de Mobilidade Urbana do Recife segue no papel. O documento, elaborado pelo Instituto Pelópidas Silveira, pretende "orientar os investimentos públicos em infraestruturas de transportes da cidade pelos próximos anos". Previsto para 2015, o Plano segue no campo da expectativa. Enquanto isso, a imobilidade urbana dita suas regras.

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Carros, carros e mais carros. E para estacionar?

É impossível discutir o papel dos motoristas de carros de passeio sem pensar nos locais onde os veículos são estacionados. Na Região Metropolitana do Recife, o controle urbano é - para se valer de eufemismos - flexível, com regras não muito claras. É o famoso vale-tudo. Nas apertadas e antigas vias do centro do Recife, a disposição desordenada dos veículos salta aos olhos.

"Nas principais avenidas deveria ser proibido (estacionar). Nos horários de pico, dificulta muito porque, enquanto um motorista estaciona, forma logo uma fila daqueles que esperam para conseguir passar. Há muitos estacionamentos legalizados pela prefeitura que, ao meu ver, não deveriam existir", critica Fernanda Ribeiro.

O imbróglio dos estacionamentos leva, por sua vez, à questão da fiscalização dos guardas municipais. Na opinião da nossa motorista, existe uma "cultura da multa" cujas ações poucos contribuem para a mobilidade urbana. "Antes de tentar orientar, os guardas já multam. Há ruas que, só uma vez na semana, uma viatura passa para multar todo mundo. De que adianta?".

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Os ponteiros do relógio ditam o ritmo da rotina do jovem Eduardo Cavalcanti. Universitário e morador do bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, ele é usuário assíduo de transporte público e sai cedo de casa para trabalhar. Desde os 15 anos o modal é utilizado por Eduardo, e hoje, aos 25 anos de idade, usar coletivo é fundamental para o cumprimento de suas atividades. Casado e pai de uma garotinha, o estudante deixa sua residência, todos os dias, às 7h, e segue a pé em direção à Avenida Caxangá, um dos principais corredores de mobilidade da capital pernambucana.

Lá embarca no BRT, veículo símbolo das tentativas de melhorias do transporte de passageiros de Pernambuco, mas que ainda é alvo de reclamações de especialistas. Discussões à parte, esse é o primeiro veículo utilizado por Eduardo no dia. O estudante é mais um personagem do especial "O trânsito sou eu", produzido pelo Portal LeiaJá, que descreve o trânsito a partir da atitude das próprias pessoas.

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Por volta das 8h, o universitário chega à Avenida Guararapes, outro importante corredor da Veneza Brasileira. “Na Guararapes pego um coletivo para a Avenida Norte, onde desço e sigo para o Sesc, local do meu estágio”, conta o estudante de serviço social. Durante toda a manhã, Eduardo dedica seu tempo às atividades do estágio e, próximo do início da tarde, segue para a faculdade, localizada na Zona Oeste do Recife, novamente de coletivo. Eduardo é um dos 1,8 milhão de passageiros que dependem dos ônibus no Recife e Região Metropolitana, segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE).

O jovem também sofre com os problemas estruturais do Recife, além de ser vítima da falta de educação de alguns motoristas de ônibus. “A gente sabe que alguns queimam parada ou correm sem tomar cuidado com as pessoas que estão dentro do coletivo”, comenta o usuário. Mas é nessa rotina, quase sempre estressante, que Eduardo está enquadrado, e ao final do dia, ele soma quatro viagens, todas de transporte público. O jovem sente na pele os efeitos dos problemas de mobilidade da capital pernambucana, mas acredita que algumas atitudes podem melhorar a rotina das vias públicas.

