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Mais de um ano se passou e os pais de Istabraq têm apenas uma obsessão em mente: que a Justiça puna rapidamente e condene à morte o assassino de sua filha, que foi espancada até a morte pelo marido no sul da Faixa de Gaza.

Grávida de três meses, Istabraq Baraka tinha apenas 17 anos e estava prestes a terminar o ensino médio quando seu marido a espancou até 50 vezes.

O criminoso se entregou à polícia, mas o julgamento está paralisado, o que mergulhou a família em luto implacável desde junho de 2021.

"Toda vez, as audiências são adiadas e não sabemos por quê", lamenta sua mãe, Nazmiya, em seu jardim em Abassan, perto da cidade de Khan Younis. Assim como seu marido, Souleiman, ela espera que o assassino seja condenado à morte, como única tentativa de curar a dor que carrega dentro do peito.

As agressões em Istabraq "foram tão intensas que causaram uma hemorragia cerebral e pulmonar, destruíram sua caixa torácica", contam os pais.

A situação de Istabraq ilustra a de muitas mulheres em Gaza, onde 38% das mulheres casadas que vivem neste enclave governado pelo movimento islâmico Hamas e sob bloqueio israelense desde 2007 já sofreram violência física ou psicológica, segundo os últimos dados de 2019 do Escritório Palestino de Estatísticas.

Seis supostos feminicídios ou suicídios ligados à violência de gênero foram registrados em 2019 em Gaza pelo Centro de Assistência e Aconselhamento Jurídico da Mulher.

Em 2020, foram registados 19 casos neste território, do qual é quase impossível fugir.

- Leis obsoletas -

Para observadores entrevistados pela AFP, essa crueldade contra as mulheres está aumentando em Gaza, principalmente devido à pandemia de coronavírus que confinou "sobreviventes da violência com seus agressores", diz ONU Mulheres-Palestina.

Mas os números estão longe da realidade porque "algumas mulheres desconhecem seus direitos, outras têm medo de entrar na justiça por falta de apoio familiar" e outras internalizaram a violência como um ato normal dentro de casa, explica Ayah Alwakil, advogada para o Centro Palestino de Direitos Humanos (PCHR).

A lei atual em Gaza, inalterada desde a década de 1950, pune os homens que matam suas esposas com vários anos de prisão, incluindo pena de morte. A menos que aleguem um crime de honra, caso em que a sentença é menor.

Essas “leis obsoletas e discriminatórias” impedem as vítimas de “obter justiça”, lamenta a ONU Mulheres-Palestina.

Em vez de proteger as mulheres, a lei as prende em sua condição de vítimas, acrescenta Mona Shawah, representante do PCHR. Se obtiverem o divórcio, perdem o direito à guarda dos filhos em benefício do marido ou da sua família, aos nove anos para o filho e onze para a filha.

Desta forma, a mulher “prefere ser vítima e não pedir o divórcio. Ela sabe muito bem que será ela quem perde”, explica Shawah.

Em Gaza, território de 2,3 milhões de habitantes, apenas dois lares acolhem cerca de quarenta mulheres vítimas de violência sexista.

Quando resolveram fugir da Ucrânia, Viktoria Saidam e seu esposo tiveram que tomar uma decisão: para onde partir? Sua escolha os levou rapidamente à terra natal dele, a Faixa de Gaza, o enclave palestino que conhece a guerra.

Originária da cidade de Vinnytsia, 200 quilômetros a sudeste de Kiev, Viktoria, 21 anos, era estudante de farmácia na capital ucraniana quando conheceu Ibrahim Saidam, 23 anos, originário do Burej, um campo de refugiados de Gaza e estudante de medicina.

Antes do avanço das forças russas após a invasão lançada em 24 de fevereiro, a jovem parceira, casada há dois anos, decidiu sair de Kiev e voltar para Vinnytsia, porém logo fizeram as malas para fugir da Ucrânia.

"Não sabíamos o que aconteceria amanhã. O número de mortos e feridos aumentava a cada dia', recorda a jovem, cujo sobrenome de solteira é Brej.

Nove pessoas morreram no bombardeio russo do aeroporto de Vinnytsia em 7 de março, segundo socorristas ucranianos.

"Meu esposo e eu tivemos que buscar um lugar mais seguro que a Ucrânia e escolhemos a pátria dele, Gaza", conta Viktoria, que desaba em lágrimas quando assiste em seu celular aos vídeos dos edifícios pulverizados pelos ataques russos.

- Quatro guerras -

Partiram em um micro-ônibus e depois a pé até a Romênia. Dali pegaram um avião para Cairo, Egito, e logo atravessaram a fronteira de Rafah entre Egito e a Faixa de Gaza.

Viktoria disse conhecer "a realidade" desse enclave palestino empobrecido, sob bloqueio israelense há 15 anos e que viveu quatro guerras entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, que controla o território.

O último confronto entre os dois inimigos ocorreu há menos de um ano. Em maio de 2021, essa guerra de 11 dias deixou 260 mortos em Gaza e 14 em Israel, incluindo um soldado.

A situação desde então é mais tranquila, apesar das tensões esporádicas.

"Houve uma guerra aqui e pode voltar a ocorrer, mas quando tivemos que sair da Ucrânia, (a Faixa de) Gaza era segura", disse Viktoria à AFP.

Cerca de 2.500 ucranianos se encontram em Gaza, segundo a representação diplomática ucraniana em Ramallah, Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. Em sua maioria, são mulheres casadas com palestinos que estudaram na Ucrânia.

- "Medo, pânico" -

"Eu vivi três guerras na Faixa de Gaza, isso me dá certa experiência", conta Ibrahim Saidam, que fala ucraniano fluentemente.

"Uma semana antes do início da guerra (na Ucrânia), preparei os mantimentos, mas não esperávamos que fosse tão feroz", declara à AFP.

"Poderíamos ter ido a algum país europeu pedir asilo, mas eu preferi voltar à Gaza porque me sinto seguro aqui e conheço os costumes", acrescenta.

Viktoria desejava há muito tempo conhecer seus sogros, mas não imaginou fazê-lo nessas circunstâncias.

Instalada na casa familiar onde se sente bem acolhida, ela confessa não poder "descrever todos os sentimentos de medo e de pânico" que sente quando fala com seu irmão e sua irmã na Ucrânia.

"Ainda não posso deixar de acreditar que o que aconteceu foi um sonho. É horrível", lamenta. "Sonho com o dia em que meu marido e eu possamos voltar para casa".

Quando Hussein obteve permissão para ir trabalhar em Israel, esse palestino de Gaza não hesitou nem por um segundo em interromper os custosos estudos que estava prestes a terminar para poder, finalmente, ganhar a vida.

Ter a possibilidade de trabalhar fora deste enclave bloqueado por Israel desde 2007 é como se "os portões do paraíso se abrissem diante de mim", afirmou o jovem mestrando em relações públicas no pobre território palestino.

"Não trabalho há anos e tenho US$ 3.500 de dívidas para pagar meus estudos", acrescenta este pai de três filhos, que prefere omitir seu sobrenome por se sentir, assim como os demais palestinos, envergonhado por ter de aceitar pequenos trabalhos em Israel para ganhar a vida.

Depois de deixar as salas de aula da Universidade da cidade de Gaza há alguns meses, Hussein é entregador em Yafa, um bairro de Tel Aviv. Para ele, esse emprego é uma oportunidade de melhorar a renda de sua família e, posteriormente, de retomar os estudos.

