O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, passa por sabatina, nesta quarta-feira (26), na Comissão de Constituição e Justiça do Senado antes da votação do colegiado sobre a recondução dele ao cargo por mais dois anos. O nome dele também deverá passar pelo plenário da Casa.
Logo no início da sessão, Janot defendeu a atuação da Procuradoria e do Ministério Público Federal e disse que cumpriu as obrigações assumidas no início do mandato. “Assumi alguns compromissos com o Senado Federal e a sociedade brasileira, destacando que o profissionalismo deveria ser o tom da atuação do gabinete da procuradoria, o combate sem trégua à corrupção, o fortalecimento do diálogo com a sociedade e o Parlamento, e a transparência no andamento de processos da competência da PGR”, frisou ele, destacando que a PGR garantiu a igualdade de tratamento a todos.
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Já antevendo as críticas que virão quanto ao andamento da investigação da Operação Lava Jato, já que dez dos 13 membros do colegiado estão sendo investigados, o procurador deixou claro que a apuração prossegue de forma séria e detalhada. “O Ministério Público não pode negar á sociedade os resultados da justa e profunda apuração de atos potencialmente ilícitos, cujos autores devem ser submetidos a julgamento pelo Judiciário, respeitando, de um lado, a presunção de inocência e, de outro, o princípio da publicidade”, ressaltou.
“No campo de atuação do MPF, no qual fatos graves são investigados, é a oportunidade para que o embate jurídico entre acusação e defesa se caracterize pela lealdade recíproca e consolidação de ideais éticos que são a base das sociedades democráticas, pluralistas e complexas como é a sociedade brasileira”, disse.
A expectativa no Senado é de que a sabatina seja tensa, especialmente quando as perguntas foram feitas por denunciados da Lava Jato. O senador Fernando Collor (PTB-AL) foi o primeiro a chegar e prepara um pronunciamento para pedir o afastamento do atual procurador-geral.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) defendeu que o indicado pela presidente Dilma Rousseff preencheu todos os pré-requisitos constantes no Regimento Interno do Senado e na Constituição.
Sabatina - Sobre o caso SwissLeaks, Janot explicou que os dados divulgados na Suíça foram entregues a França que os validou. A partir daí, iniciou-se uma articulação com a Justiça francesa para o compartilhamento das informações. Segundo o sabatinado, a França também se comprometeu a ajudar o Brasil nas investigações. O sistema que roda as contas do banco hoje é diferente do de 2006 [ano até qual foram divulgadas as informações]. Estamos fazendo um trabalho de TI para compatibilizar os dois sistemas”, explicou.
Janot defendeu também os acordos de leniência, sustentando que “eles não têm reflexos no âmbito penal”, e a colaboração premiada. “Que fique claro que o delator não é um X9. Ele tem que, primeiro, reconhecer a prática do crime. Ele confessa e diz quais pessoas estavam também envolvidas na prática do crime. Se ele imputa falsamente o crime a alguém, ele comete um crime”, salientou. “Depoimento não é prova, você tem que comprovar. Cabe ao MP fazer essas comprovações”, complementou ele, que considera a delação “um instrumento poderoso”.
Ao responder às perguntas do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), Janot disse que as apurações referentes às pedaladas fiscais, cometidas no primeiro mandato na presidente Dilma Rousseff, prosseguem. “Agora, a investigação é técnica e não se deixar contaminar por nenhuma pressão política”, sustentou. Ele também deixou claro que as investigações da Operação Lava Jato continuam, buscando provas para cada denúncia. “A Petrobras foi alvo de um enorme esquema de corrupção, que chegou a roubar o nosso orgulho. Por isso, investiga-se seriamente mesmo essa questão da Petrobras”.
Ao senador Álvaro dias (PSDB-PR), Janot afastou qualquer interferência política na condução das investigações da Lava Jato. “Nego veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas investigações. A essa altura da minha vida não deixaria os trilhos de uma apuração técnica e jurídica para atual no âmbito político”, disparou.