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As vias públicas do Recife compõem o cenário para os cidadãos que, diariamente, correm contra o tempo para cumprir suas obrigações, sejam elas pessoais ou profissionais. Em variados modais, circulam pela cidade buscando garantir o direito de ir e vir, mas a falta de mobilidade atrapalha o ritmo da população. Recife é a cidade com o trânsito mais lento do Brasil, segundo estudo realizado pela empresa Tom Tom, atuante no ramo de GPS. Se levarmos em consideração a exatidão dos números para exemplificar a imobilidade recifense, o mesmo estudo constatou que 60% das vias públicas da capital pernambucana são congestionadas.

Quem percorre as ruas do Recife conhece de perto os malefícios do trânsito travado. Mas a imobilidade não faz o povo deixar de usar o espaço público: a necessidade obriga mais de 1,6 milhão de habitantes a circularem pelas vias da Veneza Brasileira. E também por obrigação e profissionalismo, trabalhadores enfrentam diariamente o trânsito recifense. Um deles é José Cristóvão de Aguiar Xavier, 44 anos de idade, dos quais quase sete dedicados à função de motorista de ônibus.

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De acordo com o profissional, não há transtorno que ofusque sua paixão pelo volante. “Adoro ser motorista de ônibus. Antes de trabalhar com coletivo, dirigi caminhão de carga por 13 anos. Infelizmente o trânsito é muito complicado em quase todos os cantos do Recife, mas quem é profissional precisa gostar do que faz”, comenta. José é mais um personagem do especial "O trânsito sou eu", produzido pelo LeiaJá, cujo objetivo é mostrar que o trânsito é feito por pessoas, numa ótica que vai além dos problemas estruturais das cidades.

Nas mãos de seu José está a missão de transportar centenas de passageiros todos os dias. Responsabilidade a mais para o trabalhador, pois à frente de um ônibus, ele cuida da própria vida e zela pelos demais. Assim como ele, cerca de 6 mil motoristas atuam no transporte público do Recife e Região Metropolitana (RMR), vivendo corriqueiramente a imobilidade que assola grandes cidades. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), os coletivos são utilizados, diariamente, por 1,8 milhão de passageiros da RMR, bem como existem 2.900 ônibus pertencentes a 13 empresas do ramo. Todos esses números dão a dimensão do cotidiano de condutores e usuários, jogados aos pecados estruturais que dificultam ainda mais o fluxo das vias públicas.

Seis dias por semana, quase sempre a partir das 5h, seu José inicia seu bravo expediente. Ele é responsável por um dos coletivos da linha Nova Descoberta/Afogados, cujo ponto de partida é a Zona Norte do Recife e tem em seu percurso bairros da área Oeste da cidade. Com o sorriso estampado, o motorista ajeita a camisa, encaixando o último botão, e alinha a gola. Ele busca estar apresentável aos passageiros, a partir de uma postura profissional que preza, além do visual, por uma boa receptividade. “É bom sair com o carro e receber os passageiros com um sorriso e bom dia. Esse deve ser o comportamento de todo motorista”, diz.

Do terminal de Nova Descoberta, periferia recifense, seu José segue para mais uma viagem. O relógio marca 8h, enquanto que ele registra sua segunda viagem no expediente. São, ao todo, cerca de oito horas diárias de trabalho, cujas dificuldades se iniciam já na saída do terminal. Ruas estreitas, carros estacionados irregularmente, caminhões descarregando produtos para os comerciantes da região, fluxo de pedestres entre a pista, trabalhadores usando carros de mão, motoqueiros descendo e subindo ladeira com extrema velocidade... A lista de problemas é extensa, enquanto a atuação de orientadores de trânsito é inexistente em muitos bairros periféricos. É justamente nesses locais onde começa a imobilidade da RMR, assim como as reclamações dos condutores. No caso de seu José, um simples trajeto de 26 quilômetros só é possível de ser feito em torno de duas horas, somando a ida e a volta. “É complicado! Muita gente já começa a atrapalhar o trânsito daqui. O camarada têm que ter calma”, relata o motorista.