A Faixa de Gaza, um minúsculo território com mais de 2 milhões de habitantes arrasado por guerras, tem uma taxa de pobreza de cerca de 60% e um desemprego endêmico que oscila em torno de 50%.

A renda por habitante se situa em torno de US$ 1.400 por ano, segundo dados oficiais.

- Reabertura -

Mahmud, de 40 anos, foi contratado por um restaurante de Herzliya, uma cidade litorânea ao norte de Tel Aviv, depois de anos trabalhando para organizações internacionais em Gaza. Estas últimas estão entre os empregadores mais desejados por seus salários elevados.

Sua licenciatura em serviço social não lhe serve de nada no estabelecimento onde trabalha agora, mas esta não é a prioridade no momento. Fazendo muitas horas extras, pai de três filhos pode ganhar até 550 shekels (US$ 170) por dia, além de comida e hospedagem, números que estão muito longe dos padrões de Gaza.

Em Israel, a maioria dos trabalhadores de Gaza ganha entre 250 e 700 shekels (US$ 78 e US$ 218) em agricultura e construção, muito mais do que se ganharia em Gaza, embora não disponham de seguridade social.

Desde o bloqueio de Gaza por parte de Israel, decorrente da chegada do movimento islâmico Hamas ao poder na Faixa de Gaza, "não há mais oportunidades de trabalho", lamenta Mahmud.

Antes de 2007 e do bloqueio israelense, cerca de 120.000 habitantes de Gaza trabalhavam em Israel.

Em 2019, Israel voltou a conceder permissões para homens casados com mais de 26 anos que atendam a certos critérios de segurança.

Nos últimos meses, após quase um ano e meio de fechamento da passagem fronteiriça de Erez, no norte de Gaza, devido ao coronavírus, as autoridades israelenses emitiram 12.000 autorizações. A maioria dela tem seis meses de duração, renováveis.

Desde então, o estacionamento do posto de controle de Erez, entre Gaza e Israel, está lotado de táxis e micro-ônibus esperando por eles.

- Sem proteção social -

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Gaza, Sami al-Amsi, diz que Israel pode conceder permissões para mais palestinos deste território em um futuro próximo. Embora veja isso como uma boa notícia, também pede que a proteção social seja garantida nos contratos.

Hoje, os habitantes de Gaza estão cobertos contra acidentes, apenas se seu empregador concordar em pagar pelo seguro, o que raramente acontece, diz a organização israelense Kav LaOved.

Há algumas semanas, um homem de Gaza foi atropelado por um veículo em seu local de trabalho em Israel. Mas "sua família não recebeu nenhuma indenização", lamenta Al Amsi.

Isso não assusta Adham, um homem de 35 anos com três diplomas em saúde pública e ciência da computação.

"Não tenho exigências, poderia trabalhar em um restaurante, supermercado, ou numa fábrica", garante.

Abu Oday, que recentemente solicitou uma permissão de trabalho, também não.

"Trabalho há 15 anos como jornalista freelancer", diz o fotojornalista de 38 anos, que prefere se apresentar sob pseudônimo. "Mas não consigo pagamentos decentes, salvo quando há uma guerra", acrescenta.

Os palestinos da Cisjordânia ocupada começaram a votar neste sábado (11) em eleições municipais marcadas pelo boicote do principal partido opositor Hamas, no poder em Gaza, como protesto pelo adiamento indefinido das eleições parlamentares e presidenciais.

As eleições presidenciais ou legislativas não são celebradas nos territórios palestinos há 15 anos. As últimas eleições municipais aconteceram em 2017 e também foram boicotadas pelo Hamas.

Das 367 cidades da Cisjordânia que vão às urnas, 60 não possuem nenhum candidato e em outras 162 só foi apresentada uma lista. Sendo assim, haverá uma eleição propriamente dita apenas em 154 municípios.

A eleição municipal acontece em duas fases e em março de 2022 acontecerá a segunda para as cidades.

O porta-voz da Comissão Eleitoral Central Palestina, Fareed Taam Allah, disse à AFP que as urnas abriram em todas as cidades previstas.

As urnas estarão abertas até as 19h00 locais, com um censo potencial de 405.000 eleitores, segundo o comitê eleitoral.

As eleições são "irrelevantes politicamente porque ocorrem em pequenas cidades e não nas grandes" e são "fúteis" na ausência do Hamas, segundo o analista político Jihad Harb.

O grupo armado, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, boicota a votação como protesto ao presidente Mahmud Abas que adiou indefinidamente as eleições parlamentares e presidenciais programadas para este ano.

Tropas israelenses dispararam contra manifestantes palestinos que jogavam coquetéis molotov e queimavam pneus da Faixa de Gaza no sábado (21), resultando em 41 feridos, segundo fontes palestinas.

O Exército israelense informou a mobilização de ataques aéreos contra quatro lugares de "fabricação e armazenamento de armas" do movimento islamita Hamas, que controla este enclave palestino, e do reforço de sua divisão em Gaza com tropas adicionais.

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Antes, as tropas israelenses na fronteira responderam com tiros contra manifestantes palestinos que lançavam coquetéis molotov, queimavam pneus e tentavam escalar o muro fronteiriço de Gaza.

Os confrontos ocorrem três meses depois que Israel e Hamas - que governa o enclave palestino - alcançaram uma trégua após combates intensos.

"Quarenta e um civis ficaram feridos", explicou o Ministério da Saúde do enclave palestino em um comunicado.

Um menino de 13 anos está em estado grave após levar um tiro na cabeça.

O exército israelense indicou, por sua vez, que um policial foi "gravemente ferido" por tiros vindo de Gaza.

"Sua condição é crítica e corre risco de vida", afirmou.

"Centenas de encrenqueiros e manifestantes" se reuniram no outro lado da fronteira e tentaram superar a barreira, explicou o comunicado.

"As tropas na área estão prontas para usarem material anti-distúrbios e, caso seja necessário, balas de calibre 22", informou o exército.

O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, disse na televisão que esses são "acontecimentos extremamente graves".

Israel lançou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que queimaram pneus.

O movimento islâmico Hamas, que controla Gaza, convocou o protesto para comemorar o incêndio da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém há 52 anos.

A polícia israelense "continuará agindo com firmeza contra aqueles que queiram nos causar danos", disse o comissário Kobi Shabati em nota.

Pouco depois de seus comentários, o Exército israelense informou sobre os ataques aéreos contra os lugares de armazenamentos de armas do Hamas. Inicialmente, não há registro de mortes por esses ataques.

Há exatos três meses, Israel e o Hamas assinaram uma trégua após os piores incidentes em anos. Durante onze dias no mês de maio, Israel bombardeou a Faixa, em retaliação às centenas de foguetes lançados do enclave.

A reconstrução de Gaza não avançou desde a trégua de 21 de maio, em parte por causa do bloqueio que Israel mantém ao redor da Faixa desde que o Hamas assumiu o poder em 2007.

Na última quinta-feira, Israel anunciou que permitiria o fluxo de fundos do Catar para Gaza, mas outras restrições permanecem em vigor.

Durante a operação militar contra Gaza, o exército israelense aumentou os ataques contra o "Metrô", como é conhecida a complexa rede de galerias subterrâneas que facilita aos combatentes do Hamas circular a salvo de drones e atacar Israel de modo surpreendente.

Para contornar o bloqueio israelense sobre a Faixa de Gaza, imposto depois que o movimento islamita armado Hamas assumiu o poder no território em 2007, os palestinos perfuraram centenas de túneis sob a fronteira terrestre de 14 quilômetros entre o pequeno território e o Sinai egípcio.

