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A ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, apontou que a situação do Brasil está “arrasada”, com um cenário de fome além das 33 milhões de pessoas em situação de fome. Segundo a ex-ministra, na coletiva do grupo de transição de Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizada nesta quinta-feira (1º), a ruptura do governo federal com o pacto federativo teve grande contribuição para o aumento da fome. 

“Temos um cenário de muita fome. Para além das 33 milhões de pessoas, 125 milhões estão em situação de insegurança alimentar. Considerando a extensão do Brasil, a diversidade territorial, racial, étnica das comunidades indígenas, de fronteiras, imigrantes, mulheres, crianças, todo o ciclo de vida, encontramos uma situação de absoluta calamidade e desespero”, pontuou Márcia. 

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Ela contou que teve uma reunião com os secretários municipais e estaduais ainda nesta quinta, onde foram apresentados o que aconteceu com o CadÚnico e o Auxílio Brasil. De acordo com ela, houve um total descaso e irresponsabilidade pública do governo federal, que não respeitou as normas e legislações. “Não há dúvidas de que o que encontramos foi a ruptura com o pacto federativo, com estados e municípios. Cabe ao governo federal coordenar as políticas públicas, assegurar cofinanciamento, supervisão técnica, capacitação, diálogo, pactuação, para que todas as decisões sejam tomadas com a participação dos estados e municípios.O que encontramos foi um ar total de autoritarismo e uma angústia dos próprios servidores federais que se viam limitados a dar continuidade àquilo que se estava fazendo”, explicitou.  

Márcia Lopes pontuou que programas como a Erradicação do Trabalho Infantil, do Trabalho Escravo, do Acessuas, a expansão, orientação e financiamento de um índice de gestão para que os municípios conseguissem fazer o acompanhamento social das famílias foram paralisado. 

Segundo a ex-ministra, houve um corte de 95% do orçamento para o próximo ano, ou seja, para o primeiro ano do governo Lula. “O orçamento do ano passado previsto para esse ano seria de R$ 1 bi e 100 mi E teremos, para o ano que vem, uma previsão de corte de 95%. A partir de janeiro do ano que vem não teremos mais condições de atender a população brasileira nem por 10 dias com os R$ 48 milhões para os 5.557 municípios, 26 unidades federativas e o Distrito Federal. A situação é grave”, pontuou. 

Por sua vez, o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), que também integra a transição do governo, pontuou que o Brasil está sem recursos financeiros. “Estamos vindo aqui quase todos os dias mostrar a vocês como o país está. Não tem dinheiro para pagar a diária de policiais para fazer o monitoramento das fronteiras no combate ao tráfico, para fazer a manutenção de viaturas da polícia. Para passaporte só puseram metade do recurso e muita gente viaja agora nas férias. Na área da saúde não tem recurso para Farmácia Popular, tratamento de câncer”, elencou. 

“O que estamos falando é o mínimo para manter os serviços essenciais e garantir o Bolsa Família nessa concepção e com os ajustes que precisam ser feitos”, chamou atenção. 

Diante dos efeitos da mudança climática, do risco de fome e da guerra na Ucrânia, a ONU apresentou nesta quinta-feira (1) um apelo para arrecadar a quantia recorde de 51,5 bilhões de dólares em 2023 para oferecer ajuda humanitária a 230 milhões de pessoas.

"O próximo ano representará o maior programa humanitário já lançado a nível mundial", afirmou à imprensa o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

As agências humanitárias da ONU precisarão de 51,5 bilhões de dólares no próximo ano, 25% a mais que em 2022.

Os recursos permitirão financiar os programas de ajuda a 230 milhões de pessoas particularmente vulneráveis em 68 países.

A ONU não tem capacidade, no entanto, de ajudar todas as pessoas necessitadas

No total, 339 milhões de pessoas precisarão de auxílio de emergência em 2023, número consideravelmente superior que as 274 milhões que precisaram de ajuda neste ano.

"É um número enorme e deprimente", declarou Griffiths.

O alto funcionário da ONU destacou que as necessidades humanitárias não diminuíram desde que atingiram o pico durante a pandemia.

"As secas e inundações estão causando estragos (...) do Paquistão à região do Chifre da África. A guerra na Ucrânia transformou parte da Europa em um campo de batalha. Mais de 100 milhões de pessoas estão deslocadas, e tudo isso é adicionado à devastação que a pandemia provocou entre os mais pobres", explicou Griffiths.

O pedido de recursos apresentado pela ONU nesta quinta-feira é baseado em um cenário sombrio.

Ao menos 222 milhões de pessoas de 53 países enfrentarão uma situação de "insegurança alimentar aguda" no final de 2022.

Do total, 45 milhões de pessoas em 37 países correm o risco de morrer de fome.

- Generosidade insuficiente -

"Cinco países já estão vivendo o que conhecemos como condições próximas à fome", enfatizou Griffiths.

Os países afetados são Afeganistão, Etiópia, Haiti, Somália e Sudão do Sul, informou à AFP o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke.

A saúde pública também está sob pressão em muitos pontos do planeta, consequência da persistência da covid-19 e da varíola do macaco, do ressurgimento do vírus do ebola em Uganda e da presença de múltiplas epidemias de cólera em vários países, em particular Haiti e Síria.

Tudo isto em um contexto de mudança climática, que aumenta os riscos e vulnerabilidades nos países mais pobres. De acordo com a ONU, até o final do século o calor extremo pode provocar o mesmo número de vítimas que o câncer.

Em 2022, a ONU conseguiu 47% dos fundos solicitados, explicou Griffiths. O déficit nunca foi tão grande, o que obriga as organizações humanitárias a escolher entre as populações que podem receber ajuda.

O país em que as Nações Unidas apontam a maior necessidade de recursos para 2023 é o Afeganistão (4,63 bilhões de dólares), seguido por Síria, Iêmen e Ucrânia.