Atento ao volante e às surpresas que surgem perante o ônibus, o motorista tenta driblar as complicações das vias públicas. É preciso respirar fundo e continuar com os olhos atentos para não se meter em acidentes. Mas manter a tranquilidade num fluxo caótico nem sempre é possível, e por isso seu José busca ser paciente independente do transtorno. Passada a imobilidade da periferia, se engana quem pensa que as vias mais centrais são o 'paraíso' para os motoristas de ônibus. Eles enfrentam, mais uma vez, sequelas da falta de mobilidade, além dos conflitos que podem surgir com outros condutores. É no trânsito onde os ânimos podem se alterar quando a educação fica em segundo plano, além disso, motoristas de coletivos nem sempre são vistos com bons olhos pelos outros personagens do trânsito. Porém, seu José defende seu comportamento diário: “Procuro respeitar os outros motoristas e sempre andar na minha faixa, mas tem gente que critica motorista de ônibus. As pessoas precisam saber que é difícil dirigir um veículo desse porte”, justifica o trabalhador. E na luta diária da imobilidade, seu José também tem suas queixas. Para ele, entre as pessoas que compõem o trânsito, os motociclistas são os que “dão mais trabalho”.

Após mais uma viagem de trabalho finalizada sem acidentes, seu José se mostra tranquilo e com a sensação de dever cumprido. Mas ele sabe, por toda experiência e relatos de colegas, que nem sempre o desfecho pode ser sem problemas. Segundo o trabalhador, o trânsito se resume a uma rotina difícil, mas necessária, porque tanto ele quanto os passageiros precisam do transporte público. Sobretudo, a postura de cada indivíduo infelizmente nem sempre será a correta. “Mas se cada um fizer a sua parte, o trânsito ficará melhor”, complementa José.

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Por um trânsito melhor

Segundo o instrutor de direção defensiva Nilton Miranda, todo cidadão que faz parte do trânsito - partindo da ideia de que as pessoas são responsáveis pelo fluxo e comportamento nos espaços públicos - pode tomar atitudes para diminuir os problemas do dia a dia. É muito provável que condutores, passageiros e pedestres se deparem com discussões e erros que causam acidentes, mas o lado emocional deve estar equilibrado para que os imprevistos não terminem em discussão. “São necessárias mudanças de mentalidade e muita esperança para que as coisas melhorem. No caso dos ônibus, quando o cliente (passageiro) é mal educado a orientação para o motorista é que ele responda com gentileza. A partir do momento em que o motorista age positivamente, o usuário é induzido a agir da mesma forma. Mas quando o condutor não consegue gerenciar o conflito e discute, o risco de acidentes aumenta”, explica o instrutor.

Miranda tem experiência em capacitações direcionadas para motoristas de ônibus e reconhece que o dia a dia desse profissional apresenta inúmeros desafios.  “Dirigir ônibus, principalmente urbano, não é nada fácil, pois as adversidades são muitas. Trânsito, horários apertados para cumprir, falta de estrutura em muitos terminais, passageiros estressados e nervosos são alguns exemplos de dificuldades. Quando falamos em direção defensiva, conscientizamos nossos motoristas da responsabilidade que é dirigir um coletivo, porque os veículos de maior porte são sempre responsáveis pela segurança dos menores”, justiça.

Para evitar acidentes, o instrutor explica que o motorista de ônibus precisa entender em quais circunstâncias ele precisa reduzir a velocidade. “A orientação é que, ao se aproximar de qualquer tipo de cruzamento ou interseção, o condutor do veículo deve demonstrar prudência especial, transitando em velocidade moderada, e mesmo que tenha a preferência deve trocar pela segurança. A gente sabe também que muitos motoqueiros se envolvem em acidentes de trânsito e para evitar acidentes com esses condutores, trabalho durante as capacitações a direção preventiva, em que o motorista de ônibus aprende a ampliar sua visão periférica, se antecipando, prevendo e evitando o acidente”, descreve o educador. Por fim, o instrutor insiste na importância da educação no trânsito e respeito aos outros condutores, passageiros e pedestres. “A solução pata melhorar o dia a dia é a educação, o conhecimento das normas de trânsito, porque o trânsito só vai melhorar quando a gente mudar”, finaliza.