Objetivo da missão: permitir a circulação de pessoas, mercadorias, além de armas e munições entre Gaza e o restante do mundo.

Durante anos, Hamas e Jihad Islâmica introduziram foguetes transportados a partir do Irã primeiro para o Sudão e depois, por meio de redes de contrabando, para o Egito antes de chegar a Gaza.

Nos últimos anos, o Egito, a pedido de Israel, inundou ou destruiu os túneis. Durante a guerra de Gaza de 2014, o exército israelense também executou uma operação terrestre e bombardeou túneis que permitiam a saída do território.

"Mas, desde 2014, a principal tarefa do Hamas tem sido construir uma rede de túneis subterrâneos que permitam movimentos por toda Gaza", declarou uma fonte militar israelense, que calculou que o custo de cada quilômetro de galeria é de quase de 500.000 dólares.

Combatentes e seus comandantes, às vezes a 30 ou 40 metros debaixo da terra, podem circular pelos túneis e permanecer protegidos dos ataques, enquanto as baterias de lança-foguetes, localizadas a poucos metros de profundidade, podem ser deslocadas por um sistema de escotilhas para disparar e rapidamente ser novamente escondidas, de acordo com imagens do exército israelense.

- Rede subterrânea -

"Não sabemos onde estão exatamente os túneis, mas calculamos que destruímos quase 100 km", completa o alto oficial israelense, antes de explicar que cada "brigada" do Hamas controla uma parte destes, que formam uma vasta rede subterrânea.

Na madrugada de 14 de maio, o exército tentou dar a impressão de que suas tropas iriam entrar em Gaza, o que obrigaria os combatentes do Hamas a buscar refúgio em determinados túneis, e depois bombardear com insistência este formigueiro humano.

A princípio, os militares afirmaram que mataram "vários" membros do Hamas, mas sem revelar o número.

"O ataque contra os túneis foi letal. Mas os especialistas (do exército) responsáveis por prever e avaliar os danos provocados não consideraram os efeitos sobre as casas sob as quais os túneis foram cavados", afirmou o jornal Yediot Aharonoth.

No bairro de Al Rimal, no calçadão de Gaza, as casas desabaram após os bombardeios israelenses, pois suas bases não conseguiram resistir, o que provocou muitas mortes, segundo autoridades locais.

Poucas horas depois da entrada em vigor, nesta sexta-feira, de um cessar-fogo entre Israel e os movimentos armados palestinos, equipes de resgate encontraram em um túnel, perto de Khan Yunis (sul do território), os corpos de cinco combatentes e uma dezena de sobreviventes, todos membros das brigadas Al Qasam, braço armado do Hamas.

Com a retirada dos escombros dos túneis, o número de vítimas em Gaza os 11 dias de combates com Israel pode aumentar ainda mais.

Sem aviões de combates no céu, ou alertas de foguetes. A tranquilidade retornou na manhã desta sexta-feira (21) à Faixa de Gaza e Israel, depois da entrada em vigor do cessar-fogo que acabou com 11 dias de confrontos violentos.

Desde o início da aplicação da trégua, nesta sexta-feira, às 2h (20h de Brasília, quinta-feira), milhares de palestinos saíram às ruas de Gaza para festejar o fim dos bombardeios israelenses. Manifestações de júbilo também foram observadas em cidades da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ocupados.

"É a euforia da vitória", disse Khalil al Haya, número dois do gabinete político do Hamas na Faixa de Gaza, durante um discurso para os manifestantes. Ele prometeu "reconstruir" as casas destruídas pelos bombardeios israelenses.

"Desde as 2h não se detectou nenhum lançamento de foguete, e os aviões (das Forças Armadas) voltaram para suas bases", afirmou o exército israelense.

O acordo foi possível, graças à mediação do Egito, uma potência regional que mantém relações tanto com Israel como com o Hamas. Este movimento é considerado "terrorista" pelo Estado hebreu, pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

O presidente americano, Joe Biden, agradeceu ao Egito pelo papel desempenhado no cessar-fogo, que chamou de "oportunidade genuína para avançar" rumo à paz entre israelenses e palestinos.

"Acredito que os palestinos e os israelenses merecem viver com segurança e desfrutar do mesmo nível de liberdade, prosperidade e democracia", disse Biden.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitará o Oriente Médio nos próximos dias para reuniões com seus colegas "israelense, palestino e regionais", informou o Departamento de Estado.

A UE celebrou o anúncio e recordou que "a situação na Faixa de Gaza é insustentável há muito tempo", enquanto a Alemanha, que também elogiou a iniciativa, advertiu que agora é necessário "abordar as causas profundas do conflito para encontrar uma solução" no Oriente Médio.

Os bombardeios aéreos e os disparos de artilharia no território palestino deixaram em 11 dias as mortes de pelo menos 232 palestinos, incluindo 65 menores de idade e combatentes, e 1.900 feridos, segundo as autoridades de Gaza. Em Israel, os foguetes palestinos mataram 12 pessoas, incluindo uma criança, uma adolescente e um soldado, e deixaram 355 feridos, segundo a polícia.

- "Sem condições" -

O cessar-fogo foi anunciado após uma reunião do gabinete de segurança israelense, comandada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que "aceitou por unanimidade" a iniciativa egípcia "de cessar-fogo bilateral sem condições".

Hamas e Jihad Islâmica - outro grupo armado palestino em Gaza - confirmaram o acordo da trégua, alcançada com a mediação dos "irmãos egípcios".

"A resistência palestina respeitará o acordo desde que a ocupação (como o Hamas chama Israel) o respeite", afirmou o grupo islamita.

O Hamas iniciou as hostilidades em 10 de maio com o lançamento de foguetes contra Israel em "solidariedade" com centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do islã. Os distúrbios começaram após os protestos contra a expulsão de várias famílias palestinas, em benefício de colonos israelenses, de um bairro da Cidade Sagrada.

Depois dos lançamentos de foguetes, Israel iniciou uma operação para "reduzir" as capacidades militares do Hamas, com vários ataques aéreos contra o pequeno território de dois milhões de habitantes sob bloqueio israelense há quase 15 anos.

O Exército anunciou que matou "25 dirigentes do Hamas" nos bombardeios e que destruiu mais de 100 quilômetros de túneis e dezenas de edifícios que, segundo as Forças Armadas, o Hamas utilizava para "atividades terroristas".

De acordo com o Exército, Hamas e Jihad Islâmica lançaram mais de 4.300 foguetes contra Israel - mais de 90% deles foram interceptados pelo sistema antimísseis israelense.

Em Sderot, uma cidade israelense na fronteira com Gaza, o anúncio do cessar-fogo foi recebido com ceticismo.

"O problema é que o Hamas não vai respeitar, não devemos ser ingênuos", declarou o prefeito do município, Alon Davidi, que defende que o Exército prossiga com a operação para evitar a retomada dos confrontos.

- Delegações egípcias -

Depois de três guerras em uma década, Hamas e Israel estabeleceram em 2018 uma trégua para estabilizar e desenvolver Gaza, território com péssimas infraestruturas e alto índice de desemprego, após a mediação da ONU, Egito e Catar, um emirado do Golfo próximo ao movimento Irmandade Muçulmana, do qual procede o Hamas.

Nos bastidores, ONU e os dois países intensificaram as negociações na quinta-feira para alcançar o acordo de trégua.