Depois de perceber que não tinha comida em casa, uma criança de 10 anos ligou para o número de emergência da Polícia Militar para pedir alimento, em Sete Lagoas, a 50 km de Belo Horizonte. Segundo o programa Fala Brasil, da TV Record, a polícia fez uma "vaquinha" e conseguiu levar biscoitos e leite para o menino. 

"A gente tava sem nada para comer porque o último arroz que tinha, tinha só um 'tiquinho'. Aí nós comemos só arroz puro. Agora, não tem nada pra comer hoje, de noite, nem amanhã de manhã", disse a criança em vídeo enviado à TV.

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O policial militar que recebeu a ligação, Ricardo Araújo, contou que após falar com o menino acionou a Assistência Social, que conseguiu levar cestas básicas para a família. 

"A princípio são dez crianças, três adultos e uma senhora com mais ou menos 70 anos de idade, cadeirante”, relatou o policial. 

Além das cestas básicas, a polícia conseguiu arrecadar dinheiro para comprar mantimentos para a família, como biscoitos e leite. A Secretaria de Assistência Social ainda deve enviar uma equipe para avaliar a situação dos moradores.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou, nesta sexta-feira (18), sobre o teto de gastos e a fome no Brasil no seu primeiro pronunciamento depois do resultado da eleição presidencial. Os temas mencionados pelo ministro são discutidos pela equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Quarenta milhões de pessoas passando fome, onde estavam essas pessoas que não descobriram antes? Estavam já passando fome no governo deles [PT], mas nós descobrimos os invisíveis. É válido para ganhar a eleição, mas já ganhou. Cala a boca, vai trabalhar, vai construir um negócio melhor”, atacou, em evento do Ministério da Economia. 

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O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil mostrou que a pandemia agravou a fome no País. Atualmente, há 33,1 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade alimentar, o que representa 14 milhões de pessoas a mais em insegurança alimentar do que em 2020. 

Teto de gastos

Paulo Guedes falou sobre a importância de manter o teto de gastos, a regra que controla os gastos de acordo com a inflação. No entanto, ele reconheceu que a gestão de Bolsonaro furou o teto “em situações excepcionais em que o teto foi mal construído”, justificou. “O teto foi mal construído. Por exemplo, em 2019, chegamos com a mentalidade mais Brasil para transferir recursos para estados e municípios, mas não podia porque estourava o teto, mal construído”. 

Um levantamento realizado pelo economista Bráulio Borges, pesquisador do FGV IBRE, revelou que Bolsonaro não abriu exceção sobre o teto apenas em 2019. Os gastos ao longo dos quatro anos do governo Bolsonaro somam R$ 794,9 bilhões. 

Na ocasião, Guedes também criticou o governo Lula e apontou que o maior programa social “e com responsabilidade fiscal” foi criado por Bolsonaro, em referência ao Auxílio Brasil. Ele também repudiou algumas falas de Lula que movimentaram o mercado financeiro nesta semana. “Que historinha é essa de conflito social e fiscal? Isso revela ignorância, desconhecimento, incapacidade técnica de resolver problemas”. 

Os habitantes da cidade de Djibo, no norte de Burkina Faso, estão mergulhados na miséria, devido ao bloqueio imposto há meses por grupos extremistas.

Desde 2015, Burkina Faso enfrenta uma insurgência "jihadista", e muitas cidades da região sofrem um destino semelhante.

Quase um milhão de pessoas vive em áreas bloqueadas no norte e no leste do país africano.

Nos últimos anos, Djibo se tornou um centro para os deslocados internos da região, obrigados a fugir pela violência extremista de grupos ligados à Al-Qaeda e à organização Estado Islâmico (EI).

A população da cidade triplicou, chegando a um total estimado em cerca de 300.000.

Em outubro, 15 pessoas morreram de fome, segundo Idrissa Badini, porta-voz de um grupo de organizações da sociedade civil na província de Sum.

Badini acha que "provavelmente há mais vítimas".

Na estrada entre Djibo e a cidade de Burzanga, moradores disseram terem visto restos de veículos atingidos por minas terrestres. Vários comboios de suprimentos foram atacados, recentemente, nesta estrada.

Em setembro, 35 pessoas, incluindo crianças, morreram quando uma mina explodiu um caminhão e, em outro ataque a um comboio, 11 soldados morreram.

Os comboios são a única opção para abastecer a população, já que os agricultores estão impedidos de cuidar de seus campos, devido à violência, e a produção de alimentos é quase inexistente em muitas partes do país.

- Desastre humanitário -

Até agora neste ano, oficiais insatisfeitos com o Exército deram dois golpes de Estado em Burkina Faso, em uma demonstração de raiva por seu fracasso na luta contra a insurgência. No início deste mês, o capitão Ibrahim Traoré, que assumiu o poder com um golpe em setembro, viajou para Djibo para sua primeira visita oficial.

"As crianças estão pele e osso, os idosos passam fome, e as mulheres não podem mais amamentar, porque não há mais nada em seus seios", disse Traoré. "Tem gente que come folha para sobreviver", acrescentou.

Ele descreveu uma "situação preocupante", dizendo que "o território está quase perdido".

Em Djibo, alguns dos deslocados pela violência tentam fugir para o sul, para a capital, Ouagadougou.

"Privados de água, comida, remédios e sinal de telefone, muitos estão deixando Djibo a pé, à noite, com a esperança de chegar às áreas aonde ainda podem acessar", disse um trabalhador humanitário à AFP, pedindo para não ser identificado.

Segundo as Nações Unidas, dezenas de lugares em Burkina Faso estão enfrentando condições semelhantes às de Djibo.

Em Arbinda, a leste, dezenas de milhares de pessoas das áreas vizinhas se reuniram para fugir dos ataques.

"Os comboios terrestres regulares que costumavam abastecer a população com alimentos e produtos de subsistência cessaram", disse Badini.