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A cidade não para. Cada minuto representa uma fração da viagem rumo ao destino de quem precisa se locomover pelo espaço público das metrópoles. Seja qual for o modal utilizado, diariamente a população necessita ganhar as ruas e enfrentar o trânsito. O estressante, violento e travado trânsito nosso de cada dia.

Passos apressados ditam o ritmo dos pedestres, enquanto as buzinas alertam os condutores, que correm contra o tempo para resolver suas obrigações. Juntos, são cidadãos e cidadãs que vivem as cidades e as movimentam. Mas a convivência não é pacífica: os conflitos no trânsito são uma fonte inesgotável de estresse para uma multidão de pessoas.

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Não bastasse a falta de estrutura dos bairros periféricos, que ao passar do tempo não ganharam melhorias para receber carros, caminhões, bicicletas, ônibus, entre outros veículos, as vias centrais sofrem com a falta de mobilidade. Sofre o condutor, pena o passageiro, se assusta o pedestre, reclama o ciclista, se irrita o motociclista, e todos seguem insatisfeitos.

Muito se fala do excesso de veículos nas vias, da falta de sinalização, das condições precárias das ruas e calçadas. Muito se discute sobre carros, ônibus, bicicletas, motos, sobre faixas de pedestres, semáforos, limites de velocidade, placas, todos itens importantes e essenciais para se entender e planejar o trânsito. Mas não estamos esquecendo o mais importante? Não estamos deixando de colocar em primeiro lugar o real motivo para a existência do trânsito? O vilão, a vítima, o combustível, o 'item' central desta lista: as pessoas? É razoável imaginar que ainda que não houvesse nenhuma regra ou lei de trãnsito, se houvesse respeito e empatia nosso trânsito seria muito menos mortal e estressante?

O especial 'O trânsito sou eu', o LeiaJá se propõe a colocar as pessoas no centro do debate sobre mobilidade. Claro que a estrutura das vias ou o excesso de automóveis influenciam diretamente a tragédia brasileira no trânsito, que mata cerca de 50 mil pessoas por ano, mas não são estes objetos os sujeitos do trânsito. Cada carro, ônibus ou moto está ali apenas porque é guiado por um ser humano. O trânsito é você.

A máxima 'você não está parado no trânsito, você é o trânsito' alerta para uma verdade que parece escapar muitas vezes: não são carros, motos ou ônibus parados em um engarrafamento, são pessoas. Não são em carros que devemos pensar quando pensamos em trânsito, mas em cada cidadão que sai de casa diariamente para cumprir sua jornada de trabalho, de estudo, que se desloca na metrópole. Talvez nosso trânsito seja tão violento porque estamos tratando pessoas como automóveis, e automéveis não têm dignidade, não têm direito à vida. Assim, 'coisificamos' o trânsito e estamos nós mesmos, com a ajuda da precária estrutura viária e urbana, fazendo do nosso deslocamento diário uma experiência infernal.

Nesta série de reportagens especiais 'O trânsito sou eu', não focamos nas estatísticas ou fundamentações acadêmicas; nem nos preocupamos em conseguir as muitas vezes redundantes explicações do poder público. Trazemos seis histórias, seis pessoas, seis cidadãos e cidadãs que convivem - e competem - por espaço nas vias do Grande Recife, metrópole com cerca de 4 milhões de habitantes.

Você vai conhecer José Cristóvão de Aguiar Xavier, de 44 anos de idade, dos quais quase sete dedicados à função de motorista de ônibus. Guiando o maior dentre os veículos do nosso trânsito, ele ainda tem a responsabilidade extra de cuidar de dezenas de passageiros.