"Duas delegações egípcias serão enviadas a Tel Aviv e aos Territórios Palestinos para vigiar a aplicação (do cessar-fogo) e o processo para manter condições estáveis de forma permanente", afirmaram fontes diplomáticas do Cairo.

Apesar da trégua, a situação é preocupante na Cisjordânia, onde os confrontos entre palestinos e as forças de segurança deixaram mais de 25 mortos em 11 dias.

O exército israelense voltou a bombardear Gaza na madrugada desta segunda-feira (17), após uma semana que deixou quase 200 mortos no confronto entre Israel e o grupo islamita Hamas, que continuam ignorando os apelos internacionais para o fim das hostilidades.

Na madrugada de domingo para segunda-feira, a aviação israelenses efetuou dezenas de bombardeios em poucos minutos, provocando cortes de energia elétrica.

Centenas de edifícios foram destruídos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades locais, que ainda não divulgaram um balanço de vítimas.

O exército israelense informou em um comunicado que atacou noves casas que pertencem a comandantes do Hamas, incluindo algumas que eram utilizadas para "armazenar armas".

"Nunca aconteceram bombardeios deste calibre", afirmou Mad Abed Rabbo, de 39 anos, que mora na zona oeste da cidade de Gaza e disse que tem o sentimento de "horror, medo".

"Eu tive a sensação de morrer", declarou Mani Qazaat, outro morador da região.

Os bombardeios aconteceram depois que 42 palestinos, incluindo oito menores de idade e dois médicos, morreram no domingo no território governado pelo Hamas, segundo o ministério da Saúde local.

Desde 10 de maio, quando teve início a espiral de violência, ao menos 197 palestinos morreram, incluindo 58 menores de idade, e mais de 1.200 ficaram feridos.

Do lado de Israel, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram nos ataques de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza.

- "Legítimo" -

Os grupos armados palestinos, incluindo o braço militar do Hamas, lançaram mais de 3.100 projéteis contra Israel desde o início das hostilidades, informou o exército. A maioria dos foguetes foi interceptada pelo escudo antimísseis Domo de Ferro.

"Nossa campanha contra as organizações terroristas segue a pleno vapor", afirmou no domingo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que justificou o bombardeio de um edifício de 13 andares que abrigava os escritórios do canal Al Jazeera (Catar) e da agência americana de notícias Associated Press (AP).

Era um "alvo perfeitamente legítimo", declarou, antes de explicar que o ataque foi baseado em informações dos serviços de inteligência.

O exército israelense, que alega ter como alvos as áreas e equipamentos do Hamas, alguns comandantes e túneis subterrâneos, acusa o movimento islamista de usar os civis como "escudos".

Em sua ofensiva contra o Hamas, o exército israelense anunciou que atacou as residências de Yahya Sinouar, líder do grupo islamita na Faixa de Gaza, e de seu irmão, "um militante terrorista". Fontes das unidades de segurança palestinas confirmaram o bombardeio, mas não informaram sobre o paradeiro de Sinouar.

- Confrontos -

O último grande confronto entre Israel e Hamas aconteceu em 2014. O conflito de 51 dias destruiu a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 em Israel, a maioria soldados.

A violência "tem o potencial de provocar uma crise de segurança e humanitária incontrolável e estimular ainda mais o extremismo", alertou no domingo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

"Este ciclo insensato de derramamento de sangre, terror e destruição deve parar imediatamente", implorou, mas a terceira reunião virtual sobre o tema acabou sem avanços.

De acordo com fontes diplomáticas entrevistadas pela AFP, os representantes dos Estados Unidos se negaram novamente a divulgar uma declaração conjunta que permita alcançar rapidamente o fim dos confrontos.

A onda de violência começou após uma série de foguetes lançados pelo Hamas contra Israel em "solidariedade" com centenas de palestinos feridos nos distúrbios com a polícia israelense em Jerusalém Oriental, em manifestações provocadas pela ameaça de expulsão forçada de famílias palestinas a favor de colonos israelenses no bairro de Sheikh Jarrah.

No domingo à noite, um veículo avançou neste bairro contra uma viatura israelense e deixou vários feridos. A polícia informou que matou o agressor.

Também anunciou "um certo número de detenções" após os confrontos noturnos registrados em outros setores de Jerusalém Oriental, ocupado e anexado por Israel.

As hostilidades chegaram à Cisjordânia, território palestino também ocupado por Israel desde 1967, onde os confrontos com o exército israelense deixaram 19 mortos entre os palestinos na última semana.

Israel também enfrenta em seu território violência intercomunitária nas cidades mistas onde vivem judeus e árabes israelenses.

Dezenas de moradores de Gaza feridos foram evacuados para o vizinho Egito neste domingo (16) para atendimento médico, enquanto Israel intensificava seus bombardeios mortais contra o enclave palestino, de acordo com fontes médicas e autoridades contatadas na passagem de fronteira de Rafah.

Três comboios, transportando um total de 263 palestinos - feridos nos recentes bombardeios do exército israelense, assim como estudantes e pacientes graves - cruzaram a passagem de Rafah para chegar à região do Sinai do Norte.

O Crescente Vermelho Egípcio relatou em sua página no Facebook que equipes de emergência foram mobilizadas na parte oeste de Rafah para ajudar no transporte dos feridos para hospitais.

A travessia de Rafah é a única conexão terrestre da Faixa de Gaza com o mundo que não é controlada por Israel. Quinze anos atrás, o Estado judeu impôs um bloqueio ao enclave controlado pelo movimento islâmico Hamas, onde cerca de dois milhões de pessoas estão confinadas.

A passagem aberta em fevereiro por autoridades egípcias costumava ser fechada durante feriados, em particular o Eid al-Fitr (fim do mês de jejum do Ramadã), uma celebração muçulmana que acontece no Egito de quarta a domingo.

Pelo menos 40 palestinos foram mortos no domingo em ataques israelenses na Faixa de Gaza, informaram as autoridades locais, elevando o número de mortos no enclave para 188 desde segunda-feira.

Este novo conflito começou em resposta a uma enxurrada de foguetes disparados pelo Hamas contra Israel, em "solidariedade" aos manifestantes e às centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense em Jerusalém Oriental.

A violência começou quando famílias palestinas passaram a ser ameaçadas de expulsão de suas casas em favor dos colonos israelenses nesta região - palestina - da cidade, ocupada por Israel há mais de meio século.

O Exército israelense bombardeou implacavelmente a Faixa de Gaza neste domingo (16), matando pelo menos 33 palestinos, incluindo oito crianças, e visando a casa de um líder do Hamas, no 7º dia de um conflito de "intensidade sem precedentes", segundo a Cruz Vermelha Internacional.

Os grupos armados palestinos, incluindo o Hamas no poder em Gaza, dispararam mais de 3.000 foguetes contra Israel desde o início, em 10 de maio, deste novo ciclo de violência, de acordo com o Exército israelense, que ressaltou que grande parte foi interceptada. Esta é a maior taxa de foguetes disparados contra o território israelense, segundo os militares.

Os novos bombardeios acontecem horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, cujos membros foram instados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) "a exercer influência máxima para encerrar as hostilidades entre Gaza e Israel".

"A intensidade deste conflito é algo que nunca vimos antes, com ataques aéreos implacáveis contra Gaza, que é um território densamente povoado, e foguetes atingindo grandes cidades de Israel, resultando na morte de crianças em ambos os lados", denunciou Robert Mardini, diretor-geral do CICV.