"Faz dois meses que não chega nada a Arbinda. A população, que esgotou suas reservas, está à beira de um desastre humanitário", sublinhou.

Apesar dos ataques, carregamentos esporádicos de suprimentos conseguiram romper certos bloqueios.

No final de outubro, o Exército enviou 70 toneladas de grãos por via aérea para Djibo, e mais de 300 toneladas de alimentos chegaram à cidade por via terrestre no início de novembro, segundo o Estado-Maior. No caminho, sete minas foram desativadas.

"Conseguimos abastecer algumas localidades, mas outras ainda não", completou Traoré.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU diz que cerca de 3,5 milhões de pessoas em Burkina Faso precisarão de ajuda alimentar de emergência nos próximos meses.

Em um auditório lotado, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso nesta quarta-feira (16) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, que está sendo realizada em Sharm el-Sheik, no Egito, e afirmou que "o Brasil está de volta" para debater as questões ambientais.

"Quero dizer para vocês que o Brasil está de volta. Está de volta para reatar os laços com o mundo, a combater a fome, a ajudar os países mais pobres, sobretudo na África, aos nossos irmãos latino-americanos, a ter um comércio justo entre as nações, a construir uma ordem mundial pacífica e a uma multilateralidade", afirmou aos presentes.

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Lula ainda lembrou que o convite feito a ele antes mesmo de assumir o cargo de presidente "é o reconhecimento de que o mundo tem pressa em ver o Brasil participando novamente nas discussões sobre o futuro do planeta", ressaltando que sabe que o convite não foi pessoal, mas "sim para todo o povo brasileiro".

O ex-presidente de 2003 a 2010 ainda afirmou que a "frase que mais tenho ouvido dos líderes de diferentes países é que 'o mundo sente saudade do Brasil'.

O recém-eleito, que derrotou o atual mandatário, Jair Bolsonaro, lembrou do discurso que fez no dia de sua vitória eleitoral, em 30 de outubro, de que "não há dois Brasis" e o adaptou para o discurso no Egito.

"Não existem dois planetas Terra, somos uma única espécie, chamada humanidade, e não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres. Precisamos de mais empatia uns com os outros. Precisamos construir confiança entre nossos povos. Precisamos nos superar e ir além dos nossos interesses nacionais imediatos, para que sejamos capazes de tecer coletivamente uma nova ordem internacional, que reflita as necessidades do presente e nossas aspirações de futuro", disse.

Em diversos momentos, Lula cobrou os países ricos a ajudarem os mais pobres, que são os mais afetados pelos desastres climáticos, mesmo não sendo os principais poluidores. Citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente eleito afirmou que o impacto econômico provocado por esses problemas deve ficar na casa dos US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões por ano até 2030.

"Ninguém está a salvo. Os Estados Unidos convivem com tornados cada vez mais frequentes,[...] os países insulares podem desaparecer, o Brasil viveu a pior seca em 90 anos e enfrentamos enchentes enormes. A Europa enfrenta mudanças climáticas extremas, com enchentes e queimadas. A África também sofre com eventos climáticos extremos, mesmo sendo o menor poluidor... Ninguém está a salvo. A emergência climática atinge a todos", pontuou ainda.

Fome

Outro ponto destacado por vários momentos é que a "luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a desigualdade e a fome". E criticou o atual governo que, desde 2019, está fazendo o país "piorar" em todos os aspectos.

"Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação dos nossos biomas. Quero aproveitar a Conferência para dizer que o combate às mudanças climáticas terá o mais alto perfil e estrutura no meu próximo governo. Vamos priorizar a luta contra o desmatamento em todos os nossos biomas", disse ainda.

Crimes ambientais

Citando os recentes números recordes de desmatamento na Amazônia, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lula afirmou que "essa devastação ficará no passado".

"Os crimes ambientais cresceram de forma assustadora nesse governo que está chegando ao fim. Vamos recriar todos os setores de fiscalização e os sistemas de monitoramento que foram destruídos nesses últimos quatro anos. Esses crimes afetam, sobretudo, os povos indígenas", pontuou confirmando que seu governo terá o Ministério dos Povos Originários porque os "próprios indígenas devem indicar políticas que lhes garantam paz e estabilidade".

Comemorando o anúncio da reativação do fundo amazônico por Alemanha e Noruega, Lula ressaltou que o Brasil vai provar "mais uma vez que é possível gerar riqueza sem provocar mudanças climáticas". O mandatário eleito ainda prometeu que o país "jamais vai renunciar" à soberania nacional.

Lula citou as questões do agronegócio e disse que a "produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerado algo do passado". "Tenho certeza que o agronegócio brasileiro será um aliado estratégico na busca de uma agricultura regenerativa e sustentável", falou.

Iniciativas

Durante o discurso, Lula anunciou duas iniciativas que vai propor assim que assumir o cargo em 1º de janeiro de 2023. A primeira delas é a realização da Cúpula dos Países-Membros do Tratado de Cooperação Amazônia, que inclui, além do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

"Para que, pela primeira vez, [possam] discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática", afirmou sendo aplaudido.

A segunda já havia sido antecipada pela imprensa brasileira, que é a de sediar a edição de 2025 da COP, que será o evento de número 30.

"A segunda iniciativa é oferecer o Brasil para sediar a COP30, em 2025. Seremos cada vez mais afirmativos diante do desafio de enfrentar a mudança do clima, alinhados com os compromissos acordados em Paris e orientados pela busca da descarbonização da economia global. Enfatizo ainda que em 2024 o Brasil vai presidir o G20. Estejam certos de que a agenda climática será uma das nossas prioridades".

Nesse momento, Lula saiu do script e disse que sabe que "há muitas cidades" que querem sediar a COP30, mas que trabalhará "pessoalmente para que o evento seja sediado em um estado amazônico". Segundo o presidente eleito, a ideia é "mostrar para quem defende tanto a Amazônia" como ela é na realidade.