 

Passageiros como Eduardo Cavalcanti, que diariamente pega pelo menos quatro ônibus. O jovem é um dos quase 2 milhões de usuários do transporte coletivo do Grande Recife. 
 

Vai encontrar Fernanda Ribeiro, que se desloca de carro e é dona de um lava jato. Além da rotina estressante de engarrafamentos, ela também vive o ambiente machista do trânsito, no qual ainda existem expressões como 'mulher ao volante, perigo contante'.

 

José Neto 'Brasinha' há seis anos se desloca sobre uma moto. Ele, que também é músico, usa a motocicleta ainda para trabalhar, aproveitando da agilidade dela para fazer entregas e serviços.

 

Aquele ciclista pelo qual você passa de dentro do seu carro ou de um ônibus pode ser Ubirantan de Medeiros. Apelidado de Bira, ele usa a bicicleta como meio de transporte há mais de duas décadas e diariamente se desloca com a sua pela Região Metropolitana do Recife.

Moradora de um bairro do centro da cidade, a Boa Vista, Karina Moutinho faz seus principais deslocamentos a pé. Faculdade, academia, movimentos diários em que ela não conta com pedais, motores ou armaduras de metal, apenas com as próprias pernas. E muita atenção.

 

Ao fim, em videodocumentário, trazemos todos os seis, suas opiniões e vivências, seus 'mea-culpas' e também seus pedidos para que deixemos de lado a agressividade, substituindo irritação por gentileza, disputa por cooperação, xingamentos por mais cuidado, automóveis por pessoas. Que você, leitor, se identifique, crie empatia, e seja parte de um trânsito e uma cidade cada vez mais humanos.

O Portal LeiaJá é um dos finalistas do segunda edição do Prêmio Abrafarma de Jornalismo, realizado pela Associação Brasileira de Farmácias. A reportagem “Um remédio contra a crise”, produzida pelos jornalistas Nathan Santos e Thiago Graf, publicado no dia 04 de outubro deste ano, foi o único trabalho na plataforma de internet na lista final da disputa.

Ao todo, a Abrafarma recebeu inscrições de 70 trabalhos, nas modalidades de rádio, impresso, online, revista e televisão. Desse total, apenas 10 finalistas foram escolhidos. Todos eles tiveram que abordar o potencial do varejo farmacêutico nacional, que vive um grande momento em 2016 e tem a expectativa de faturar cerca de R$ 80 bilhões no próximo ano.

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“Um remédio contra a crise” mostra os fatores que fazem do ramo farmacêutico um sucesso mesmo neste período de crise. Relacionado a isso, a reportagem ainda traz relatos de pessoas que estão sendo beneficiados por esta maré positiva e conseguindo mudar de vida.

“Resolvemos fazer esta reportagem porque constatamos inúmeras inaugurações de farmácias, mesmo neste período de crise econômica. Mas, quando começamos a apuração, percebemos que não se tratava de abrir loja só para vender remédio. O contexto de uma farmácia hoje é de um espaço que também oferece saúde e bem estar”, ressalta Nathan Santos. “Esse especial foi planejado de forma minuciosa, desde a linha a ser abordada até a montagem da estrutura multimídia da matéria no portal, que é a última parte antes da publicação. O trabalho em equipe também foi um diferencial para que o material chegasse a esse resultado”, complementa Thiago Graf, explicando que o material também contou com as imagens em vídeo de Chico Peixoto, edição de vídeo de Bruno Araújo e Paulo Uchôa, além das artes de Raphael Sagatio. O resultado da disputa está previsto para ser divulgado na próxima semana.