O papa Francisco advertiu sobre a "espiral de morte e destruição", considerando a perda de vidas inocentes "terrível e inaceitável".

Desde a madrugada deste domingo, 33 palestinos, incluindo 8 crianças, foram mortos, segundo as autoridades locais, em bombardeios israelenses em Gaza, um enclave pobre de dois milhões de habitantes sob bloqueio israelense há quase 15 anos.

Desde 10 de maio, 181 palestinos morreram, incluindo 52 crianças, e 1.225 ficaram feridos, de acordo com o último balanço fornecido pelas autoridades palestinas.

Nas últimas horas, 120 foguetes foram disparados de Gaza contra Israel, mas dezenas foram interceptados.

Em Israel, dez pessoas foram mortas, incluindo uma criança, e 282 feridas, em disparos de foguetes palestinos desde segunda-feira.

- Reuniões da ONU e da UE -

Alcançando um novo nível em sua guerra contra o Hamas, o Exército israelense anunciou no Twitter que havia "atacado a casa de Yahya Sinouar e de seu irmão, um militante terrorista", postando um vídeo mostrando uma residência destruída envolvida numa nuvem de poeira.

O destino desse chefe do gabinete político do Hamas em Gaza, porém, não foi informado.

Enquanto os protagonistas do conflito permanecem surdos aos apelos internacionais pelo fim das hostilidades, as negociações diplomáticas estão se intensificando, com uma reunião virtual do Conselho de Segurança marcada para 14h00 GMT (11h00 de Brasília).

Por sua vez, uma delegação americana, liderada pelo enviado especial Hady Amr, se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz.

"Expressei a eles meu profundo apreço pelo apoio americano ao direito e dever de Israel de se defender contra ataques terroristas. Disse-lhes que, ao contrário de nossos inimigos, temos o cuidado de atacar apenas alvos militares, com o objetivo de restaurar a segurança e a calma", escreveu Gantz no Twitter.

Uma reunião ministerial da União Europeia está marcada para terça-feira.

No sábado, dez palestinos, incluindo oito crianças, de uma mesma família, morreram em um ataque israelense em Gaza.

Mais tarde, um israelense foi morto nos arredores de Tel Aviv na explosão de foguetes palestinos.

- Imprensa -

E um prédio de 13 andares que abrigava os escritórios da emissora Al Jazeera, do Catar, e da agência de notícias Associated Press (AP), dos Estados Unidos, foi destruído em um ataque israelense.

Segundo o Exército, que já havia solicitado a evacuação do prédio, o imóvel abrigava "entidades pertencentes à inteligência militar" do Hamas.

A direção da AP se disse "chocada e horrorizada". A Al Jazeera acusou Israel de querer "silenciar aqueles que mostram a destruição e morte".

A AFP expressou sua "solidariedade" aos "colegas da PA e da Al Jazeera".

O conflito começou em resposta aos foguetes do Hamas contra Israel, disparados em "solidariedade" com as centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense em Jerusalém Oriental. Na origem da violência, a ameaça de expulsão de famílias palestinas em benefício de colonos israelenses neste setor palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.

As hostilidades se espalharam para a Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde confrontos com o exército israelense deixaram 19 palestinos mortos desde 10 de maio.

Em seu território, Israel também foi confrontado a vários dias de violência sem precedentes e ameaças de linchamentos em suas cidades "mistas", onde vivem judeus e árabes israelenses.

O último confronto entre Israel e Hamas remonta ao verão de 2014. O conflito de 50 dias devastou a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 do lado israelense, quase todos soldados.

Dez pessoas de uma mesma família palestina, incluindo oito crianças, foram mortas neste sábado (15) em um bombardeio israelense na cidade de Gaza, informaram fontes médicas.

O ataque atingiu a casa da família Abu Hatab, no campo de refugiados de Al-Shati. O prédio de três andares em que estavam desabou após o bombardeio.

A mãe e seus quatro filhos - com entre 5 e 15 anos - morreram, segundo fontes médicas palestinas. Quatro primos - com entre 8 e 14 anos - e sua mãe, que os visitavam por ocasião do Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã, também morreram, segundo a mesma fonte.

Os dois pais, Aala Abu Hattab e Mohamad Al Hadidi, que estavam do lado de fora do prédio, sobreviveram, assim como um bebê de cinco meses que foi hospitalizado.

As crianças "estavam seguras em casa, não carregavam armas, não disparavam foguetes", disse Mohammad Al Hadidi. "Usavam roupas novas para o Eid al-Fitr".

O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, denunciou em um comunicado "um massacre hediondo no campo de Al-Shati".

O Exército israelense, por sua vez, anunciou que durante a noite realizou pelo menos cinco bombardeios em toda a Faixa de Gaza.

Entre os alvos, de acordo com um comunicado do Exército, estava um dos quartéis-generais de Taufik Abu Naim, comandante das forças de segurança do Hamas, bem como vários "locais usados para disparos de foguetes" no norte e sul do enclave, além de "edifícios da inteligência militar" do Hamas.

O último balanço fornecido pelas autoridades palestinas reporta 139 mortos, incluindo 39 crianças, e 1.000 feridos nos bombardeios que Israel realiza desde segunda-feira em Gaza.

Além disso, mais de 2.300 foguetes foram disparados de Gaza contra o território israelense, onde uma dúzia de pessoas morreram, incluindo uma criança e um soldado, e 560 pessoas ficaram feridas.

Israel ataca a Faixa de Gaza, nesta sexta-feira (14), com bombardeios aéreos e disparos de artilharia no densamente povoado enclave palestino, onde a escalada militar em curso desde segunda-feira (10) com o Hamas no poder deixou mais de 100 mortos.

Além destes confrontos, os mais intensos entre Israel e militantes palestinos em Gaza desde 2014, um surto de violência sem precedentes entre judeus e árabes está afetando várias cidades mistas do país.

O Exército israelense informou que intensificou os bombardeios "para infligir graves danos aos túneis". Estas estruturas permitem a circulação por Gaza de combatentes e líderes do Hamas, movimento que disparou centenas de foguetes contra Israel.

Os bombardeios continuavam esta tarde, de acordo com um jornalista da AFP. Mais cedo, o Exército disse ter como alvo "uma brigada terrorista" pronta para lançar foguetes contra Israel.

Desde o início desta nova onda de violência na segunda-feira, 119 palestinos, incluindo 31 crianças, foram mortos na Faixa de Gaza, e 830 pessoas ficaram feridas, de acordo com as autoridades locais.

Em Israel, onde o escudo antimísseis "Domo de Ferro" interceptou em torno de 90% dos cerca de 1.800 foguetes disparados esta semana, o número de mortos aumentou para nove, além de centenas de feridos.

Diante do fogo de artilharia dos tanques concentrados ao longo do enclave sob bloqueio israelense e cercados por uma barreira de segurança, centenas de moradores de Gaza deixaram suas casas, relataram testemunhas.

- "Filme de terror" -

"Esses bombardeios foram completamente loucos, como nos videogames. Foi um verdadeiro filme de terror", disse à AFP Muhammad Najib, de 16 anos, um morador de Gaza para quem "nunca haverá paz com Israel.

No total, o Exército israelense disse que atingiu 150 alvos durante esta madrugada, um dilúvio de fogo junto com rajadas de foguetes do Hamas contra cidades do sul de Israel como Sderot, Ashkelon e Beersheva.

Em Gaza, dezenas de casas foram destruídas à noite, especialmente no norte do microterritório, constataram jornalistas da AFP.