Reforma da ONU

Outro assunto abordado foi a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas e da própria forma de tomada de decisões da ONU.

"A ONU precisa avançar. Não é possível que a ONU seja dirigida sob a mesma ótima de depois da Segunda Guerra Mundial. O mundo mudou, os países mudaram, e não há explicação para que os vencedores guerra sejam os únicos responsáveis pelas decisões. Precisamos ainda acabar com a questão do veto", acrescentou.

Entre as medidas cobradas, está a criação "com urgência" de "mecanismos financeiros para remediar perdas e danos causados em função da mudança do clima".

"Não podemos mais adiar esse debate. Precisamos lidar com a realidade de países que têm a própria integridade física de seus territórios ameaçada, e as condições de sobrevivência de seus habitantes seriamente comprometidas. É tempo de agir. Não temos tempo a perder. Não podemos mais conviver com essa corrida rumo ao abismo", pontuou ainda.

Citando a aprovação durante a COP15 de que, a partir de 2020, os países ricos dariam US$ 100 bilhões por ano aos mais pobres, Lula alertou que não se podem ficar "acumulando papéis nas gavetas" sobre os encontros e nada ser posto em prática. Lula voltou a cobrar que essas nações mais poderosas façam mais para evitar os problemas.

"Precisamos de uma governança global na questão climática. Temos que ter um fórum multilateral que decida sobre o que precisa ser aplicado. É com esse objetivo que estou aqui falando em nome do povo brasileiro. Esperem um Lula muito mais cobrador para que a gente possa fazer um mundo mais justo", pontuou ainda.

*Da Ansa

O grupo técnico de Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo de transição realizou sua primeira reunião na segunda-feira, 14. Em formato virtual, no encontro, os integrantes definiram o cronograma e o fluxo das atividades do grupo, que tem entre os participantes a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Em nota, a transição informou que o comitê está reunindo dados e informações sobre a atual gestão e organizando agenda com todos os setores envolvidos na área de atuação. "Além do levantamento e análise das informações, a equipe de trabalho vai apresentar propostas de estrutura e subsídios gerais para o próximo Governo do Presidente Lula e sua equipe", afirma o boletim.

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O comitê ainda conta com André Quintão, deputado estadual pelo PT em Minas, Bela Gil, chef de cozinha e nutricionista, Márcia Lopes e Teresa Campello, ex-ministras de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Renato Sérgio Maluf, coordenador do Centro de Referência em Soberania Alimentar e Nutricional da UFRJ, e Reinaldo Takarabe, secretário-executivo do MDB.

O governo de transição informou ainda que novos nomes de integrantes de grupos técnicos serão anunciados na quarta-feira, 16.

O preso político Alaa Abdel Fattah, de nacionalidade egípcia e britânica, em greve de fome há sete meses em uma prisão na região do Cairo, escreveu uma carta a sua família na qual afirma que está "bem" e voltou a beber água no sábado, informou o advogado Khaled Ali.

A administração penitenciária entregou a carta a Laila Sueif, a mãe do blogueiro pró-democracia, um texto que sua irmã Sanaa Seif chamou de "prova de vida".

Alaa Abdel Fattah, símbolo da Primavera Árabe e opositor do presidente egípcio Abdel Fattah al Sisi, está no centro das atenções no Egito, que recebe a reunião de cúpula mundial do clima (COP27) e que ocupa a 135ª posição na classificação mundial de 140 países do Estado de Direito, elaborada pelo World Justice Project.

Há sete meses, o ativista ingere apenas 100 calorias por dia. Em 6 de novembro, no início da COP27, ele decidiu parar de comer e beber.

Desde então, a família exigia uma prova de vida.

O advogado Khaled Ali compareceu três vezes à prisão de Wadi Natroun, a 100 km da capital egípcia, para tentar encontrar o ativista. Em duas ocasiões não conseguiu e retornou para uma nova tentativa nesta segunda-feira.

Desta vez, a mãe do blogueiro o acompanhava e recebeu uma carta "com data de 12 de novembro na qual afirma que está bem, sob vigilância médica e que voltou a beber" no sábado, escreveu o advogado no Facebook.

Sua irmã, Sanaa Seif, que lidera uma campanha pela libertação de 60.000 presos políticos no Egito de acordo com várias ONGs, em particular a de seu irmão, durante a COP27, confirmou a informação no Twitter: "Alaa está vivo".

"É claramente sua letra, é uma prova de vida, finalmente. Por quê guardaram por dois dias (a carta) sem nos entregar?", questionou. "Alaa diz que dará mais explicações quando possível", acrescentou.

Ícone da revolução de 2011 no Egito que expulsou Hosni Mubarak do poder, Alaa Abdel Fattah, perto de completar 41 anos, foi detido no fim de 2019. Ele foi condenado a cinco anos de prisão pela acusação de "divulgar informações falsas".

O LeiaJá publicou, nesta quarta-feira (26), o especial Fome à Brasileira que aborda a problemática nacional. São 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil, convivendo com o mais grave grau de insegurança alimentar. É importante lembrar que por trás de cada número existem pessoas que dormem e acordam sem saber o que irão comer e dar para os seus.

As cinco reportagens deste especial abordam o drama vivido por famílias da comunidade do Coque, além de temas como desnutrição infantil, desperdício de alimentos e insegurança alimentar, na tentativa de explicar ao leitor como o desmonte das políticas públicas, a piora da crise econômica que provocou o aumento das desigualdades sociais e a pandemia da Covid-19 impactaram e resultaram na fome, que está cada vez mais presente nos lares das famílias brasileiras.

