Estudantes ocupantes da UFPE realizam um protesto na manhã desta terça-feira (6) na BR 101, em frente à reitoria da universidade, seguindo depois em caminhada para dentro do campus. A pauta do protesto, de acordo com uma carta aberta divulgada pelos estudantes, além de se colocar contra a PEC 55, pede pela homologação do novo estatuto da universidade, pela manutenção do valor de 3 reais para as refeições do restaurante universitário e pela efetivação da assistência estudantil. Além disso, os estudantes também pedem que as pautas dos técnicos administrativos sejam ouvidas pela reitoria. Os estudantes também se colocam contrários ao prazo dado pela universidade para desocupação dos prédios nesta terça-feira (6) até as 17h, sob ameaça de entrar com pedido de reintegração de posso dos prédios ocupados.
O prazo dado pela UFPE se baseou na Cláusula Quarta do Protocolo Interinstitucional de Atuação firmado no último dia 28 em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU), a Procuradoria Geral (AGU), a Polícia Militar (PM) e a Frente Juristas pela Democracia, que determina 'O diálogo deve priorizar, o máximo possível, a compatibilidade entre o direito de livre manifestação dos estudantes e o respeito a funcionalidades dos prédios ocupados'. A reitoria, em seu comunicado sobre o prazo para a desocupação afirmou que 'Os alunos têm até a próxima terça-feira (6), às 17h, para atender à cláusula quarta do protocolo assinado'. Os estudantes declaram em sua carta aberta que 'andam dizendo que nós ESTUDANTES fechamos o canal de diálogo – este que nunca foi aberto'. Os estudantes afirmam ainda que, apesar do prazo dado pela reitoria, não desocuparão e seguem com o movimento buscando o diálogo com a reitoria: 'Precisamos conversar, reitoria, e não aceitaremos polícia ao invés de políticas: 'Há braços de luta, não recuaremos!'. Procurada para se pronunciar sobre o protesto, a assessoria de comunicação da UFPE não respondeu ao contato da reportagem.
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Confira a carta aberta na íntegra:
"Com esse pronunciamento temos o objetivo de falar diretamente com a população de toda cidade de Recife. Aqui na UFPE, hoje, há 7 prédios ocupados. Construimos uma unidade de mobilização nacional que visa a anulação da PEC – 55 (antiga 241), que, como sabemos, pretende congelar o orçamento nos serviços sociais, como SAÚDE E EDUCAÇÃO, junto com as mais de 1200 escolas, institutos e universidades ocupadas em todo o país. Além disso, Somos centenas de estudantes declarando greve estudantil, técnicas administrativas e professoras em greve. Mas para além dessa unidade nacional, nós da UFPE temos aqui reinvindicações internas que precisam ser escutadas e ATENDIDAS.
Por anos o movimento estudantil esteve parado, na inércia, enquanto alguns outros setores de luta dessa universidade continuavam se mobilizando. Hoje, nós ESTUDANTES estamos mostrando nossa resistência fisica, psicologica e ideologica e queremos mais do que nunca conquistar nessa luta ganhos concretos para toda comunidade academica.
Diferente do que prega a reitoria, representada na figura do ANISIO BRASILEIRO e seus aliados, que afirmam que o movimento Ocupa UFPE não está aberto a negociação, nós precisamos dizer que quem historicamente negou esse dialogo foi esse REItor, utilizando por vezes o braço armado do Estado, através da Policia Militar e Federal para intervir sem nos escutar.
Nesse sentido, queremos denunciar todos os processos de fechamento de dialogo por parte da reitoria ( REINTEGRAÇAO 2013/2015 – vejam as cenas) e dizer que agora em 2016 não querem fazer diferente.
Andam dizendo que nós ESTUDANTES fechamos o canal de dialogo – este que nunca foi aberto. O que estão tentando fazer e legitimar é: tratar como caso de policia estudantes que se mobilizam e lutam por uma universidade pública, gratuita e de qualidade que todas as pessoas tenham acesso, que a comunidade da Várzea pare de ser expulsa, Nas ocupações estamos aprendendo a nos relacionar melhor com os nosso pares, com nossos prédios, com nossos professores, com a comunidade. O obvio aqui tem sido questionar melhores condições de vida e permanencia para toda uma população de filhas e filhos da classe trabalhadora, que deve por direito ter acesso a Universidade Federal de Pernambuco. Dessa forma, NÓS não teriamos ganhos em fechar o canal de dialogo e negociação com a reitoria. O que eles estão mais uma vez tentando fazer é manipular as informações a fim de transformar nossa luta em processos dolorosos e criminais, coisa que já vimos acontecer por diversas vezes.
Dessa forma, Para negociação exigimos que antes que qualquer pedido de reintegração dos prédios a reitoria aceite as nossas demandas e nos apresente respostas concretas. A homologação do ESTATUTO em sua integra é algo que não abriremos mão de forma alguma. O atual estatuto da UFPE está marcado por uma matriz autoritária, é herança do assombroso período da ditadura militar, que impede a participação dos estudantes, técnicos e de grande parte dos docentes na tomada das principais decisões do Campus. A forma organizativa atual é verticalizada, reforça e concentra o poder nas mãos de uma pessoa. O NOVO ESTATUTO busca romper com essa ordem. A efeticvação da democracia é o seu princípio fundamental e a paridade, instrumento estratégico, organizativo e formativo. Dividir poder é dividir responsabilidades, é horizontalizar o sentimento de partícipes no trabalho, no estudo, no fazer científico, no ambiente universitário. Por uma nova UFPE estruturalmente democrática!
Outra coisa que está latente em nossas reinvidicações é que se encerre a criminalizaÇÃO das pessoas envolvidas na luta por uma sociedade mais justa. O ato de criminalização do movimento vem como estratégia de bloqueio e desmobilização da luta. Criminalizar é uma tentativa de boicote severo do movimento em si, é uma tentativa de implementação de cultura do medo, é tentar barrar um direito constitucional que nos permite a liberdade de expressão! Estamos aqui também pelo fim dos processos tal como pelo fechamento dos já abertos.
A tentativa desmobilizadora dessa reitoria que tenta barrar as manifestações de movimentos como estratégia de nos calar, respondemos que não nos calaremos continuaremos a luta. Queremos a abertura e transparencia das contas da nossa universidade, queremos um Restaurante Universitário de qualidade e com a manutenção do valor de 3,00 por refeição. Queremos ser ouvidos a respeito dos cortes e destinos de verbas da universidade. Queremos poder dizer o que pra nós é prioridade e o que não é. Queremos que aa pautas dos tecnicos adm. sejam escutadas, suas propostas para abertura de concursos é algo que interfere diretamente no cotidiano dos/as estudantes dessa universidade, assim como a efetivação da assistência estudantil.
Precisamos conversar REITORIA, e não aceitaremos policia ao inves de politicas. Um abraço de todos/as esses que estão aqui na luta. HÁ BRAÇOS DE LUTA, NÃO RECUAREMOS!"
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