O líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Daniel Coelho (PSDB), afirmou nesta quinta-feira (20), que a redução do custo das passagens anunciadas pelo governador Eduardo Campos (PSB) foi um ato de medo. O tucano analisou que a divulgação da diminuição do valor só foi apresentada dois dias antes de estar marcado um protesto no Recife.
“Evidentemente, foi com medo das ruas, dos protestos. A oposição tinha, inclusive, antes de iniciar estes protestos, feito uma cobrança nesse plenário para que as passagens baixassem já que os impostos baixaram e havia esse espaço para se fazer essa discussão (...), o governo já tinha respondido, tinha dito que não ia baixar, que não tinha sentido de baixar a passagem. Então, eles evidentemente mudaram de opinião com receio dos protestos da população e da cobrança do povo”, afirmou Daniel Coelho.
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Segundo o parlamentar, a redução da tarifa não modificará a decisão tomada pelas pessoas de ir às ruas e reivindicar seus direitos. “Acho que isso não vai tirar a motivação das pessoas que querem protestar, inclusive tudo mundo compreende que esse não é uma beneficie do governo, muito pelo contrário, você teve uma redução de impostos que deveria ser automaticamente repassada pelo consumidor e ainda fica a indagação. Se havia a capacidade de baixar, porque não baixou antes? Precisou do protesto para baixar?”, questionou.
O tucano disse que a atitude do governador, em meio a dois dias de um ato público, mostra que a decisão foi influenciada. “Isso tira qualquer sentimento que isso tinha sido feito com uma boa ação do governo. Ainda bem que as ruas foram ouvidas, mas a insatisfação na minha compreensão é muito mais pelas péssimas condições do transporte público do que pelos R$ 0,10 centavos. A gente continua tendo um transporte público de péssima qualidade e eu acho que esse deve ser o ponto”, criticou.
Protesto - Sobre a manifestação desta quinta-feira (20), o líder da oposição afirmou apoiar o ato, mas enviou à imprensa uma carta aberta justificando que não irá comparecer.
Confira o documento:
Estou na militância política há mais de 10 anos. Sempre na contramão das velhas práticas. Diferentemente da maioria, nunca aceitei aderir a governos para obter vantagens. Num cenário onde poucos permanecem na oposição defendendo a população, nós aqui continuamos. Temos sofrido pressões e perseguições dos donos do poder, mas isso nunca nos fez fraquejar. Talvez por isso tantos amigos e simpatizantes têm cobrando nossa presença no protesto desta quinta feira.
Posso dizer que estou entusiasmado com tudo que tem acontecido no Brasil. Deixando de lado um pequeno número de baderneiros, que tentam estragar um momento histórico, vejo a juventude querendo dar seu recado. Nesta ultima década, às vezes tive a sensação de estar solitário, pois em alguns momentos, ao cobrar atitudes do governo, parecia estar falando num deserto. Como sou movido por princípios e convicções, nunca perdi a esperança. Ver agora, sem partidos, sem instrumentalização, a sociedade fazer essas cobranças, isso faz me sentir de alma lavada.
Contudo, queria explicar aos amigos e simpatizantes que, em respeito a esse momento, estarei de alma e coração nas ruas nesta quinta feira. Mas, com uma ponta de tristeza, não estarei lá fisicamente. Não quero deixar margens para que alguns pensem que queremos nos aproveitar ou nos apropriar desse movimento. Sua legitimidade está na ausência de líderes, não são partidos, sindicatos, nem qualquer outro tipo de movimento social organizado que está à frente disto. É a democracia direta acontecendo.
Os que acompanham nossa vida pública sabem que temos defendido as mesmas bandeiras e lutas dos manifestantes. Mas não queremos monopolizar esses temas. Muito pelo contrário, quero, à cada dia, ver mais pessoas pensando na mesma direção. Espero que o movimento continue firme, sem violência ou radicalismos, fazendo o Brasil acordar. Enquanto a violência é burra, a não violência é imbatível. Foi assim com Gandhi, com Martin Luther King e com Mandela. E assim sempre será. Sucesso ao Brasil e a Pernambuco neste momento.
Um abraço
Daniel Coelho