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As reportagens são de Jameson Ramos, Alice Albuquerque e Victor Gouveia; as imagens de Rafael Bandeira, Júlio Gomes e Chico Peixoto; a arte gráfica é de Felipe Santana e a supervisão de conteúdo de Victor Hugo. O webdesign é de Chico Peixoto e a edição de Giselly Santos e Damares Romão.

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), reconheceu que há pessoas que passam fome no País, mas disse que não é o número que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário no segundo turno, fala. Para o chefe do Executivo, "não justifica passar fome" porque a população pode requerer o Auxílio Brasil.

"Tem fome, mas o que o Lula fala, ele chuta números", disse em entrevista ao podcast Inteligência Ltda na noite dessa quinta-feira (20), classificando o ex-presidente como "mitomaníaco". Para Bolsonaro, a solução para a fome no País é a inscrição no Auxílio Brasil. "Se tem alguém passando fome no Brasil, é muito fácil se cadastrar e se inscrever no Auxílio Brasil", declarou.

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"Tem gente que passa fome? Passa. Mas não justifica passar fome porque você pode requerer. E com R$ 20 por dia, eu sei que não é muita coisa, mas dá para você comprar dois quilos de frango no supermercado. Em média R$ 10 reais o quilo no supermercado", afirmou o presidente.

Em críticas ao Bolsa Família, programa de transferência de renda instituído no governo Lula e que foi substituído pelo Auxílio Brasil, Bolsonaro alegou que os governos petistas davam pouco dinheiro à população no programa social.

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira (14) que uma solução para o combate à fome no País é criar estoques reguladores de alimentos para liberação em períodos de aperto na oferta.

Em coletiva de imprensa em Recife, onde participa de atividades de campanha ao lado da candidata a governadora Marília Arraes (Solidariedade), o ex-presidente destacou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fez políticas semelhantes nos oito anos de seu governo.

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Para Lula, a fome no País não é falta de dinheiro, mas "falta de vergonha" de quem governa o País. "Você pode facilitar o aumento da produção agrícola, sobretudo com pequeno e médio produtor rural. Você pode fazer estoque e, fazendo estoque, controlar o preço. Vai colocar mais produto no mercado quando o preço estiver alto. Fizemos isso, a Conab era uma coisa importante no meu governo. Na Conab a gente guardava uma espécie de estoque regulador", afirmou o candidato ao Palácio do Planalto.

Na coletiva, Lula ainda prometeu, se eleito, fortalecer cooperativas agrícolas. "Vamos criar crédito e ao mesmo tempo uma espécie de seguro, fundo, para que se a pessoa quebrar você possa com aquele fundo cobrir as necessidades da pessoa", seguiu o petista, que busca fortalecer as pontes com o agronegócio, bastante ligado ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Disputa em Pernambuco

Lula agradeceu publicamente o apoio do PSB à candidatura ao governo de Pernambuco de Marília Arraes (Solidariedade) e tentou colocar panos quentes nas brigas entre a aliada e o prefeito de Recife, João Campos.

Os primos romperam definitivamente ao se enfrentarem na disputa pela prefeitura da capital pernambucana em 2020, quando João saiu vitorioso em uma eleição marcada por forte acirramento político e trocas de fake news. Lula é um dos fiadores da reaproximação entre João e Marília neste segundo turno, após o PSB, com apoio do PT, ficar em quarto lugar na disputa pelo governo do Estado com Danilo Cabral na cabeça de chapa.

"O PSB tomou a decisão correta. Pode ter tido briga, mas a relação deles é sanguínea", afirmou Lula na coletiva de imprensa em Recife, antes de participar de ato público com Marília e João Campos pelas ruas da cidade. "Queria agradecer de coração a decisão de vocês de apoiar a companheira Marília no segundo turno", seguiu o petista, que voltou a destacar a união com o ex-adversário político Geraldo Alckmin (PSB) para justificar o que chama de "união de divergentes para vencer os antagônicos".

Ao discursar, Marília Arraes agradeceu ao PSB e disse que a aliança passa por cima de qualquer divergência com o objetivo de "reconstruir o Brasil" e "retomar o crescimento" de Pernambuco. Ela, contudo, alfinetou João Campos ao voltar a chamá-lo de jovem, estratégia utilizada na campanha de 2020.

"Eu quero fazer agradecimento público ao prefeito João Campos, que tão jovem teve discernimento a favor da democracia e a favor de um governo progressista em Pernambuco", afirmou a candidata a governadora, que já foi filiada ao PT e ao PSB antes de entrar no Solidariedade.

Na manhã desta quarta-feira (12), o candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com lideranças comunitárias no Rio de Janeiro. Durante o encontro, Lula recebeu uma cópia do Plano Popular do Complexo do Alemão, projeto que foi discutido na comunidade e que reúne propostas para a população que vive no local.   

“Nós precisamos mudar essa história de que o Estado só participa na comunidade quando manda a polícia para cá para bater em alguém. Nós queremos que a polícia seja um componente de política pública do Estado. Antes de vir a polícia, tem que vir a educação, tem que vir a saúde, tem que vir a cultura, tem que vir a melhoria da vida das pessoas", disse Lula no Complexo do Alemão. “Vocês podem ficar certos que vai ter uma conferência nacional do povo das favelas para a gente decidir as políticas públicas para as favelas”. 

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Após discursar nesse encontro, Lula participou de uma caminhada pelas ruas do Complexo do Alemão com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O candidato reafirmou que pretende criar um ministério dos povos originários e que vai nomear um indígena como ministro. Ele também disse que vai recriar o Ministério da Cultura. “E vamos fortalecer o ministério da igualdade racial para terminar, de uma vez por todas, com o preconceito nesse país”, disse.

O candidato prometeu ainda que não haverá mais garimpo ilegal no país.  Do Rio de Janeiro, Lula seguiu para Salvador (BA). Às 16h20, ele e Jerônimo Rodrigues (PT), candidato ao governo da Bahia, atenderam a imprensa no Teatro Vila Velha, antes de seguir para uma caminhada pela capital baiana. Lula não respondeu a perguntas de jornalistas, mas falou que pretende fazer uma política tributária progressiva.