Na frente diplomática, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá no domingo (16) para tratar do conflito, com o secretário-geral António Guterres pedindo o "fim das hostilidades".

Dados os riscos associados aos ataques aéreos, várias companhias aéreas internacionais, incluindo KLM, British Airways, Virgin, Lufthansa e Iberia cancelaram seus voos para Israel.

- Tanques e blindados -

Na quinta-feira (13), o Exército israelense concentrou tanques e veículos blindados ao longo do território palestino, do qual as tropas israelenses se retiraram em 2005. O Ministério da Defesa autorizou a mobilização, se necessário, de milhares de reservistas.

Pouco depois da meia-noite, o porta-voz do Exército anunciou que os soldados israelenses estavam agora dentro do território de Gaza, antes de voltar atrás em seus comentários, citando "um problema de comunicação interna".

E, para aumentar a confusão, três foguetes foram disparados na quinta-feira à noite do Líbano contra Israel, mas caíram no Mediterrâneo, de acordo com o Exército.

Segundo uma fonte militar libanesa, os projéteis foram disparados de uma área próxima a um campo de refugiados palestinos.

Os confrontos em curso foram deflagrados após uma enxurrada de foguetes do Hamas disparados contra Israel em "solidariedade" aos mais de 700 palestinos feridos em confrontos na semana passada e na segunda-feira com a polícia israelense, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, um setor palestino ilegalmente ocupado por Israel desde 1967.

Estes confrontos na Esplanada, o terceiro local mais sagrado do Islã e o local mais sagrado do Judaísmo, ocorreram após dias de distúrbios em Jerusalém Oriental, principalmente devido a ameaças de despejo de famílias palestinas em benefício de colonos judeus.

- Segunda frente -

Para lidar com a escalada entre árabes e judeus, quase 1.000 membros da polícia de fronteira foram chamados para reforçar as cidades mistas que têm sido palco de tumultos desde terça-feira. Mais de 400 pessoas, judeus e árabes, foram presas nos últimos três dias.

Na quinta-feira, um homem abriu fogo com uma arma semiautomática contra um grupo de judeus, ferindo uma pessoa em Lod, perto de Tel Aviv, de acordo com uma testemunha e com a polícia, que relatou à noite o incêndio de uma sinagoga e 43 prisões.

Grupos israelenses de extrema direita entraram em confronto com as forças de segurança e árabes israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras quando Israel foi fundado em 1948.

"Não vamos tolerar a anarquia", alertou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dizendo na quinta-feira que o envio de soldados é uma "opção".

Os confrontos também são diários entre manifestantes e o Exército israelense na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel.

Nesta sexta, mais dois palestinos foram mortos nos confrontos, e mais de 100 palestinos ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde e o Crescente Vermelho.

Ao menos 26 palestinos, incluindo nove crianças, morreram na madrugada desta terça-feira (11) em bombardeios israelenses em Gaza, uma resposta aos foguetes lançados por movimentos armados palestinos, que provocaram duas vítimas fatais no sul de Israel, em uma escalada provocada por uma onda de violência em Jerusalém Oriental.

Mais de 120 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza, território palestino controlado pelo movimento islamita Hamas, informaram as autoridades de saúde locais.

Desde segunda-feira, militantes palestinos lançaram mais de 300 foguetes contra Israel. O sistema antimísseis israelense Cúpula de Ferro interceptou mais de 90% dos projéteis, afirmou o porta-voz do Exército, Jonathan Conricus. Ao menos seis israelenses ficaram feridos.

O Estado hebreu respondeu ao lançamento de foguetes com 130 ataques de aviões de combate e de helicópteros contra alvos militares no território palestino. Segundo Conricus, as ações mataram 15 comandantes do Hamas e da Jihad Islâmica. Este último grupo armado confirmou as mortes de dois de seus líderes.

Nesta terça-feira, foram lançados mais foguetes a partir do enclave palestino, enquanto o braço armado das brigadas Qassam, vinculadas ao Hamas, prometeu que transformaria a cidade israelense de Ashkelon, ao sul, em "um inferno".

Nesta cidade, duas mulheres, uma de 65 anos e outra de 40, morreram vítimas dos disparos de foguetes palestinos, afirmou o Magen, equivalente da Cruz Vermelha em Israel.

Nas últimas horas, foram ouvidas explosões na cidade, onde um foguete abriu uma cratera na lateral de um bloco de apartamentos.

Conricus disse que Israel não tem confirmação de que seus ataques afetaram civis em Gaza, ou se as vítimas foram provocadas por enganos no lançamento de foguetes palestinos.

O ministro israelense da Defesa, Benny Gantz, autorizou um pedido do Exército para mobilizar 5.000 reservistas em caso de necessidade.

Israel vai "intensificar" seus ataques contra o Hamas, advertiu o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"Desde ontem (segunda-feira), o Exército lançou centenas de ataques contra o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza (...) e vamos intensificar ainda mais a força dos nossos ataques", garantiu o chefe de Governo em uma mensagem de vídeo, acrescentando que o Hamas "será golpeado de uma maneira que não se espera".

- Preocupação internacional -

As tensões dos últimos dias em Jerusalém se transformaram nos piores confrontos na cidade desde 2017.

A violência começou na sexta-feira (7) com os confrontos entre policiais do Batalhão de Choque israelense e os fiéis palestinos na Esplanada das Mesquitas, onde fica a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã.

Desde então, os distúrbios noturnos em Jerusalém Oriental deixaram centenas de palestinos feridos e provocaram apelos internacionais por uma desescalada. A ONU afirmou que está "profundamente preocupada" e condenou "qualquer incitação à violência".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, condenou os ataques com foguetes do Hamas, afirmando que eles "devem parar imediatamente".

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, condenou os ataques a Gaza como "indiscriminados e irresponsáveis (...) e uma demonstração miserável de força ao custo do sangue de crianças".

Na segunda-feira (10), o Hamas deu um ultimato a Israel para que retirasse todas as suas forças da Esplanada das Mesquitas e do distrito de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, onde os próximos despejos de famílias palestinas estão gerando protestos.

As sirenes soaram em toda Jerusalém logo após as 18h locais (12h em Brasília), o horário-limite do ultimato do Hamas. Foguetes começaram a cair, e os moradores de Jerusalém fugiram para bunkers pela primeira vez desde o conflito de Gaza de 2014.

As brigadas Qassam disseram que os ataques com foguetes são uma resposta às ações israelenses em Sheikh Jarrah e ao redor da mesquita de Al-Aqsa.

"Esta é uma mensagem que o inimigo deve entender bem: se eles responderem, responderemos. E se escalarem, escalaremos", frisaram.

Na segunda à noite, assim como nas noites anteriores desde sexta-feira, os palestinos atiraram pedras na tropa de choque israelense. Os agentes responderam com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

"Atiraram em todo mundo, nos jovens e nos idosos", relatou Siraj, um palestino de 24 anos, internado no hospital Makassed, em Jerusalém Oriental, depois de sofrer uma lesão no baço por uma bala de borracha.

A Anistia Internacional afirmou que as "forças israelenses usaram repetidamente força desproporcional e ilegal para dispersar os manifestantes".

A polícia israelense não respondeu a acusações específicas, mas disse à AFP que não permitirá "que se altere a ordem, nem que se incite a provocar danos às forças de segurança".

Confrontos em Jerusalém, protestos na Cisjordânia ocupada e foguetes da Faixa de Gaza: a tensão aumenta entre os palestinos e as forças israelenses neste sábado (24), após os distúrbios mais graves em anos na Cidade Santa.

