Nascido em Monte Alegre, oeste do Pará, o centroavante Rodrigo José Lima dos Santos é mais um caso de jogadores nativos que construíram a carreira fora do Brasil, assim como Charles, atacante do Málaga, com passagens muito bem-sucedidas pela Espanha. No caso de Lima, o sucesso foi construído no outro país da península ibérica, Portugal.
O centroavante de 32 anos atuou nas divisões de base do Paysandu entre 1996 e 2000, dos 13 aos 17 anos de idade. E chegou a fazer parte do elenco campeão do Campeonato Paraense de 2005. Mas, pouco aproveitado, rodou o Brasil em busca de espaço. Passou por Iraty-PR, J.Malucelli-PR, Juventus-SP, Santos-SP e Avaí-SC, onde conquistou o Campeonato Catarinense – último título dele no Brasil. Os grandes momentos da carreira de Lima estavam reservados para 2009, quando se transferiu ao Belenenses, de Portugal.
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O efeito causado pelo ingresso na equipe lusitana foi imediato. Logo na primeira temporada, 2009/10, marcou 12 gols em 32 partidas. Nenhum jogador do time marcou mais tentos que ele naquela temporada. O destaque do paraense chamou atenção do Braga, que o contratou. Lima atuou por duas temporadas nessa agremiação – 2010/11 e 2011/12, marcou 40 gols em 98 jogos – e levou a artilharia da equipe nesses dois anos. Conseguiu colocar o time nas 3ª e 4ª posições, respectivamente, na Liga Sagres (Campeonato Português), e conduziu o Braga ao vice-campeonato da Liga Europa. Com nove gols feitos, tornou-se, à época, o jogador do Braga que mais marcou em competições internacionais pelo clube.
Na temporada 2012/13, o paraense deu o passo mais importante da carreira: passou a defender a camisa de uma das maiores agremiações da Europa, o Benfica, contratado por 4 milhões de euros. Nas Águias, entrou para história. Marcou 70 gols em 144 partidas e, em três temporadas, conquistou seis títulos, inclusive uma tríplice coroa na temporada 2013/14, quando faturou a Taça da Liga, Taça de Portugal e a Liga Sagres – em que foi artilheiro, com 21 gols. Em seguida, vieram outros três títulos para o currículo: uma Supertaça Cândido Oliveira, uma Taça da Liga e outra Liga Sagres. Além disso, bateu na trave em mais duas ocasiões na Liga Europa. Fez 19 gols na última temporada, dois deles no clássico contra o Porto, vencido por 2 a 0 pelo Benfica, em pleno Estádio da Luz.
Ao final da “época” – termo usado em Portugal para definir a temporada -, os portugueses venderam o paraense por 7 milhões de euros para o Al Ahli, dos Emirados Árabes. No Oriente Médio, o faro artilheiro de Lima continuou funcionando. Marcou 15 gols até a metade do mês de dezembro, era o vice-artilheiro da Arabian Gulf League e o principal jogador da equipe, quando precisou passar por uma intervenção cirúrgica após lesionar o joelho. A probabilidade é de que ele retorne apenas na próxima temporada. Em entrevista realizada em dezembro de 2014, o atacante não descartou a possibilidade de encerrar a carreira no Paysandu, clube que o revelou.
Os bicolores têm direito a ganhar uma parte do dinheiro envolvido na transferência do paraense ao mundo árabe. De acordo com as normas do Mecanismo de Solidariedade da FIFA, o clube formador do atleta deve receber 0,25% do valor da negociação. Como o negócio girou em torno de R$ 25 milhões, o Paysandu pode embolsar aproximadamente R$ 600 mil. Dinheiro que estará nos cofres do Papão em um período de três a quatro meses.
Por Mateus Miranda.