“Vamos ter que fazer uma política tributária correta. Não é possível que um trabalhador que vá comprar um quilo de feijão pague o mesmo imposto que paga o presidente do Santander nesse feijão. É preciso que haja uma política tributária progressiva e que, quem ganha mais, pague mais. Por isso estamos propondo que [quem ganhe] até R$ 5 mil não vão mais pagar Imposto de Renda, serão exoneradas”, disse. 

Lula também citou que hoje é dia das crianças e lamentou que muitas delas não tenham sequer se alimentado nessa data. “Fico imaginando quantas crianças levantaram pela manhã sem ter um café para tomar. E nem vou dizer dos presentes. Quantos milhões de crianças hoje, no dia das crianças, vão passar o dia das crianças sem receber uma única lembrança porque o pai ou a mãe não podem dar? É esse país que a gente quer mudar”, disse.

 A rede de Assaí Atacadista prometeu ampliar o “Projeto Destino Certo”, aumentando a quantidade de comida doada para organizações sociais e a capilaridade da destinação dos alimentos em todo o Brasil. De acordo com a empresa, a meta é superar 2 mil toneladas em quantidade de doações de frutas, legumes e verduras (FLV). 

 A diretora de Gestão de Gente e Sustentabilidade do Assaí Atacadista, Sandra Vicari, explicou sobre a iniciativa. "No Assaí, entendemos que combater essa situação é uma missão de toda a sociedade. Por isso, temos buscado meios para ampliar a nossa atuação enquanto um agente transformador e contribuir com a ampliação do nosso programa de doações para além dos bancos alimentares – que em geral já são mais estruturados. Com as parcerias com empresas de redistribuição de alimentos, conseguimos atingir também organizações muito pequenas, como casas de acolhimento comunitárias, que precisam do apoio, mas às vezes não têm uma pessoa que possa fazer a retirada das doações ou condições de armazenar as entregas, por exemplo". 

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Dessa forma, o Assaí prometeu aumentar quantidade de organizações atendidas pelo "Programa Destino Certo", que passará de 116 para 200. A meta é que, até o fim deste ano, 185 lojas do Assaí estejam atuando em parceria com uma empresa de gestão de redistribuição dos alimentos, o que irá contribuir para alcançar a meta de 2 mil toneladas doadas. 

Instituições atendidas 

Entre algumas das organizações contempladas com a expansão do "Programa Destino Certo", estão a CasaNem, sediada no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), e a Fundação Julita, localizada na Região da Zona Sul da cidade de São Paulo (SP).  

Nesta quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmaram que o Brasil não tem tantas pessoas com fome. Durante entrevista à emissora católica Rede Vida, o presidente relacionou a pobreza ao comodismo. 

Bolsonaro negou que mais de 33 milhões de brasileiros estejam passando fome, como expôs o estudo apresentado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), em julho. "Não é esse número todo", divergiu. 

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Na sua visão, as pessoas são pobres por estarem acomodadas. Outro motivo levantado pelo presidente seria a recusa do Estado em oferecer ensino profissionalizante.

"Agora, tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco. São pessoas que foram ao longo dos anos acostumadas a não se preocupar ou o estado negar uma forma de ela aprender uma profissão", sugeriu. 

Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também criticou o resultado da pesquisa durante um evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em São Paulo. Ele afirmou que "33 milhões de pessoas passando fome é mentira" e ressaltou que o poder de compra foi preservado.  

“É impossível ter 33 milhões de pessoas passando fome. Por mais que tenha havido inflação, não foi três vezes mais. O poder de compra está mais do que preservado por essa nova transferência de renda”, rebateu. "Nós estamos transferindo para os mais pobres, com o Auxílio Brasil, 1,5% do PIB, três vezes mais do que recebiam antes", acrescentou o ministro. 

Cerca de um milhão de pessoas em países como Somália, Afeganistão e Iêmen estão ameaçadas por uma "fome catastrófica" e correm o risco de morrer nos próximos meses de não chegar ajuda humanitária, alertou nesta quarta-feira (21) um informe das Nações Unidas.

Este número recorde é consequência da seca devastadora no Chifre da África, indicou um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

O relatório detalha a situação em 19 países considerados "pontos quentes" da fome no mundo, seis dos quais estão em "alerta máximo", segundo a ONU: Afeganistão, Etiópia, Nigéria, Sudão do Sul, Somália e Iêmen.

Nestes seis países, espera-se que 970.000 pessoas cumpram em janeiro de 2023 os critérios da chamada fase de "catástrofe" (5), o nível mais alto de classificação de segurança alimentar (FSC).

Tratam-se de situações em que "a inanição e a morte são uma realidade cotidiana e podem ocorrem níveis extremos de mortalidade e desnutrição se não se agir imediatamente".

Esta estimativa é dez vezes superior à de seis anos atrás e é "impulsionada pelos conflitos, pelas mudanças climáticas e pela instabilidade econômica, agravada pela pandemia de covid-19 e as consequências da crise na Ucrânia", segundo o relatório.

Os líderes mundiais pediram na terça-feira maiores esforços para fazer frente à crescente insegurança alimentar mundial.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou também nesta quarta 2,9 bilhões de dólares em novas ajudas para combater a fome.

Guatemala, Honduras e Malauí estão na lista da ONU de "pontos quentes da fome".

A organização também está preocupada com a situação em República Democrática do Congo, Haiti, Quênia e Síria, considerada "muito preocupante".

Uma pessoa morre de fome no mundo a cada quatro segundos atualmente, denunciaram, nesta terça-feira (20), mais de 200 ONGs, que pedem aos governantes de todo o planeta reunidos em Nova York para a Assembleia Geral da ONU que atuem "para deter a crise mundial da fome".