Neste ano, o LeiaJá foi finalista dos Prêmios Urbana de Jornalismo, com o especial 'Quem dirige o meu busão', e Cristina Tavares, com o trabalho 'Vaqueiros - a Luta e a Lei'. O Portal já foi o grande vencedor, em duas oportunidades, do Prêmio Sebrae de Jornalismo, além de conquistar a premiação do Correios de Jornalismo

A partir desta quinta-feira (10), o Grande Recife Consórcio de Transportes inicia a campanha de recadastramento dos usuários do cartão VEM Livre Acesso. O agendamento já pode ser feito através do site oficial do VEM ou pelo telefone (81) 3125-7575. O beneficiário tem que estar com toda a documentação atualizada (cédula de identidade, CPF e comprovante de residência), além de laudos, declarações e exames anteriores que comprovem a deficiência. Os cartões que não forem recadastrados serão cancelados.

O cartão VEM Livre Acesso garante o direito de pessoas com deficiência utilizarem o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife gratuitamente. Atualmente, existem 89.624 usuários beneficiados. O agendamento através do site está disponível 24h por dia, e por telefone, de segunda a sábado, no horário das 7h às 19h.

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O recadastramento terá início no dia 28 de novembro e acontecerá de segunda a sexta, das 7h às 18h, presencialmente no endereço Avenida Mascarenhas de Morais, n. 1999, Imbiribeira. A campanha terá duração de cinco meses.

Aqueles beneficiários que estão realizando o cadastro pela primeira vez deverão fazer o agendamento, pelo site ou por telefone, e apresentar presencialmente toda a documentação. Na sequência, ele deve acompanhar o processo no site ou por telefone, dentro de um prazo de 30 dias. Caso a solicitação seja deferida, ele precisa se dirigir ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) mais próximo da sua casa para dar andamento ao pedido do benefício. 

O beneficiário pode realizar três tentativas de agendamento. Nas duas primeiras, caso a pessoa não possa comparecer e desmarcando previamente no prazo de até cinco dias antes da data marcada, não haverá ônus para ele. Caso ele agende e não compareça, ultrapasse essas duas tentativas ou desmarque fora do prazo determinado, o beneficiário terá que pagar uma taxa no valor de 10 tarifas do Anel B, isso corresponde a R$ 38,50.

Com informações da assessoria

David Teie é um violoncelista americano alérgico a gatos, mas criou para eles um disco e o testou em um bar para estes animais em Londres.

A receita para tocar o coração dos felinos e relaxá-los é converter em sons musicais seus ruídos familiares, seu ronronar ou o chilrear dos pássaros.

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"Tenho cerca de 26 instrumentos diferentes para reproduzir o ronronar. Este tipo de som cria uma sensação de bem-estar", explicou à AFP este professor de música da Universidade de Maryland e integrante da Orquestra Nacional Sinfônica dos Estados Unidos.

Teie fez uma demonstração no bar "Lady Dinah's Cat Emporium", um dos dois estabelecimentos para gatos de Londres, no bairro de Shoreditch, onde há passarelas, rodas e todo tipo de entretenimento para estes animais.

Para ir ao bar com seu gato, as pessoas precisam fazer uma reserva com três semanas de antecedência, no mínimo, para uma visita de uma hora e meia que custa seis libras, sem bebida ou comida inclusos.

"Utilizo dez instrumentos acústicos, mas é preciso modificar com computador quase todos os sons para que se convertam em sons para animais", explicou.

Posteriormente, tocou algumas notas agudas, antes de passar a outras graves que chamaram imediatamente a atenção dos gatos, como é o caso de Lizzie, que ficou intrigada, e de Donnie, que soltou imediatamente o brinquedo que carregava para se aproximar do músico.

"Disse a mim mesmo que, se escrevesse música que os gatos gostassem mas que seus donos considerassem irritante, não a colocariam, então incorporei um toque de música humana para que fosse audível e para que também acalmasse as pessoas", explicou.

"Não está muito distante da música de relaxamento", disse à AFP Lauren Pears, a proprietária do bar de gatos, que se mostrava cética, mas percebeu que os gatos "demonstraram interesse e reagiram melhor do que se pensava".

"Music for Cats" é o nome do disco, e Teie já prepara um para cavalos e outro para cães.