Os confrontos eclodiram na sexta-feira (23) à noite nos arredores da Cidade Velha de Jerusalém, um dia após uma noite de manifestações cruzadas envolvendo um grupo de judeus de extrema direita gritando "Morte aos árabes", palestinos e a polícia, resultando em mais de 120 feridos.

A polícia e jovens palestinos brincaram de gato e rato perto do Portão de Damasco, depois que as orações de sexta-feira reuniram dezenas de milhares de fiéis na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã, em pleno mês de jejum do Ramadã.

Jovens palestinos jogaram garrafas de água e pedras na polícia, que usou bombas de efeito moral na tentativa de dispersar a multidão, e também realizou algumas prisões, incluindo uma violenta, observou um jornalista da AFP no local.

Outros incidentes ocorreram em vários bairros palestinos em Jerusalém Oriental.

- Represálias em Gaza -

Centenas de palestinos se reuniram na noite de sexta-feira no posto de passagem de Qalandiya, que conecta Israel e Cisjordânia, onde vários objetos foram incendiados.

Palestinos atiraram pedras e coquetéis molotov na Tumba de Raquel, um local sagrado judeu em Belém, na Cisjordânia ocupada, informou a polícia, enquanto um protesto também ocorreu em Ramallah, a sede da Autoridade Palestina.

Mais tarde, na mesma noite, 36 foguetes foram lançados da Faixa de Gaza, um enclave palestino geograficamente separado da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém, na direção de Israel, de acordo com as Forças Armadas israelenses. Seis foguetes foram interceptados pelo escudo de mísseis Iron Dome e outros caíram em terrenos baldios.

Em retaliação, tanques, caças e helicópteros militares visaram, de acordo com o exército, posições do Hamas - movimento islâmico armado que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Após os confrontos de quinta-feira perto da Cidade Velha, os mais violentos dos últimos anos na Cidade Santa, o braço armado do Hamas expressou seu apoio aos palestinos em Jerusalém Oriental, avisando Israel: "A faísca que vocês acendem hoje será o estopim da explosão do inimigo".

E o presidente palestino, Mahmoud Abbas, denunciou o "incitamento ao ódio" de grupos israelenses de extrema direita e instou a comunidade internacional a "proteger" os palestinos em Jerusalém Oriental.

Os confrontos nos últimos dias em Jerusalém começaram depois que a polícia impediu a população de se sentar nos degraus ao redor do Portão de Damasco, um lugar onde os palestinos normalmente se reúnem à noite durante o Ramadã.

- "Evitar nova escalada" -

E quando os judeus de extrema direita planejaram uma manifestação perto deste acesso à Cidade Velha, muitos palestinos viram isso como uma provocação e uma tentativa de assumir o controle deste local simbólico.

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu neste sábado que "todas as partes exerçam o máximo de contenção e evitem nova escalada".

"Os atos de provocação em Jerusalém devem parar. O lançamento indiscriminado de foguetes em áreas povoadas viola a lei internacional e deve cessar imediatamente", disse ele em um comunicado.

A Jordânia, país vizinho que administra os locais sagrados muçulmanos na Cidade Velha, condenou no sábado os "ataques racistas" de Israel contra os palestinos em Jerusalém Oriental.

O ministro das Relações Exteriores, Ayman Safadi, pediu "uma ação internacional para protegê-los", alertando Israel que Jerusalém era "uma linha vermelha".

A campanha de vacinação contra o coronavírus começou nesta segunda-feira (22) na Faixa de Gaza, após o envio de milhares de doses procedentes dos Emirados Árabes Unidos e da Autoridade Palestina na Cisjordânia, conforme observaram jornalistas da AFP.

"A prioridade é a equipe médica, na linha de frente da pandemia, depois os idosos doentes", disse em coletiva de imprensa o doutor Medhat Muheisen, responsável do ministério da Saúde do Hamas, movimento islâmico no poder em Gaza.

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A primeira dose da vacina foi administrada simbolicamente em Riyad Zaanoun, um ex-ministro da Saúde palestino, em uma clínica na cidade de Gaza, informaram os jornalistas.

No domingo, cerca de 20.000 doses da vacina russa Sputnik V chegaram na Faixa procedentes dos Emirados através da fronteira egípcia deste enclave sob bloqueio israelense.

Um grupo liderado por Mohammed Dahlan, um dissidente do partido Fatah, rival do Hamas e atualmente em exílio nos Emirados, assumiu a responsabilidade da transferência.

Um primeiro lote de 2.000 doses da vacina russa foi enviado na quarta-feira passada pela Autoridade Palestina a Gaza.

A Autoridade Palestina, que se encontra na Cisjordânia ocupada, acusou Israel de bloquear a entrada do envio para Gaza, enclave empobrecido com dois milhões de habitantes.

Em Gaza, foram constatados cerca de 54.460 casos desde o início da pandemia, com 545 mortes. No entanto, fontes sanitárias informaram sobre uma redução de hospitalizações nas últimas semanas.

Na Cisjordânia, o ministério da Saúde contabilizou mais de 120.500 casos e 1.440 mortes.

Um primeiro lote de vacinas contra o coronavírus doadas pela Rússia entrou na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (17) - disseram autoridades palestinas e israelenses à AFP, após Israel ter bloqueado no início da semana a entrega do imunizante a este território.

"Duas mil doses da vacina russa Sputnik V chegaram (em Gaza), procedentes do Ministério da Saúde em Ramallah", na Cisjordânia, disseram em comunicado os líderes do Hamas, o movimento islâmico que governa o enclave palestino sob bloqueio israelense.

"Estão sendo transportadas para o local onde serão armazenadas" na Cidade de Gaza, segundo as mesmas fontes.

No total, mil vacinas entraram na Faixa de Gaza, cada uma contendo duas doses. Em outras palavras, mil habitantes poderão receber as duas injeções necessárias do imunizante.

A prioridade será para profissionais da saúde, de acordo com as indicações do Ministério da Saúde palestino.

O Cogat, órgão israelense encarregado das operações civis nos territórios palestinos, cuja autorização é imprescindível para a entrada das vacinas, também confirmou o envio à AFP.

"Nesta quarta-feira de manhã, 1.000 vacinas Sputnik V doadas pela Rússia (...) foram transferidas pela Autoridade Palestina (na Cisjordânia) para a Faixa de Gaza depois de ter obtido autorização", explicou.

Lar de cerca de dois milhões de palestinos, a Faixa de Gaza tem sido objeto de bloqueio israelense por mais de uma década.

A Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, na Cisjordânia, acusou Israel, na segunda-feira, de impedir a entrada dessas vacinas em Gaza. O Cogat respondeu que o pedido palestino estava "em estudo e que se esperava uma decisão política".

O Hamas, que governa em Gaza, território fisicamente separado da Cisjordânia, denunciou uma "violação" do direito internacional.

Desde o início da pandemia, mais de 53.700 casos e 538 mortes foram registrados em Gaza. Agora, as autoridades sanitárias consideram que as infecções estão diminuindo.

Na Cisjordânia, o Ministério da Saúde registrou mais de 115.700 casos de contágio e 1.400 óbitos.

Em fevereiro, a Autoridade Palestina começou a vacinação dos profissionais de saúde da Cisjordânia, após receber 2.000 doses de Israel. Informou-se ainda que foram recebidas 10.000 vacinas Sputnik V e que a intenção era compartilhá-las com Gaza.