"As organizações procedentes de 75 países assinaram uma carta aberta para expressar indignação com a explosão do número de pessoas que sofrem com a fome, e para fazer recomendações", afirmam as 238 ONGs em um comunicado, no qual destacam que "345 milhões de pessoas sofrem de fome aguda, um número que mais que dobrou desde 2019".

A carta aberta foi publicada no dia do início da reunião da Assembleia Geral da ONU em Nova York, onde muitos líderes políticos, mas também representantes da sociedade civil, permanecerão por uma semana para aquele que é considerada o encontro diplomático mais importante do mundo.

"É inadmissível que, com toda a tecnologia agrícola disponível atualmente, ainda estejamos falando de fome no século XXI", declarou Mohanna Ahmed Ali Eljabaly, da ONG Yemen Family Care Association, uma das signatárias da carta.

"Não se trata de um país ou de um continente. E a fome nunca tem apenas uma causa. Trata-se da injustiça de toda a humanidade", acrescentou.

Os signatários da carta explicaram o método de cálculo: estão baseados nos números divulgados pelo relatório mundial sobre a crise alimentar do início de setembro, que registra o número de pessoas que passam fome no mundo de acordo com as diferentes categorias da Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar (CIF).

O relatório cita 166,02 milhões de pessoas na categoria CIF 3 (crise aguda), 38,6 milhões na CIF 4 (emergência) e 481.500 na CIF 5 (fome).

Se forem aplicadas taxas de mortalidade específicas por categoria, as organizações atingem uma faixa de 7.745,7 a 19.701,7 mortes por fome ao dia, ou seja, uma morte a cada 4,25 a 12 segundos.

O Brasil voltou, este ano, para o Mapa da Fome da ONU. Mais da metade da população vive em situação de insegurança alimentar, enquanto milhões amargam a miséria e pobreza extrema. A fome é, novamente, uma chaga de nossa sociedade cada vez mais presente, como reflexo de uma pandemia devastadora. Combatê-la se faz imperativo e urgente, uma vez que, com fome, ninguém tem capacidade de trabalhar, estudar nem viver. A fome não só mata, ela tira a perspectiva de futuro.

Senti fome na minha infância, embora não possa dizer que vivia na miséria. Éramos muito pobres, em uma cidade no interior da Paraíba. Minha família precisou sair de lá para fugir da seca, meus pais sempre em busca de melhores condições. Conseguimos vencer e melhorar de vida. Mas sempre me pego imaginando a vida de outras pessoas que não tiveram o mesmo destino. A fome dói, amarga. Mais que isso, ela debilita, faz minar as forças, o que desencadeia um ciclo de “afundamento”: com fome, não se consegue desenvolver atividades que levem ao sustento. Esse é um ponto que carece de muita atenção.

O ponto principal é: falar na fome não é só falar na falta de alimento, mas também na falta de desenvolvimento – pessoal, profissional, econômico. Segundo a ciência, na infância, a falta de alimentação correta retarda o desenvolvimento cerebral, com consequências até irreversíveis. Na adolescência, pode afetar o crescimento do indivíduo. E esse é um grave problema. Com uma parcela tão grande da população que atualmente não consegue se alimentar bem, não é estranho dizer que a situação pode ter impactos a médio prazo, inclusive, no mercado de trabalho e na economia, caso não se resolva. A mão de obra cada vez mais incapacitada é uma perspectiva extremamente triste. Não se pode deixar que isso ocorra.

Neste momento, é preciso um esforço extra do poder público, em todas as esferas, para combater a fome. Não basta conceder auxílios, mas urge a realização de programas e ações estruturantes que prestem assistência aos mais necessitados. É surreal termos mais da metade da população nacional passando por insegurança alimentar, sem saber se vai ter o que comer na próxima refeição. Reverter essa realidade que se apresenta tão duramente vai além de salvar vidas da desnutrição: significa salvar o próprio país de uma crise ainda mais grave. É, em suma, cuidar do nosso futuro.

Em busca da reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a minimizar os dados sobre a fome e o aumento da miséria no Brasil e disse nesta terça-feira, 30, a empresários do setor de comércio e serviço, que não há fome "na proporção que dizem aí".

De acordo com dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, a fome avançou este ano e 33 milhões de pessoas não têm o que comer. A edição mais recente da pesquisa, divulgada em junho, mostra que mais de 58% da população vive com algum grau de insegurança alimentar.

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O presidente, contudo, afirmou no evento "Diálogos com Candidatos à Presidência da República", organizado pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), que dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) "mostram que o Brasil tem reduzido o número de pessoas abaixo da linha da miséria". Ele chegou a falar sobre os 33 milhões, número que rejeitou.

O governo vem tentando minorar o aumento da miséria nos últimos anos, mas as reações também estão acontecendo. O Sindicato Nacional dos Servidores do Ipea (Afipea) protocolou na Procuradoria Geral da República (PGR) uma representação contra o presidente do órgão, Erik Figueiredo, e o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, pelo que chamou de práticas abusivas em período eleitoral.

A Afipea questiona uma entrevista coletiva de ambos no Palácio do Planalto um dia após o início da campanha eleitoral, em 17 de agosto, quando apresentaram dados exaltando o Auxílio Brasil e destacando que, apesar de pesquisas mostrarem o crescimento da desnutrição e da insegurança alimentar no País, isso não tem impactado os indicadores de saúde ligados à prevalência da fome.

Na sexta-feira passada, Bolsonaro já havia minimizado os dados alarmantes da fome no país. Por duas vezes, ele disse que não se vê pessoas pedindo "pão" na padaria. "Se a gente for na padaria, não tem ninguém ali pedindo pra você comprar um pão pra ele. Isso não existe", afirmou, ainda completando em seguida: "Fome no Brasil? Fome pra valer? Não existe da forma como é falado".