A Turquia criticou energicamente a revista alemã Der Spiegel por ter apresentado seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, como um ditador em uma edição especial consagrada ao país.

A edição da Der Spiegel dedicada à Turquía chegou na terça-feira às bancas com o título "Um país perde sua liberdade" na capa e um texto que descreve Erdogan como um ditador.

Em um comunicado, a chancelaria turca destaca "uma atitude retorcida e oblíqua" no tratamento dado à Turquia pela revista alemã.

Na capa está uma foto de Erdogan com expressão impassível e usando óculos de sol, tendo como fundo dois minaretes de uma célebre mesquita de Istambul transformados em mísseis.

A chancelaria julgou essa imagem "particularmente provocadora", pois não apenas transmite "uma imagem negativa da Turquia, como também do Islã".

Madeira, bambu, metal ou fibra de carbono: os materiais usados para fabricar as varas do atletismo evoluíram com os progressos tecnológicos, para garantir, ao mesmo tempo, marcas mais expressivas e mais segurança para os saltadores.

As primeiras varas, no fim do século XIX, são de madeira. Carvalho, cerejeira, freixo... O objeto é totalmente rígido. A modalidade está apenas começando, mas já faz parte do programa olímpico nos primeiros Jogos da era moderna, em 1896, em Atenas.

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À medida que o esporte vai evoluindo, o bambu passa a ser o material predileto. Menos rígido, e, sobretudo, mais leve, ele permite fabricar varas maiores, que portanto levam o atleta a saltar mais alto. Desta forma, a modalidade entra numa dimensão mais atlética e menos ginástica.

O uso do bambu, junto com a criação da caixa de apoio para fincar a vara, ajudam atletas a ultrapassar a barreira dos quatro metros. O primeiro a alcançar a marca é o americano Marc Wright, em 1912, considerado o primeiro recordista mundial da modalidade, com direito a homologação da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

Outro destaque da era do bambu foi o também americano Cornelius Warmerdam, primeira grande estrela da modalidade. Com saltos nas alturas, o californiano elevou o recorde mundial a 4,77 m ao ar livre em 1942 e 4,79 m indoor em 1943.

- Do alumínio ao carbono

O ano de 1943 é marcado por mais uma grande inovação tecnológica, com as primeiras varas em alumínio, com as quais o americano Bob Richards se sagrou bicampeão olímpico, em 1956 e 1960. Mas o grande marco é o uso da fibra de carbono, que leva o recorde mundial a outro patamar, além da segurança proporcionada pelo colchão de recepção, que acaba com o temor de cair de mau jeito.

Diz a lenda que a inovação foi inspirada na tecnologia usada pela Nasa, agência espacial americana, que travava uma luta ferrenha contra os soviéticos durante a guerra fria. O americano Brian Sternberg é o primeiro a passar o sarrafo de 5 metros, em 1963, até o ucraniano Serguei Bubka alcançar 6 m, em 1985.

Vinte anos depois, Yelena Isinbayeva se torna a primeira mulher a saltar 5 metros. A 'Czarina' está fora dos Jogos do Rio por causa do escândalo de doping que tirou o atletismo do seu país de todas as competições internacionais.

As varas modernas são fabricadas com um composto de fibra de vidro de carbono, para ficar ao mesmo tempo mais leves, flexíveis e resistentes.

A Comissão Especial do Impeachment ouve nessa terça-feira, 5, os técnicos do Senado que elaboraram a perícia do processo contra a presidente afastada Dilma Rousseff. O grupo é composto pelos consultores de orçamento Diego Prandino Alves e João Henrique Pederiva, além do diretor-adjunto da Secretaria de Finanças, Orçamento e Contabilidade, Fernando Álvaro Leão Rincon.