Nos próximos dias, os palestinos também receberão 50 mil doses, no âmbito do mecanismo Covax, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que países com menos recursos também possam receber vacinas.

Ao volante de seu carro branco, Nayla Abou Jubbah protagonizou nesta semana uma pequena revolução na Faixa de Gaza, ao se tornar a primeira taxista do enclave palestino e com um serviço exclusivo para mulheres.

Depois de tomar um chá fumegante em casa, esta mulher de 39 anos, com um lenço na cabeça, coloca uma máscara cirúrgica, dirige-se ao seu carro estacionado do lado de fora, abre a porta, coloca seu celular em um suporte preso ao para-brisas e arranca o motor.

Uma buzina e voilà! Seu carro se lança sobre o asfalto, às vezes em bom estado, às vezes quebrado, desse território com dois milhões de habitantes e controlado há mais de 13 anos pelos islâmicos do Hamas.

Em Gaza, as mulheres têm o mesmo direito que os homens para dirigir, mas a profissão de taxista continua sendo majoritariamente masculina.

"Uma vez falei com uma amiga que trabalha como cabeleireira e perguntei: O que diria se lançássemos um serviço de táxi para mulheres? Ela respondeu que era uma ideia maluca", conta à AFP Nayla Abu Jubbah, formada em serviço social.

Uma ideia maluca? Ou engenhosa? Em vez de passar seus dias vagando em busca de clientes, esta mãe de cinco filhos optou por um serviço personalizado.

- Mais livre -

"Não fico vagando pelas ruas. Saio de casa e busco minhas clientes, para levá-las, por exemplo, do salão de beleza a um casamento", explica.

Quando seu pai morreu, usou a herança para comprar um carro. "Disse a mim mesma que teria que aproveitar este veículo, trabalhar com o carro, e daí o projeto de um serviço de táxi totalmente para as mulheres, para que fiquem confortáveis", acrescenta.

Nayla Abu Jubbah percorre as ruas de Gaza, a principal cidade deste território controlado por Israel, que já estava devastado pelo desemprego (50%) antes do início da pandemia de Covid-19, para buscar Aya Saleem, uma cliente de 27 anos que vai às compras.

"Vivemos em uma sociedade conservadora. Assim que vi que havia uma empresa de táxis especialmente para mulheres, senti uma espécie de liberdade", diz Aya Saleem.

"Quando estou com uma mulher, me sinto confortável. Me sinto mais livre e podemos conversar", comenta, afirmando que os serviços de táxi para mulheres estão em sintonia com a sharia, a lei islâmica que o Hamas promove na Faixa de Gaza, diferente da Autoridade Palestina secular na Cisjordânia.

Aya Saleem espera ver em breve outros táxis para mulheres nas ruas de Gaza.

Nayla Abu Jubbah diz que deseja aumentar sua frota. "Uma mulher me chamou recentemente para dizer que queria trabalhar como taxista ao meu lado. Eu lhe disse que voltaríamos a conversar, mas tenho a sensação de que o projeto vai crescer", afirma, confiante.

Aviões israelenses bombardearam a Faixa de Gaza na terça-feira (18) à noite, após o lançamento de um foguete a partir do território palestino em direção ao sul do Estado hebreu.

Os bombardeios aconteceram depois que o presidente israelense advertiu o Hamas, que governa Gaza, que poderia provocar uma "guerra" se não interrompesse o lançamento de balões incendiários.

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Há 12 dias, Israel responde com bombardeios e com um endurecimento do bloqueio contra o território palestino como represália ao lançamento de foguetes e balões incendiários a partir de Gaza, que provocaram mais de 100 incêndios do outro lado da fronteira.

Na terça-feira, balões incendiários e um foguete foram lançados de Gaza contra Israel, que respondeu pouco antes da meia-noite com bombardeios de "jatos de combate e outros aviões", contra posições do Hamas", afirmou o exército em um comunicado.

"Um complexo militar da organização terrorista Hamas foi atingido", afirma a nota. Nenhuma vítima foi registrada.

De acordo com os bombeiros israelenses, os balões incendiários provocaram 40 focos de incêndio na terça-feira no sul de Israel.

"O terrorismo que recorre a foguetes e balões é uma forma de terrorismo como qualquer outro", declarou o presidente israelense, Reuven Rivlin, durante uma visita aos bombeiros na zona de fronteira.

"O Hamas deveria saber que isto não é um jogo. Chegará o momento em que terão que decidir... Se querem guerra, terão guerra", completou.

Desde 2008 Gaza foi cenário de três guerras entre Israel e os movimentos armados palestinos.

Apesar da trégua decretada no ano passado, após a mediação da ONU, Egito e Catar, confrontos esporádicos acontecem entre os movimentos armados de Gaza, incluindo o Hamas, e Israel.

O exército israelense anunciou nesta terça-feira (18) novos bombardeios na Faixa de Gaza em resposta ao lançamento de balões incendiários a partir do território palestino.

Os novos bombardeios acontecem no momento em que uma delegação egípcia tenta reduzir a tensão na região, de acordo com uma fonte do movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Ninguém ficou ferido nos bombardeios, de acordo com a mesma fonte.

Os bombardeios israelenses tiveram como alvo "infraestruturas subterrâneas do Hamas na Faixa de Gaza", afirma um comunicado militar israelense, que vincula o ataque aos "balões explosivos e incendiários lançados desde Gaza contra Israel".

A delegação do Egito chegou na segunda-feira a Faixa de Gaza, onde se reuniu com líderes do Hamas. Também terá encontros com funcionários da Autoridade Palestina na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, segundo uma fonte do movimento islamita.

No domingo, o exército israelense fechou a zona de pesca de Gaza e bombardeou várias posições do Hamas, como represália pelo lançamento de foguetes e balões incendiário.

Desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza depois de vencer as eleições legislativas há mais de uma década, Israel impõe um severo bloqueio por terra, mar e ar sobre o território.

O enclave palestino tem população de mais de dois milhões de pessoas, a maioria delas refugiadas e quase 80% dependentes de ajuda humanitária, de acordo com dados da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos.

Desde 2008 Gaza foi cenário de três guerras entre Israel e os movimentos armados palestinos.

Apesar da trégua decretada no ano passado, após a mediação da ONU, Egito e Catar, os movimentos armados de Gaza, incluindo o Hamas, e Israel se enfrentam esporadicamente.

As autoridades do Hamas na Faixa de Gaza reabriram temporariamente a fronteira com o Egito, fechada devido à nova pandemia de coronavírus, nesta segunda-feira para permitir que centenas de palestinos retornem ao enclave.

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior do Hamas, Iyad al Bozm, a fronteira ficará aberta por apenas quatro dias e todos os retornados estarão sujeitos à quarentena obrigatória por 21 dias, um período que pode ser prolongado.

Até o momento, apenas 13 casos do novo coronavírus foram confirmados na Faixa de Gaza, todos contaminados no exterior ou que tiveram contato com esses contagiados durante a quarentena.

Dezenas de policiais acompanharam médicos e enfermeiras na entrada da passagem de Rafah com o Egito, onde os palestinos estavam retornando na segunda-feira, incluindo estudantes e outros que estavam sendo tratados fora de Gaza por outras doenças que não o COVID-19, explicou o médico Mohamed Abou Salamieh.

A Faixa de Gaza, sob o bloqueio de Israel desde que o movimento islâmico Hamas assumiu o poder em 2007, ficou sem kits de teste para o novo coronavírus na semana passada, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) entregou 480 kits no domingo.

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