Forças Armadas

No evento, Bolsonaro também disse que as Forças Armadas não vão servir de "moldura" na eleição, ou seja, não terão papel decorativo. O candidato à reeleição, que tem atacado sem provas a confiabilidade das urnas eletrônicas, voltou a falar que é preciso transparência no processo eleitoral. "Eleições transparentes, limpas, ninguém deve contestá-las", declarou.

Bolsonaro frisou que Exército, Marinha e Aeronáutica estão sob seu comando, mas ressaltou que isso ocorre em todos os governos. "Convidaram as Forças Armadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Essa questão está lá com as Forças Armadas, que foram convidadas, não se intrometeram nisso", disse o presidente. "As Forças Armadas têm responsabilidade, têm sua credibilidade perante a opinião pública, e não vão servir de moldura para a eleição. Elas vão fazer a coisa certa, estão se empenhando", emendou.

No evento organizado pela Unecs, o chefe do Executivo disse que "todos os problemas" acabam com a transparência nas eleições. Na semana passada, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro disse que aceitaria o resultado eleitoral, caso perdesse, mas somente se a disputa fosse o que considerou "limpa".

No começo de agosto, diversos setores da sociedade civil, incluindo empresários e banqueiros, assinaram manifestos em defesa do Estado Democrático de Direito. O movimento ganhou força após Bolsonaro reunir embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho, para lançar dúvidas na comunidade internacional sobre o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas ou evidências de irregularidades nas urnas eletrônicas.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou neste sábado, 27, durante ato em Vitória da Conquista (BA), o convite para a manifestação de 7 de Setembro. "No próximo dia 7, todos nas ruas. Todos de verde e amarelo. Vamos mostrar ao mundo que estamos unidos no mesmo ideal", disse o mandatário. Ele afirmou no discurso que participará de atos em Brasília, às 9h, e no Rio de Janeiro, às 15h.

Anteriormente, a reportagem havia afirmado erroneamente que o presidente dissera que "o Brasil passa fome". Bolsonaro, no entanto, afirmou que "o mundo sem o Brasil passa fome". "Passamos momentos difíceis com a pandemia e a guerra, mas o Brasil emergiu. Hoje os números da economia são os melhores do mundo. Hoje, cada vez mais, o mundo olha para nós. O mundo, sem o Brasil, passa fome."

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Nesta sexta-feira, 26, em entrevista a um podcast sobre fisiculturismo, o presidente disse que no País "fome para valer não existe da forma como é falado". Na ocasião, além de dizer não há "fome para valer", ele afirmou que quem diz o contrário "são pessoas que vendem mentiras". Ele disse, ainda, que, "se for em qualquer padaria aqui, não tem ninguém ali pedindo para você comprar um pão para ele".

De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, a fome atinge 33 milhões de pessoas no País - o maior número desde o início da década de 1990.

Deus e pátria

Ao reforçar o convite para o evento de 7 de Setembro, Bolsonaro voltou a falar sobre patriotismo. "Somos um só povo, um só país, uma só raça querendo cada vez mais ocupar o seu lugar, que ele merece, em todo mundo. Não tem satisfação maior do que servir à sua pátria", disse.

Na mesma oportunidade, reafirmou seu compromisso com o eleitorado cristão. "Hoje temos um presidente da Republica (em) que seu Estado pode ser laico, mas ele acredita em Deus, ele respeita os seus militares. ele defende a família brasileira e deve lealdade ao seu povo".

Bolsonaro ainda lembrou o slogan de que "povo armado jamais será escravizado", e reforçou, "nós somos da paz, somos do bem, mas somos guerreiros também e tudo faremos contra aqueles que querem roubar nossa democracia".

Aceno ao Nordeste

No evento em Vitória da Conquista, Bolsonaro aproveitou para abordar algumas de suas pautas tradicionais, como ser contra o aborto e contra o que ele chama de "ideologia de gênero". Além disso, acenou ao eleitorado nordestino, que atualmente aparece majoritariamente como apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva. "É uma satisfação estar aqui no meu Nordeste, ao lado de vocês", disse.

O presidente aproveitou também para atacar o candidato petista, afirmando que ele seria o "candidato da Globo". "De quem esse cara é candidato? Ele é candidato da Globo", disse Bolsonaro.

Na noite desta sexta-feira (26), o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), participou da a 65ª Festa do Peão Boiadeiro, em Barretos (SP). Na ocasião, o chefe do executivo afirmou que sem o agronegócio brasileiro, “o mundo passa fome”.

“Amigos de Barretos, São Paulo e do meu Brasil, muito obrigado pelo honroso convite desse evento que faz parte da nossa história. Mais do que a nossa segurança alimentar, vocês garantem alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”, afirmou o presidente.

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Ainda no evento, o presidente criticou a “violência” do Movimento Sem-Terra (MST).

“O nosso trabalho, quando titulamos terras, anulando a violência que vinha por parte do MST, isso bem demonstra que nós queremos integrar todos a nossa sociedade. Vocês são orgulho não apenas nosso, de todo o Brasil, vocês nem sabem, que sem vocês o mundo passa fome. E o nosso lema é Deus, pátria, família e liberdade”, disse Bolsonaro em Barretos.

PODCAST

Em entrevista ao Ironberg Podcast, do fisiculturista Renato Cariani, o presidente afirmou que "fome para valer (no País) não existe da forma como é falado". O chefe do Executivo alegou que, quem diz o contrário, "são pessoas que vendem mentiras".

“Se eu falar para vocês não tem fome no Brasil, amanhã o pessoal me esculacha na imprensa. Mas eles não sabem a realidade se existe gente faminta no Brasil ou não. O que a gente pode dizer, se for em qualquer padaria aqui não tem ninguém ali pedindo para você comprar um pão para ele, isso não existe. Eu falando isso eu estou perdendo votos, mas a verdade você não pode deixar de dizer", disse em entrevista.

 

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