Os peritos entregaram na semana passada o laudo técnico que apontava que a presidente afastada é a responsável pela edição de créditos suplementares, mas isentando Dilma das pedaladas fiscais. Tanto a defesa quanto a acusação indicaram assistentes técnicos para a acompanhar a análise e elaborar seus próprios laudos, que foram entregues nesta Segunda-feira (4).

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Pela primeira vez, o relator do processo, Antonio Anastasia (PSDB-MG), abriu mão de fazer perguntas aos convidados e os questionamentos seguiram para os senadores. Após a oitiva dos peritos, serão ouvidos também os assistentes técnicos da defesa e da acusação.

O LeiaJá mais uma vez figura entre os destaques de premiações jornalísticas. Nesta sexta-feira (17), o especial “Vaqueiros – A Luta e a Lei” foi anunciado como um dos finalistas do tradicional Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo, promovido pelo Sinjope, que neste ano chega à sua 22ª edição. As reportagens produzidas pelos jornalistas Nathan Santos, Chico Peixoto e Naftali Emidio retratam a cruel realidade de vaqueiros do Sertão de Pernambuco, vítimas de fraudes trabalhistas, mas que sustentam a profissão na base da raça. Os textos foram editados por Felipe Mendes.

Nesta edição, o Cristina Tavares recebeu cerca de 400 trabalhos, distribuídos em diversas categorias, como Internet, Radiojornalismo, Jornalismo Impresso, Vídeojornalismo, entre outras. Os grandes vencedores serão conhecidos na próxima segunda-feira (20), no Teatro Beberibe, Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

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Para o repórter Nathan Santos, o especial “Vaqueiros – A Luta e Lei” foi reconhecido pela força da temática que remete aos vaqueiros, “homens fortes do Nordeste brasileiro”. “Estou extremamente feliz com esta notícia. Batalhamos diariamente para levar ao público histórias que nos fazem refletir. É um reconhecimento digno de muita comemoração. Agora, é torcer pela conquista”, disse o jornalista.

Chico Peixoto, repórter fotográfico do especial, lembrou dos momentos em que esteve ao lado dos vaqueiros vitimados. "Para mim, tão impressionante quanto o nível de descaso que constatamos, era a força de vontade e a esperança dos vaqueiros em querer dar um rumo melhor à vida, apesar de toda a dificuldade. Foi uma pauta, mas também foi uma lição de vida", comentou Peixoto.

O repórter cinematográfico, Naftali Emidio, destacou o sentimento de felicidade em ser reconhecido como finalista da premiação. “É a primeira vez que chego à final de um prêmio. Isso me motiva a seguir na profissão. É mais que especial para mim”, contou, emocionado.

O LeiaJá também foi um dos finalistas do Prêmio Cristina Tavares no ano passado, com o especial “Unidiversidade”. Em 2016, o portal ficou entre os melhores do Prêmio Urbana de Jornalismo, assim como no ano passado. Também tivemos “Esquecidos no Caminho” como grande finalista do Prêmio CNT de Jornalismo e já conquistamos os prêmios Correios de Jornalismo e Sebrae de Jornalismo: LeiaJá recebe prêmio Sebrae de Jornalismo / LeiaJá vence etapa estadual do Prêmio Sebrae de Jornalismo.  

Os fãs de Sandy & Júnior podem ter a dupla de volta. Não, ainda não é da volta deles na música, mas de um projeto do Canal Viva que pode deixar muitos fãs com o coração fazendo "turu turu" freneticamente.

Isso porque, de acordo com a coluna Zapping, do jornal Agora São Paulo, a emissora está com uma ideia e tanto; assim como fez com o TV Mulher, quer preparar um especial do seriado Sandy & Junior, que foi ao ar na Globo entre os anos de 1999 e 2002.

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A ideia ainda vai ser apresentada para os irmãos, que terão a palavra final sobre o projeto. O produto iria ao ar em 2017 e poderia contar com atores como Fernanda Paes Leme, Paulinho Vilhena, Marcos Mion, Bruna Thedy e Wagner Santisteban.

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